Macau recebe Maria José Ritta sem protestos
Maria José Ritta
NA MESMA semana em que o líder espiritual do Tibete visita Portugal, a mulher do Presidente da República, Maria José Ritta, e o secretário de Estado das Comunidades, João Rui de Almeida, participaram num encontro de macaenses no território sob administração da China. E apesar do protesto formal do Governo de Pequim pelo encontro informal do chefe de Estado português com o Dalai Lama, o assunto não constou da mesa do encontro, no qual o líder executivo macaense, Edmund Ho, salientou
Quase dois anos após a transferência de administração, Edmund Ho aproveitou a abertura do Encontro das Comunidades Macaenses do Novo Milénio para dizer que, depois de Dezembro de 1999, «os macaenses não só continuaram a manter o sentido de pertença a Macau como se dedicaram ainda empenhadamente à causa pública». Os participantes no encontro receberam com satisfação o discurso de Ho, que defendeu igualmente que a diáspora macaense é uma «ponte que estreita a ligação entre Macau e a sociedade internacional».
Cerca de 500 membros das Casas de Macau espalhadas pelo mundo participam no evento, o primeiro depois da criação na Região Administrativa Especial. Uma participação mais reduzida do que o esperado, na sequência dos atentados de 11 de Setembro.
A reunião é também, como destacou Maria José Ritta, «uma demonstração eloquente de dinamismo e de confiança no futuro de Macau» e evidencia o vínculo intenso que existe entre todos e que liga todos a Macau. «Os macaenses, vivam ou não na terra onde nasceram, estão unidos numa comunidade plural de valores, de tradições e de costumes que fundamentam a sua identidade específica», frisou Maria José Ritta.
«Macau, nossa terra, nossa cidade, nossa cultura» é o lema da reunião, que tem um programa essencialmente cultural e que ficará assinalado pelo lançamento de um glossário de patuá, o dialecto tradicional de Macau, já extinto enquanto língua funcional, e pela inauguração de um monumento à diáspora macaense.
O encontro deste ano marca igualmente o regresso dos macaenses (naturais de Macau de ascendência portuguesa) às origens, numa altura que Macau dá os primeiros passos numa nova realidade político-institucional. E, por enquanto, as primeiras reacções são positivas, já que a Região Administrativa Especial «continua a crescer e a desenvolver-se», como reconheceu ao EXPRESSO um dos participantes na reunião.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas garantiu, por seu turno, que o Governo de Lisboa «não abandonou os portugueses de Macau», rejeitando assim críticas de alguns membros da comunidade que acusam o Executivo de António Guterres de ter esquecido os portugueses após a transição. João Rui de Almeida admitiu que existem problemas pontuais, como o caso da não renovação das comissões de serviço de médicos e a questão do financiamento da Escola Portuguesa, mas sublinhou que o Governo «continua a acompanhar Macau com grande interesse».
Deputado defende português
Entretanto, o deputado Jorge Fão, eleito nas eleições de Setembro, defendeu esta semana na Assembleia Legislativa o uso da língua portuguesa na Região Administrativa Especial de Macau. Jorge Fão considerou «absolutamente insuficiente» apregoar que Macau é um caso exemplar de convivência harmoniosa e multissecular entre duas comunidades, a chinesa e a portuguesa, quando na realidade «tal prática não acontece, particularmente no seio dos serviços ou entidades públicas».
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Macau recebe Maria José Ritta sem protestos
Maria José Ritta
NA MESMA semana em que o líder espiritual do Tibete visita Portugal, a mulher do Presidente da República, Maria José Ritta, e o secretário de Estado das Comunidades, João Rui de Almeida, participaram num encontro de macaenses no território sob administração da China. E apesar do protesto formal do Governo de Pequim pelo encontro informal do chefe de Estado português com o Dalai Lama, o assunto não constou da mesa do encontro, no qual o líder executivo macaense, Edmund Ho, salientou
Quase dois anos após a transferência de administração, Edmund Ho aproveitou a abertura do Encontro das Comunidades Macaenses do Novo Milénio para dizer que, depois de Dezembro de 1999, «os macaenses não só continuaram a manter o sentido de pertença a Macau como se dedicaram ainda empenhadamente à causa pública». Os participantes no encontro receberam com satisfação o discurso de Ho, que defendeu igualmente que a diáspora macaense é uma «ponte que estreita a ligação entre Macau e a sociedade internacional».
Cerca de 500 membros das Casas de Macau espalhadas pelo mundo participam no evento, o primeiro depois da criação na Região Administrativa Especial. Uma participação mais reduzida do que o esperado, na sequência dos atentados de 11 de Setembro.
A reunião é também, como destacou Maria José Ritta, «uma demonstração eloquente de dinamismo e de confiança no futuro de Macau» e evidencia o vínculo intenso que existe entre todos e que liga todos a Macau. «Os macaenses, vivam ou não na terra onde nasceram, estão unidos numa comunidade plural de valores, de tradições e de costumes que fundamentam a sua identidade específica», frisou Maria José Ritta.
«Macau, nossa terra, nossa cidade, nossa cultura» é o lema da reunião, que tem um programa essencialmente cultural e que ficará assinalado pelo lançamento de um glossário de patuá, o dialecto tradicional de Macau, já extinto enquanto língua funcional, e pela inauguração de um monumento à diáspora macaense.
O encontro deste ano marca igualmente o regresso dos macaenses (naturais de Macau de ascendência portuguesa) às origens, numa altura que Macau dá os primeiros passos numa nova realidade político-institucional. E, por enquanto, as primeiras reacções são positivas, já que a Região Administrativa Especial «continua a crescer e a desenvolver-se», como reconheceu ao EXPRESSO um dos participantes na reunião.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas garantiu, por seu turno, que o Governo de Lisboa «não abandonou os portugueses de Macau», rejeitando assim críticas de alguns membros da comunidade que acusam o Executivo de António Guterres de ter esquecido os portugueses após a transição. João Rui de Almeida admitiu que existem problemas pontuais, como o caso da não renovação das comissões de serviço de médicos e a questão do financiamento da Escola Portuguesa, mas sublinhou que o Governo «continua a acompanhar Macau com grande interesse».
Deputado defende português
Entretanto, o deputado Jorge Fão, eleito nas eleições de Setembro, defendeu esta semana na Assembleia Legislativa o uso da língua portuguesa na Região Administrativa Especial de Macau. Jorge Fão considerou «absolutamente insuficiente» apregoar que Macau é um caso exemplar de convivência harmoniosa e multissecular entre duas comunidades, a chinesa e a portuguesa, quando na realidade «tal prática não acontece, particularmente no seio dos serviços ou entidades públicas».