Reacções à Atribuição do Prémio

26-10-2000
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Reacções ALMEIDA SANTOS , presidente da Assembleia da República "Sinto orgulho em ser português. Tenho uma grande admiração pelo José Saramago como escritor e sobretudo tenho uma grande admiração pela literatura portuguesa, que hoje vê reconhecido o seu mérito internacional. Tivemos sempre grandes escritores. A língua portuguesa precisava deste certificado de mérito e de maturidade. Finalmente foi José Saramago que nos deu essa grande alegria. Estou muito feliz, felicito José Saramago e felicito Portugal." ANTÓNIO GUTERRES, primeiro-ministro "Quero felicitar vivamente José Saramago e com ele todos os escritores portugueses. Já há muito tempo que a literatura portuguesa merecia esta distinção, que é para nós um motivo de profundo orgulho. É um testemunho do reconhecimento internacional do papel que Portugal tem na construção do mundo moderno. Um papel em que a literatura portuguesa sempre se afirmou, com uma enorme pujança." ANTÓNIO MEGA FERREIRA , presidente da administração da Parque Expo Serviços "É uma enorme alegria, um grande entusiasmo. É uma grande consagração da literatura e da língua portuguesa, sem dúvida. Mas convém não esquecer que este prémio é sobretudo de José Saramago. Estamos todos alegres, todos felizes, é todo um povo que se orgulha e fica satisfeito, mas é um prémio do José Saramago. É um prémio dado à qualidade literária de um grande, grande escritor. Ainda por cima uma pessoa que, em si mesma, é incómoda em algumas das suas atitudes — o que, do meu ponto de vista, torna o prémio ainda mais interessante." D. ANTÓNIO RAFAEL, bispo de Bragança "José Saramago é uma alma inquieta, de quem espero ainda mais na sua caminhada em busca da verdade. Estou contente, mas preferia que o distinguido tivesse sido Miguel Torga. Nunca li qualquer livro de Saramago, mas fiquei chocado com a forma como tratou a religião católica em 'O Evangelho segundo Jesus Cristo". É um problema sério de José Saramago. Mas registei com agrado uma expressão recentemente proferida por Saramago, quando afirmou que gostaria de ter fé." ANTÒNIO SOUSA LARA, antigo subsecretário de Estado da Cultura "Não fiquei surpreendido. Obviamente José Saramago é um vencedor, criou o seu público, criou uma imagem, enfim, é um homem de vitória, portanto tem que ter mérito. E depois tem também um bom ‘lobby’, não brinquemos na forma. Viu-se no episódio de que eu fui protagonista o que foi o ‘lobby’ poderoso de José Saramago, em termos internacionais. Mesmo os jornais de direita de vários países do mundo que têm páginas literárias fizeram campanha por ele. Não revejo a minha posição em relação a "O Evangelho segundo Jesus Cristo" [que Sousa Lara, como subsecretário de Estado da Cultura, retirou do concurso para o Prémio Literário Europeu em 1991]. Mas, como cidadão, educado no tempo em que se cultivava o patriotismo, regozijo-me por um português e Portugal terem recebido o Prémio Nobel." BAPTISTA SOUSA, jornalista e escritor "É mais do que justa a atribuição do Nobel a Saramago, que começou a ser um grande escritor quando era jornalista e escreveu crónicas absolutamente admiráveis nas páginas do 'Jornal do Fundão', 'A Capital' e 'Diário de Notícias'. Recuperando uma tradição do jornalismo português, fez intrusão na literatura. Todos os grandes escritores portugueses tiveram relações privilegiadas com a imprensa. José Saramago escreve num território idiomático admirável porque é rigorosamente português. Honra a literatura e o país que com frequência o hostilizou." CARLOS CARVALHAS, secretário-geral do PCP "É com grande alegria e emoção que, e meu nome e em nome do nosso partido, te envio um grande abraço de parabéns. Hoje é um grande dia para Portugal, para a literatura, a cultura e a língua portuguesas e para os valores e ideais que sempre defendeste. É também um grande dia para os militantes do PCP e para todos os 'levantados do chão'." CARLOS REIS, director da