"Perante orelhas moucas, pode haver atitudes loucas"

04-05-2001
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"Perante Orelhas Moucas, Pode Haver Atitudes Loucas"

Por NELSON MORAIS

Sábado, 28 de Abril de 2001

Marcha lenta na Estrada da Beira

Autarca social-democrata de Poiares satisfeito com protesto de ontem, ameaça com mais contestação, se as condições de circulação não forem melhoradas rapidamente

Por volta das 10h30 de ontem, era ver o presidente social-democrata da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares (CMVNP), Jaime Soares, na Rotunda do Alto de São João, em Coimbra, a aplaudir e a orientar, com gestos largos e todo sorrisos, os automobilistas que terminavam a marcha lenta pela Estrada da Beira, de protesto contra a lentidão do trânsito nesta via. E Jaime Soares, como mentor do cortejo que arrancou em Poiares e terminou em Coimbra passadas mais de três horas, tinha razões para estar satisfeito.

Sem o apoio das câmaras socialistas de Coimbra, Miranda do Corvo, Lousã e Arganil, conseguiu mobilizar cerca de meio milhar viaturas, entupir a Estrada da Beira e a zona coimbrã da Sólum durante cerca de três horas, dando uma visibilidade mediática aos problemas em causa nunca antes conseguida. À passagem pelo popular autarca social-democrata, um automobilista atirava-lhe: "Parabéns, parabéns!!".

Mesmo ali ao lado, um vereador socialista da CMVNP, Fernando Caneira, garantia que a marcha lenta não teve "nada de luta política" e não via "problema nenhum" no facto de a caravana ter integrado 35 viaturas daquela autarquia. Lembrou que a acção de protesto obteve o apoio unânime dos membros dos respectivos Executivo e Assembleia Municipal e prometeu não dar tréguas ao Instituto para a Conservação e Exploração da Rede Rodoviária (ICERR), enquanto continuarem a ser precisos entre 60 e 90 minutos para, em horas de ponta, fazer os 25 quilómetros que separam Poiares de Coimbra.

No mesmo sentido, Jaime Soares ameaçou: "Perante orelhas moucas, pode haver atitudes loucas"... Na frente de uma fila de carros com vários quilómetros e debaixo de um buzinão ensurdecedor, o autarca não quis especificar a sua ameaça. Mas descredibilizou o anúncio, feito anteontem pelo ICERR, do início das obras de reparação dos abatimentos de terra causados pelas intempéries deste Inverno e a realização de um estudo para a construção de uma terceira via na EN 17, onde tal alargamento for possível.

"Habituado a mentiras"

Quanto a estas promessas, mostrou-se descrente, por, alegadamente, estar "habituado a mentiras"; sobre o suposto início das obras, considerou-o mais uma "mentira". Neste contexto, voltou a pedir a demissão do governador Civil Horácio Antunes, "pelas mentiras que tem lançado para o distrito (...) e também por enganar o Governo", quando, alegadamente, não lhe dá conta das dificuldades com que se debatem os utentes da Estrada da Beira.

Ainda durante a marcha lenta, Jaime Soares contava que, ontem, o ICERR tinha enviado trabalhadores para Poiares, com o objectivo de começar a reparação de um aluimento de 50 metros de estrada que obriga os automobilistas a passarem pelo parque de estacionamento de um restaurante. À tarde, Jaime Soares recorreu à ironia para descrever o trabalho dos funcionários enviados pelo ICERR: "São quatro homems, cada um com a sua enxada, que andam a fazer cócegas a umas sebes. Ainda lhes perguntei se andavam à caça de míscaros...".

Às críticas do autarca social-democrata não escaparam também os socialistas das câmaras municipais por onde passa a EN 17 - Arganil, Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra -, a quem acusou de se "venderem pelas suas camisolas partidárias". Foi, no entanto, contra o presidente da última autarquia, Manuel Machado, que Soares foi mais duro. Machado foi acusado de ter mandado arrancar os cartazes de anúncio da marcha lenta e, depois disso, não ter autorizado a sua substituição.

