EXPRESSO: País

09-11-2001
marcar artigo

Gomes e Rio arriscam renovação

Ganhe quem ganhar, a Câmara do Porto vai sofrer forte remodelação

Sérgio Granadeiro Paulo Morais (à esquerda) e Ricardo Figueiredo (à direita) são os homens a quem Rio quer entregar as pastas difíceis.

- OS DOIS candidatos com maiores probabilidades de ocuparem o lugar de presidente da Câmara do Porto cortaram o cordão umbilical das últimas listas autárquicas. Fernando Gomes e Rui Rio apostam em nomes pouco conhecidos, e depositam neles a esperança de convencer o eleitorado das vantagens de renovação.

Surpresa foi a impressão causada nas hostes socialistas pela lista do PS candidata à Câmara Municipal do Porto, elaborada por Fernando Gomes e Orlando Gaspar. Boa escolha? Para muitos uma desagradável surpresa, fazendo lembrar uma equipa de futebol que dispensa ou perde os seus melhores jogadores e vai às reservas buscar dedicados atletas, mas de qualidade não comprovada quando comparada com a dos que saíram.

«Penso que se privilegiou a componente política em vez das capacidades técnicas. A lista de vereadores anterior integrava gente de grande qualidade política e técnica. Os futuros vereadores vão ter muito trabalho para se lhes equiparar», considera Raul Brito, um dos responsáveis políticos do PS/ Porto que não morre reconhecidamente de amores pelo presidente da concelhia.

Orlando Gaspar responde que esse é um risco calculado. «Há doze anos, também ninguém sabia quem eram a Manuela Melo ou a Maria José Azevedo...», diz o homem que regressará à vice-presidência num cenário de vitória socialista. Gaspar é mesmo um dos dois únicos membros do anterior executivo camarário que sobrevive a esta limpeza de balneário: o outro é José Luís Catarino, que passou de suplente a efectivo a meio do último mandato e é considerado politicamente alinhado com Gaspar.

Nomes como Manuela Melo, Ernestina Miranda e Maria José Azevedo, que deixaram obra na cidade, desaparecem da lista elaborada por Gomes e Gaspar - mandatados por uma reunião da concelhia a que faltou um terço dos seus membros. O mesmo se passou com Manuela Vieira, vereadora do Desporto, que não foi contactada até à apresentação oficial da lista, nem para lhe ser dito que não fazia parte dela.

«Enquanto as pessoas foram escolhidas neste últimos mandatos tendo em vista a função que iam desempenhar, parece não ter sucedido o mesmo nesta última escolha», refere Raul Brito, ex-vice Governador Civil do Porto. Algumas pessoas afectas ao PS referem a sua estranheza, salientando, a título de exemplo, que sendo Rosário Queiroz a pessoa que poderia suceder a Ernestina Miranda na área da Educação surge em nono lugar na lista, ou seja, em posição não elegível. Também se interrogam sobre a presença de Isabel Oneto, filha de um antigo militante do PS, Fernando Oneto, a quem não se conhecem particulares relações com a cidade.

Cristina Pimentel, filha do antigo vereador Armando Pimentel, é uma figura pouco conhecida, falando-se nela para a pasta da Cultura. Mas também aqui há lugar a alguma surpresa: Isabel Pires de Lima, professora universitária e deputada, era a sucessora natural de Manuela Melo, mas não terá aceite o lugar, surgindo apenas na penúltima posição da lista.

O trunfo Morais

Tal como Gomes, Rui Rio também deixou para trás as opções que o seu partido tinha tomado há quatro anos e elaborou uma lista de ruptura. A estratégia de coligação obrigou-o a escolher para número dois da lista um militante do PP, Fernando Albuquerque, mas se vencer as eleições o seu vice-presidente será Paulo Morais - o professor universitário em quem Rio deposita a maior confiança e a quem entregou os projectos mais arrojados do seu plano de campanha.

Paulo Morais foi o autor do projecto de erradicação dos arrumadores de automóveis na cidade - uma ideia apresentada ontem e que parte de um elaborado estudo que pretende fazer com que, até ao final do próximo ano, os portuenses automobilizados deixem de ter de dar moedas de euro a quem se oferece para ajudar a estacionar.

Não foi por acaso que Rui Rio entregou este projecto - que o próprio considera ser uma das suas mais importantes propostas - nas mãos de Paulo Morais. O candidato da coligação PSD/PP quer que esse plano, além da componente policial, tenha uma forte componente cívica, pela integração social desses arrumadores, e essa será a área de competência preferencial de Paulo Morais.

Num cenário de vitória da coligação de centro-direita, o sistema nervoso do executivo municipal do Porto pulsará ao ritmo imposto pelo trio constituído por Rui Rio, Paulo Morais e Ricardo Figueiredo. Ainda não está definido que pelouros ficarão concentrados no cabeça-de-lista da coligação, mas é quase certo que Paulo Morais fique encarregado da área da Acção Social e Ricardo Figueiredo se ocupe da difícil pasta do Urbanismo e Planeamento. Outra quase certeza é a indicação de Paulo Cutileiro - o único vereador recuperado da anterior lista - para o sector da Cultura.

Se o vencedor das eleições de 16 de Dezembro for Gomes, é muito provável que Paulo Morais assuma as despesas de liderar o trabalho da oposição, já que Rio deverá regressar então ao lugar de deputado.

