Renovar é reciclar pessoas ou políticas?

15-05-2001
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XII Congresso do PS

Renovar É Reciclar Pessoas Ou Políticas?

Por NUNO SÁ LOURENÇO

Terça-feira, 1 de Maio de 2001 A JS e os "marretas" Jovens socialistas vão aproveitar o congresso para lembrar a António Guterres que a renovação também passa pela JS Estão todos de acordo com António Guterres. É preciso renovar o partido. O problema é que, enquanto uns pensam que isso pode ser feito com novas políticas, outros acreditam que a reciclagem do PS só se faz mudando de caras. Entretanto, os jovens socialistas aproveitam para dar o seu contributo para esse debate. Jamila Madeira explica como. "Vamos passar uma mensagem articulada" entre militantes da JS, afirma antes de adiantar que a declaração não é para ser interpretada como a voz da JS no congresso do PS. "Os militantes da JS não estão lá enquanto bloco, vão como militantes do PS." Talvez por isso não queira adiantar muito sobre a mensagem: "Vai ser crítica em relação à sociedade, tem a ver com a capacidade que temos ou não de inovar." No entanto, Rafael Lucas Pereira, do secretariado de Jamila Madeira, adiantou que a "mensagem" servirá para lembrar a Guterres que pode contar com os mais novos: "A renovação deve passar pelos quadros jovens do partido e, obviamente, pela JS." É por isso que Jamila Madeira acha "muito importante a posição do secretário-geral do PS em abrir novos espaços no partido". Segundo a secretária-geral da JS, só assim se demonstra que para os partidos "as juventudes são estruturas fundamentais, que não se podem tornar meros ecos da sociedade ou de determinados cargos políticos". Daí que, conclui Jamila Madeira, sejam bem-vindos "novos militantes que não estejam sempre ligados às mesmas pessoas". Ana Catarina Mendes ficou satisfeita com a proposta do secretário-geral. A deputada à Assembleia da República, que há um ano perdeu por um voto a liderança da JS para Jamila Madeira, concorda com o líder do PS: "Colocou a tónica naquilo que é essencial hoje. Os partidos não podem ser circuitos fechados", afirma. A jovem socialista acrescenta mesmo que a renovação do partido é "continuar, de alguma forma, o impulso ganhador dos Estados Gerais de 1995". E explica depois que, para si, a renovação passa pela reciclagem de "políticas de nova geração". Uma nova "cultura ecológica", uma maior preocupação com a "cidadania urbana" e a reforma do sistema e da administração pública para resolver o "dilema do partido da abstenção" são alguns dos problemas que a dirigente se congratula por ver na mão de António Guterres. Uma visão um pouco diferente da forma como Marcos Perestrelo vê o assunto. Actualmente "aposentado", esteve na direcção da JS até à saída de Sérgio Sousa Pinto. Para o antigo dirigente da JS existem mesmo "marretas" no PS e estão na direcção: "A nível local o partido está enxameado de gente nova. Onde o partido tem de fazer renovação é a nível nacional. E se António Guterres quer meter outra gente, tem que tirar os que lá estão." Marcos Perestrelo só lamenta que o actual secretário-geral se tenha apercebido disso tão tarde. "É espantoso que tenha percebido isso só agora, depois de dez anos à frente do partido." No entanto, apesar de reconhecer mérito ao tema, Marcos Perestrelo mantém um receio: que a renovação passe ao lado da JS. "A renovação do sangue do partido não pode ser feita à custa da JS. É evidente que quando um partido se quer renovar, e tem uma organização de juventude, é natural que vá a essa organização buscar pessoas", explica. Margarida Marques, a primeira mulher que chegou à liderança da JS, entre 1981 e 1984, não concorda: "Não sei se António Guterres consegue fazer a renovação do partido indo buscar quadros à JS". Para a ex-dirigente, a culpa até nem é da falta de capacidades dos mais novos: "O partido devia ter uma atitude mais estruturada para fazer a renovação de quadros." Actualmente apenas mais uma militante do partido, explica que a renovação "é um trabalho sistemático no sentido de abertura a determinadas propostas políticas". E para isso, adianta, não é necessário mudar o velho pelo novo: "É possível fazer a renovação de políticas sem se fazer a renovação de pessoas". Entre estas duas posições fica Arons de Carvalho, o primeiro líder da JS, que defende mais jovens na direcção, embora considere que tal não implica a substituição dos mais experientes. "Acho muito bem que a média etária da direcção do partido baixe. Entre os deputados há pessoas de grande qualidade." OUTROS TÍTULOS EM NACIONAL "As armas das FP-25 continuam aí", diz "arrependido"

Pode dar-me a loucura e acabar com ele

A cisão nas FP-25

Renovar é reciclar pessoas ou políticas?

