Socialistas Responsabilizam Guterres por Derrota na Madeira
Por TOLENTINO DE NÓBREGA
Quarta-feira, 19 de Dezembro de 2001
Responsáveis do PS-Madeira acusam o líder demissionário de "entregar de bandeja ao PSD o controlo político de toda a região"
Dirigentes do PS-Madeira responsabilizam António Guterres pelos maus resultados obtidos pelo partido na região do "défice democrático". E acusam o secretário-geral de ser "cúmplice nesta situação ao entregar de bandeja ao PSD o controlo político de toda a região".
"Acordem enquanto é tempo", diz André Escórcio à direcção nacional. O coordenador autárquico do PS na região recorda que "o problema da Madeira é cada vez mais um problema de regime" e "perigosamente esta região resvala em direcção ao partido único". Escórcio, em declarações ao PÚBLICO, acusou Guterres de, apesar de "conhecedor da gravidade da situação política que aqui se vive", nunca ter tido "uma relação franca, concertada e estimuladora com os socialistas" madeirenses e de ter "excluído das preocupações" a respectiva federação.
Na última campanha eleitoral, recorda aquele político insular, Guterres "andou por todo o País, mas foi incapaz de vir à Madeira para apenas dizer o que se passava no tempo do dr. Cavaco e tudo o que os socialistas fizeram por esta região nos últimos seis anos".
"Não foram só os 110 milhões da dívida pública, mas muitos outros em múltiplos 'dossiers'. Milhões para tanta obra, mas também para muito regabofe", refere Escórcio que, sem pôr em causa os milhões das transferências, mas sim os protagonistas políticos que estão envolvidos, faz igualmente a distinção entre relações institucionais e relações partidárias.
O ex-deputado e membro da comissão política regional não aceita que, tratando-se de uma região autónoma, o PS-Madeira, enquanto líder da oposição, tivesse sido totalmente ultrapassado em múltiplas situações. "Nunca fomos ouvidos na política para as regiões, e isso é lamentável", salienta.
"Se com o PS no Governo da República não existe diálogo em matéria política, pergunto: como não ficaremos se outro partido estiver no poder?", questiona. "O PS deve entender que a federação da Madeira não é, na conjuntura política, uma federação qualquer. E deve entender que há muito socialista nesta região que está cansado de andar a defender o Governo da República perante os miseráveis ataques políticos e pessoais do dr. Jardim."
Escórcio declara-se "perplexo quando o primeiro-ministro é ofendido quase diariamente" por Jardim e, após uma reunião, disponibiliza o Falcon para transportá-lo para a Madeira. "São atenções a mais para um malcriado da política", comenta.
Esta "aproximação" de Guterres a Jardim "tem prejudicado o PS na Madeira", critica, por seu lado, José António Cardoso, que não tenciona demitir-se da liderança regional do partido, nem convocar qualquer congresso extraordinário. "Acatarei qualquer decisão da comissão regional, mas por minha iniciativa não anteciparei o fim de mandato recebido do congresso", frisou. Por outro lado, os maus resultados obtidos nos três concelhos onde o PS concorreu isolado não permitem aos adversários de Cardoso exigir o afastamento do sucessor de Mota Torres, igualmente contrário à política de alianças preconizada pela direcção regional.
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Socialistas Responsabilizam Guterres por Derrota na Madeira
Por TOLENTINO DE NÓBREGA
Quarta-feira, 19 de Dezembro de 2001
Responsáveis do PS-Madeira acusam o líder demissionário de "entregar de bandeja ao PSD o controlo político de toda a região"
Dirigentes do PS-Madeira responsabilizam António Guterres pelos maus resultados obtidos pelo partido na região do "défice democrático". E acusam o secretário-geral de ser "cúmplice nesta situação ao entregar de bandeja ao PSD o controlo político de toda a região".
"Acordem enquanto é tempo", diz André Escórcio à direcção nacional. O coordenador autárquico do PS na região recorda que "o problema da Madeira é cada vez mais um problema de regime" e "perigosamente esta região resvala em direcção ao partido único". Escórcio, em declarações ao PÚBLICO, acusou Guterres de, apesar de "conhecedor da gravidade da situação política que aqui se vive", nunca ter tido "uma relação franca, concertada e estimuladora com os socialistas" madeirenses e de ter "excluído das preocupações" a respectiva federação.
Na última campanha eleitoral, recorda aquele político insular, Guterres "andou por todo o País, mas foi incapaz de vir à Madeira para apenas dizer o que se passava no tempo do dr. Cavaco e tudo o que os socialistas fizeram por esta região nos últimos seis anos".
"Não foram só os 110 milhões da dívida pública, mas muitos outros em múltiplos 'dossiers'. Milhões para tanta obra, mas também para muito regabofe", refere Escórcio que, sem pôr em causa os milhões das transferências, mas sim os protagonistas políticos que estão envolvidos, faz igualmente a distinção entre relações institucionais e relações partidárias.
O ex-deputado e membro da comissão política regional não aceita que, tratando-se de uma região autónoma, o PS-Madeira, enquanto líder da oposição, tivesse sido totalmente ultrapassado em múltiplas situações. "Nunca fomos ouvidos na política para as regiões, e isso é lamentável", salienta.
"Se com o PS no Governo da República não existe diálogo em matéria política, pergunto: como não ficaremos se outro partido estiver no poder?", questiona. "O PS deve entender que a federação da Madeira não é, na conjuntura política, uma federação qualquer. E deve entender que há muito socialista nesta região que está cansado de andar a defender o Governo da República perante os miseráveis ataques políticos e pessoais do dr. Jardim."
Escórcio declara-se "perplexo quando o primeiro-ministro é ofendido quase diariamente" por Jardim e, após uma reunião, disponibiliza o Falcon para transportá-lo para a Madeira. "São atenções a mais para um malcriado da política", comenta.
Esta "aproximação" de Guterres a Jardim "tem prejudicado o PS na Madeira", critica, por seu lado, José António Cardoso, que não tenciona demitir-se da liderança regional do partido, nem convocar qualquer congresso extraordinário. "Acatarei qualquer decisão da comissão regional, mas por minha iniciativa não anteciparei o fim de mandato recebido do congresso", frisou. Por outro lado, os maus resultados obtidos nos três concelhos onde o PS concorreu isolado não permitem aos adversários de Cardoso exigir o afastamento do sucessor de Mota Torres, igualmente contrário à política de alianças preconizada pela direcção regional.