"Perante Orelhas Moucas, Pode Haver Atitudes Loucas"

Por NELSON MORAIS

Sábado, 28 de Abril de 2001

Marcha lenta na Estrada da Beira

Autarca social-democrata de Poiares satisfeito com protesto de ontem, ameaça com mais contestação, se as condições de circulação não forem melhoradas rapidamente

Por volta das 10h30 de ontem, era ver o presidente social-democrata da Câmara Municipal de Vila Nova de Poiares (CMVNP), Jaime Soares, na Rotunda do Alto de São João, em Coimbra, a aplaudir e a orientar, com gestos largos e todo sorrisos, os automobilistas que terminavam a marcha lenta pela Estrada da Beira, de protesto contra a lentidão do trânsito nesta via. E Jaime Soares, como mentor do cortejo que arrancou em Poiares e terminou em Coimbra passadas mais de três horas, tinha razões para estar satisfeito.

Sem o apoio das câmaras socialistas de Coimbra, Miranda do Corvo, Lousã e Arganil, conseguiu mobilizar cerca de meio milhar viaturas, entupir a Estrada da Beira e a zona coimbrã da Sólum durante cerca de três horas, dando uma visibilidade mediática aos problemas em causa nunca antes conseguida. À passagem pelo popular autarca social-democrata, um automobilista atirava-lhe: "Parabéns, parabéns!!".

Mesmo ali ao lado, um vereador socialista da CMVNP, Fernando Caneira, garantia que a marcha lenta não teve "nada de luta política" e não via "problema nenhum" no facto de a caravana ter integrado 35 viaturas daquela autarquia. Lembrou que a acção de protesto obteve o apoio unânime dos membros dos respectivos Executivo e Assembleia Municipal e prometeu não dar tréguas ao Instituto para a Conservação e Exploração da Rede Rodoviária (ICERR), enquanto continuarem a ser precisos entre 60 e 90 minutos para, em horas de ponta, fazer os 25 quilómetros que separam Poiares de Coimbra.

No mesmo sentido, Jaime Soares ameaçou: "Perante orelhas moucas, pode haver atitudes loucas"... Na frente de uma fila de carros com vários quilómetros e debaixo de um buzinão ensurdecedor, o autarca não quis especificar a sua ameaça. Mas descredibilizou o anúncio, feito anteontem pelo ICERR, do início das obras de reparação dos abatimentos de terra causados pelas intempéries deste Inverno e a realização de um estudo para a construção de uma terceira via na EN 17, onde tal alargamento for possível.

"Habituado a mentiras"

Quanto a estas promessas, mostrou-se descrente, por, alegadamente, estar "habituado a mentiras"; sobre o suposto início das obras, considerou-o mais uma "mentira". Neste contexto, voltou a pedir a demissão do governador Civil Horácio Antunes, "pelas mentiras que tem lançado para o distrito (...) e também por enganar o Governo", quando, alegadamente, não lhe dá conta das dificuldades com que se debatem os utentes da Estrada da Beira.

Ainda durante a marcha lenta, Jaime Soares contava que, ontem, o ICERR tinha enviado trabalhadores para Poiares, com o objectivo de começar a reparação de um aluimento de 50 metros de estrada que obriga os automobilistas a passarem pelo parque de estacionamento de um restaurante. À tarde, Jaime Soares recorreu à ironia para descrever o trabalho dos funcionários enviados pelo ICERR: "São quatro homems, cada um com a sua enxada, que andam a fazer cócegas a umas sebes. Ainda lhes perguntei se andavam à caça de míscaros...".

Às críticas do autarca social-democrata não escaparam também os socialistas das câmaras municipais por onde passa a EN 17 - Arganil, Lousã, Miranda do Corvo e Coimbra -, a quem acusou de se "venderem pelas suas camisolas partidárias". Foi, no entanto, contra o presidente da última autarquia, Manuel Machado, que Soares foi mais duro. Machado foi acusado de ter mandado arrancar os cartazes de anúncio da marcha lenta e, depois disso, não ter autorizado a sua substituição.

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