O Independente

21-06-2000
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Só à bomba

João Pereira Coutinho

jjcoutinho@mail.telepac.pt

Metro do Porto. Posso dizer que a coisa enoja? Muito obrigado. As obras já levam 11 meses de atraso e a culpa, obviamente, não é de ninguém. Portugal, graças a Deus, oscila sempre entre a inocência dos homens e os altos desígnios da Providência. Particularmente erudita foi a troca de carícias entre Jorge Coelho e o autarca da Maia, Vieira de Carvalho, um homem que eu prezo mas que já tinha idade para ser sensato.

– O dr. Vieira de Carvalho quer uma reunião comigo?

– Eu quero. E o sr. ministro Jorge Coelho, quer?

– Eu? Pode ser, quando o dr. Vieira de Carvalho me convidar.

– Então diga quando quer, porque eu também quero.

Conversinha de sopeiras para Portugal ver. Coisa de baile. Deprimente. Basta só lembrar o velho episódio da ligação do metro ao aeroporto local para ver o nível de irresponsabilidade que tresanda do projecto. Há uns meses, falava-se numa hipotética ligação a Francisco Sá Carneiro – um remendo de milhões de contos que o Zé pagode, como sempre, pagaria sem chiar. Depois, vieram confessar a impossibilidade imediata dessa extraordinária ligação. É a fancaria total. Arranjam-se técnicos, arquitectos, engenheiros e cinquenta luminárias devidamente encartadas no assunto e ninguém, logo no início, ainda na fase do rabisco, do lápis e da borracha, teve o rasgo, o conhecimento, o bom senso e até a experiência de vida para defender que o aeroporto do burgo devia ser servido por uma linha de metro, como acontece em qualquer cidade civilizada do mundo. Não. Lembraram-se depois. E ainda se espantam com atrasos. Uns e outros, Governo e autarcas, só à bomba.

Só à bomba

João Pereira Coutinho

jjcoutinho@mail.telepac.pt

Metro do Porto. Posso dizer que a coisa enoja? Muito obrigado. As obras já levam 11 meses de atraso e a culpa, obviamente, não é de ninguém. Portugal, graças a Deus, oscila sempre entre a inocência dos homens e os altos desígnios da Providência. Particularmente erudita foi a troca de carícias entre Jorge Coelho e o autarca da Maia, Vieira de Carvalho, um homem que eu prezo mas que já tinha idade para ser sensato.

– O dr. Vieira de Carvalho quer uma reunião comigo?

– Eu quero. E o sr. ministro Jorge Coelho, quer?

– Eu? Pode ser, quando o dr. Vieira de Carvalho me convidar.

– Então diga quando quer, porque eu também quero.

Conversinha de sopeiras para Portugal ver. Coisa de baile. Deprimente. Basta só lembrar o velho episódio da ligação do metro ao aeroporto local para ver o nível de irresponsabilidade que tresanda do projecto. Há uns meses, falava-se numa hipotética ligação a Francisco Sá Carneiro – um remendo de milhões de contos que o Zé pagode, como sempre, pagaria sem chiar. Depois, vieram confessar a impossibilidade imediata dessa extraordinária ligação. É a fancaria total. Arranjam-se técnicos, arquitectos, engenheiros e cinquenta luminárias devidamente encartadas no assunto e ninguém, logo no início, ainda na fase do rabisco, do lápis e da borracha, teve o rasgo, o conhecimento, o bom senso e até a experiência de vida para defender que o aeroporto do burgo devia ser servido por uma linha de metro, como acontece em qualquer cidade civilizada do mundo. Não. Lembraram-se depois. E ainda se espantam com atrasos. Uns e outros, Governo e autarcas, só à bomba.

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