Bush, a economia e a interioridade

17-04-2001
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Bancada económica

Bush, a Economia e a Interioridade

Por JOEL HASSE FERREIRA, deputado do PS

Segunda-feira, 9 de Abril de 2001

1. As críticas ao novo Presidente George W. Bush vão subindo de tom. A senadora Hillary Clinton acusa G. W. Bush de querer "voltar 50 a 60 atrás" e, num comício no Estado de Nova Iorque, disse também que "eles não querem apenas fazer o relógio atrasar-se até antes da Administração Clinton, mas também até antes da Administração Roosevelt". Mais afirmou que o plano de redução de 1,6 biliões de dólares nos impostos irá fazer os Estados Unidos regressarem "ao tempo dos défices, da dívida e das elevadas taxas de juro". Algumas críticas de reputados economistas norte-americanos não auguram nada de bom para a "performance" no curto prazo da economia norte-americana. Phelps escreve: "O luxo de Washington em avançar com cortes fiscais, mesmo com elevados aumentos nas despesas, representa uma profunda e inquietante alteração da filosofia económica."

2. Desde a campanha eleitoral norte-americana que afirmamos que a Europa poderia assumir um papel liderante na economia mundial desde que reforçasse a coordenação das políticas económicas nacionais, face ao previsível fracasso económico das políticas de Bush. Já o afirmámos aliás, em plena campanha, em entrevista à Rádio Renascença, como uma consequência previsível da eventual eleição de Bush. Não é apenas o vector social das administrações americanas de Roosevelt, Kennedy e Clinton que é posto em causa, é toda uma concepção liberal evoluída com que Bush quer romper, passando a beneficiar, comparativamente, através do próprio sistema fiscal, os sectores mais ricos da sociedade.

3. No Orçamento do Estado para 2001, votado em Novembro último, alguns deputados do PS, apresentaram uma proposta de alteração, integrando um Artigo 54.º - "os incentivos fiscais à interioridade". A concretização pelo Governo destas propostas votadas parlamentarmente fará com que três quartos do território nacional passem a beneficiar de significativas descidas no IRC, para além de outros benefícios na área social e do investimento. Dirão alguns que é insuficiente, embora, como dizia Sarsfield, ninguém de bom senso se possa opor a estas medidas.

Mas há mais instrumentos para apoiar o interior, em termos de recursos financeiros do QCA III e do PIDDAC, bem como há uma estratégia global, claramente identificada no PNEDES e concretizada, em boa parte, no Plano de Desenvolvimento Regional, na linha do apresentado Programa Eleitoral e no Programa deste Governo.

4. Trata-se de medidas de discriminação positivas, o que alguns críticos não terão entendido claramente. Mas também foi posta em causa a sua oportunidade.

Não é correcto escrever que foi Castelo de Paiva que despertou isto, se este assunto vem a ser trabalhado com mais detalhe, pelo menos desde a apresentação do OE, votado na Assembleia em Novembro.

A discussão e a preparação quer do Artigo 54.º do Orçamento quer da sua portaria e anexos foi longa e séria. Que os demagogos as critiquem, está bem. Que comentadores sérios possam ir na onda, é uma surpresa.

O desenvolvimento do interior e a correcção das assimetrias sociais e económicas no âmbito territorial mantêm-se como uma preocupação de fundo e uma importante prioridade.

Joel Hasse Ferreira, deputado do PS

Bancada económica

Bush, a Economia e a Interioridade

Por JOEL HASSE FERREIRA, deputado do PS

Segunda-feira, 9 de Abril de 2001

1. As críticas ao novo Presidente George W. Bush vão subindo de tom. A senadora Hillary Clinton acusa G. W. Bush de querer "voltar 50 a 60 atrás" e, num comício no Estado de Nova Iorque, disse também que "eles não querem apenas fazer o relógio atrasar-se até antes da Administração Clinton, mas também até antes da Administração Roosevelt". Mais afirmou que o plano de redução de 1,6 biliões de dólares nos impostos irá fazer os Estados Unidos regressarem "ao tempo dos défices, da dívida e das elevadas taxas de juro". Algumas críticas de reputados economistas norte-americanos não auguram nada de bom para a "performance" no curto prazo da economia norte-americana. Phelps escreve: "O luxo de Washington em avançar com cortes fiscais, mesmo com elevados aumentos nas despesas, representa uma profunda e inquietante alteração da filosofia económica."

2. Desde a campanha eleitoral norte-americana que afirmamos que a Europa poderia assumir um papel liderante na economia mundial desde que reforçasse a coordenação das políticas económicas nacionais, face ao previsível fracasso económico das políticas de Bush. Já o afirmámos aliás, em plena campanha, em entrevista à Rádio Renascença, como uma consequência previsível da eventual eleição de Bush. Não é apenas o vector social das administrações americanas de Roosevelt, Kennedy e Clinton que é posto em causa, é toda uma concepção liberal evoluída com que Bush quer romper, passando a beneficiar, comparativamente, através do próprio sistema fiscal, os sectores mais ricos da sociedade.

3. No Orçamento do Estado para 2001, votado em Novembro último, alguns deputados do PS, apresentaram uma proposta de alteração, integrando um Artigo 54.º - "os incentivos fiscais à interioridade". A concretização pelo Governo destas propostas votadas parlamentarmente fará com que três quartos do território nacional passem a beneficiar de significativas descidas no IRC, para além de outros benefícios na área social e do investimento. Dirão alguns que é insuficiente, embora, como dizia Sarsfield, ninguém de bom senso se possa opor a estas medidas.

Mas há mais instrumentos para apoiar o interior, em termos de recursos financeiros do QCA III e do PIDDAC, bem como há uma estratégia global, claramente identificada no PNEDES e concretizada, em boa parte, no Plano de Desenvolvimento Regional, na linha do apresentado Programa Eleitoral e no Programa deste Governo.

4. Trata-se de medidas de discriminação positivas, o que alguns críticos não terão entendido claramente. Mas também foi posta em causa a sua oportunidade.

Não é correcto escrever que foi Castelo de Paiva que despertou isto, se este assunto vem a ser trabalhado com mais detalhe, pelo menos desde a apresentação do OE, votado na Assembleia em Novembro.

A discussão e a preparação quer do Artigo 54.º do Orçamento quer da sua portaria e anexos foi longa e séria. Que os demagogos as critiquem, está bem. Que comentadores sérios possam ir na onda, é uma surpresa.

O desenvolvimento do interior e a correcção das assimetrias sociais e económicas no âmbito territorial mantêm-se como uma preocupação de fundo e uma importante prioridade.

Joel Hasse Ferreira, deputado do PS

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