Gomes e Rio arriscam renovação

Ganhe quem ganhar, a Câmara do Porto vai sofrer forte remodelação

Sérgio Granadeiro Paulo Morais (à esquerda) e Ricardo Figueiredo (à direita) são os homens a quem Rio quer entregar as pastas difíceis.

- OS DOIS candidatos com maiores probabilidades de ocuparem o lugar de presidente da Câmara do Porto cortaram o cordão umbilical das últimas listas autárquicas. Fernando Gomes e Rui Rio apostam em nomes pouco conhecidos, e depositam neles a esperança de convencer o eleitorado das vantagens de renovação.

Surpresa foi a impressão causada nas hostes socialistas pela lista do PS candidata à Câmara Municipal do Porto, elaborada por Fernando Gomes e Orlando Gaspar. Boa escolha? Para muitos uma desagradável surpresa, fazendo lembrar uma equipa de futebol que dispensa ou perde os seus melhores jogadores e vai às reservas buscar dedicados atletas, mas de qualidade não comprovada quando comparada com a dos que saíram.

«Penso que se privilegiou a componente política em vez das capacidades técnicas. A lista de vereadores anterior integrava gente de grande qualidade política e técnica. Os futuros vereadores vão ter muito trabalho para se lhes equiparar», considera Raul Brito, um dos responsáveis políticos do PS/ Porto que não morre reconhecidamente de amores pelo presidente da concelhia.

Orlando Gaspar responde que esse é um risco calculado. «Há doze anos, também ninguém sabia quem eram a Manuela Melo ou a Maria José Azevedo...», diz o homem que regressará à vice-presidência num cenário de vitória socialista. Gaspar é mesmo um dos dois únicos membros do anterior executivo camarário que sobrevive a esta limpeza de balneário: o outro é José Luís Catarino, que passou de suplente a efectivo a meio do último mandato e é considerado politicamente alinhado com Gaspar.

Nomes como Manuela Melo, Ernestina Miranda e Maria José Azevedo, que deixaram obra na cidade, desaparecem da lista elaborada por Gomes e Gaspar - mandatados por uma reunião da concelhia a que faltou um terço dos seus membros. O mesmo se passou com Manuela Vieira, vereadora do Desporto, que não foi contactada até à apresentação oficial da lista, nem para lhe ser dito que não fazia parte dela.

«Enquanto as pessoas foram escolhidas neste últimos mandatos tendo em vista a função que iam desempenhar, parece não ter sucedido o mesmo nesta última escolha», refere Raul Brito, ex-vice Governador Civil do Porto. Algumas pessoas afectas ao PS referem a sua estranheza, salientando, a título de exemplo, que sendo Rosário Queiroz a pessoa que poderia suceder a Ernestina Miranda na área da Educação surge em nono lugar na lista, ou seja, em posição não elegível. Também se interrogam sobre a presença de Isabel Oneto, filha de um antigo militante do PS, Fernando Oneto, a quem não se conhecem particulares relações com a cidade.

Cristina Pimentel, filha do antigo vereador Armando Pimentel, é uma figura pouco conhecida, falando-se nela para a pasta da Cultura. Mas também aqui há lugar a alguma surpresa: Isabel Pires de Lima, professora universitária e deputada, era a sucessora natural de Manuela Melo, mas não terá aceite o lugar, surgindo apenas na penúltima posição da lista.

O trunfo Morais

Tal como Gomes, Rui Rio também deixou para trás as opções que o seu partido tinha tomado há quatro anos e elaborou uma lista de ruptura. A estratégia de coligação obrigou-o a escolher para número dois da lista um militante do PP, Fernando Albuquerque, mas se vencer as eleições o seu vice-presidente será Paulo Morais - o professor universitário em quem Rio deposita a maior confiança e a quem entregou os projectos mais arrojados do seu plano de campanha.

Paulo Morais foi o autor do projecto de erradicação dos arrumadores de automóveis na cidade - uma ideia apresentada ontem e que parte de um elaborado estudo que pretende fazer com que, até ao final do próximo ano, os portuenses automobilizados deixem de ter de dar moedas de euro a quem se oferece para ajudar a estacionar.

Não foi por acaso que Rui Rio entregou este projecto - que o próprio considera ser uma das suas mais importantes propostas - nas mãos de Paulo Morais. O candidato da coligação PSD/PP quer que esse plano, além da componente policial, tenha uma forte componente cívica, pela integração social desses arrumadores, e essa será a área de competência preferencial de Paulo Morais.

Num cenário de vitória da coligação de centro-direita, o sistema nervoso do executivo municipal do Porto pulsará ao ritmo imposto pelo trio constituído por Rui Rio, Paulo Morais e Ricardo Figueiredo. Ainda não está definido que pelouros ficarão concentrados no cabeça-de-lista da coligação, mas é quase certo que Paulo Morais fique encarregado da área da Acção Social e Ricardo Figueiredo se ocupe da difícil pasta do Urbanismo e Planeamento. Outra quase certeza é a indicação de Paulo Cutileiro - o único vereador recuperado da anterior lista - para o sector da Cultura.

Se o vencedor das eleições de 16 de Dezembro for Gomes, é muito provável que Paulo Morais assuma as despesas de liderar o trabalho da oposição, já que Rio deverá regressar então ao lugar de deputado.

marcar artigo