EXPRESSO: Artigo

29-07-2001
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A viagem de regresso

O homem que melhor conhece a história de Macau e dos portugueses no Oriente está de regresso a Portugal. Veio para ficar até ao fim da vida. Tem 89 anos.

Texto de Gilberto Lopes, correspondente em Macau

Fotografias de Frank Regourd e José Silva, arquivo pessoal O seu corpo não vai ficar em Macau como era seu desejo. De um momento para o outro, o mais antigo residente português de Macau vai regressar ao país que não conhece e que em mais de 70 anos de vida no Oriente só visitou por três vezes. «A minha saúde piorou desde que cheguei ao hospital. É um barulho infernal, estive sete dias sem dormir. Não posso continuar aqui e então resolvi ir para Portugal.» Manuel Teixeira diz que em poucas horas transitou do paraíso para o inferno e, por isso, vai passar os últimos anos da vida em Chaves. O seu corpo não vai ficar em Macau como era seu desejo. De um momento para o outro, o mais antigo residente português de Macau vai regressar ao país que não conhece e que em mais de 70 anos de vida no Oriente só visitou por três vezes. «A minha saúde piorou desde que cheguei ao hospital. É um barulho infernal, estive sete dias sem dormir. Não posso continuar aqui e então resolvi ir para Portugal.» Manuel Teixeira diz que em poucas horas transitou do paraíso para o inferno e, por isso, vai passar os últimos anos da vida em Chaves. «Sempre disse que queria morrer em Macau, mas agora não tenho alternativa. Tenho que ir para uma casa de repouso, onde haja silêncio», disse, à conversa, no Centro Hospitalar Conde de S. Januário, onde entrou em finais de Março após uma queda na Pousada de Mong-Há, sua actual residência, depois de uma primeira passagem pelo hospital entre 1994 e 1997. Em Chaves, vai ficar instalado na Casa de Santa Marta dos Anciãos Desamparados, uma instituição que ajudou a criar, e para onde enviou 65 mil contos. Longe vão os tempos em que o patriarca da família Teixeira, de Freixo de Espada Cinta, teve que meter uma cunha ao padre Monteiro para que levasse o filho a estudar no Seminário de S. José. Em 1924 não havia lugar para o jovem Manuel, dado que a Diocese de Macau só tinha mandado quatro bilhetes e esses já tinham sido atribuídos. O padre Monteiro lá conseguiu convencer o bispo e a 16 de Setembro de 1924, com apenas 12 anos, Manuel Teixeira embarcou no «D'Artagnan», das Messageries Maritimes. Um mês e 11 dias depois, após uma longa viagem que ainda hoje recorda, chegava a Macau. Nos primeiros anos, quase não conheceu o território, uma vez que os jovens seminaristas só saíam à rua uma vez por semana, além de estarem proibidos de falar com a população. A 29 de Novembro de 34 foi ordenado sacerdote pelo bispo D. José da Costa Nunes e a 1 de Novembro do mesmo ano celebrou a primeira missa, na igreja de S. Domingos. Entre 1947 e 1962, em que foi superior e vigário-geral das missões portuguesas em Singapura e Malaca, trabalhou na Cidade do Nome de Deus como missionário, professor e, sobretudo, historiador. Quando, na próxima terça-feira, sair de Macau a bordo de um avião da Singapore Airlines, deixa uma obra inesgotável. Cento e vinte e cinco livros e quase dois mil artigos publicados na imprensa local sobre a história de Macau e a presença dos portugueses e da Igreja católica no Oriente. «O homem é pó, a fama é fumo e o fim é cinza (…) só os meus livros permanecerão (…) e essa é a minha consolação», disse numa entrevista que Leonard Blussé publicou em 1982 no «Itinerário», Boletim do Centro de Leiden para a História da Expansão Europeia. A faceta de historiador começou em 31, altura em que decidiu «tomar notas de todos os acontecimentos importantes de Macau e da sua Diocese, pois a história da Igreja de Macau está intimamente ligada à história civil do território, tornando-se difícil dissociar as duas realidades», como escreveu Jorge Arrimar, antigo director da Biblioteca Central de Macau, no catálogo da exposição bibliográfica: «Monsenhor Manuel Teixeira, O Homem e a Obra». A faceta de historiador começou em 31, altura em que decidiu «tomar notas de todos os acontecimentos importantes de Macau e da sua Diocese, pois a história da Igreja de Macau está intimamente ligada à história civil do território, tornando-se difícil dissociar as duas realidades», como escreveu Jorge Arrimar, antigo director da Biblioteca Central de Macau, no catálogo da exposição bibliográfica: «Monsenhor Manuel Teixeira, O Homem e a Obra». Em quase 76 anos não há, de facto, assunto, biografia ou data que não tenha vasculhado. Não fosse a sua acção e hoje não estaria disponível um manancial informativo e documental tão vasto como o que reuniu durante anos e anos de constante trabalho, pesquisa e consulta. Uma paixão que ainda hoje cultiva, embora tenha deixado de fazer investigação histórica. No Seminário de S. José viveu durante muito tempo rodeado de livros, montes e montes de papéis e documentos, que chegaram a ocupar 16 quartos. Ao padre de Freixo de Espada Cinta fica a dever-se a salvação de muitos arquivos da presença portuguesa no Oriente. Como sucedeu em 1966, durante os dias conturbados do «1,2,3» (foi assim que ficaram conhecidos os efeitos e consequências da Revolução Cultural em Macau). Os arquivos do Leal Senado, destruídos e atirados para a rua, acabaram por ser salvos pela acção de Manuel Teixeira, de Benjamim Videira Pires e Luís Gonzaga Gomes. «Não consegui recuperar tudo, mas passei três dias a apanhar papéis, a recuperar os arquivos, a evitar que se perdessem. Foi o pior momento da vida de Macau, pois queriam queimar os arquivos de 300 anos da história do território. Fui obrigado a telefonar ao governador Nobre de Carvalho para impedir que levassem todo o material numa viatura e lhe deitassem fogo!» A monsenhor Manuel Teixeira foi também confiado o acervo e espólio de outras figuras macaenses, como Montalto de Jesus, o que lhe tem permitido escrever sobre Macau e a presença dos portugueses no Oriente desde o século XVI. Com apenas 22 anos, aceitou o desafio do bispo D. José da Costa Nunes e assumiu a direcção do «Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau», publicação que ganhou reputação internacional pelo valor dos seus trabalhos e da colaboração de outras figuras de grande prestígio como José M. Braga (em mais de 600 páginas publicou no «Boletim» uma colecção de documentos do século XVIII sobre os Jesuítas na Ásia) e o historiador inglês Charles Boxer. Quem quiser conhecer a história de Macau e a presença portuguesa no Oriente pode estar horas a conversar com este homem, que é uma espécie de enciclopédia viva, o fiel depositário da recordação macaense. Ainda hoje, com 89 anos, fala com grande à-vontade, mercê da sua espectacular memória, dos mais importantes acontecimentos que marcaram o relacionamento entre portugueses e chineses ao longo de séculos. Não há investigador ou estudioso das coisas de Macau que dispense os seus conhecimentos ou não tenha consultado a sua