Biblioteca Nacional "Foi com grande emoção que recebi a notícia de que Saramago tinha ganho o Nobel. Foi uma emoção esperada, porque há muito que ele merecia esta distinção e há muito mais tempo que a literatura portuguesa a merecia. Representa também a distinção de um escritor que soube aprender a ser um grande escritor, que renova constantemente os temas e a linguagem narrativa e dá uma grande lição de inconformismo. Tem revelado uma extraordinária capacidade para problematizar e repensar a literatura." CZESLAW MILOSZ, poeta polaco, Nobel da Literatura de 1980 "Não suporto a escrita de José Saramago. É uma escrita da moda, cheia de humor mas de um humor baixo. Não suporto essa escrita." DARCÍSIO PADILHA, presidente da Academia Brasileira de Letras "Foi com grande júbilo que recebi a notícia. A obra de José Saramago, bastante conhecida do público brasileiro, revela marcante originalidade no tocante ao estilo e no relativo à penetração na densidade do mistério existencial. Se os portugueses descobriram o Brasil, está na hora de nós, brasileiros, volvermos nossas vistas para a originalidade do génio literário português, adentrando-nos na floresta rica e trágica de José Saramago." DARIO FO, Nobel da Literatura de 1998 "É uma honra ter recebido o mesmo prémio que José Saramago. Gostaria de felicitá-lo pessoalmente. Encontrei-o o ano passado na Feira de Frankfurt e considero-o uma pessoa admirável." D. DUARTE PIO , pretendente à coroa portuguesa "José Saramago é um autor de leitura difícil e muito pesada, que insulta abertamente os sentimentos cristãos. O Nobel podia ter sido melhor entregue. Duvido que os membros do júri tenham lido os seus livros. O Nobel é, no entanto, uma honra para a língua portuguesa." EUGÉNIO ANDRADE, poeta "Estou muito contente por o Nobel ter sido concedido a um escritor português. Mas o meu candidato seria um poeta e não um prosador, pois penso que a poesia é a expressão do génio português." D. JANUÁRIO TORGAL FERREIRA , secretário da Conferência Episcopal "Lá por não partilhar das suas ideologias, não podemos condenar um escritor, ou dizer que não merece um prémio. A arte é perfeitamente autónoma. Quanto a Saramago, posso até discordar da informação romanesca, posso discordar da construção frásica. Pessoalmente, não me agrada um certo tipo de escrita demasiadamente pós-moderno para o meu gosto. Era capaz de cair muito mais, do ponto de vista literário, para os braços de Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner ou Jorge Amado. Mas é indiscutível que tudo isso nos deve honrar, como expressões artísticas e estéticas de Portugal." JORGE AMADO e ZÉLIA GATTAI, escritores brasileiros "O Prémio Nobel foi atribuído a um dos mais expressivos escritores contemporâneos. A notícia causou-nos grande satisfação, pois José Saramago é um dos escritores que mais o merece. O Nobel faz finalmente justiça à língua portuguesa. Ficamos duplamente felizes porque foi concedido a um grande e querido amigo." JORGE SAMPAIO , Presidente da República "Saúdo fraternalmente José Saramago, como homem e como escritor. Como homem, pela sua capacidade de intervenção e de testemunho, da qual sempre deu provas ao longo da vida — tenha-se ou não concordado com ele em vários momentos. Como escritor, porque os temas que aborda, as interrogações que formula e as respostas que procura dar têm uma dimensão de facto mundial e global e, finalmente, porque é a consagração do português." JOSÉ APARECIDO OLIVEIRA , Ex-embaixador do Brasil em Portugal "Recebi com grande emoção a notícia. Esta escolha faz justiça a um dos maiores escritores de língua portuguesa de todos os tempos. Sei que Jorge Amado — outro nome sempre lembrado para o Nobel — também deve estar exultante, pois é uma distinção que envolve todos os escritores do nosso idioma." JOSÉ EDUARDO ÀGUALUSA , escritor angolano "É extremamente bom o facto de José Saramago ter ganho o prémio Nobel da Literatura. É um prémio para a Língua Portuguesa, porque de certeza que vai chamar