Carochinha em quatro actos

07-05-2001
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Carochinha em Quatro Actos

Segunda-feira, 7 de Maio de 2001

O processo de privatização da TAP já teve direito a promessas de namoro e a noivados com data de casamento marcada. Mas em quatro anos, o Governo nunca conseguiu levar a companhia aérea ao altar.

1. O "flirt"

Depois de concluído o PESEF (Processo Estratégico de Saneamento Económico-Financeiro), em 1997, o Governo começou à procura de accionistas para a TAP. A par do grupo Swissair, candidato assumido à entrada no capital da companhia aérea, previa-se um segundo accionista: o Grupo Espírito Santo. Mas o namoro entre o dono da Portugália e a transportadora pública não durou muito: as duas eternas rivais seguiram caminhos diferentes.

2. O noivado desfeito

O noivado entre a TAP e o grupo Swissair durou mais de três anos: desde a entrada da TAP na aliança Qualiflyer como um dos seus membros fundadores, no final de 1997. Mas raras vezes se viu um processo tão atribulado. A futura entrada dos suíços no capital da empresa foi finalmente consagrada em Março de 1999 - ainda com João Cravinho à frente da tutela -, mas logo voltou à estaca zero no meio de um conflito com os pilotos. Seguiu-se um período de incertezas, uma nova administração na empresa e um outro ministro na pasta, Jorge Coelho. Finalmente, no início de 2000 assinou-se um segundo acordo que oferecia um mundo de promessas - entre as quais 30 milhões de contos para os capitais da transportadora. Mas não passou disso: no início deste ano, os suíços romperam definitivamente o noivado.

3. O "assédio"

A Air France foi uma candidata persistente a uma parceria com a sua congénere portuguesa. Nos últimos meses de 1999, quando as relações com o grupo Swissair andavam "tremidas", chegaram a realizar-se vários encontros entre as administrações das duas empresas. Sem consequências de maior: o Governo não alterou a sua opção inicial, embora publicamente Jorge Coelho tenha deixado durante algum tempo em aberto quem seria efectivamente o novo accionista da TAP.

4. Sozinha é que não

Com uma nova gestão na empresa e o terceiro ministro socialista na tutela, Ferro Rodrigues, o Governo colocou de parte a venda do capital da companhia a parceiros do mesmo sector. (Mas nunca se sabe, a avaliar pelas surpresas que este longo processo de privatização já conheceu.) A TAP vai agora partir para a estrada, num "road-show" em busca de accionistas. Se o desfecho for o esperado, irá consumar um ou vários casamentos. Desta vez, os eventuais investidores estarão especialmente atentos ao retorno, pelo que a empresa terá de ser convincente no caminho para a recuperação.

I.G.S.

Carochinha em Quatro Actos

Segunda-feira, 7 de Maio de 2001

O processo de privatização da TAP já teve direito a promessas de namoro e a noivados com data de casamento marcada. Mas em quatro anos, o Governo nunca conseguiu levar a companhia aérea ao altar.

1. O "flirt"

Depois de concluído o PESEF (Processo Estratégico de Saneamento Económico-Financeiro), em 1997, o Governo começou à procura de accionistas para a TAP. A par do grupo Swissair, candidato assumido à entrada no capital da companhia aérea, previa-se um segundo accionista: o Grupo Espírito Santo. Mas o namoro entre o dono da Portugália e a transportadora pública não durou muito: as duas eternas rivais seguiram caminhos diferentes.

2. O noivado desfeito

O noivado entre a TAP e o grupo Swissair durou mais de três anos: desde a entrada da TAP na aliança Qualiflyer como um dos seus membros fundadores, no final de 1997. Mas raras vezes se viu um processo tão atribulado. A futura entrada dos suíços no capital da empresa foi finalmente consagrada em Março de 1999 - ainda com João Cravinho à frente da tutela -, mas logo voltou à estaca zero no meio de um conflito com os pilotos. Seguiu-se um período de incertezas, uma nova administração na empresa e um outro ministro na pasta, Jorge Coelho. Finalmente, no início de 2000 assinou-se um segundo acordo que oferecia um mundo de promessas - entre as quais 30 milhões de contos para os capitais da transportadora. Mas não passou disso: no início deste ano, os suíços romperam definitivamente o noivado.

3. O "assédio"

A Air France foi uma candidata persistente a uma parceria com a sua congénere portuguesa. Nos últimos meses de 1999, quando as relações com o grupo Swissair andavam "tremidas", chegaram a realizar-se vários encontros entre as administrações das duas empresas. Sem consequências de maior: o Governo não alterou a sua opção inicial, embora publicamente Jorge Coelho tenha deixado durante algum tempo em aberto quem seria efectivamente o novo accionista da TAP.

4. Sozinha é que não

Com uma nova gestão na empresa e o terceiro ministro socialista na tutela, Ferro Rodrigues, o Governo colocou de parte a venda do capital da companhia a parceiros do mesmo sector. (Mas nunca se sabe, a avaliar pelas surpresas que este longo processo de privatização já conheceu.) A TAP vai agora partir para a estrada, num "road-show" em busca de accionistas. Se o desfecho for o esperado, irá consumar um ou vários casamentos. Desta vez, os eventuais investidores estarão especialmente atentos ao retorno, pelo que a empresa terá de ser convincente no caminho para a recuperação.

I.G.S.

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