obra. Quem quiser conhecer a história de Macau e a presença portuguesa no Oriente pode estar horas a conversar com este homem, que é uma espécie de enciclopédia viva, o fiel depositário da recordação macaense. Ainda hoje, com 89 anos, fala com grande à-vontade, mercê da sua espectacular memória, dos mais importantes acontecimentos que marcaram o relacionamento entre portugueses e chineses ao longo de séculos. Não há investigador ou estudioso das coisas de Macau que dispense os seus conhecimentos ou não tenha consultado a sua obra. Quanto ao valioso espólio que conseguiu reunir, não há qualquer risco de se perder, pois já enviou vários caixotes para Lisboa e nos próximos meses seguirá nova remessa para Portugal. Se os seus livros são indispensáveis à história de Macau, a aposta na investigação deve ser um dos objectivos da Universidade de Macau. «A elaboração de teses sobre os portugueses no Oriente é um trabalho que está por fazer. Só os Jesuítas na China dão para muitos e muitos volumes.» A reedição das suas obras, dado que muitas estão esgotadas, seria uma última e boa recordação. «Não espero que seja o Edmund Ho a fazer isto, mas sim uma instituição portuguesa.» Aos que lançam dúvidas sobre o valor científico do trabalho realizado em Macau e no Oriente, deixa apenas um comentário: «Cada um diz o que quer sobre as coisas, mas o mais importante é o que fica e o valor das obras.» Companheiro inseparável de jornalistas que nos últimos anos fizeram trabalhos sobre Macau e de turistas a quem, como ninguém e com enorme precisão, explica a evolução da Cidade do Nome de Deus, tem sido também cicerone de visitantes ilustres, como a Rainha Margaret e o príncipe Henry, da Dinamarca, a ex-candidata à vice-presidência dos Estados Unidos, Geraldine Ferraro, ou o antigo primeiro-ministro, Cavaco Silva. Membro da Academia Portuguesa de História, da Associação Internacional de Historiadores da Ásia e sócio-correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa, monsenhor Manuel Teixeira é Doutor «Honoris Causa» em Letras pela Universidade da Ásia Oriental e foi condecorado pelo Presidente Mário Soares com o título de Comendador da Ordem Militar do Cavaleiro de S. Tiago e Espada, a mais antiga condecoração do Estado português. Com Mário Soares Em 1985, Ramalho Eanes atribuiu-lhe a Medalha de Valor e, em 1999, Jorge Sampaio, concedeu-lhe a Grã-Cruz da Ordem Militar de Santiago da Espada. Em 1981 e 1983, duas das suas obras («Os Militares em Macau» e «Toponímia de Macau») foram distinguidas com o Prémio História da Fundação Calouste Gulbenkian, «Presença de Portugal no Mundo». Em 1984, o Papa João Paulo II, por sugestão do antigo bispo de Macau, D. Arquimínio da Costa, decidiu dar-lhe o título de monsenhor - uma distinção honorífica que lhe assenta que nem uma luva. Em 1985, Ramalho Eanes atribuiu-lhe a Medalha de Valor e, em 1999, Jorge Sampaio, concedeu-lhe a Grã-Cruz da Ordem Militar de Santiago da Espada. Em 1981 e 1983, duas das suas obras («Os Militares em Macau» e «Toponímia de Macau») foram distinguidas com o Prémio História da Fundação Calouste Gulbenkian, «Presença de Portugal no Mundo». Em 1984, o Papa João Paulo II, por sugestão do antigo bispo de Macau, D. Arquimínio da Costa, decidiu dar-lhe o título de monsenhor - uma distinção honorífica que lhe assenta que nem uma luva. Colaborador regular de jornais locais e de publicações internacionais, não deixou, aqui e ali, de ser polémico e demolidor. Famoso ficou o seu violento ataque à obra que o escultor português João Cutileiro fez para o hospital de Macau: «Uma mulher nua na entrada do hospital é uma vergonha!» Mário Soares, então primeiro-ministro, foi outra das suas «vítimas». «Um dos problemas de Macau, desde 1822 até hoje, têm sido os ataques pessoais nos jornais de Macau. Uma coisa horrível! A 'Abelha da Chuva', primeiro jornal de Macau, fazia ataque tremendos ao governador e ao bispo. O que lucrou? Ser queimado e os directores expulsos de Macau!» Muito popular no Japão, o padre das barbas brancas, como é carinhosamente tratado em inúmeras reportagens publicadas por jornais e revistas nipónicas, recebe regularmente pedidos de jovens japoneses e de outras nacionalidades, que se deslocam a Macau, exclusivamente para casar. Foram tantos os casamentos que realizou na bonita capela da Pousada de S. Tiago, construída no século XVII, que já lhe perdeu o conto. «Ainda agora recebi uma carta do Japão para mais um, mas já não vai ser possível», disse o padre Manuel Teixeira, que muitos acusam de ser demasiado beijoqueiro e até um pouco ousado no relacionamento com as mulheres. «Baptizei ou casei muitas das raparigas com quem me cruzo na rua e, portanto, é normal este contacto mais próximo», sublinha, negando que alguma vez tenha caído em tentação numa terra em que a cada esquina se faz a propaganda dos prazeres. «Ao longo destes anos, vi governadores, militares, magistrados e outras pessoas de boas famílias caírem na tentação. Se contasse o que sei, seria um escândalo», confessou um dia ao jornalista Paulo Coutinho. Não pensa escrever as memórias, mas no baú das recordações recupera dois momentos que o marcaram para sempre: a sua passagem de 15 anos por Singapura e os meses da Guerra do Pacífico. De um momento para o outro, Macau ficou inundado de refugiados. A população aumentou para quase um milhão. Foram tempos de pobreza, de fome e epidemias. Na cerimónia da atribuição do título de Doutor Honoris Causa «Não era possível responder aos milhares que vieram para Macau, e as pessoas, cerca de uma centena por dia, morriam de fome nas ruas. O desespero era tanto que chegavam a comer o que os japoneses vomitavam depois de grandes festas e bebedeiras no Grande Hotel.» Manuel Teixeira assistiu a tudo isto e também à venda de carne humana em restaurantes de Macau. «Não era possível responder aos milhares que vieram para Macau, e as pessoas, cerca de uma centena por dia, morriam de fome nas ruas. O desespero era tanto que chegavam a comer o que os japoneses vomitavam depois de grandes festas e bebedeiras no Grande Hotel.» Manuel Teixeira assistiu a tudo isto e também à venda de carne humana em restaurantes de Macau. «Não se trata de nenhuma história. Houve mesmo um juiz português, Evaristo Mascarenhas, que me contou que um dia lhe serviram um prato que era confeccionado com carne de crianças. Comeu e gostou! O Hotel Central comprava crianças, cozinhava-as e oferecia-as aos hóspedes!» Em Singapura, os tempos eram outros, e Manuel Teixeira viu serem lançados os alicerces da cidade-estado. Em entrevista à «Revista Macau», em Novembro de 1994, lembra que chegou a aconselhar os católicos a contrariar a política de um filho único decretada por Lee Kwan Yew. «Não podia concordar com a decisão de esterilizar as mulheres (depois do primeiro filho) e fiz uma homilia contra essa política. Chegaram a avisar-me de que seria fuzilado se Lee Kuan Yew soubesse disso!» Apesar de tudo, considera que o antigo líder de Singapura fez uma importante obra: «Todos os