a atenção para os outros escritores lusófonos. É um prémio bem merecido, apesar de poder também ser atribuído a outros nome como João de Melo Neto, Jorge Amado ou mesmo António Lobo Antunes. É muito conhecido e respeitado no Brasil. No Brasil não foi uma grande novidade, porque nos últimos dias tem sido alvo de destaque na imprensa." JOSÉ MANUEL MENDES, presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE) "É um momento de profunda alegria para os leitores e amigos do escritor e sobretudo para a literatura portuguesa. A APE, que foi proponente da candidatura de José Saramago ao Nobel, não pode deixar de exprimir todo o seu júbilo. Felicitamos afectuosamente o grande escritor que o Mundo já reconhecera e consagrara e saudamos o conjunto dos autores que foi considerado pelo Comité de Estocolmo. Uns e outros são significativos criadores deste universo intraficável que é a escrita nas suas dimensões mais inventivas e renovadoras." ISABEL PIRES DE LIMA , professora da Faculdade de Letras do Porto "Saramago ganhou um prémio porque conseguiu conjugar de modo excepcional problemáticas nacionais com questões universais, construindo alegorias, arquétipos e mitos que ultrapassam fronteiras. E fê-lo de modo novo, através de um trabalho de linguagem e de construção narrativa, extremamente inovador, que exige do leitor o constante salto do real para o fantástico, do conhecido para o sobrenatural, do prosaico para o insólito, e confronta-o com a multiplicidade contraditória da realidade humana, num clima de plenitude alegórica, de busca moderna e de oscilação ontológica pós-moderna. Saramago ganhou porque é um escritor "jovem". Os dois seus últimos romances são a prova disso: revelam momentos de viragem na sua obra, indiciando que Saramago, no seu percurso de escritor recusa o imoblismo, viaja de modo idêntico às suas personagens." LÍDIA JORGE , escritora "É uma extraordinária alegria. Ganha uma obra profunda, grande, de uma amplitude não só portuguesa mas também universal. Escritores que aqui estavam [em Frankfurt] abraçaram-se todos como se fosse uma alegria que lhes cabe a cada um. Ao ganhar Saramago, ganha a literatura portuguesa." LUCIANA STEGAGNO PICCHIO , especialista italiana em literatura portuguesa "Este é o prémio mais justo dos últimos 15 anos. Durante todos os anos em que foi atribuído o Nobel, nunca tinha sido reconhecido este bloco linguístico de mais de 200 milhões de pessoas. Estávamos à espera há muito tempo desta notícia, com aquela angústia de quem não vê chegar as malas no aeroporto. Desta vez chegou. É justo. Saramago merece o Nobel." MANUEL ALEGRE , poeta e deputado pelo PS "Recebi a notícia com alegria e com satisfação. É um dia grande para Portugal e para a literatura portuguesa. Custou, mas foi. Há muito que a literatura de língua portuguesa merecia um Prémio Nobel, foi Saramago que o ganhou. É um acto de justiça em relação à nossa literatura e em relação à sua obra, porque Saramago é um grande escritor." MANUEL MARIA CARRILHO , ministro da Cultura "A vitória de Saramago é a consagração de uma obra original, que dignifica a cultura e a literatura portuguesa. Este prémio é a consagração de um autor, um trajecto e uma capacidade criadora singular, mas também da cultura e dos valores portugueses. É também um prémio para a cultura portuguesa, que nos últimos anos tem deixado uma marca no mundo." MANUEL MONTEIRO, antigo presidente do PP "Estou muito satisfeito com a atribuição do Nobel a Saramago, embora não seja um admirador do seu estilo. Como português fico sempre satisfeito quando um compatriota é galardoado ao mais alto nível. Mas, para que não haja nenhuma hipocrisia, devo acrescentar que ficar contente não é propriamente apreciar Saramago. Quando as pessoas são galardoadas, é fácil batermos todos palmas e esquecermos as críticas que fizemos em relação a essas pessoas no passado." MARCELO REBELO DE SOUSA, presidente do PSD "Recebi a notícia com enorme satisfação, porque é realmente muito prestigiante para Portugal e para a literatura portuguesa. Mas sobretudo é justíssimo para Saramago, que tem uma produção literária riquíssima, muito diversificada há muitos, muitos anos, e de excepcional qualidade. E uma grande honra para todos os portugueses e é uma grande justiça para Saramago." MARIA ALZIRA SEIXO , professora da Faculdade de Letras de Lisboa, autora de "Essencial sobre José Saramago", ed., Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Estou muito feliz por dois motivos: ele merece amplamente o prémio pela dimensão da sua obra e pelo trabalho consciente de escritor. 