Um «poiarense dos puros»

09-01-2001
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Marta Soares: dinossauro do poder local com laivos de xenofobia

O autarca defende-se das acusações que o comparam a Jorg Haider, da Áustria, sublinhando que as medidas não se dirigem a nenhum grupo étnico em especial - mas tão-só àqueles que, independentemente da respectiva etnia, possam pôr em causa «os princípios defendidos pelos poiarenses, que sempre foram no sentido do convívio, da honestidade e boa vizinhança». E invoca o seu passado político.

Antes do 25 de Abril, Jaime Marta Soares foi opositor ao regime, tendo, inclusivamente, pertencido às fileiras do MDP/CDE. Porém, em 1974, logo a seguir à revolução, aderiu ao então PPD, partido onde se manteve até hoje e onde desempenhou os mais diversos cargos e funções.

Dentro do partido tem assumido posições bastante conservadoras, que os seus adversários internos não hesitam em classificar como «ultramontanas». Ao longo dos últimos 25 anos, Jaime Soares tem exercido as mais variadas funções, além da de presidente da Câmara Municipal. Foi e é dirigente do PSD (actualmente é membro da Comissão Política Distrital de Coimbra), foi deputado por várias vezes à Assembleia da República, foi comandante dos Bombeiros Voluntários de Poiares e ainda presidente do clube de futebol local, bem como director do jornal da terra, sendo muito comentadas as entrevistas que o próprio dava ao jornal que dirigia.

«Porcos de brinquinho»

Na posição defendida pela autarquia, os destinatários não são mencionados, mas a «postura» parece destinar-se sobretudo a algumas pequenas comunidades de estrangeiros ambulantes que residem episodicamente na região. Contudo, o que lhe deu origem parece ter sido o arrendamento de um apartamento a uma família cigana de fora do concelho...

Seja como for, o que parece estar em causa, para já, são apenas os estrangeiros com idiossincrasias diferentes. Mas que diferença existe entre os estrangeiros que acampam nos arredores de Vila Nova de Poiares - «os porcos de brinquinhos», como os designa um habitante daquela vila - e os portugueses que viviam nos «bidonvilles» de Paris ou os turcos da Alemanha, ou os marroquinos do Sul de Espanha? Provavelmente, qualquer dia, um forasteiro (nacional ou estrangeiro) para poder viver em Poiares tem de corresponder ao modelo de «poiarense puro» definido pela Câmara local.

ANTÓNIO MARINHO

Marta Soares: dinossauro do poder local com laivos de xenofobia

O autarca defende-se das acusações que o comparam a Jorg Haider, da Áustria, sublinhando que as medidas não se dirigem a nenhum grupo étnico em especial - mas tão-só àqueles que, independentemente da respectiva etnia, possam pôr em causa «os princípios defendidos pelos poiarenses, que sempre foram no sentido do convívio, da honestidade e boa vizinhança». E invoca o seu passado político.

Antes do 25 de Abril, Jaime Marta Soares foi opositor ao regime, tendo, inclusivamente, pertencido às fileiras do MDP/CDE. Porém, em 1974, logo a seguir à revolução, aderiu ao então PPD, partido onde se manteve até hoje e onde desempenhou os mais diversos cargos e funções.

Dentro do partido tem assumido posições bastante conservadoras, que os seus adversários internos não hesitam em classificar como «ultramontanas». Ao longo dos últimos 25 anos, Jaime Soares tem exercido as mais variadas funções, além da de presidente da Câmara Municipal. Foi e é dirigente do PSD (actualmente é membro da Comissão Política Distrital de Coimbra), foi deputado por várias vezes à Assembleia da República, foi comandante dos Bombeiros Voluntários de Poiares e ainda presidente do clube de futebol local, bem como director do jornal da terra, sendo muito comentadas as entrevistas que o próprio dava ao jornal que dirigia.

«Porcos de brinquinho»

Na posição defendida pela autarquia, os destinatários não são mencionados, mas a «postura» parece destinar-se sobretudo a algumas pequenas comunidades de estrangeiros ambulantes que residem episodicamente na região. Contudo, o que lhe deu origem parece ter sido o arrendamento de um apartamento a uma família cigana de fora do concelho...

Seja como for, o que parece estar em causa, para já, são apenas os estrangeiros com idiossincrasias diferentes. Mas que diferença existe entre os estrangeiros que acampam nos arredores de Vila Nova de Poiares - «os porcos de brinquinhos», como os designa um habitante daquela vila - e os portugueses que viviam nos «bidonvilles» de Paris ou os turcos da Alemanha, ou os marroquinos do Sul de Espanha? Provavelmente, qualquer dia, um forasteiro (nacional ou estrangeiro) para poder viver em Poiares tem de corresponder ao modelo de «poiarense puro» definido pela Câmara local.

ANTÓNIO MARINHO

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