Couto, Rebelo e Pombo já entraram em acção

08-12-2000
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Nuno Pombo (à esquerda) só iguala os adversários no número de flechas e distância do alvo

Os extremos tocam-se no que respeita às expectativas do grupo: se entre eles há quem tenha legítimas aspirações a pódio, o inverso aplica-se à maioria.

A dupla feminina de voleibol de praia - campeã nacional seis vezes, 5.º lugar no Europeu de 1999, 4.º no Open de Dalian, 7.º no de Espinho em 2000 e 14.ª classificada no «ranking» olímpico - é estreante nestas andanças, mas, nos últimos quatro anos, tem-se treinado exclusivamente para a meta de Sydney.

Com a qualificação, Cristina (32 anos) e Maria José (35) concretizaram o sonho que em 1996 deixaram escapar. Agora, apesar de participarem num torneio muito exigente - cada fase da prova é a eliminar, o que retira margem de manobra para corrigir erros -, ambas exibem à-vontade necessário para enfrentarem o desafio.

Nadar para a final

Sem promessas vãs, imbuídas do desejo de chegar «o mais longe possível» e a jogarem livres de pressão, não é de excluir a hipótese de causarem uma agradável surpresa, se a sorte ajudar.

Já José Couto enfrenta um nível de exigência diferente. Os encómios tecidos à volta do talento do nadador, por especialistas na matéria, deixam em aberto as melhores perspectivas.

Tem-se dito até que há nele potencial bastante para o tornar recordista do mundo em piscina curta. Dominador absoluto em Portugal no seu estilo - tem seis recordes em seis possíveis, 50 metros, 100 e 200, nas piscinas de 25 e 50 metros - , teve os seus momentos de glória nos europeus de piscina curta, em Dezembro-99, no Jamor, onde ganhou prata nos 200 metros e bronze nos 100 metros.

Em Sydney, o sportinguista tem como objectivo chegar a uma final olímpica. Se o conseguir pode igualar ou ultrapassar as marcas de Alexandre Yokochi nos Jogos de Los Angeles-84 (7.º lugar na final A) e Seul-88, nos quais venceu a final B de 200 bruços.

Esta é a distância que parece mais talhada para Couto se distinguir. As eliminatórias de hoje, nos 100 metros, podem igualmente colocá-lo na posição de destaque que muitos vislumbram merecer.

A avaliar pelas afirmações do próprio - «Em Sydney vou tentar fazer história na natação portuguesa» -, é bom o estado físico e psíquico de José Couto. Pelo que o atleta parece em condições de agarrar de vez esta oportunidade e pôr termo às oscilações inexplicáveis, que aqui e ali o têm afectado.

Impossível é não colocar João Rebelo, actual campeão europeu de tiro com armas de caça (fosso olímpico) no rol dos mais sérios candidatos a uma medalha.

Avesso por natureza a vestir a pele de protagonista, desta feita nem sequer ele próprio pode negar que está entre os favoritos, conforme também reconhecem os seus adversários.

O pódio na mira

Se nenhum imponderável cortar o caminho deste quarentão bejense, tido como o melhor atirador português de todos os tempos, chegar à final significa uma ida ao pódio praticamente Oito vezes campeão nacional e três vezes vencedor da Taça de Portugal; vice-campeão mundial na Itália (1989) e na Áustria (1990); 3.º lugar no Europeu da Suécia (1990); vencedor da etapa da Taça do Mundo de Lonato (1998) e vice-campeão na Taça do Mundo do Peru (1999), Rebelo obteve o apuramento na etapa da Taça do Mundo do Japão, em 1999, onde ficou em segundo lugar.

Com esta participação em Sydney, a quinta consecutiva nuns Jogos (após Los Angeles, Seul, Barcelona e Atlanta), Rebelo passa a formar com o velejador Duarte Belo e o cavaleiro Henrique Calado (ambos em 1948, 52, 56, 60 e 64) o trio dos pentacampeões em presenças.

