Guterres prepara comunicação ao país

10-07-2001
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Guterres Prepara Comunicação ao País

Sexta, 29 de Junho de 2001

Remodelação em marcha

O primeiro-ministro, António Guterres, só vai enfrentar o país depois da remodelação do Governo, cujo anúncio está iminente.

Ferro Rodrigues pediu na reunião da Comissão Política que António Guterres assumisse o "comando" e se explicasse perante o país. Mas o primeiro-ministro só está disposto a falar "olhos nos olhos" com os portugueses depois da remodelação governamental, que está à beira de ser anunciada, mas que está condicionada pela escolha de um substituto forte para Pina Moura.

O primeiro-ministro tem intensificado os contactos para o "novo" Governo - do qual vai ser excluído o actual ministro das Finanças, que ainda hoje apresentará na Assembleia da República o Orçamento Rectificativo; Manuela Arcanjo, a actual ministra da Saúde, que já não despacha há algum tempo; Mário Cristina de Sousa, ministro da Economia, que já se despediu de alguns colaboradores; Castro Caldas, o ministro da Defesa; o ministro da Cultura José Sasportes, que poderá ser substituído por Augusto Santos Silva, que transitará da Educação.

Ontem, Paulo Portas instou António Guterres a fazer a remodelação já hoje, por ter informações, de dentro do Executivo, de que era isso mesmo que o primeiro-ministro estava a preparar. Mas uma fonte próxima do primeiro-ministro adiantou ao PÚBLICO a dificuldade em anunciar uma remodelação em plena reunião da Internacional Socialista, que começou ontem e decorre até amanhã em Lisboa, sob a presidência de António Guterres.

Correia de Campos, actual presidente do Instituto Nacional da Administração e porta-voz do PS para a saúde no tempo da liderança de Jorge Sampaio, foi sondado para ministro da Saúde, mas fez depender a aceitação do cargo da escolha de um ministro das Finanças credível, que parece ser agora o busílis de António Guterres. João Cravinho foi sondado, Vasco Vieira de Almeida também, mas os dois não se mostraram disponíveis para carregar a difícil pasta das Finanças. O soarismo (de que Vasco Vieira de Almeida é uma bandeira) parece considerar não ter este Governo já "salvação" e não pretendem envolver-se na chamada "derrocada".

Fontes governamentais afirmaram ao PÚBLICO ser "muito provável" a transição de Augusto Santos Silva de ministro da Educação para ministro da Cultura. Santos Silva poderia vir a ser substituído por Ana Benavente, secretária de Estado da Educação. Resolviam-se, com este esquema, dois problemas: o da substituição de José Sasportes na Cultura; e mantinham-se os secretários de Estado do Ministério da Educação - ou pelo menos parte deles - que mantêm todos, embora por razões diversas, relações muito difíceis com o ministro.

Para a Economia, a expressão "muito provável" era utilizada em relação à nomeação de Elisa Ferreira, actual ministra do Planeamento. Poderia acumular as duas pastas ou então entregar o Planeamento ao seu secretário de Estado João Nuno Mendes ou a Carlos Zorrinho, actual secretário de Estado adjunto da Administração Interna.

A substituição de Castro Caldas na Defesa poderia vir a ser protagonizada por Nuno Severiano Teixeira, actual ministro da Administração Interna, mas que sempre teve na Defesa a sua área de especialização. Neste caso, a subida de Rui Pereira, actual secretário de Estado da Administração Interna a ministro é vista como "natural", desde que Carlos Zorrinho seja também ele "promovido" a ministro - recorde-se o peso político de Zorrinho, comparado com a quase "independência" de Rui Pereira, magistrado, antigo director do SIS, que não poderia subir a ministro, mantendo-se Zorrinho em secretário de Estado. A.S.L./J.P.H.

Guterres Prepara Comunicação ao País

Sexta, 29 de Junho de 2001

Remodelação em marcha

O primeiro-ministro, António Guterres, só vai enfrentar o país depois da remodelação do Governo, cujo anúncio está iminente.

Ferro Rodrigues pediu na reunião da Comissão Política que António Guterres assumisse o "comando" e se explicasse perante o país. Mas o primeiro-ministro só está disposto a falar "olhos nos olhos" com os portugueses depois da remodelação governamental, que está à beira de ser anunciada, mas que está condicionada pela escolha de um substituto forte para Pina Moura.

O primeiro-ministro tem intensificado os contactos para o "novo" Governo - do qual vai ser excluído o actual ministro das Finanças, que ainda hoje apresentará na Assembleia da República o Orçamento Rectificativo; Manuela Arcanjo, a actual ministra da Saúde, que já não despacha há algum tempo; Mário Cristina de Sousa, ministro da Economia, que já se despediu de alguns colaboradores; Castro Caldas, o ministro da Defesa; o ministro da Cultura José Sasportes, que poderá ser substituído por Augusto Santos Silva, que transitará da Educação.

Ontem, Paulo Portas instou António Guterres a fazer a remodelação já hoje, por ter informações, de dentro do Executivo, de que era isso mesmo que o primeiro-ministro estava a preparar. Mas uma fonte próxima do primeiro-ministro adiantou ao PÚBLICO a dificuldade em anunciar uma remodelação em plena reunião da Internacional Socialista, que começou ontem e decorre até amanhã em Lisboa, sob a presidência de António Guterres.

Correia de Campos, actual presidente do Instituto Nacional da Administração e porta-voz do PS para a saúde no tempo da liderança de Jorge Sampaio, foi sondado para ministro da Saúde, mas fez depender a aceitação do cargo da escolha de um ministro das Finanças credível, que parece ser agora o busílis de António Guterres. João Cravinho foi sondado, Vasco Vieira de Almeida também, mas os dois não se mostraram disponíveis para carregar a difícil pasta das Finanças. O soarismo (de que Vasco Vieira de Almeida é uma bandeira) parece considerar não ter este Governo já "salvação" e não pretendem envolver-se na chamada "derrocada".

Fontes governamentais afirmaram ao PÚBLICO ser "muito provável" a transição de Augusto Santos Silva de ministro da Educação para ministro da Cultura. Santos Silva poderia vir a ser substituído por Ana Benavente, secretária de Estado da Educação. Resolviam-se, com este esquema, dois problemas: o da substituição de José Sasportes na Cultura; e mantinham-se os secretários de Estado do Ministério da Educação - ou pelo menos parte deles - que mantêm todos, embora por razões diversas, relações muito difíceis com o ministro.

Para a Economia, a expressão "muito provável" era utilizada em relação à nomeação de Elisa Ferreira, actual ministra do Planeamento. Poderia acumular as duas pastas ou então entregar o Planeamento ao seu secretário de Estado João Nuno Mendes ou a Carlos Zorrinho, actual secretário de Estado adjunto da Administração Interna.

A substituição de Castro Caldas na Defesa poderia vir a ser protagonizada por Nuno Severiano Teixeira, actual ministro da Administração Interna, mas que sempre teve na Defesa a sua área de especialização. Neste caso, a subida de Rui Pereira, actual secretário de Estado da Administração Interna a ministro é vista como "natural", desde que Carlos Zorrinho seja também ele "promovido" a ministro - recorde-se o peso político de Zorrinho, comparado com a quase "independência" de Rui Pereira, magistrado, antigo director do SIS, que não poderia subir a ministro, mantendo-se Zorrinho em secretário de Estado. A.S.L./J.P.H.

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