"Só no Dia da Entrega nos Apercebemos dos Problemas"
Quarta-feira, 25 de Abril de 2001
"Uma consequência do facto de este Governo se preocupar mais com o 'show off' do que com a segurança e o bem-estar das populações" - é assim que o comandante da corporação de Vila Nova de Poiares, Jaime Soares, resume a situação provocada pelo Serviço Nacional de Bombeiros (SNB), que, em cerimónias públicas entregou, no ano passado, 11 viaturas de desencarceramento com anomalias que vieram a obrigar à rescisão do contrato. O presidente do SNB, Joaquim Marinho, admite que as coisas "podiam ter corrido de outra maneira", mas garante que "os interesses do Estado e das corporações estão salvaguardados".
Segundo o presidente do SNB, a explicação para o facto de terem sido entregues viaturas com deficiência e omissão de equipamento "é simples": "Ao contrário do acordado, a empresa fornecedora não entregou o protótipo para verificação, pelo que só no dia da entrega [pelo primeiro-ministro] nos apercebemos dos problemas". A "confiança de princípio" na empresa explica, na sua perspectiva, que, naquele dia, as coisas não tenham de "corrido de outra maneira".
Na segunda fase (ver texto ao lado), a questão foi outra. "Face aos incumprimentos, exigia-se salvaguardar os interesses quer do Estado quer das corporações. Os primeiros obrigaram à rescisão do contrato; os segundos estão igualmente salvaguardados, na medida em que, após as reparações e a colocação e substituição de equipamentos, as viaturas estão em perfeitas condições, como o prova o facto de os representantes de nove das onze associações estarem plenamente satisfeitos", sublinha Marinho.
Comprar um "Mercedes" e ficar com um "Mini"
A questão, contudo, não é linear. O presidente da direcção dos Bombeiros de Castro Daire, José Pinto, um dos nove que aceitaram ficar com as viaturas, não esconde a indignação face ao SNB, ao qual acusa de "leviandade e incompetência por não ter procedido à inspecção no momento devido". "Estou revoltado com o facto de ter pago um 'Mercedes' e recebido um 'Mini', mas quem tinha um carro de desencarceramento ao qual saltavam as rodas não se pode dar ao luxo de recusar esta viatura sem ter garantia de reembolso imediato que lhe permita comprar outra", justifica. O comandante dos Voluntários de Vila Nova de Paiva, César Fonseca, que, "numa primeira reacção, quis devolver o carro", dá uma explicação semelhante: "Se optássemos pela via judicial, daqui a quantos anos é que recebíamos o dinheiro?".
Já o presidente dos Portuenses e o comandante de Vila Nova de Poiares, José Lachado e Jaime Soares, respectivamente, se recusam a "comprar gato por lebre". Ameçam processar judicialmente o SNB, caso este não aceite a devolução da viatura, ressarcindo as respectivas corporações no total do seu valor. Em relação a estes, Marinho afirma que "os serviços jurídicos do SNB estão a estudar o assunto e que, se esse for considerado um direito das corporações, a proposta será aceite". G.B.R.
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"Só no Dia da Entrega nos Apercebemos dos Problemas"
Quarta-feira, 25 de Abril de 2001
"Uma consequência do facto de este Governo se preocupar mais com o 'show off' do que com a segurança e o bem-estar das populações" - é assim que o comandante da corporação de Vila Nova de Poiares, Jaime Soares, resume a situação provocada pelo Serviço Nacional de Bombeiros (SNB), que, em cerimónias públicas entregou, no ano passado, 11 viaturas de desencarceramento com anomalias que vieram a obrigar à rescisão do contrato. O presidente do SNB, Joaquim Marinho, admite que as coisas "podiam ter corrido de outra maneira", mas garante que "os interesses do Estado e das corporações estão salvaguardados".
Segundo o presidente do SNB, a explicação para o facto de terem sido entregues viaturas com deficiência e omissão de equipamento "é simples": "Ao contrário do acordado, a empresa fornecedora não entregou o protótipo para verificação, pelo que só no dia da entrega [pelo primeiro-ministro] nos apercebemos dos problemas". A "confiança de princípio" na empresa explica, na sua perspectiva, que, naquele dia, as coisas não tenham de "corrido de outra maneira".
Na segunda fase (ver texto ao lado), a questão foi outra. "Face aos incumprimentos, exigia-se salvaguardar os interesses quer do Estado quer das corporações. Os primeiros obrigaram à rescisão do contrato; os segundos estão igualmente salvaguardados, na medida em que, após as reparações e a colocação e substituição de equipamentos, as viaturas estão em perfeitas condições, como o prova o facto de os representantes de nove das onze associações estarem plenamente satisfeitos", sublinha Marinho.
Comprar um "Mercedes" e ficar com um "Mini"
A questão, contudo, não é linear. O presidente da direcção dos Bombeiros de Castro Daire, José Pinto, um dos nove que aceitaram ficar com as viaturas, não esconde a indignação face ao SNB, ao qual acusa de "leviandade e incompetência por não ter procedido à inspecção no momento devido". "Estou revoltado com o facto de ter pago um 'Mercedes' e recebido um 'Mini', mas quem tinha um carro de desencarceramento ao qual saltavam as rodas não se pode dar ao luxo de recusar esta viatura sem ter garantia de reembolso imediato que lhe permita comprar outra", justifica. O comandante dos Voluntários de Vila Nova de Paiva, César Fonseca, que, "numa primeira reacção, quis devolver o carro", dá uma explicação semelhante: "Se optássemos pela via judicial, daqui a quantos anos é que recebíamos o dinheiro?".
Já o presidente dos Portuenses e o comandante de Vila Nova de Poiares, José Lachado e Jaime Soares, respectivamente, se recusam a "comprar gato por lebre". Ameçam processar judicialmente o SNB, caso este não aceite a devolução da viatura, ressarcindo as respectivas corporações no total do seu valor. Em relação a estes, Marinho afirma que "os serviços jurídicos do SNB estão a estudar o assunto e que, se esse for considerado um direito das corporações, a proposta será aceite". G.B.R.