Africanos criticam IS

03-03-2000
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«O que se discutiu foi a visão dos ricos da mundialização - e não a visão global da mundialização dos países em desenvolvimento», disse Pedro Pires, líder do PAICV, de Cabo Verde.

João Lourenço, secretário-geral do MPLA, de Angola, confirmou que a sua delegação protestou por o partido no poder em Luanda permanecer com o estatuto de observador, numa altura em que, designadamente a Frelimo, de Moçambique, e o ANC, da África do Sul, passaram a membros efectivos. O Presidente moçambicano, Joaquim Chissano, foi mesmo eleito um dos 21 vice-presidentes da organização. «Apresentámos a nossa reclamação, porque achamos que chegou o momento de o nosso partido passar a membro efectivo, uma vez que somos observadores há cerca de três anos», afirmou João Lourenço.

Antes do início do Congresso, na reunião do Conselho da IS, no domingo, Paulo Jorge, do MPLA, tinha criticado abertamente os critérios da direcção do movimento socialista: «Não percebemos os critérios para a aceitação de membros de pleno direito, porque somos observadores há muito tempo e um dos partidos que mais paga para a IS», disse o político angolano.

João Lourenço acrescentou esperar uma mudança com a presidência de António Guterres: «Esperamos dele um maior empenho no sentido de reparar esta injustiça, porque se a situação em Angola não está ainda normalizada a culpa não é nossa, mas da UNITA». Outro membro da delegação angolana acentuou o facto de, no Congresso, terem sido os angolanos que defenderam a língua portuguesa e não Guterres: «Ao contrário do novo Presidente, nós falámos em português, assegurámos nós próprios a tradução do discurso - e ele falou em francês».

De acordo com as fontes contactadas pelo EXPRESSO, João Lourenço só conseguiu discursar na tribuna porque «o MPLA exigiu falar e levantou a voz» nos bastidores.

Pedro Pires, que não conseguiu ler o texto que tinha preparado, apesar de o seu partido ser membro efectivo da IS há vários anos, disse esperar que Guterres «traga a voz dos africanos para as reuniões da IS».

Pelo seu lado, Manuel Tomé, secretário-geral da Frelimo, manifestou-se satisfeito com as decisões em relação ao seu partido, mas reconheceu também a existência de um défice desfavorável aos africanos. «Os pobres têm de estar mais presentes nas reuniões e nas estruturas da IS, e isso terá de ser corrigido no futuro», disse ao EXPRESSO.

DANIEL RIBEIRO, correspondente em Paris

«O que se discutiu foi a visão dos ricos da mundialização - e não a visão global da mundialização dos países em desenvolvimento», disse Pedro Pires, líder do PAICV, de Cabo Verde.

João Lourenço, secretário-geral do MPLA, de Angola, confirmou que a sua delegação protestou por o partido no poder em Luanda permanecer com o estatuto de observador, numa altura em que, designadamente a Frelimo, de Moçambique, e o ANC, da África do Sul, passaram a membros efectivos. O Presidente moçambicano, Joaquim Chissano, foi mesmo eleito um dos 21 vice-presidentes da organização. «Apresentámos a nossa reclamação, porque achamos que chegou o momento de o nosso partido passar a membro efectivo, uma vez que somos observadores há cerca de três anos», afirmou João Lourenço.

Antes do início do Congresso, na reunião do Conselho da IS, no domingo, Paulo Jorge, do MPLA, tinha criticado abertamente os critérios da direcção do movimento socialista: «Não percebemos os critérios para a aceitação de membros de pleno direito, porque somos observadores há muito tempo e um dos partidos que mais paga para a IS», disse o político angolano.

João Lourenço acrescentou esperar uma mudança com a presidência de António Guterres: «Esperamos dele um maior empenho no sentido de reparar esta injustiça, porque se a situação em Angola não está ainda normalizada a culpa não é nossa, mas da UNITA». Outro membro da delegação angolana acentuou o facto de, no Congresso, terem sido os angolanos que defenderam a língua portuguesa e não Guterres: «Ao contrário do novo Presidente, nós falámos em português, assegurámos nós próprios a tradução do discurso - e ele falou em francês».

De acordo com as fontes contactadas pelo EXPRESSO, João Lourenço só conseguiu discursar na tribuna porque «o MPLA exigiu falar e levantou a voz» nos bastidores.

Pedro Pires, que não conseguiu ler o texto que tinha preparado, apesar de o seu partido ser membro efectivo da IS há vários anos, disse esperar que Guterres «traga a voz dos africanos para as reuniões da IS».

Pelo seu lado, Manuel Tomé, secretário-geral da Frelimo, manifestou-se satisfeito com as decisões em relação ao seu partido, mas reconheceu também a existência de um défice desfavorável aos africanos. «Os pobres têm de estar mais presentes nas reuniões e nas estruturas da IS, e isso terá de ser corrigido no futuro», disse ao EXPRESSO.

DANIEL RIBEIRO, correspondente em Paris

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