bairros que mandou construir tinham escolas, centros de saúde, mercados, as melhores condições para as pessoas viverem.» De Singapura ficaram também a barba (que deixou crescer em 1946) e o gosto pela água da Escócia, que não bebe por motivos de saúde desde meados da década de 90. «Habituei-me a beber uísque em Singapura e desde então nunca me deitava sem beber um copito, mas agora os médicos não me deixam saborear aquela que foi uma das minhas companhias durante anos. Sabia e fazia bem ao coração e não só!» Do passado fazem também parte os passeios pela cidade, nomeadamente a célebre passagem pela ponte Nobre de Carvalho. Durante anos, muitos dos automobilistas que faziam o percurso entre Macau e as ilhas eram surpreendidos por um homem de longas barbas brancas e batina da mesma cor que atravessava a pé a principal ligação entre a península de Macau e a Taipa. Com Duarte Pio e mulher «Fui sempre um andarilho tremendo, mas a idade não perdoa e já não posso andar como antigamente.» «Fui sempre um andarilho tremendo, mas a idade não perdoa e já não posso andar como antigamente.» Nos últimos tempos, depois de rezar missa pelas 4h30, limitava-se a passear por um dos jardins mais bonitos da cidade, situado na colina de Mong-Há. Durante a recente passagem pelo Centro Hospitalar Conde de S. Januário, que noutros tempos classificou como «o melhor hotel de Macau», foi «companheiro» de outra das figuras mais conhecidas da comunidade portuguesa de Macau: Jorge Neto Valente. Logo que o advogado começou a receber visitas, não hesitou e, na companhia de um amigo de ambos, Félix Pontes, subiu ao quinto andar para ver como estava a recuperação do advogado. Dias mais tarde, o antigo deputado retribuiu-lhe a visita. Embora sabendo que Jorge Neto Valente não é muito dado às coisas da Igreja, não perdeu a oportunidade para recomendar que devia mandar rezar uma missa em sinal de agradecimento ao final feliz do rapto de que foi vítima. «Ele concordou e disse-me que ia tratar de mandar rezar essa missa», confessou. Domina várias línguas, mas não escreve chinês, ficando apenas pelo cantonês (o dialecto que se fala no sul da China), mas sem grande fluência. O relacionamento com os chineses não foi difícil, embora deixe claro que não gosta dos comunistas. «À excepção da Revolução Cultural, em que fui obrigado a enfrentar a sua fúria, não me trataram mal e fisicamente nunca me tocaram.» Na sequência dos acontecimentos do «1,2,3» foi, no entanto, insultado por um grupo de 200 comunistas e seus chefes. «Estava a trabalhar na recuperação dos arquivos do Leal Senado quando me avisaram de que iam atacar o bispo. Corri para o Paço Episcopal e durante várias horas ouvi muitas provocações. Os comunistas queriam obrigar D. Paulo Tavares a assinar um documento que determinava o ensino do comunismo nas escolas e o bispo a castigar um professor que tinha tirado uma medalha do Mao do casaco de um aluno. O bispo mostrou-se firme e não consentiu nem assinou nada, mas durante vários dias realizaram-se manifestações contra a Igreja, o bispo e o Papa». Com Cavaco Silva e mulher, Rocha Vieira e mulher Desde que saiu de Freixo de Espada Cinta, em 1924, só visitou Portugal três vezes. Em 1946, altura em que conheceu a irmã, que nasceu já depois de ter vindo para Macau; na década de 50 para participar numa conferência sobre os Lusíadas; e em 1982. Desde que saiu de Freixo de Espada Cinta, em 1924, só visitou Portugal três vezes. Em 1946, altura em que conheceu a irmã, que nasceu já depois de ter vindo para Macau; na década de 50 para participar numa conferência sobre os Lusíadas; e em 1982. A sua irmã, Benvinda de Jesus Teixeira, mais nova 13 anos, acaba de chegar a Macau para o acompanhar na viagem a Chaves. Que país espera encontrar? «Não espero encontrar grande coisa. Pela televisão vejo que aquilo não está muito bem. Tanto politica como fisicamente. Enxurradas por toda a parte e os políticos também enxurrados por todo o lado, nomeadamente no Parlamento.» E ainda conhece Freixo de Espada Cinta? «Não vou encontrar lá ninguém da minha geração, já morreram todos. Quando lá chegar serei um desconhecido. Não me apetece voltar.» Muita gente ilustre, 19 governadores e seis bispos conheceram monsenhor Manuel Teixeira em Macau. «Os melhores governadores foram os mais odiados e atacados», comenta, embora não goste muito de dizer o que pensa dos governadores, porque não se mete na política e alguns, ou familiares mais próximos, ainda estão vivos. Destaca, contudo, o trabalho feito por Ferreira do Amaral, «a quem os chineses cortaram a cabeça», e por Rocha Vieira. «O maior governador de Macau foi Ferreira do Amaral. Esse homem foi tão odiado e atacado, que um jornal local chegou a sugerir que o matassem. Rocha Vieira foi o maior deste século, embora digam o contrário. O homem que abriu Macau ao mundo, fez de Macau uma cidade internacional.» Quanto aos bispos, não tem dúvidas. D. José da Costa Nunes, que chegou a camarlengo da Santa Sé, «foi o que deixou melhor obra», e D. Domingos Lam, actual bispo de Macau, «é um grande financeiro, o homem das finanças, dos milhões». Dos tempos de professor no Seminário de S. José e no Liceu de Macau, recorda alguns dos alunos, como os bispos D. Domingos Lam e D. Arquimínio da Costa, os padres Lancelote Rodrigues e Videira Pires, e o antigo presidente da Assembleia Legislativa de Macau, Carlos Assumpção - «o cérebro da terra que merece o busto que lhe fizeram na ilha da Taipa». No Seminário de S. José, foi colega de Domingos Tang, mais tarde arcebispo de Cantão e que os comunistas mantiveram na prisão durante mais de 20 anos. De Edmund Ho, que conheceu ainda criança, uma vez que era amigo do pai, Ho Yin, diz ser «um bom homem, competente, inteligente, nosso amigo, podemos confiar nele». E Ho Yin? «Se tivessem seguido os seus conselhos teriam evitado os acontecimentos do '1,2,3'». Sobre o magnata do jogo, Stanley Ho, é demolidor. «É o rei das patacas, do dinheiro, mais nada!. Obra patriótica não fez nenhuma! Mas Macau vai ter que continuar a viver do jogo! A China sabe, de resto, que não há alternativas.» Nos primeiros anos de Macau, conviveu com duas grandes figuras da cultura portuguesa: Camilo Pessanha e Wenceslau de Moraes. O primeiro tinha um carácter complicado e ninguém se interessava pelo que fazia. «Enquanto viveu, foi um zero autêntico». O autor de «Traços do Extremo Oriente» nunca perdoou não ter sido nomeado para comandante da capitania dos portos de Macau, mas foi um dos portugueses que melhor entendeu a civilização oriental e deixou textos de grande valor literário. O dia 20 de Dezembro de 1999 foi triste, mas a maior dor foi provocada pela retirada dos símbolos portugueses. «Malaca foi tomada pelos holandeses em 1641 e Singapura foi conquistada pelos ingleses em 1821 e os símbolos portugueses ainda continuam nas paredes. Em Malaca, as ruas ainda têm os nomes dos capitães portugueses que tomaram Malaca, mas aqui querem fazer desaparecer tudo. A história não se muda. É uma estupidez!» 46

