Contas de hotel e visitas a Bruxelas pagas pela Gitap

11-01-2002
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Contas de Hotel e Visitas a Bruxelas Pagas pela Gitap

Terça-feira, 8 de Janeiro de 2002 As investigações da Judiciária sobre as relações de Luís Monterroso com a Gitap evidenciaram as "relações privilegiadas" daquela empresa com muitas câmaras socialistas, para as quais trabalhava na elaboração de planos e projectos. Para ilustrar essas relações, a PJ escreveu no seu relatório final, em 1996, que "desde Monchique, com Carlos Tuta, a Loulé, com Vairinhos, a Tavira, com Fialho Anastácio, até Monforte, com António Canoa, e Pombal, com Miranda Carolino, a Gitap lidera efectivamente, ou liderou, a adjudicação de propostas várias". Sobre Carlos Tuta, a Judiciária adianta que o autarca surge "com privilegiado relacionamento com o gabinete [Gitap], não havendo dúvidas de que este foi o responsável pelos planos autárquicos daquele município algarvio". Nos resumos das escutas telefónicas efectuadas pela polícia no Verão de 1995 aparecem, aliás, várias conversas do ainda presidente da Câmara de Monchique com os irmãos Geraldes Pinto. Numa dessas conversas, Carlos Tuta diz mesmo a Álvaro Geraldes Pinto que um outro presidente de Câmara do PS, entretanto falecido, "funcionou como intermediário da Gitap" num assunto que o diálogo não esclarece. Dias antes, num outro telefonema escutado pela PJ, Monterroso já havia dito a um terceiro irmão Geraldes Pinto, também ligado à Gitap, que o mesmo autarca falecido estava "perfeitamente inteirado do assunto". Procurando aprofundar a sua influência no mercado municipal das candidaturas a fundos comunitários, a Gitap promoveu pelo menos uma visita, em 1995, de numerosos autarcas da zona da Covilhã e do Algarve, fundamentalmente socialistas, a Bruxelas, onde possuía uma delegação. No processo de Luís Monterroso verifica-se também que um grande número de outros autarcas socialistas tiveram, entre 1990 e 1993, as suas contas no Hotel Lisboa pagas pela Gitap. Segundo um "relatório de facturas à cobrança" constante dos autos, além das seis noites passadas naquele hotel de Lisboa por Monterroso e facturadas à Gitap, também Carlos Tuta (Monchique), Miranda Carolino (Pombal), Arsénio Catuna (Albufeira), António Canoa (Monforte), Fialho Anastácio (Tavira) e João Botelheiro (Faro) viram as suas estadias, entre uma e três conforme os casos, pagas pela Gitap. Tal como o fizeram todos os que foram confrontados com as facturas pela PJ, Fialho Anastácio disse há semanas ao PÚBLICO que algumas vezes pediu aos responsáveis da empresa para lhe marcarem o hotel, "quando vinha a Lisboa tratar de vários assuntos da câmara, nomeadamente com esse gabinete", mas que foi sempre ele quem pagou a conta, uma vez que recebia ajudas de custo da autarquia. João Botelheiro, por seu turno, disse ao PÚBLICO que não se lembra de alguma vez ter utilizado os serviços do Hotel Lisboa. Carlos Tuta, apesar das sucessivas tentativas feitas, nunca esteve disponível para falar com o PÚBLICO. Nos autos do caso Monterroso constam também numerosos elementos que fazem luz sobre o tipo de relações existentes entre a Gitap e diversos autarcas e funcionários do Estado. É o caso de um responsável de uma câmara algarvia que afirma numa conversa com um dos empresários: "Eu não levo esse parecer à câmara e vocês ganham o concurso." De uma outra conversa percebe-se a forma como foram movimentadas várias influências para que a Gitap ganhasse um concurso na Câmara de Loulé, vitória essa que foi comunicada telefonicamente aos donos da empresa pelo então presidente da câmara. Igualmente significativas são as referências feitas ao apoio que a Gitap teria de um funcionário do Tribunal de Contas (cujo apelido está nos autos) e ainda a especial irritação de Isabel Vigia (braço-direito de Monterroso e candidata socialista à Câmara da Nazaré derrotada no passado dia 16) contra o facto de o agente da PJ que estava a investigar o caso de Luís Monterroso ter sido substituído por um outro de origem africana. J.A.C. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Empresa fornecedora de câmaras socialistas ajudava PS a não pagar IVA

O caso dos cem mil contos

Raposo, Coelho, Seguro e a Oficina de Eventos

Contas de hotel e visitas a Bruxelas pagas pela Gitap

Sócrates admitiu influenciar decisão camarária para favorecer empresa preterida num concurso

