Um congresso para indignados

09-03-2001
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António Guterres desafia oposição interna a avançar contra ele

Um Congresso para Indignados

Por LUCIANO ALVAREZ

Sexta-feira, 15 de Dezembro de 2000 A família socialista está "indignada e chocada" com o que diz ser uma campanha que visa "atingir o primeiro-ministro e derrubar o Governo". Uma campanha que, segundo os socialistas, tem também agentes dentro do PS e envolve "traidores" e "vinganças mesquinhas". Por isso António Guterres, de "paciência esgotada", foi ao secretariado nacional decretar a antecipação do congresso. Prometeu lutar "até à última gota de sangue". António Guterres está "profundamente indignado e triste". Tanto que foi ao "fundo da alma" buscar a garantia de que o que diz ser uma campanha contra si não colocará em causa a "seriedade de uma vida inteira". Uma campanha que, assegura por sua vez Jorge Coelho, visa derrubar o primeiro-ministro e tem também agentes no PS, partido que está também "indignado". E foi perante um igualmente "indignado e chocado" secretariado nacional socialista que, na noite de quarta-feira, António Guterres foi dizer que se deve avançar rapidamente para o congresso. Para que, diz Jorge Coelho, "um certo movimento de crítica existente hoje no PS deixe de ser feito às escondidas". E quem decidir avançar sabe desde já que António Guterres se recandidatará a secretário-geral. Bastava ir ao início da noite de quarta-feira à sede do PS no Largo do Rato, em Lisboa, para perceber que as coisas não estão bem entre os socialistas. Os membros do secretariado nacional do PS, na sua maior parte destacados elementos do partido e do Governo, iam reunir-se e chegavam de rostos carregados e de olhos no chão. Não se viu um único sorriso. Ainda à entrada, e depois de Armando Vara acusar Fernando Gomes de estar a levar a cabo uma "vingança mesquinha", António Guterres, visivelmente irritado, "chocado", "indignado" e "triste", foi o primeiro a falar na campanha que, assegura, visa "pôr em causa a sua seriedade". "Situações de polvo e pântano" Lá dentro, na comissão política, seria ainda mais duro. Desafiou aqueles que acham que ele não serve a avançarem em congresso, garantindo logo ali que se recandidataria ao cargo de secretário- geral. Segundo a agência Lusa, Guterres repudiou que se fomentem no PS sob a sua liderança "situações de polvo ou de pântano". Dizendo-se de paciência esgotada, o secretário-geral dos socialistas acrescentou ainda que "não alimenta traidores no seu colo" e lamentou por duas vezes que Fernando Gomes tivesse faltado à comissão política. A reunião demorou cinco horas e, no final, coube a Jorge Coelho falar ao jornalistas, revelando logo que se ia avançar para um congresso. Uma reunião magna dos socialistas, a realizar em meados de Março, para que, entre outras coisas, "aqueles que acham que os caminhos que o PS está a percorrer não são os mais correctos tenham a coragem de dizer aquilo que pensam". Jorge Coelho também aludiu a tal "campanha", dizendo que ela está a ser "devidamente articulada". Uma campanha, que segundo o ministro do Equipamento Social, "não se pode resumir a uma ou duas pessoas". "Existe uma manobra mais geral para pôr em causa o projecto, para pôr em causa o protagonista central deste projecto, o primeiro-ministro, e, no fundo, para derrubar o Governo. Uma campanha com incidências internas e externas. Mais claro que isto é difícil ser." Jorge Coelho só fugiu às questões sobre Fernando Gomes, a quem manifestou a solidariedade quando este foi exonerado do Governo por António Guterres. "Toda a gente sabe que eu sou amigo há muitos anos do dr. Fernando Gomes e por isso não confundo questões de natureza pessoal com políticas." É, assim, num estado de indignação geral que os socialistas vão avançar para o congresso, que embora se realize dentro do prazo previsto nos estatutos do partido, é marcado por vontade expressa do secretário-geral, António Guterres. Até porque, como dizia ontem José Sócrates, o PS "precisa de uma clarificação interna". "Não vejo com bons olhos tudo o que aconteceu", disse Sócrates, referindo-se à polémica suscitada pela Fundação para a Prevenção e Segurança. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE António Guterres KO

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