COMENTÁRIOS AO ARTIGO

9 comentários 1 a 9

18 Maio 2001 às 10:26

Helder Fernando ( helder@macau.ctm.net )

A fama do sacerdote católico Manuel Teixeira - que andou dezenas de anos pelo Oriente, principalmente por Macau - ?como aquela velha publicidade ao brandy Constantino: “j?vem de longe? Fama e digamos que algum proveito.

Depois de pela enésima vez aquele sacerdote se ter excedido a ele próprio, um direito que lhe assiste, não me vou calar - que ?um direito que também tenho. Não vou recorrer ?ao insulto baixo, não seria um procedimento cristão.

?que não me apetece nada, embora me custe, andar com paninhos quentes, interesseiros, a fingir que sou distraído, pelo facto de o senhor ter 90 anos, barbas compridas, muito tempo de Macau e por alguns filhos da nação argumentarem com a vasta obra assinada por ele. Sucede que conheço vários investigadores da história de Macau que sempre duvidaram de muitas versões acompanhadas de aversões, da história e das estórias deixadas pelo sacerdote Teixeira. E como me parece que a História não tem “ses?fico-me pela dúvida metódica, neste aspecto.

O Carlos Morais Jos? meu camarada de trabalho e amigo, ilustríssimo pensador e escritor que admiro, escreveu quarta-feira passada um estupendo texto que resultou de

alguma forma na exaltação, acredito que sincera, do referido sacerdote. Brilhantismo literário, como ?seu hábito cultural mas sobretudo um acto de enorme generosidade intelectual e de profundo humanismo próprios do Carlos Morais Jos?

Um ser humano, principalmente um sacerdote cristão não deve dar a imagem que destila ódio. Por isso, Carlos, perdoa, ao contrário do que porventura te acontece, não preciso daquele senhor para coisa nenhuma. E também sei de muitos e muitas que dispensam bem a sua presença, o que ? trágico, convenhamos. Por mim ?completamente indiferente, não tenho de lhe aturar as indelicadezas pouco próprias da doutrina social da igreja católica. De resto, por onde o senhor nos últimos anos andava j?poucos estavam dispostos, por cansaço, a aturar-lhe as maluqueiras e, pior, as irascibilidades.

Ainda pior do que isto foram as suas públicas e múltiplas manifestações de repulsa por aquilo e aqueles que devia cristamente respeitar. O sacerdote Manuel Teixeira chicoteou, na então Tribuna, os responsáveis da Marinha local pelo facto de autorizarem que uma lancha feita naqueles serviços fosse baptizada na inauguração segundo os preceitos usuais nesta terra pluricultural e plurireligiosa ? um sacerdote católico e um sacerdote budista. A este chamou o sacerdote Teixeira de “enviado do diabo?

No mesmo jornal chegou a insultar Mário Soares de várias coisas, bem como o seu pai: “filho de um padreca frustrado? Tempo depois, por arrependimento, interesseirismo ou hipocrisia, quando Soares vem a Macau como Presidente da República e lhe deu umas prebendas, logo passou a ser a melhor das pessoas. Soares ?fixe e vi muita gente revoltada e com vontade de mostrar a Soares os escritos de Teixeira ? que a ele s?o fariam rir, claro.

A Jos?Saramago ? que ainda hoje não deve saber disto ? o sacerdote Teixeira deu a entender, que se fosse noutros tempos, os tempos diabólicos da “Santa Inquisição? mandava-o para a fogueira. ?o que se deduz dum sacerdote que apela através dos jornais ao apedrejamento da Livraria Portuguesa por esta vender livros daquele autor. Na altura reagi firme e não o fiz sozinho mas não valeu de nada, continuou sempre, mesmo depois da fase dos vapores alcoólicos, a cumprir a sua saga venenosa. At??desfaçatez de h?2 dias quando chegou a Portugal e, perante os jornais, rádios e televisão, dizer o piorio dos jornais de Macau e equiparar o Centro Hospitalar Conde de S. Januário ao inferno. Insultou o pessoal hospitalar chegando ao ponto de insinuar que s? queriam dinheiro, que s?se falava chinês, que o pessoal fazia muito barulho, não o deixara dormir durante 17 dias, um inferno. Foi a paga que deu àqueles competentes e abnegados trabalhadores por o terem aturado a viver ali durante anos, sabe-se l?com que revolta e nojo por ter transformado um quarto de luxo num espaço inqualificável. Oiço falar que os disparates mais ou menos graves praticados pelo sacerdote Manuel Teixeira “são fruto, deixa l? de senilidade e de falta de cultura democrática? Pois sim. Acho ?que aquele senhor h?muito que tem idade para ter juizo. E não me façam falar mais.Pode haver censura do Expresso...

18 Maio 2001 às 8:07

O Padre Teixeira de facto sabe muito!

E em Macau queriam despachá-lo.

Caiu, meteram-no no Hospital e convenceram-no a ir embora.

Ir para Chaves talvez seja melhor, ele é transmontano, regresso às origens 76 anos depois.

Será bem tratado e fica longe das intrigas e compadrios e aproveitamento da sua imagem, pode dedicar-se à escrita em paz.

Concordo que não vai ter com quem conversar, isso vai ser a parte negativa, muito triste e penoso para ele.

Sejamos lúcidos, Vieira, Salavessa e camarilha, mesmo Rangel, preocuparam-se com o Padre e seu destino?

Visitas para aparecerem na CS e no boneco!

Deixaram-no em Mong Ha...

E se a pessoa que cuidou dele ,afinal, nos últimos tempos, regressar brevemente a Portugal, o que aconteceria a Monsenhor Teixeira?

Deus às vezes escreve direito por linhas tortas!

16 Maio 2001 às 11:12

o padre Teixeira deveria ir para Lisboa,onde poderia ser visitado por muitos amigos.Mas nao. Levam-no para uma terra onde nada conhece.Onde esta o Jorge Rangel?

Sim,porque ele pode ter muitos defeitos,mas era o macaense mais portugues de Macau.

Rangel,nao fara nada pelo padre Teixeira?

Levem-no para Lisboa.Nao o Deixem morrer sozinho.

O padre teixeira e um intelectual.Como podera manter uma conversa com alguem naquele asilo?Em Lisboa sempre podera ir a casa de Macau.

Deveria ser um ponto de honra para os macaenses protegerem o padre Teixeira.

15 Maio 2001 às 10:13

E uma tristeza ver partir o padre Teixeira,e ainda por cima imagina-lo num asilo,numa cidade fria ,como Chaves!

Se os macaenses tem instituicoes tao boas em Lisboa,porque nao acolhem o padre Teixeira?

As pessoas nao devem ligar a alguns comentarios escritos neste espaco.Sao doentes de espirito,ou pessoas com ligacoes perigosas.Quem conhece o padre Teixeira,perante essa ignobilidade ,apenas pode ter pena desses seres.

Que Deus acompanhe o monsenhor.

15 Maio 2001 às 0:14

O regresso do padre Teixeira não é um bom sinal. O padre Teixeira sabe muitos segredos, e por isso é incómodo.

14 Maio 2001 às 17:18

João António Pimenta - Ex Residente de Macau

Benvindo a Portugal Monsenhor Manuel Teixeira, fizeste bem em regresar à tua Terra, a Macau de hoje nunca poderia mais, ser, a terra que conheceste.

A história há-de fazer-se e a verdade será conhecida.

Foste um grande historiador e conheces bem Macau e a cultura chinesa, repito tu és bem vindo, ao contrário de outros que nunca por nunca devem voltar a pôr os pés neste País.

Não os queremos, vão morrer longe.

A rasquice e estupidez, a inveja descomunal de alguns falhados da vida, sem nível e sem vergonha, doentes e mentirosos do mais baixo estofo, como é amplamente demonstrado,não te atingem nem conseguem atingir as pessoas de bem que ainda permanecem em Macau.

14 Maio 2001 às 11:34

Fernanda

Até tenho vergonha de ser portuguesa. Isto é falta de educação, falta de personalidade, como é possível falar-se nestes termos à pessoa em questão, mesmo que fosse verdade não são termos adequados.Monsenhor Manuel Teixeira é um grande historiador e como tal á que respeitar.

Há um ditado que se diz "pela boca morre o peixe" e estas pessoas um dia vão pagar bem caro pelo que dizem.

12 Maio 2001 às 7:52

Padre tarado e pedofilo!!! Queime no fogo do inferno!!! ( todas_as_crianças__e_raparigas_que_tu_molestou_sexualmente_em_Macau )

O rangeloide não perde uma para dar nas vista a ele + ao seu instituto colonial - desta feita , aproveitando a abalada derradeira do ancião, publica 1 página inteira no Tribuna Colonial e fazer chorar as pedras das calçadas à portuguesa de Maca- o autor da prosa é do mais pimba choradinho que jámais se viu . Claro que o Tribuna já nem se dá ao trabalho de publicar o "PUB "nos anúncios do rangeloide!

12 Maio 2001 às 5:04

Seja bem vindo a Portugal, o nosso país é o melhor.

Graças a portugueses como você, Portugal será grande.