Transcrição do resumo da conversa escutada pela Polícia Judiciária

Um empenho sem resultados directos

Ministro e Gitap ameaçam com tribunal

Contas de Hotel e Visitas a Bruxelas Pagas pela Gitap

Terça-feira, 8 de Janeiro de 2002 As investigações da Judiciária sobre as relações de Luís Monterroso com a Gitap evidenciaram as "relações privilegiadas" daquela empresa com muitas câmaras socialistas, para as quais trabalhava na elaboração de planos e projectos. Para ilustrar essas relações, a PJ escreveu no seu relatório final, em 1996, que "desde Monchique, com Carlos Tuta, a Loulé, com Vairinhos, a Tavira, com Fialho Anastácio, até Monforte, com António Canoa, e Pombal, com Miranda Carolino, a Gitap lidera efectivamente, ou liderou, a adjudicação de propostas várias". Sobre Carlos Tuta, a Judiciária adianta que o autarca surge "com privilegiado relacionamento com o gabinete [Gitap], não havendo dúvidas de que este foi o responsável pelos planos autárquicos daquele município algarvio". Nos resumos das escutas telefónicas efectuadas pela polícia no Verão de 1995 aparecem, aliás, várias conversas do ainda presidente da Câmara de Monchique com os irmãos Geraldes Pinto. Numa dessas conversas, Carlos Tuta diz mesmo a Álvaro Geraldes Pinto que um outro presidente de Câmara do PS, entretanto falecido, "funcionou como intermediário da Gitap" num assunto que o diálogo não esclarece. Dias antes, num outro telefonema escutado pela PJ, Monterroso já havia dito a um terceiro irmão Geraldes Pinto, também ligado à Gitap, que o mesmo autarca falecido estava "perfeitamente inteirado do assunto". Procurando aprofundar a sua influência no mercado municipal das candidaturas a fundos comunitários, a Gitap promoveu pelo menos uma visita, em 1995, de numerosos autarcas da zona da Covilhã e do Algarve, fundamentalmente socialistas, a Bruxelas, onde possuía uma delegação. No processo de Luís Monterroso verifica-se também que um grande número de outros autarcas socialistas tiveram, entre 1990 e 1993, as suas contas no Hotel Lisboa pagas pela Gitap. Segundo um "relatório de facturas à cobrança" constante dos autos, além das seis noites passadas naquele hotel de Lisboa por Monterroso e facturadas à Gitap, também Carlos Tuta (Monchique), Miranda Carolino (Pombal), Arsénio Catuna (Albufeira), António Canoa (Monforte), Fialho Anastácio (Tavira) e João Botelheiro (Faro) viram as suas estadias, entre uma e três conforme os casos, pagas pela Gitap. Tal como o fizeram todos os que foram confrontados com as facturas pela PJ, Fialho Anastácio disse há semanas ao PÚBLICO que algumas vezes pediu aos responsáveis da empresa para lhe marcarem o hotel, "quando vinha a Lisboa tratar de vários assuntos da câmara, nomeadamente com esse gabinete", mas que foi sempre ele quem pagou a conta, uma vez que recebia ajudas de custo da autarquia. João Botelheiro, por seu turno, disse ao PÚBLICO que não se lembra de alguma vez ter utilizado os serviços do Hotel Lisboa. Carlos Tuta, apesar das sucessivas tentativas feitas, nunca esteve disponível para falar com o PÚBLICO. Nos autos do caso Monterroso constam também numerosos elementos que fazem luz sobre o tipo de relações existentes entre a Gitap e diversos autarcas e funcionários do Estado. É o caso de um responsável de uma câmara algarvia que afirma numa conversa com um dos empresários: "Eu não levo esse parecer à câmara e vocês ganham o concurso." De uma outra conversa percebe-se a forma como foram movimentadas várias influências para que a Gitap ganhasse um concurso na Câmara de Loulé, vitória essa que foi comunicada telefonicamente aos donos da empresa pelo então presidente da câmara. Igualmente significativas são as referências feitas ao apoio que a Gitap teria de um funcionário do Tribunal de Contas (cujo apelido está nos autos) e ainda a especial irritação de Isabel Vigia (braço-direito de Monterroso e candidata socialista à Câmara da Nazaré derrotada no passado dia 16) contra o facto de o agente da PJ que estava a investigar o caso de Luís Monterroso ter sido substituído por um outro de origem africana. J.A.C. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Empresa fornecedora de câmaras socialistas ajudava PS a não pagar IVA

O caso dos cem mil contos

Raposo, Coelho, Seguro e a Oficina de Eventos

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Transcrição do resumo da conversa escutada pela Polícia Judiciária

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