1. É um escritor notável. 2. É porque a atribuição deste galardão consagra definitivamente a nossa literatura no plano internacional e faz do dia de hoje um grande dia de festa. Para todos nós, em Portugal." MARIA TERESA HORTA, escritora "Estou contente pela literatura portuguesa, mas tenho muita pena que se continue a esquecer as mulheres. Existem escritoras em Portugal com melhores obras, que não foram indigitadas, como Maria Velho da Costa, Sophia de Mello Breyner Andresen e Agustina Bessa-Luís. Toda a gente sabe que não são os melhores autores que ganham o Nobel: por exemplo, Marguerite Yourcenar e Marguerite Duras morreram sem o Nobel." MÁRIO SOARES , ex-Presidente da República "Até que enfim! Até que enfim que temos um Nobel para a literatura de expressão portuguesa! Foi um acto de justiça, porque a nossa literatura tem uma grande qualidade, tal como a literatura africana e brasileira de expressão portuguesa tem grande qualidade. Mas Saramago é, realmente, um escritor universal. Não nos podemos esquecer que Saramago é hoje o escritor [português] mais lido e mais conhecido em todo o mundo." MIA COUTO , escritor moçambicano "É um prémio para toda a literatura portuguesa. Estou muito contente que o prémio tenha sido atribuído a um amigo de Moçambique, país que várias vezes visitou e noutras ocasiões combateu pela divulgação da literatura moçambicana." MIGUEL SOUSA TAVARES, jornalista "Penso que o Nobel é um acto de justiça à língua e à literatura portuguesas, que chega, pelo menos, com 20 anos de atraso. Mas já se tinha percebido que, mais ano menos ano, ele havia de chegar e para o receber só poderiam ser Saramago ou Lobo Antunes, os melhor divulgados e promovidos no estrangeiro. Coube a sorte a Saramago, para quem o Nobel ainda chegou a tempo, ao contrário de outros, como Torga, Nemésio ou Jorge de Sena. Pessoalmente, rompo o consenso nacional, porque acho que Saramago escreve muito bem, mas não é um grande escritor. Felizmente, o júri do Nobel não pensou o mesmo que eu." NELSON SAÚTE, escritor moçambicano "É um marco para a obra da língua portuguesa. Este Prémio chega numa altura em que seria grave que ninguém tivesse ainda ganho o Nobel da literatura em língua portuguesa. Era bom que passasse a ser uma porta para que a lusofonia saísse do gueto." RACHEL DE QUEIROZ, escritora brasileira e vencedora do Prémio Camões de 1993 "Sinto-me também premiada com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura ao português José Saramago. É um grande escritor da nossa língua, que admiro profundamente." VIOLANTE SARAMAGO DE MATOS, filha de José Saramago, vereadora do PS na Câmara do Funchal "Recebi a notícia quase incrédula. Estou muito emocionada. Mas a verdade é que a gente acaba sempre por pensar 'talvez este ano venha a acontecer'. Mas pela primeira vez este ano passou-me completamente a data do Nobel da Literatura, embora soubesse que ele era efectivamente mais uma vez candidato. Também acho que era tempo de a literatura portuguesa ser reconhecida, porque temos efectivamente muito bons escritores — temos e tivemos —, e já fazia falta um Nobel para a língua portuguesa. E fico muito feliz por ter sido ele o escolhido." D. XIMENES BELO , Bispo de Díli e Nobel da Paz 1996 "Alegro-me e orgulho-me com a atribuição do prémio a José Saramago, a quem endereço os meus sinceros parabéns, bem como a todo o povo português." Outros Textos Publicados Hoje Sobre este Assunto