Que tal umas fériasinhas no Algarve?

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A viagem de regresso

O homem que melhor conhece a história de Macau e dos portugueses no Oriente está de regresso a Portugal. Veio para ficar até ao fim da vida. Tem 89 anos.

Texto de Gilberto Lopes, correspondente em Macau

Fotografias de Frank Regourd e José Silva, arquivo pessoal O seu corpo não vai ficar em Macau como era seu desejo. De um momento para o outro, o mais antigo residente português de Macau vai regressar ao país que não conhece e que em mais de 70 anos de vida no Oriente só visitou por três vezes. «A minha saúde piorou desde que cheguei ao hospital. É um barulho infernal, estive sete dias sem dormir. Não posso continuar aqui e então resolvi ir para Portugal.» Manuel Teixeira diz que em poucas horas transitou do paraíso para o inferno e, por isso, vai passar os últimos anos da vida em Chaves. O seu corpo não vai ficar em Macau como era seu desejo. De um momento para o outro, o mais antigo residente português de Macau vai regressar ao país que não conhece e que em mais de 70 anos de vida no Oriente só visitou por três vezes. «A minha saúde piorou desde que cheguei ao hospital. É um barulho infernal, estive sete dias sem dormir. Não posso continuar aqui e então resolvi ir para Portugal.» Manuel Teixeira diz que em poucas horas transitou do paraíso para o inferno e, por isso, vai passar os últimos anos da vida em Chaves. «Sempre disse que queria morrer em Macau, mas agora não tenho alternativa. Tenho que ir para uma casa de repouso, onde haja silêncio», disse, à conversa, no Centro Hospitalar Conde de S. Januário, onde entrou em finais de Março após uma queda na Pousada de Mong-Há, sua actual residência, depois de uma primeira passagem pelo hospital entre 1994 e 1997. Em Chaves, vai ficar instalado na Casa de Santa Marta dos Anciãos Desamparados, uma instituição que ajudou a criar, e para onde enviou 65 mil contos. Longe vão os tempos em que o patriarca da família Teixeira, de Freixo de Espada Cinta, teve que meter uma cunha ao padre Monteiro para que levasse o filho a estudar no Seminário de S. José. Em 1924 não havia lugar para o jovem Manuel, dado que a Diocese de Macau só tinha mandado quatro bilhetes e esses já tinham sido atribuídos. O padre Monteiro lá conseguiu convencer o bispo e a 16 de Setembro de 1924, com apenas 12 anos, Manuel Teixeira embarcou no «D'Artagnan», das Messageries Maritimes. Um mês e 11 dias depois, após uma longa viagem que ainda hoje recorda, chegava a Macau. Nos primeiros anos, quase não conheceu o território, uma vez que os jovens seminaristas só saíam à rua uma vez por semana, além de estarem proibidos de falar com a população. A 29 de Novembro de 34 foi ordenado sacerdote pelo bispo D. José da Costa Nunes e a 1 de Novembro do mesmo ano celebrou a primeira missa, na igreja de S. Domingos. Entre 1947 e 1962, em que foi superior e vigário-geral das missões portuguesas em Singapura e Malaca, trabalhou na Cidade do Nome de Deus como missionário, professor e, sobretudo, historiador. Quando, na próxima terça-feira, sair de Macau a bordo de um avião da Singapore Airlines, deixa uma obra inesgotável. Cento e vinte e cinco livros e quase dois mil artigos publicados na imprensa local sobre a história de Macau e a presença dos portugueses e da Igreja católica no Oriente. «O homem é pó, a fama é fumo e o fim é cinza (…) só os meus livros permanecerão (…) e essa é a minha consolação», disse numa entrevista que Leonard Blussé publicou em 1982 no «Itinerário», Boletim do Centro de Leiden para a História da Expansão Europeia. A faceta de historiador começou em 31, altura em que decidiu «tomar notas de todos os acontecimentos importantes de Macau e da sua Diocese, pois a história da Igreja de Macau está intimamente ligada à história civil do território, tornando-se difícil dissociar as duas realidades», como escreveu Jorge Arrimar, antigo director da Biblioteca Central de Macau, no catálogo da exposição bibliográfica: «Monsenhor Manuel Teixeira, O Homem e a Obra». A faceta de historiador começou em 31, altura em que decidiu «tomar notas de todos os acontecimentos importantes de Macau e da sua Diocese, pois a história da Igreja de Macau está intimamente ligada à história civil do território, tornando-se difícil dissociar as duas realidades», como escreveu Jorge Arrimar, antigo director da Biblioteca Central de Macau, no catálogo da exposição bibliográfica: «Monsenhor Manuel Teixeira, O Homem e a Obra». Em quase 76 anos não há, de facto, assunto, biografia ou data que não tenha vasculhado. Não fosse a sua acção e hoje não estaria disponível um manancial informativo e documental tão vasto como o que reuniu durante anos e anos de constante trabalho, pesquisa e consulta. Uma paixão que ainda hoje cultiva, embora tenha deixado de fazer investigação histórica. No Seminário de S. José viveu durante muito tempo rodeado de livros, montes e montes de papéis e documentos, que chegaram a ocupar 16 quartos. Ao padre de Freixo de Espada Cinta fica a dever-se a salvação de muitos arquivos da presença portuguesa no Oriente. Como sucedeu em 1966, durante os dias conturbados do «1,2,3» (foi assim que ficaram conhecidos os efeitos e consequências da Revolução Cultural em Macau). Os arquivos do Leal Senado, destruídos e atirados para a rua, acabaram por ser salvos pela acção de Manuel Teixeira, de Benjamim Videira Pires e Luís Gonzaga Gomes. «Não consegui recuperar tudo, mas passei três dias a apanhar papéis, a recuperar os arquivos, a evitar que se perdessem. Foi o pior momento da vida de Macau, pois queriam queimar os arquivos de 300 anos da história do território. Fui obrigado a telefonar ao governador Nobre de Carvalho para impedir que levassem todo o material numa viatura e lhe deitassem fogo!» A monsenhor Manuel Teixeira foi também confiado o acervo e espólio de outras figuras macaenses, como Montalto de Jesus, o que lhe tem permitido escrever sobre Macau e a presença dos portugueses no Oriente desde o século XVI. Com apenas 22 anos, aceitou o desafio do bispo D. José da Costa Nunes e assumiu a direcção do «Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau», publicação que ganhou reputação internacional pelo valor dos seus trabalhos e da colaboração de outras figuras de grande prestígio como José M. Braga (em mais de 600 páginas publicou no «Boletim» uma colecção de documentos do século XVIII sobre os Jesuítas na Ásia) e o historiador inglês Charles Boxer. Quem quiser conhecer a história de Macau e a presença portuguesa no Oriente pode estar horas a conversar com este homem, que é uma espécie de enciclopédia viva, o fiel depositário da recordação macaense. Ainda hoje, com 89 anos, fala com grande à-vontade, mercê da sua espectacular memória, dos mais importantes acontecimentos que marcaram o relacionamento entre portugueses e chineses ao longo de séculos. Não há investigador ou estudioso das coisas de Macau que dispense os seus conhecimentos ou não tenha consultado a sua