Mau Tempo Dificulta Operação de Busca
Por RITA SIZA
Terça-feira, 6 de Março de 2001
AINDA SÓ SURGIU UM CADÁVER
Viaturas ainda não foram localizadas e as pesquisas são hoje retomadas com meios reforçados
Se hoje o tempo ajudar, os 29 fuzileiros-mergulhadores da Marinha vindos especialmente de Lisboa poderão juntar os seus esforços aos das equipas de mergulhadores dos Bombeiros Sapadores do Porto e de Vila Nova de Gaia que ontem olhavam desalentados para a descida torrentosa das águas do rio Douro, junto aos pilares da ponte Hintze Ribeiro, na margem de Castelo de Paiva. Num restrito teatro de pouco mais de três centenas de metros, uma intensa operação de busca foi montada, mas a constante movimentação de inspectores, bombeiros, socorristas, comandantes, mergulhadores, médicos, governantes, políticos e jornalistas acabou por resultar em frustração e impotência. O mesmo caudal que provavelmente provocou o desgaste da fundação do pilar que anteontem ruiu, causando o acidente, impediu ontem que o imenso dispositivo mobilizado para o local pudesse levar ao limite os seus esforços.
Só com o raiar do dia foi possível dar início à operação de busca e resgate dos corpos das vítimas. Logo no início das operações se tornou claro que as incógnitas eram mais do que as certezas. Aliás, tirando alguns familiares que ainda acreditavam ser possível encontrar pessoas com vida, a única certeza era de que se trabalhava para retirar do rio os ocupantes do autocarro e dos dois veículos ligeiros que anteontem mergulharam a pique nas águas do Douro. De resto, tudo eram dúvidas: onde procurar, como mergulhar, que meios utilizar, e até mesmo se o tempo ia ajudar...
Minutos antes das 10h00, um primeiro corpo foi recuperado às águas. Foi encontrado junto a uma margem, cerca de três quilómetros a jusante do local do acidente, e ao final da tarde tinha sido já autopsiado. Esta descoberta accionou um grande corropio de botes que percorreram toda a zona, sem todavia encontrar mais nenhuma vítima.
A localização exacta das viaturas permaneceu, até ao fim do dia, uma incógnita, apesar de alguns indícios surgidos durante a tarde indicarem uma zona cerca de 300 metros a jusante dos pilares da ponte como o possível local onde estaria depositado o autocarro. Com a impossibilidade do mergulho, a técnica utilizada foi "bater", de bote, toda a zona apontada pelas testemunhas oculares como o sítio onde caiu o autocarro. Se ao lançar uma âncora ou outro instrumento à água ela atingia um objecto duro, a esperança aparecia. No entanto, este procedimento não foi suficiente para poder dizer, com certeza, onde estavam os veículos.
Do alto, um helicóptero também percorreu, ao longo de todo o dia, as margens do rio. No total, estiveram em actividade, durante todo o dia, 321 homens de 40 corporações de bombeiros, apoiados em 75 viaturas, 21 botes e um helicóptero. Assim que foi possível, procedeu-se à instalação de uma guia entre uma margem e a outra - nada menos do que uma espécie de "corda" estendida bem junto aos pilares da ponte e à qual seriam "atadas" outras cordas de suporte dos mergulhadores. O sistema não pôde funcionar e, cerca das 16h00 o mergulhador-instrutor Vítor Hugo informava o primeiro-ministro da impossibilidade de mergulhar, dada a fortíssima corrente do rio.
Sem grande possibilidade de actuação ficou o corpo de fuzileiros que tinha acabado de chegar de Lisboa. Bem como os homens vindos do Regimento de Engenharia de Espinho, que impotentes, se limitaram a montar uma tenda junto às águas, para instalar o seu posto de comando. Ainda não eram cinco da tarde e, sob uma chuva copiosa, as buscas eram suspensas.
Mau Tempo Dificulta Operação de Busca
Por RITA SIZA
Terça-feira, 6 de Março de 2001
AINDA SÓ SURGIU UM CADÁVER
Viaturas ainda não foram localizadas e as pesquisas são hoje retomadas com meios reforçados
Se hoje o tempo ajudar, os 29 fuzileiros-mergulhadores da Marinha vindos especialmente de Lisboa poderão juntar os seus esforços aos das equipas de mergulhadores dos Bombeiros Sapadores do Porto e de Vila Nova de Gaia que ontem olhavam desalentados para a descida torrentosa das águas do rio Douro, junto aos pilares da ponte Hintze Ribeiro, na margem de Castelo de Paiva. Num restrito teatro de pouco mais de três centenas de metros, uma intensa operação de busca foi montada, mas a constante movimentação de inspectores, bombeiros, socorristas, comandantes, mergulhadores, médicos, governantes, políticos e jornalistas acabou por resultar em frustração e impotência. O mesmo caudal que provavelmente provocou o desgaste da fundação do pilar que anteontem ruiu, causando o acidente, impediu ontem que o imenso dispositivo mobilizado para o local pudesse levar ao limite os seus esforços.
Só com o raiar do dia foi possível dar início à operação de busca e resgate dos corpos das vítimas. Logo no início das operações se tornou claro que as incógnitas eram mais do que as certezas. Aliás, tirando alguns familiares que ainda acreditavam ser possível encontrar pessoas com vida, a única certeza era de que se trabalhava para retirar do rio os ocupantes do autocarro e dos dois veículos ligeiros que anteontem mergulharam a pique nas águas do Douro. De resto, tudo eram dúvidas: onde procurar, como mergulhar, que meios utilizar, e até mesmo se o tempo ia ajudar...
Minutos antes das 10h00, um primeiro corpo foi recuperado às águas. Foi encontrado junto a uma margem, cerca de três quilómetros a jusante do local do acidente, e ao final da tarde tinha sido já autopsiado. Esta descoberta accionou um grande corropio de botes que percorreram toda a zona, sem todavia encontrar mais nenhuma vítima.
A localização exacta das viaturas permaneceu, até ao fim do dia, uma incógnita, apesar de alguns indícios surgidos durante a tarde indicarem uma zona cerca de 300 metros a jusante dos pilares da ponte como o possível local onde estaria depositado o autocarro. Com a impossibilidade do mergulho, a técnica utilizada foi "bater", de bote, toda a zona apontada pelas testemunhas oculares como o sítio onde caiu o autocarro. Se ao lançar uma âncora ou outro instrumento à água ela atingia um objecto duro, a esperança aparecia. No entanto, este procedimento não foi suficiente para poder dizer, com certeza, onde estavam os veículos.
Do alto, um helicóptero também percorreu, ao longo de todo o dia, as margens do rio. No total, estiveram em actividade, durante todo o dia, 321 homens de 40 corporações de bombeiros, apoiados em 75 viaturas, 21 botes e um helicóptero. Assim que foi possível, procedeu-se à instalação de uma guia entre uma margem e a outra - nada menos do que uma espécie de "corda" estendida bem junto aos pilares da ponte e à qual seriam "atadas" outras cordas de suporte dos mergulhadores. O sistema não pôde funcionar e, cerca das 16h00 o mergulhador-instrutor Vítor Hugo informava o primeiro-ministro da impossibilidade de mergulhar, dada a fortíssima corrente do rio.
Sem grande possibilidade de actuação ficou o corpo de fuzileiros que tinha acabado de chegar de Lisboa. Bem como os homens vindos do Regimento de Engenharia de Espinho, que impotentes, se limitaram a montar uma tenda junto às águas, para instalar o seu posto de comando. Ainda não eram cinco da tarde e, sob uma chuva copiosa, as buscas eram suspensas.