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Reacções ALMEIDA SANTOS , presidente da Assembleia da República "Sinto orgulho em ser português. Tenho uma grande admiração pelo José Saramago como escritor e sobretudo tenho uma grande admiração pela literatura portuguesa, que hoje vê reconhecido o seu mérito internacional. Tivemos sempre grandes escritores. A língua portuguesa precisava deste certificado de mérito e de maturidade. Finalmente foi José Saramago que nos deu essa grande alegria. Estou muito feliz, felicito José Saramago e felicito Portugal." ANTÓNIO GUTERRES, primeiro-ministro "Quero felicitar vivamente José Saramago e com ele todos os escritores portugueses. Já há muito tempo que a literatura portuguesa merecia esta distinção, que é para nós um motivo de profundo orgulho. É um testemunho do reconhecimento internacional do papel que Portugal tem na construção do mundo moderno. Um papel em que a literatura portuguesa sempre se afirmou, com uma enorme pujança." ANTÓNIO MEGA FERREIRA , presidente da administração da Parque Expo Serviços "É uma enorme alegria, um grande entusiasmo. É uma grande consagração da literatura e da língua portuguesa, sem dúvida. Mas convém não esquecer que este prémio é sobretudo de José Saramago. Estamos todos alegres, todos felizes, é todo um povo que se orgulha e fica satisfeito, mas é um prémio do José Saramago. É um prémio dado à qualidade literária de um grande, grande escritor. Ainda por cima uma pessoa que, em si mesma, é incómoda em algumas das suas atitudes — o que, do meu ponto de vista, torna o prémio ainda mais interessante." D. ANTÓNIO RAFAEL, bispo de Bragança "José Saramago é uma alma inquieta, de quem espero ainda mais na sua caminhada em busca da verdade. Estou contente, mas preferia que o distinguido tivesse sido Miguel Torga. Nunca li qualquer livro de Saramago, mas fiquei chocado com a forma como tratou a religião católica em 'O Evangelho segundo Jesus Cristo". É um problema sério de José Saramago. Mas registei com agrado uma expressão recentemente proferida por Saramago, quando afirmou que gostaria de ter fé." ANTÒNIO SOUSA LARA, antigo subsecretário de Estado da Cultura "Não fiquei surpreendido. Obviamente José Saramago é um vencedor, criou o seu público, criou uma imagem, enfim, é um homem de vitória, portanto tem que ter mérito. E depois tem também um bom ‘lobby’, não brinquemos na forma. Viu-se no episódio de que eu fui protagonista o que foi o ‘lobby’ poderoso de José Saramago, em termos internacionais. Mesmo os jornais de direita de vários países do mundo que têm páginas literárias fizeram campanha por ele. Não revejo a minha posição em relação a "O Evangelho segundo Jesus Cristo" [que Sousa Lara, como subsecretário de Estado da Cultura, retirou do concurso para o Prémio Literário Europeu em 1991]. Mas, como cidadão, educado no tempo em que se cultivava o patriotismo, regozijo-me por um português e Portugal terem recebido o Prémio Nobel." BAPTISTA SOUSA, jornalista e escritor "É mais do que justa a atribuição do Nobel a Saramago, que começou a ser um grande escritor quando era jornalista e escreveu crónicas absolutamente admiráveis nas páginas do 'Jornal do Fundão', 'A Capital' e 'Diário de Notícias'. Recuperando uma tradição do jornalismo português, fez intrusão na literatura. Todos os grandes escritores portugueses tiveram relações privilegiadas com a imprensa. José Saramago escreve num território idiomático admirável porque é rigorosamente português. Honra a literatura e o país que com frequência o hostilizou." CARLOS CARVALHAS, secretário-geral do PCP "É com grande alegria e emoção que, e meu nome e em nome do nosso partido, te envio um grande abraço de parabéns. Hoje é um grande dia para Portugal, para a literatura, a cultura e a língua portuguesas e para os valores e ideais que sempre defendeste. É também um grande dia para os militantes do PCP e para todos os 'levantados do chão'." CARLOS REIS, director da Biblioteca Nacional "Foi com grande