obra. Quem quiser conhecer a história de Macau e a presença portuguesa no Oriente pode estar horas a conversar com este homem, que é uma espécie de enciclopédia viva, o fiel depositário da recordação macaense. Ainda hoje, com 89 anos, fala com grande à-vontade, mercê da sua espectacular memória, dos mais importantes acontecimentos que marcaram o relacionamento entre portugueses e chineses ao longo de séculos. Não há investigador ou estudioso das coisas de Macau que dispense os seus conhecimentos ou não tenha consultado a sua obra. Quanto ao valioso espólio que conseguiu reunir, não há qualquer risco de se perder, pois já enviou vários caixotes para Lisboa e nos próximos meses seguirá nova remessa para Portugal. Se os seus livros são indispensáveis à história de Macau, a aposta na investigação deve ser um dos objectivos da Universidade de Macau. «A elaboração de teses sobre os portugueses no Oriente é um trabalho que está por fazer. Só os Jesuítas na China dão para muitos e muitos volumes.» A reedição das suas obras, dado que muitas estão esgotadas, seria uma última e boa recordação. «Não espero que seja o Edmund Ho a fazer isto, mas sim uma instituição portuguesa.» Aos que lançam dúvidas sobre o valor científico do trabalho realizado em Macau e no Oriente, deixa apenas um comentário: «Cada um diz o que quer sobre as coisas, mas o mais importante é o que fica e o valor das obras.» Companheiro inseparável de jornalistas que nos últimos anos fizeram trabalhos sobre Macau e de turistas a quem, como ninguém e com enorme precisão, explica a evolução da Cidade do Nome de Deus, tem sido também cicerone de visitantes ilustres, como a Rainha Margaret e o príncipe Henry, da Dinamarca, a ex-candidata à vice-presidência dos Estados Unidos, Geraldine Ferraro, ou o antigo primeiro-ministro, Cavaco Silva. Membro da Academia Portuguesa de História, da Associação Internacional de Historiadores da Ásia e sócio-correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa, monsenhor Manuel Teixeira é Doutor «Honoris Causa» em Letras pela Universidade da Ásia Oriental e foi condecorado pelo Presidente Mário Soares com o título de Comendador da Ordem Militar do Cavaleiro de S. Tiago e Espada, a mais antiga condecoração do Estado português. Com Mário Soares Em 1985, Ramalho Eanes atribuiu-lhe a Medalha de Valor e, em 1999, Jorge Sampaio, concedeu-lhe a Grã-Cruz da Ordem Militar de Santiago da Espada. Em 1981 e 1983, duas das suas obras («Os Militares em Macau» e «Toponímia de Macau») foram distinguidas com o Prémio História da Fundação Calouste Gulbenkian, «Presença de Portugal no Mundo». Em 1984, o Papa João Paulo II, por sugestão do antigo bispo de Macau, D. Arquimínio da Costa, decidiu dar-lhe o título de monsenhor - uma distinção honorífica que lhe assenta que nem uma luva. Em 1985, Ramalho Eanes atribuiu-lhe a Medalha de Valor e, em 1999, Jorge Sampaio, concedeu-lhe a Grã-Cruz da Ordem Militar de Santiago da Espada. Em 1981 e 1983, duas das suas obras («Os Militares em Macau» e «Toponímia de Macau») foram distinguidas com o Prémio História da Fundação Calouste Gulbenkian, «Presença de Portugal no Mundo». Em 1984, o Papa João Paulo II, por sugestão do antigo bispo de Macau, D. Arquimínio da Costa, decidiu dar-lhe o título de monsenhor - uma distinção honorífica que lhe assenta que nem uma luva. Colaborador regular de jornais locais e de publicações internacionais, não deixou, aqui e ali, de ser polémico e demolidor. Famoso ficou o seu violento ataque à obra que o escultor português João Cutileiro fez para o hospital de Macau: «Uma mulher nua na entrada do hospital é uma vergonha!» Mário Soares, então primeiro-ministro, foi outra das suas «vítimas». «Um dos problemas de Macau, desde 1822 até hoje, têm sido os ataques pessoais nos jornais de Macau. Uma coisa horrível! A 'Abelha da Chuva', primeiro jornal de Macau, fazia ataque tremendos ao governador e ao bispo. O que lucrou? Ser queimado e os directores expulsos de Macau!» Muito popular no Japão, o padre das barbas brancas, como é carinhosamente tratado em inúmeras reportagens publicadas por jornais e revistas nipónicas, recebe regularmente pedidos de jovens japoneses e de outras nacionalidades, que se deslocam a Macau, exclusivamente para casar. Foram tantos os casamentos que realizou na bonita capela da Pousada de S. Tiago, construída no século XVII, que já lhe perdeu o conto. «Ainda agora recebi uma carta do Japão para mais um, mas já não vai ser possível», disse o padre Manuel Teixeira, que muitos acusam de ser demasiado beijoqueiro e até um pouco ousado no relacionamento com as mulheres. «Baptizei ou casei muitas das raparigas com quem me cruzo na rua e, portanto, é normal este contacto mais próximo», sublinha, negando que alguma vez tenha caído em tentação numa terra em que a cada esquina se faz a propaganda dos prazeres. «Ao longo destes anos, vi governadores, militares, magistrados e outras pessoas de boas famílias caírem na tentação. Se contasse o que sei, seria um escândalo», confessou um dia ao jornalista Paulo Coutinho. Não pensa escrever as memórias, mas no baú das recordações recupera dois momentos que o marcaram para sempre: a sua passagem de 15 anos por Singapura e os meses da Guerra do Pacífico. De um momento para o outro, Macau ficou inundado de refugiados. A população aumentou para quase um milhão. Foram tempos de pobreza, de fome e epidemias. Na cerimónia da atribuição do título de Doutor Honoris Causa «Não era possível responder aos milhares que vieram para Macau, e as pessoas, cerca de uma centena por dia, morriam de fome nas ruas. O desespero era tanto que chegavam a comer o que os japoneses vomitavam depois de grandes festas e bebedeiras no Grande Hotel.» Manuel Teixeira assistiu a tudo isto e também à venda de carne humana em restaurantes de Macau. «Não era possível responder aos milhares que vieram para Macau, e as pessoas, cerca de uma centena por dia, morriam de fome nas ruas. O desespero era tanto que chegavam a comer o que os japoneses vomitavam depois de grandes festas e bebedeiras no Grande Hotel.» Manuel Teixeira assistiu a tudo isto e também à venda de carne humana em restaurantes de Macau. «Não se trata de nenhuma história. Houve mesmo um juiz português, Evaristo Mascarenhas, que me contou que um dia lhe serviram um prato que era confeccionado com carne de crianças. Comeu e gostou! O Hotel Central comprava crianças, cozinhava-as e oferecia-as aos hóspedes!» Em Singapura, os tempos eram outros, e Manuel Teixeira viu serem lançados os alicerces da cidade-estado. Em entrevista à «Revista Macau», em Novembro de 1994, lembra que chegou a aconselhar os católicos a contrariar a política de um filho único decretada por Lee Kwan Yew. «Não podia concordar com a decisão de esterilizar as mulheres (depois do primeiro filho) e fiz uma homilia contra essa política. Chegaram a avisar-me de que seria fuzilado se Lee Kuan Yew soubesse disso!» Apesar de tudo, considera que o antigo líder de Singapura fez uma importante obra: «Todos