Os números da JS

Histórias de juventude

Fragilizada e barricada...

...Irreverente ou obediente

Rostos do pós-guterrismo

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Ferro Rodrigues: negociações do OE devem começar já

Aborto em "referendo" entre os socialistas

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Por NUNO SÁ LOURENÇO

Terça-feira, 1 de Maio de 2001 A JS e os "marretas" Jovens socialistas vão aproveitar o congresso para lembrar a António Guterres que a renovação também passa pela JS Estão todos de acordo com António Guterres. É preciso renovar o partido. O problema é que, enquanto uns pensam que isso pode ser feito com novas políticas, outros acreditam que a reciclagem do PS só se faz mudando de caras. Entretanto, os jovens socialistas aproveitam para dar o seu contributo para esse debate. Jamila Madeira explica como. "Vamos passar uma mensagem articulada" entre militantes da JS, afirma antes de adiantar que a declaração não é para ser interpretada como a voz da JS no congresso do PS. "Os militantes da JS não estão lá enquanto bloco, vão como militantes do PS." Talvez por isso não queira adiantar muito sobre a mensagem: "Vai ser crítica em relação à sociedade, tem a ver com a capacidade que temos ou não de inovar." No entanto, Rafael Lucas Pereira, do secretariado de Jamila Madeira, adiantou que a "mensagem" servirá para lembrar a Guterres que pode contar com os mais novos: "A renovação deve passar pelos quadros jovens do partido e, obviamente, pela JS." É por isso que Jamila Madeira acha "muito importante a posição do secretário-geral do PS em abrir novos espaços no partido". Segundo a secretária-geral da JS, só assim se demonstra que para os partidos "as juventudes são estruturas fundamentais, que não se podem tornar meros ecos da sociedade ou de determinados cargos políticos". Daí que, conclui Jamila Madeira, sejam bem-vindos "novos militantes que não estejam sempre ligados às mesmas pessoas". Ana Catarina Mendes ficou satisfeita com a proposta do secretário-geral. A deputada à Assembleia da República, que há um ano perdeu por um voto a liderança da JS para Jamila Madeira, concorda com o líder do PS: "Colocou a tónica naquilo que é essencial hoje. Os partidos não podem ser circuitos fechados", afirma. A jovem socialista acrescenta mesmo que a renovação do partido é "continuar, de alguma forma, o impulso ganhador dos Estados Gerais de 1995". E explica depois que, para si, a renovação passa pela reciclagem de "políticas de nova geração". Uma nova "cultura ecológica", uma maior preocupação com a "cidadania urbana" e a reforma do sistema e da administração pública para resolver o "dilema do partido da abstenção" são alguns dos problemas que a dirigente se congratula por ver na mão de António Guterres. Uma visão um pouco diferente da forma como Marcos Perestrelo vê o assunto. Actualmente "aposentado", esteve na direcção da JS até à saída de Sérgio Sousa Pinto. Para o antigo dirigente da JS existem mesmo "marretas" no PS e estão na direcção: "A nível local o partido está enxameado de gente nova. Onde o partido tem de fazer renovação é a nível nacional. E se António Guterres quer meter outra gente, tem que tirar os que lá estão." Marcos Perestrelo só lamenta que o actual secretário-geral se tenha apercebido disso tão tarde. "É espantoso que tenha percebido isso só agora, depois de dez anos à frente do partido." No entanto, apesar de reconhecer mérito ao tema, Marcos Perestrelo mantém um receio: que a renovação passe ao lado da JS. "A renovação do sangue do partido não pode ser feita à custa da JS. É evidente que quando um partido se quer renovar, e tem uma organização de juventude, é natural que vá a essa organização buscar pessoas", explica. Margarida Marques, a primeira mulher que chegou à liderança da JS, entre 1981 e 1984, não concorda: "Não sei se António Guterres consegue fazer a renovação do partido indo buscar quadros à JS". Para a ex-dirigente, a culpa até nem é da falta de capacidades dos mais novos: "O partido devia ter uma atitude mais estruturada para fazer a renovação de quadros." Actualmente apenas mais uma militante do partido, explica que a renovação "é um trabalho sistemático no sentido de abertura a determinadas propostas políticas". E para isso, adianta, não é necessário mudar o velho pelo novo: "É possível fazer a renovação de políticas sem se fazer a renovação de pessoas". Entre estas duas posições fica Arons de Carvalho, o primeiro líder da JS, que defende mais jovens na direcção, embora considere que tal não implica a substituição dos mais experientes. "Acho muito bem que a média etária da direcção do partido baixe. Entre os deputados há pessoas de grande qualidade." OUTROS TÍTULOS EM NACIONAL "As armas das FP-25 continuam aí", diz "arrependido"

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