emoção que recebi a notícia de que Saramago tinha ganho o Nobel. Foi uma emoção esperada, porque há muito que ele merecia esta distinção e há muito mais tempo que a literatura portuguesa a merecia. Representa também a distinção de um escritor que soube aprender a ser um grande escritor, que renova constantemente os temas e a linguagem narrativa e dá uma grande lição de inconformismo. Tem revelado uma extraordinária capacidade para problematizar e repensar a literatura." CZESLAW MILOSZ, poeta polaco, Nobel da Literatura de 1980 "Não suporto a escrita de José Saramago. É uma escrita da moda, cheia de humor mas de um humor baixo. Não suporto essa escrita." DARCÍSIO PADILHA, presidente da Academia Brasileira de Letras "Foi com grande júbilo que recebi a notícia. A obra de José Saramago, bastante conhecida do público brasileiro, revela marcante originalidade no tocante ao estilo e no relativo à penetração na densidade do mistério existencial. Se os portugueses descobriram o Brasil, está na hora de nós, brasileiros, volvermos nossas vistas para a originalidade do génio literário português, adentrando-nos na floresta rica e trágica de José Saramago." DARIO FO, Nobel da Literatura de 1998 "É uma honra ter recebido o mesmo prémio que José Saramago. Gostaria de felicitá-lo pessoalmente. Encontrei-o o ano passado na Feira de Frankfurt e considero-o uma pessoa admirável." D. DUARTE PIO , pretendente à coroa portuguesa "José Saramago é um autor de leitura difícil e muito pesada, que insulta abertamente os sentimentos cristãos. O Nobel podia ter sido melhor entregue. Duvido que os membros do júri tenham lido os seus livros. O Nobel é, no entanto, uma honra para a língua portuguesa." EUGÉNIO ANDRADE, poeta "Estou muito contente por o Nobel ter sido concedido a um escritor português. Mas o meu candidato seria um poeta e não um prosador, pois penso que a poesia é a expressão do génio português." D. JANUÁRIO TORGAL FERREIRA , secretário da Conferência Episcopal "Lá por não partilhar das suas ideologias, não podemos condenar um escritor, ou dizer que não merece um prémio. A arte é perfeitamente autónoma. Quanto a Saramago, posso até discordar da informação romanesca, posso discordar da construção frásica. Pessoalmente, não me agrada um certo tipo de escrita demasiadamente pós-moderno para o meu gosto. Era capaz de cair muito mais, do ponto de vista literário, para os braços de Miguel Torga, Sophia de Mello Breyner ou Jorge Amado. Mas é indiscutível que tudo isso nos deve honrar, como expressões artísticas e estéticas de Portugal." JORGE AMADO e ZÉLIA GATTAI, escritores brasileiros "O Prémio Nobel foi atribuído a um dos mais expressivos escritores contemporâneos. A notícia causou-nos grande satisfação, pois José Saramago é um dos escritores que mais o merece. O Nobel faz finalmente justiça à língua portuguesa. Ficamos duplamente felizes porque foi concedido a um grande e querido amigo." JORGE SAMPAIO , Presidente da República "Saúdo fraternalmente José Saramago, como homem e como escritor. Como homem, pela sua capacidade de intervenção e de testemunho, da qual sempre deu provas ao longo da vida — tenha-se ou não concordado com ele em vários momentos. Como escritor, porque os temas que aborda, as interrogações que formula e as respostas que procura dar têm uma dimensão de facto mundial e global e, finalmente, porque é a consagração do português." JOSÉ APARECIDO OLIVEIRA , Ex-embaixador do Brasil em Portugal "Recebi com grande emoção a notícia. Esta escolha faz justiça a um dos maiores escritores de língua portuguesa de todos os tempos. Sei que Jorge Amado — outro nome sempre lembrado para o Nobel — também deve estar exultante, pois é uma distinção que envolve todos os escritores do nosso idioma." JOSÉ EDUARDO ÀGUALUSA , escritor angolano "É extremamente bom o facto de José Saramago ter ganho o prémio Nobel da Literatura. É um prémio para a Língua Portuguesa, porque de certeza que vai chamar a atenção para os outros escritores lusófonos. É um