os bairros que mandou construir tinham escolas, centros de saúde, mercados, as melhores condições para as pessoas viverem.» De Singapura ficaram também a barba (que deixou crescer em 1946) e o gosto pela água da Escócia, que não bebe por motivos de saúde desde meados da década de 90. «Habituei-me a beber uísque em Singapura e desde então nunca me deitava sem beber um copito, mas agora os médicos não me deixam saborear aquela que foi uma das minhas companhias durante anos. Sabia e fazia bem ao coração e não só!» Do passado fazem também parte os passeios pela cidade, nomeadamente a célebre passagem pela ponte Nobre de Carvalho. Durante anos, muitos dos automobilistas que faziam o percurso entre Macau e as ilhas eram surpreendidos por um homem de longas barbas brancas e batina da mesma cor que atravessava a pé a principal ligação entre a península de Macau e a Taipa. Com Duarte Pio e mulher «Fui sempre um andarilho tremendo, mas a idade não perdoa e já não posso andar como antigamente.» «Fui sempre um andarilho tremendo, mas a idade não perdoa e já não posso andar como antigamente.» Nos últimos tempos, depois de rezar missa pelas 4h30, limitava-se a passear por um dos jardins mais bonitos da cidade, situado na colina de Mong-Há. Durante a recente passagem pelo Centro Hospitalar Conde de S. Januário, que noutros tempos classificou como «o melhor hotel de Macau», foi «companheiro» de outra das figuras mais conhecidas da comunidade portuguesa de Macau: Jorge Neto Valente. Logo que o advogado começou a receber visitas, não hesitou e, na companhia de um amigo de ambos, Félix Pontes, subiu ao quinto andar para ver como estava a recuperação do advogado. Dias mais tarde, o antigo deputado retribuiu-lhe a visita. Embora sabendo que Jorge Neto Valente não é muito dado às coisas da Igreja, não perdeu a oportunidade para recomendar que devia mandar rezar uma missa em sinal de agradecimento ao final feliz do rapto de que foi vítima. «Ele concordou e disse-me que ia tratar de mandar rezar essa missa», confessou. Domina várias línguas, mas não escreve chinês, ficando apenas pelo cantonês (o dialecto que se fala no sul da China), mas sem grande fluência. O relacionamento com os chineses não foi difícil, embora deixe claro que não gosta dos comunistas. «À excepção da Revolução Cultural, em que fui obrigado a enfrentar a sua fúria, não me trataram mal e fisicamente nunca me tocaram.» Na sequência dos acontecimentos do «1,2,3» foi, no entanto, insultado por um grupo de 200 comunistas e seus chefes. «Estava a trabalhar na recuperação dos arquivos do Leal Senado quando me avisaram de que iam atacar o bispo. Corri para o Paço Episcopal e durante várias horas ouvi muitas provocações. Os comunistas queriam obrigar D. Paulo Tavares a assinar um documento que determinava o ensino do comunismo nas escolas e o bispo a castigar um professor que tinha tirado uma medalha do Mao do casaco de um aluno. O bispo mostrou-se firme e não consentiu nem assinou nada, mas durante vários dias realizaram-se manifestações contra a Igreja, o bispo e o Papa». Com Cavaco Silva e mulher, Rocha Vieira e mulher Desde que saiu de Freixo de Espada Cinta, em 1924, só visitou Portugal três vezes. Em 1946, altura em que conheceu a irmã, que nasceu já depois de ter vindo para Macau; na década de 50 para participar numa conferência sobre os Lusíadas; e em 1982. Desde que saiu de Freixo de Espada Cinta, em 1924, só visitou Portugal três vezes. Em 1946, altura em que conheceu a irmã, que nasceu já depois de ter vindo para Macau; na década de 50 para participar numa conferência sobre os Lusíadas; e em 1982. A sua irmã, Benvinda de Jesus Teixeira, mais nova 13 anos, acaba de chegar a Macau para o acompanhar na viagem a Chaves. Que país espera encontrar? «Não espero encontrar grande coisa. Pela televisão vejo que aquilo não está muito bem. Tanto politica como fisicamente. Enxurradas por toda a parte e os políticos também enxurrados por todo o lado, nomeadamente no Parlamento.» E ainda conhece Freixo de Espada Cinta? «Não vou encontrar lá ninguém da minha geração, já morreram todos. Quando lá chegar serei um desconhecido. Não me apetece voltar.» Muita gente ilustre, 19 governadores e seis bispos conheceram monsenhor Manuel Teixeira em Macau. «Os melhores governadores foram os mais odiados e atacados», comenta, embora não goste muito de dizer o que pensa dos governadores, porque não se mete na política e alguns, ou familiares mais próximos, ainda estão vivos. Destaca, contudo, o trabalho feito por Ferreira do Amaral, «a quem os chineses cortaram a cabeça», e por Rocha Vieira. «O maior governador de Macau foi Ferreira do Amaral. Esse homem foi tão odiado e atacado, que um jornal local chegou a sugerir que o matassem. Rocha Vieira foi o maior deste século, embora digam o contrário. O homem que abriu Macau ao mundo, fez de Macau uma cidade internacional.» Quanto aos bispos, não tem dúvidas. D. José da Costa Nunes, que chegou a camarlengo da Santa Sé, «foi o que deixou melhor obra», e D. Domingos Lam, actual bispo de Macau, «é um grande financeiro, o homem das finanças, dos milhões». Dos tempos de professor no Seminário de S. José e no Liceu de Macau, recorda alguns dos alunos, como os bispos D. Domingos Lam e D. Arquimínio da Costa, os padres Lancelote Rodrigues e Videira Pires, e o antigo presidente da Assembleia Legislativa de Macau, Carlos Assumpção - «o cérebro da terra que merece o busto que lhe fizeram na ilha da Taipa». No Seminário de S. José, foi colega de Domingos Tang, mais tarde arcebispo de Cantão e que os comunistas mantiveram na prisão durante mais de 20 anos. De Edmund Ho, que conheceu ainda criança, uma vez que era amigo do pai, Ho Yin, diz ser «um bom homem, competente, inteligente, nosso amigo, podemos confiar nele». E Ho Yin? «Se tivessem seguido os seus conselhos teriam evitado os acontecimentos do '1,2,3'». Sobre o magnata do jogo, Stanley Ho, é demolidor. «É o rei das patacas, do dinheiro, mais nada!. Obra patriótica não fez nenhuma! Mas Macau vai ter que continuar a viver do jogo! A China sabe, de resto, que não há alternativas.» Nos primeiros anos de Macau, conviveu com duas grandes figuras da cultura portuguesa: Camilo Pessanha e Wenceslau de Moraes. O primeiro tinha um carácter complicado e ninguém se interessava pelo que fazia. «Enquanto viveu, foi um zero autêntico». O autor de «Traços do Extremo Oriente» nunca perdoou não ter sido nomeado para comandante da capitania dos portos de Macau, mas foi um dos portugueses que melhor entendeu a civilização oriental e deixou textos de grande valor literário. O dia 20 de Dezembro de 1999 foi triste, mas a maior dor foi provocada pela retirada dos símbolos portugueses. «Malaca foi tomada pelos holandeses em 1641 e Singapura foi conquistada pelos ingleses em 1821 e os símbolos portugueses ainda continuam nas paredes. Em Malaca, as ruas ainda têm os nomes dos capitães portugueses que tomaram Malaca, mas aqui querem fazer desaparecer tudo. A história não se muda. É uma estupidez!» 46