Ainda nesta disciplina olímpica, há outro português de quem muito se espera. Trata-se de Custódio Ezequiel, que regressou ao tiro após três anos de interregno competitivo, auto-imposto por ter visto frustrada a sua qualificação para os Jogos de Atlanta.

A surpresa foi geral quando em 1999 voltou em força, ganhando as cinco provas nacionais em que participou e superiorizando-se, nomeadamente, aos categorizados Manuel Vieira da Silva e José Silva.

Nesse mesmo ano ficou em 3.º lugar na Taça do Mundo no Japão e fez os mínimos olímpicos no Mundial da Finlândia. Em 2000 venceu a etapa da Índia na Taça do Mundo, foi 3.º na da Itália, classificou-se em 6.º no Europeu e conquistou o Campeonato e a Taça de Portugal.

Apesar de ser estreante em Jogos Olímpicos, um pormenor sempre a ter em conta, não falta na delegação portuguesa quem atribua a Ezequiel hipóteses similares às de João Rebelo.

A ingrata tarefa

O mínimo que pode dizer-se sobre a tarefa que espera o único português no tiro com arco é que ela é profundamente ingrata.

De facto, Nuno Pombo só num aspecto tem garantias de igualdade de circunstâncias com os seus adversários de hoje: todos dispõem de 72 flechas para atirar a um alvo colocado a 70 metros de distância. Depois, o primeiro classificado defronta o último, o segundo o penúltimo e, por aí adiante, até serem eliminados os 18 piores concorrentesuno conta ultrapassar esta fase mas sabe que o seu amadorismo não lhe abre portas para voos muito ambiciosos. Os profissionais, especialmente de Itália, Coreia do Sul e Estados Unidos, nem por acidente deixam alguém estorvar-lhes o passo. Sem apoio adequado, mal preparado técnica e fisicamente - «este ano só fui a Dinamarca e Espanha e também não fiz a musculação necessária» -, são diminutas as hipóteses de ficar acima dos 32 primeiros.

JOSÉ PEREIRA, enviado a Sydney

Nuno Pombo (à esquerda) só iguala os adversários no número de flechas e distância do alvo

Os extremos tocam-se no que respeita às expectativas do grupo: se entre eles há quem tenha legítimas aspirações a pódio, o inverso aplica-se à maioria.

A dupla feminina de voleibol de praia - campeã nacional seis vezes, 5.º lugar no Europeu de 1999, 4.º no Open de Dalian, 7.º no de Espinho em 2000 e 14.ª classificada no «ranking» olímpico - é estreante nestas andanças, mas, nos últimos quatro anos, tem-se treinado exclusivamente para a meta de Sydney.

Com a qualificação, Cristina (32 anos) e Maria José (35) concretizaram o sonho que em 1996 deixaram escapar. Agora, apesar de participarem num torneio muito exigente - cada fase da prova é a eliminar, o que retira margem de manobra para corrigir erros -, ambas exibem à-vontade necessário para enfrentarem o desafio.

Nadar para a final

Sem promessas vãs, imbuídas do desejo de chegar «o mais longe possível» e a jogarem livres de pressão, não é de excluir a hipótese de causarem uma agradável surpresa, se a sorte ajudar.

Já José Couto enfrenta um nível de exigência diferente. Os encómios tecidos à volta do talento do nadador, por especialistas na matéria, deixam em aberto as melhores perspectivas.

Tem-se dito até que há nele potencial bastante para o tornar recordista do mundo em piscina curta. Dominador absoluto em Portugal no seu estilo - tem seis recordes em seis possíveis, 50 metros, 100 e 200, nas piscinas de 25 e 50 metros - , teve os seus momentos de glória nos europeus de piscina curta, em Dezembro-99, no Jamor, onde ganhou prata nos 200 metros e bronze nos 100 metros.

Em Sydney, o sportinguista tem como objectivo chegar a uma final olímpica. Se o conseguir pode igualar ou ultrapassar as marcas de Alexandre Yokochi nos Jogos de Los Angeles-84 (7.º lugar na final A) e Seul-88, nos quais venceu a final B de 200 bruços.