prémio bem merecido, apesar de poder também ser atribuído a outros nome como João de Melo Neto, Jorge Amado ou mesmo António Lobo Antunes. É muito conhecido e respeitado no Brasil. No Brasil não foi uma grande novidade, porque nos últimos dias tem sido alvo de destaque na imprensa." JOSÉ MANUEL MENDES, presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE) "É um momento de profunda alegria para os leitores e amigos do escritor e sobretudo para a literatura portuguesa. A APE, que foi proponente da candidatura de José Saramago ao Nobel, não pode deixar de exprimir todo o seu júbilo. Felicitamos afectuosamente o grande escritor que o Mundo já reconhecera e consagrara e saudamos o conjunto dos autores que foi considerado pelo Comité de Estocolmo. Uns e outros são significativos criadores deste universo intraficável que é a escrita nas suas dimensões mais inventivas e renovadoras." ISABEL PIRES DE LIMA , professora da Faculdade de Letras do Porto "Saramago ganhou um prémio porque conseguiu conjugar de modo excepcional problemáticas nacionais com questões universais, construindo alegorias, arquétipos e mitos que ultrapassam fronteiras. E fê-lo de modo novo, através de um trabalho de linguagem e de construção narrativa, extremamente inovador, que exige do leitor o constante salto do real para o fantástico, do conhecido para o sobrenatural, do prosaico para o insólito, e confronta-o com a multiplicidade contraditória da realidade humana, num clima de plenitude alegórica, de busca moderna e de oscilação ontológica pós-moderna. Saramago ganhou porque é um escritor "jovem". Os dois seus últimos romances são a prova disso: revelam momentos de viragem na sua obra, indiciando que Saramago, no seu percurso de escritor recusa o imoblismo, viaja de modo idêntico às suas personagens." LÍDIA JORGE , escritora "É uma extraordinária alegria. Ganha uma obra profunda, grande, de uma amplitude não só portuguesa mas também universal. Escritores que aqui estavam [em Frankfurt] abraçaram-se todos como se fosse uma alegria que lhes cabe a cada um. Ao ganhar Saramago, ganha a literatura portuguesa." LUCIANA STEGAGNO PICCHIO , especialista italiana em literatura portuguesa "Este é o prémio mais justo dos últimos 15 anos. Durante todos os anos em que foi atribuído o Nobel, nunca tinha sido reconhecido este bloco linguístico de mais de 200 milhões de pessoas. Estávamos à espera há muito tempo desta notícia, com aquela angústia de quem não vê chegar as malas no aeroporto. Desta vez chegou. É justo. Saramago merece o Nobel." MANUEL ALEGRE , poeta e deputado pelo PS "Recebi a notícia com alegria e com satisfação. É um dia grande para Portugal e para a literatura portuguesa. Custou, mas foi. Há muito que a literatura de língua portuguesa merecia um Prémio Nobel, foi Saramago que o ganhou. É um acto de justiça em relação à nossa literatura e em relação à sua obra, porque Saramago é um grande escritor." MANUEL MARIA CARRILHO , ministro da Cultura "A vitória de Saramago é a consagração de uma obra original, que dignifica a cultura e a literatura portuguesa. Este prémio é a consagração de um autor, um trajecto e uma capacidade criadora singular, mas também da cultura e dos valores portugueses. É também um prémio para a cultura portuguesa, que nos últimos anos tem deixado uma marca no mundo." MANUEL MONTEIRO, antigo presidente do PP "Estou muito satisfeito com a atribuição do Nobel a Saramago, embora não seja um admirador do seu estilo. Como português fico sempre satisfeito quando um compatriota é galardoado ao mais alto nível. Mas, para que não haja nenhuma hipocrisia, devo acrescentar que ficar contente não é propriamente apreciar Saramago. Quando as pessoas são galardoadas, é fácil batermos todos palmas e esquecermos as críticas que fizemos em relação a essas pessoas no passado." MARCELO REBELO DE SOUSA, presidente do PSD "Recebi a notícia com enorme satisfação, porque é realmente muito prestigiante para Portugal e para a literatura portuguesa. Mas sobretudo é justíssimo para Saramago, que tem uma produção literária riquíssima, muito diversificada há muitos, muitos anos, e de excepcional qualidade. E uma grande honra para todos os portugueses e é uma grande justiça para Saramago." MARIA ALZIRA SEIXO , professora da Faculdade de Letras de Lisboa, autora de "Essencial sobre José Saramago", ed., Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Estou muito feliz por dois motivos: ele merece amplamente o prémio pela dimensão da sua obra e pelo trabalho consciente de escritor. 