DN

29-08-2001
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Ao longo de mais de 180 páginas, Retratos de Eça de Queirós é um livro de conhecimento e encantamento. Textos e ilustrações de nomes consagrados confirmam a dimensão da famosa frase de Eça: "A arte é tudo - tudo o resto é nada." Tão simples como isto. A arte, na sua plenitude, vive intensamente nesta obra antológica, pela qual passam 40 olhares de escritores e artistas sobre a prosa queirosiana. De Agustina-Bessa Luís a Vasco Graça Moura, de Almeida Faria a Mário Cláudio, de José Saramago a Paulo Castilho, de Lídia Jorge a Mário de Carvalho, de Luísa Costa Gomes a Augusto Abelaira, de Fialho de Almeida a Maria Amália Vaz de Carvalho, de Mariano Pina a António Nobre, de Ramalho Ortigão a Eduardo Prado, eis múltiplos olhares que se enriquecem uns aos outros e enriquecem quem os lê pela importância, a solidez e a beleza com que nos falam do grande senhor das letras portuguesas. Como nos enriquecem os desenhos, as caricaturas, as telas ou as esculturas de nomes como João Abel Manta ou Mário Botas; de José Rodrigues ou de Teixeira Lopes; de Columbano ou Rafael Bordalo Pinheiro; de Emílio Pimentel ou de Rogério Ribeiro; de Júlio Resende ou de Francisco Laranjo, entre outros.

"(...) Li Eça aos quinze anos com uma devoção que nada mais igualou. Minha mãe trouxe-me Os Maias como prenda de aniversário e eu devorei-os, de joelhos no tapete, tendo o livro no sofá como a partitura em cima dum piano (...)", escreve Agustina.

"(...) Às vezes, por Eça penso em Nietzsche, como ele desaparecido em 1900, como ele interpretando sem piedade a crise do seu tempo e abrindo assim as portas para o dia seguinte (...)", sublinha Lídia Jorge.

"(...) Lembro-me de meu pai, como dum homem metódico, doente e bondoso. (...) Raras vezes ou nunca elevando a voz (...) O seu maior prazer era reunir amigos na casa de Neuilly (...). Aí atraia com o dom de conversar, que foi sem dúvida o melhor do talento de meu pai. Essa conversa tinha um brilho, um cintilar de espírito, uma veia cómica que nunca tornei a encontrar em mais pessoa alguma (...)", realça José Maria Eça de Queirós (filho).

Olhares escritos e ilustrados, (20 retratos inéditos), a procurarem "cobrir diversas gerações de autores, representando grande diversidade de linhagens estéticas"; mais outros 20 retratos "que de Eça foram sendo traçados ao longo do tempo", acentua Isabel Pires de Lima no prefácio intitulado "Eça Disseminador de Arte". Vale a pena apreender e sentir as palavras da coordenadora de Retratos de Eça de Queirós: "(...) Eça desde muito cedo assumiu a sua vocação de artista, de artista comprometido com a realidade social, política e cultural do seu tempo, acreditando que a arte poderia contribuir para a morigeração dos costumes e a mudança de mentalidades, mas percebendo que para o artista o trabalho fundamental e porventura o mais exigente, determinante e original passava ao nível de um corpo a corpo com o seu material de eleição, no caso, a linguagem (...)".

Isabel Pires de Lima é uma das autoridades incontornáveis na investigação da obra e vida de Eça de Queirós. Os retratos que integram o álbum por si organizado, no âmbito do centenário da morte do autor d''A Relíquia, são, em si mesmos, um património que dignifica a cultura de um povo e de um país; dignificam a cultura universal, assim como Eça a dignificou, de forma intemporal.

Ao longo de mais de 180 páginas, Retratos de Eça de Queirós é um livro de conhecimento e encantamento. Textos e ilustrações de nomes consagrados confirmam a dimensão da famosa frase de Eça: "A arte é tudo - tudo o resto é nada." Tão simples como isto. A arte, na sua plenitude, vive intensamente nesta obra antológica, pela qual passam 40 olhares de escritores e artistas sobre a prosa queirosiana. De Agustina-Bessa Luís a Vasco Graça Moura, de Almeida Faria a Mário Cláudio, de José Saramago a Paulo Castilho, de Lídia Jorge a Mário de Carvalho, de Luísa Costa Gomes a Augusto Abelaira, de Fialho de Almeida a Maria Amália Vaz de Carvalho, de Mariano Pina a António Nobre, de Ramalho Ortigão a Eduardo Prado, eis múltiplos olhares que se enriquecem uns aos outros e enriquecem quem os lê pela importância, a solidez e a beleza com que nos falam do grande senhor das letras portuguesas. Como nos enriquecem os desenhos, as caricaturas, as telas ou as esculturas de nomes como João Abel Manta ou Mário Botas; de José Rodrigues ou de Teixeira Lopes; de Columbano ou Rafael Bordalo Pinheiro; de Emílio Pimentel ou de Rogério Ribeiro; de Júlio Resende ou de Francisco Laranjo, entre outros.

"(...) Li Eça aos quinze anos com uma devoção que nada mais igualou. Minha mãe trouxe-me Os Maias como prenda de aniversário e eu devorei-os, de joelhos no tapete, tendo o livro no sofá como a partitura em cima dum piano (...)", escreve Agustina.

"(...) Às vezes, por Eça penso em Nietzsche, como ele desaparecido em 1900, como ele interpretando sem piedade a crise do seu tempo e abrindo assim as portas para o dia seguinte (...)", sublinha Lídia Jorge.

"(...) Lembro-me de meu pai, como dum homem metódico, doente e bondoso. (...) Raras vezes ou nunca elevando a voz (...) O seu maior prazer era reunir amigos na casa de Neuilly (...). Aí atraia com o dom de conversar, que foi sem dúvida o melhor do talento de meu pai. Essa conversa tinha um brilho, um cintilar de espírito, uma veia cómica que nunca tornei a encontrar em mais pessoa alguma (...)", realça José Maria Eça de Queirós (filho).

Olhares escritos e ilustrados, (20 retratos inéditos), a procurarem "cobrir diversas gerações de autores, representando grande diversidade de linhagens estéticas"; mais outros 20 retratos "que de Eça foram sendo traçados ao longo do tempo", acentua Isabel Pires de Lima no prefácio intitulado "Eça Disseminador de Arte". Vale a pena apreender e sentir as palavras da coordenadora de Retratos de Eça de Queirós: "(...) Eça desde muito cedo assumiu a sua vocação de artista, de artista comprometido com a realidade social, política e cultural do seu tempo, acreditando que a arte poderia contribuir para a morigeração dos costumes e a mudança de mentalidades, mas percebendo que para o artista o trabalho fundamental e porventura o mais exigente, determinante e original passava ao nível de um corpo a corpo com o seu material de eleição, no caso, a linguagem (...)".

Isabel Pires de Lima é uma das autoridades incontornáveis na investigação da obra e vida de Eça de Queirós. Os retratos que integram o álbum por si organizado, no âmbito do centenário da morte do autor d''A Relíquia, são, em si mesmos, um património que dignifica a cultura de um povo e de um país; dignificam a cultura universal, assim como Eça a dignificou, de forma intemporal.

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