COMENTÁRIOS AO ARTIGO

9 comentários 1 a 9

18 Maio 2001 às 10:26

Helder Fernando ( helder@macau.ctm.net )

A fama do sacerdote católico Manuel Teixeira - que andou dezenas de anos pelo Oriente, principalmente por Macau - ?como aquela velha publicidade ao brandy Constantino: “j?vem de longe? Fama e digamos que algum proveito.

Depois de pela enésima vez aquele sacerdote se ter excedido a ele próprio, um direito que lhe assiste, não me vou calar - que ?um direito que também tenho. Não vou recorrer ?ao insulto baixo, não seria um procedimento cristão.

?que não me apetece nada, embora me custe, andar com paninhos quentes, interesseiros, a fingir que sou distraído, pelo facto de o senhor ter 90 anos, barbas compridas, muito tempo de Macau e por alguns filhos da nação argumentarem com a vasta obra assinada por ele. Sucede que conheço vários investigadores da história de Macau que sempre duvidaram de muitas versões acompanhadas de aversões, da história e das estórias deixadas pelo sacerdote Teixeira. E como me parece que a História não tem “ses?fico-me pela dúvida metódica, neste aspecto.

O Carlos Morais Jos? meu camarada de trabalho e amigo, ilustríssimo pensador e escritor que admiro, escreveu quarta-feira passada um estupendo texto que resultou de

alguma forma na exaltação, acredito que sincera, do referido sacerdote. Brilhantismo literário, como ?seu hábito cultural mas sobretudo um acto de enorme generosidade intelectual e de profundo humanismo próprios do Carlos Morais Jos?

Um ser humano, principalmente um sacerdote cristão não deve dar a imagem que destila ódio. Por isso, Carlos, perdoa, ao contrário do que porventura te acontece, não preciso daquele senhor para coisa nenhuma. E também sei de muitos e muitas que dispensam bem a sua presença, o que ? trágico, convenhamos. Por mim ?completamente indiferente, não tenho de lhe aturar as indelicadezas pouco próprias da doutrina social da igreja católica. De resto, por onde o senhor nos últimos anos andava j?poucos estavam dispostos, por cansaço, a aturar-lhe as maluqueiras e, pior, as irascibilidades.

Ainda pior do que isto foram as suas públicas e múltiplas manifestações de repulsa por aquilo e aqueles que devia cristamente respeitar. O sacerdote Manuel Teixeira chicoteou, na então Tribuna, os responsáveis da Marinha local pelo facto de autorizarem que uma lancha feita naqueles serviços fosse baptizada na inauguração segundo os preceitos usuais nesta terra pluricultural e plurireligiosa ? um sacerdote católico e um sacerdote budista. A este chamou o sacerdote Teixeira de “enviado do diabo?

No mesmo jornal chegou a insultar Mário Soares de várias coisas, bem como o seu pai: “filho de um padreca frustrado? Tempo depois, por arrependimento, interesseirismo ou hipocrisia, quando Soares vem a Macau como Presidente da República e lhe deu umas prebendas, logo passou a ser a melhor das pessoas. Soares ?fixe e vi muita gente revoltada e com vontade de mostrar a Soares os escritos de Teixeira ? que a ele s?o fariam rir, claro.

A Jos?Saramago ? que ainda hoje não deve saber disto ? o sacerdote Teixeira deu a entender, que se fosse noutros tempos, os tempos diabólicos da “Santa Inquisição? mandava-o para a fogueira. ?o que se deduz dum sacerdote que apela através dos jornais ao apedrejamento da Livraria Portuguesa por esta vender livros daquele autor. Na altura reagi firme e não o fiz sozinho mas não valeu de nada, continuou sempre, mesmo depois da fase dos vapores alcoólicos, a cumprir a sua saga venenosa. At??desfaçatez de h?2 dias quando chegou a Portugal e, perante os jornais, rádios e televisão, dizer o piorio dos jornais de Macau e equiparar o Centro Hospitalar Conde de S. Januário ao inferno. Insultou o pessoal hospitalar chegando ao ponto de insinuar que s? queriam dinheiro, que s?se falava chinês, que o pessoal fazia muito barulho, não o deixara dormir durante 17 dias, um inferno. Foi a paga que deu àqueles competentes e abnegados trabalhadores por o terem aturado a viver ali durante anos, sabe-se l?com que revolta e nojo por ter transformado um quarto de luxo num espaço inqualificável. Oiço falar que os disparates mais ou menos graves praticados pelo sacerdote Manuel Teixeira “são fruto, deixa l? de senilidade e de falta de cultura democrática? Pois sim. Acho ?que aquele senhor h?muito que tem idade para ter juizo. E não me façam falar mais.Pode haver censura do Expresso...

18 Maio 2001 às 8:07

O Padre Teixeira de facto sabe muito!

E em Macau queriam despachá-lo.

Caiu, meteram-no no Hospital e convenceram-no a ir embora.

Ir para Chaves talvez seja melhor, ele é transmontano, regresso às origens 76 anos depois.

Será bem tratado e fica longe das intrigas e compadrios e aproveitamento da sua imagem, pode dedicar-se à escrita em paz.

Concordo que não vai ter com quem conversar, isso vai ser a parte negativa, muito triste e penoso para ele.

Sejamos lúcidos, Vieira, Salavessa e camarilha, mesmo Rangel, preocuparam-se com o Padre e seu destino?

Visitas para aparecerem na CS e no boneco!

Deixaram-no em Mong Ha...

E se a pessoa que cuidou dele ,afinal, nos últimos tempos, regressar brevemente a Portugal, o que aconteceria a Monsenhor Teixeira?

Deus às vezes escreve direito por linhas tortas!

16 Maio 2001 às 11:12

o padre Teixeira deveria ir para Lisboa,onde poderia ser visitado por muitos amigos.Mas nao. Levam-no para uma terra onde nada conhece.Onde esta o Jorge Rangel?

Sim,porque ele pode ter muitos defeitos,mas era o macaense mais portugues de Macau.

Rangel,nao fara nada pelo padre Teixeira?

Levem-no para Lisboa.Nao o Deixem morrer sozinho.

O padre teixeira e um intelectual.Como podera manter uma conversa com alguem naquele asilo?Em Lisboa sempre podera ir a casa de Macau.

Deveria ser um ponto de honra para os macaenses protegerem o padre Teixeira.

15 Maio 2001 às 10:13

E uma tristeza ver partir o padre Teixeira,e ainda por cima imagina-lo num asilo,numa cidade fria ,como Chaves!

Se os macaenses tem instituicoes tao boas em Lisboa,porque nao acolhem o padre Teixeira?

As pessoas nao devem ligar a alguns comentarios escritos neste espaco.Sao doentes de espirito,ou pessoas com ligacoes perigosas.Quem conhece o padre Teixeira,perante essa ignobilidade ,apenas pode ter pena desses seres.

Que Deus acompanhe o monsenhor.

15 Maio 2001 às 0:14

O regresso do padre Teixeira não é um bom sinal. O padre Teixeira sabe muitos segredos, e por isso é incómodo.

14 Maio 2001 às 17:18

João António Pimenta - Ex Residente de Macau

Benvindo a Portugal Monsenhor Manuel Teixeira, fizeste bem em regresar à tua Terra, a Macau de hoje nunca poderia mais, ser, a terra que conheceste.

A história há-de fazer-se e a verdade será conhecida.

Foste um grande historiador e conheces bem Macau e a cultura chinesa, repito tu és bem vindo, ao contrário de outros que nunca por nunca devem voltar a pôr os pés neste País.

Não os queremos, vão morrer longe.

A rasquice e estupidez, a inveja descomunal de alguns falhados da vida, sem nível e sem vergonha, doentes e mentirosos do mais baixo estofo, como é amplamente demonstrado,não te atingem nem conseguem atingir as pessoas de bem que ainda permanecem em Macau.

14 Maio 2001 às 11:34

Fernanda

Até tenho vergonha de ser portuguesa. Isto é falta de educação, falta de personalidade, como é possível falar-se nestes termos à pessoa em questão, mesmo que fosse verdade não são termos adequados.Monsenhor Manuel Teixeira é um grande historiador e como tal á que respeitar.

Há um ditado que se diz "pela boca morre o peixe" e estas pessoas um dia vão pagar bem caro pelo que dizem.

12 Maio 2001 às 7:52

Padre tarado e pedofilo!!! Queime no fogo do inferno!!! ( todas_as_crianças__e_raparigas_que_tu_molestou_sexualmente_em_Macau )

O rangeloide não perde uma para dar nas vista a ele + ao seu instituto colonial - desta feita , aproveitando a abalada derradeira do ancião, publica 1 página inteira no Tribuna Colonial e fazer chorar as pedras das calçadas à portuguesa de Maca- o autor da prosa é do mais pimba choradinho que jámais se viu . Claro que o Tribuna já nem se dá ao trabalho de publicar o "PUB "nos anúncios do rangeloide!

12 Maio 2001 às 5:04

Seja bem vindo a Portugal, o nosso país é o melhor.

Graças a portugueses como você, Portugal será grande.

Que tal umas fériasinhas no Algarve?

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