1. É um escritor notável. 2. É porque a atribuição deste galardão consagra definitivamente a nossa literatura no plano internacional e faz do dia de hoje um grande dia de festa. Para todos nós, em Portugal." MARIA TERESA HORTA, escritora "Estou contente pela literatura portuguesa, mas tenho muita pena que se continue a esquecer as mulheres. Existem escritoras em Portugal com melhores obras, que não foram indigitadas, como Maria Velho da Costa, Sophia de Mello Breyner Andresen e Agustina Bessa-Luís. Toda a gente sabe que não são os melhores autores que ganham o Nobel: por exemplo, Marguerite Yourcenar e Marguerite Duras morreram sem o Nobel." MÁRIO SOARES , ex-Presidente da República "Até que enfim! Até que enfim que temos um Nobel para a literatura de expressão portuguesa! Foi um acto de justiça, porque a nossa literatura tem uma grande qualidade, tal como a literatura africana e brasileira de expressão portuguesa tem grande qualidade. Mas Saramago é, realmente, um escritor universal. Não nos podemos esquecer que Saramago é hoje o escritor [português] mais lido e mais conhecido em todo o mundo." MIA COUTO , escritor moçambicano "É um prémio para toda a literatura portuguesa. Estou muito contente que o prémio tenha sido atribuído a um amigo de Moçambique, país que várias vezes visitou e noutras ocasiões combateu pela divulgação da literatura moçambicana." MIGUEL SOUSA TAVARES, jornalista "Penso que o Nobel é um acto de justiça à língua e à literatura portuguesas, que chega, pelo menos, com 20 anos de atraso. Mas já se tinha percebido que, mais ano menos ano, ele havia de chegar e para o receber só poderiam ser Saramago ou Lobo Antunes, os melhor divulgados e promovidos no estrangeiro. Coube a sorte a Saramago, para quem o Nobel ainda chegou a tempo, ao contrário de outros, como Torga, Nemésio ou Jorge de Sena. Pessoalmente, rompo o consenso nacional, porque acho que Saramago escreve muito bem, mas não é um grande escritor. Felizmente, o júri do Nobel não pensou o mesmo que eu." NELSON SAÚTE, escritor moçambicano "É um marco para a obra da língua portuguesa. Este Prémio chega numa altura em que seria grave que ninguém tivesse ainda ganho o Nobel da literatura em língua portuguesa. Era bom que passasse a ser uma porta para que a lusofonia saísse do gueto." RACHEL DE QUEIROZ, escritora brasileira e vencedora do Prémio Camões de 1993 "Sinto-me também premiada com a atribuição do Prémio Nobel da Literatura ao português José Saramago. É um grande escritor da nossa língua, que admiro profundamente." VIOLANTE SARAMAGO DE MATOS, filha de José Saramago, vereadora do PS na Câmara do Funchal "Recebi a notícia quase incrédula. Estou muito emocionada. Mas a verdade é que a gente acaba sempre por pensar 'talvez este ano venha a acontecer'. Mas pela primeira vez este ano passou-me completamente a data do Nobel da Literatura, embora soubesse que ele era efectivamente mais uma vez candidato. Também acho que era tempo de a literatura portuguesa ser reconhecida, porque temos efectivamente muito bons escritores — temos e tivemos —, e já fazia falta um Nobel para a língua portuguesa. E fico muito feliz por ter sido ele o escolhido." D. XIMENES BELO , Bispo de Díli e Nobel da Paz 1996 "Alegro-me e orgulho-me com a atribuição do prémio a José Saramago, a quem endereço os meus sinceros parabéns, bem como a todo o povo português." Outros Textos Publicados Hoje Sobre este Assunto

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