Esta é a distância que parece mais talhada para Couto se distinguir. As eliminatórias de hoje, nos 100 metros, podem igualmente colocá-lo na posição de destaque que muitos vislumbram merecer.

A avaliar pelas afirmações do próprio - «Em Sydney vou tentar fazer história na natação portuguesa» -, é bom o estado físico e psíquico de José Couto. Pelo que o atleta parece em condições de agarrar de vez esta oportunidade e pôr termo às oscilações inexplicáveis, que aqui e ali o têm afectado.

Impossível é não colocar João Rebelo, actual campeão europeu de tiro com armas de caça (fosso olímpico) no rol dos mais sérios candidatos a uma medalha.

Avesso por natureza a vestir a pele de protagonista, desta feita nem sequer ele próprio pode negar que está entre os favoritos, conforme também reconhecem os seus adversários.

O pódio na mira

Se nenhum imponderável cortar o caminho deste quarentão bejense, tido como o melhor atirador português de todos os tempos, chegar à final significa uma ida ao pódio praticamente Oito vezes campeão nacional e três vezes vencedor da Taça de Portugal; vice-campeão mundial na Itália (1989) e na Áustria (1990); 3.º lugar no Europeu da Suécia (1990); vencedor da etapa da Taça do Mundo de Lonato (1998) e vice-campeão na Taça do Mundo do Peru (1999), Rebelo obteve o apuramento na etapa da Taça do Mundo do Japão, em 1999, onde ficou em segundo lugar.

Com esta participação em Sydney, a quinta consecutiva nuns Jogos (após Los Angeles, Seul, Barcelona e Atlanta), Rebelo passa a formar com o velejador Duarte Belo e o cavaleiro Henrique Calado (ambos em 1948, 52, 56, 60 e 64) o trio dos pentacampeões em presenças.

Ainda nesta disciplina olímpica, há outro português de quem muito se espera. Trata-se de Custódio Ezequiel, que regressou ao tiro após três anos de interregno competitivo, auto-imposto por ter visto frustrada a sua qualificação para os Jogos de Atlanta.

A surpresa foi geral quando em 1999 voltou em força, ganhando as cinco provas nacionais em que participou e superiorizando-se, nomeadamente, aos categorizados Manuel Vieira da Silva e José Silva.

Nesse mesmo ano ficou em 3.º lugar na Taça do Mundo no Japão e fez os mínimos olímpicos no Mundial da Finlândia. Em 2000 venceu a etapa da Índia na Taça do Mundo, foi 3.º na da Itália, classificou-se em 6.º no Europeu e conquistou o Campeonato e a Taça de Portugal.

Apesar de ser estreante em Jogos Olímpicos, um pormenor sempre a ter em conta, não falta na delegação portuguesa quem atribua a Ezequiel hipóteses similares às de João Rebelo.

A ingrata tarefa

O mínimo que pode dizer-se sobre a tarefa que espera o único português no tiro com arco é que ela é profundamente ingrata.

De facto, Nuno Pombo só num aspecto tem garantias de igualdade de circunstâncias com os seus adversários de hoje: todos dispõem de 72 flechas para atirar a um alvo colocado a 70 metros de distância. Depois, o primeiro classificado defronta o último, o segundo o penúltimo e, por aí adiante, até serem eliminados os 18 piores concorrentesuno conta ultrapassar esta fase mas sabe que o seu amadorismo não lhe abre portas para voos muito ambiciosos. Os profissionais, especialmente de Itália, Coreia do Sul e Estados Unidos, nem por acidente deixam alguém estorvar-lhes o passo. Sem apoio adequado, mal preparado técnica e fisicamente - «este ano só fui a Dinamarca e Espanha e também não fiz a musculação necessária» -, são diminutas as hipóteses de ficar acima dos 32 primeiros.

JOSÉ PEREIRA, enviado a Sydney

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