Aparelho do PSD reage mal à renovação

02-02-2002
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Aparelho do PSD Reage Mal à Renovação

Por HELENA PEREIRA

Domingo, 27 de Janeiro de 2002

12 nomes em lugar elegível

Listas de deputados tiveram 70 por cento dos votos em conselho nacional. Santana Lopes reforça influência interna. A quota cavaquista também foi preenchida

As listas de deputados do PSD foram anteontem à noite aprovadas em conselho nacional com 70 por cento dos votos. O aparelho do PSD reagiu mal à entrada de independentes e novos nomes, impostos pela quota da direcção nacional do partido. Ao todo, foram espalhadas pelo país 12 pessoas em lugares elegíveis.

Dirigentes de estruturas locais contactados pelo PÚBLICO não escondiam a sua insatisfação. Os novos nomes foram revelados pela direcção durante o dia de ontem, em cima da hora do conselho nacional. Os telefonemas sucediam-se e os dirigentes fiéis a Durão Barroso tentavam gerir as convulsões das bases de forma discreta. As insatisfações maiores vieram das distritais de Guarda, Leiria, Aveiro, Beja, Porto e Castelo Branco. O líder da distrital do Porto, Luís Filipe Meneses, nem apareceu no Centro Cultural de Belém.

O conselho nacional começou muito atrasado, depois de uma reunião da comissão política, onde ainda se trocavam nomes. Se as distritais não se tivessem oposto, as imposições da quota nacional poderiam ter ido mais além nas listas.

No entanto, os protagonistas da contestação dentro da reunião do conselho nacional acabaram por ser apenas José Raúl dos Santos, presidente da distrital de Beja, e Fernando Costa, presidente da Câmara das Caldas da Rainha.

Apesar de alguma agitação no início do conselho nacional, o líder da JSD, Pedro Duarte, acabou por não intervir e ontem, ao PÚBLICO, admitia que, apesar da JSD ocupar lugares mais abaixo do que em 1999, o resultado final de eleição que pode ir até dez numa visão optimista "é excelente". Os TSD, que ocupam três lugares elegíveis, também não escondiam o nervosismo. O secretário-geral dos TSD, Arménio Santos, que tem a reeleição assegurada por Lisboa, comentava apenas que "é difícil todas as estruturas estarem satisfeitas".

As listas cumprem os requisitos de um terço de renovação, aprovados na última reunião do conselho nacional, em nome da abertura do PSD à sociedade civil. Em lugar elegível, tem mais de uma dezena de novas caras ou regressos, 12 independentes (Graça Proença de Carvalho, Gonçalo Reis, Pinheiro Torres), a que se juntam três cabeças de lista. Pelo menos16 mulheres têm eleição garantida, tal como sete deputados indicados pela JSD. Um dos distritos onde a mudança é maior é Coimbra (o cabeça de lista é Dias Loureiro, um dos elementos da troika da coordenação da listas, tal como José Luís Arnaut e Morais Sarmento), onde aparecem novos nomes ligados ao meio universitário, Massano Cardoso, Teresa Morais e Luís Pais de Sousa.

Do mundo empresarial e com ligações ao cavaquismo, estão Pinho Cardão, administrador do BCP, Vasco Valdez, ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Jorge Godinho, ex-administrador da Portucel, actualmente quadro superior da EDP e responsável pela área do Sector Público e Privatizações no gabinete de estudos nacional do PSD, Costa e Oliveira, ex-sub-secretário de Estado da Agricultura e responsável pela área do Desporto no gabinete de estudos nacional do PSD, Luís Serrano, antigo governador civil de Beja quando era ministro da Administração Interna Dias Loureiro.

A influência do novo vice-presidente do PSD, Pedro Santana Lopes, ficou evidente. Santana meteu em lugar de destaque os actuais deputados Rui Gomes da Silva e Henrique Chaves, seus apoiantes, na lista de Lisboa, bem como Gonçalo Capitão, um elemento da JSD, em substituição do fadista Nuno da Câmara Pereira, que fazia parte da lista inicial de nomes. O autarca de Lisboa garantiu também o lugar de deputados a dois seus antigos vereadores da Câmara da Figueira da Foz: José Pereira da Costa (em Lisboa) e Rosário Águas (no Porto). No final da noite, Santana era um dos homens mais felizes. Carlos Reis, da JSD de Lisboa, e José Raúl dos Santos, antigo apoiante, é que não lhe perdoaram o facto de não ter intercedido por eles.

Miguel Macedo, que fazia parte da lista de nomes do Porto que foi levada à comissão política, acabou por cair, deixando assim Marques Mendes isolado no grupo parlamentar. Azevedo Soares também não entrou. Os outros "mendistas", Torres Pereira e Vinha da Costa, já estavam afastados à partida. Apesar de algumas pressões, a direcção de Durão Barroso não quis ceder na inclusão dos "mendistas". Macedo terá recusado candidatar-se fora do seu círculo, Braga.

Aparelho do PSD Reage Mal à Renovação

Por HELENA PEREIRA

Domingo, 27 de Janeiro de 2002

12 nomes em lugar elegível

Listas de deputados tiveram 70 por cento dos votos em conselho nacional. Santana Lopes reforça influência interna. A quota cavaquista também foi preenchida

As listas de deputados do PSD foram anteontem à noite aprovadas em conselho nacional com 70 por cento dos votos. O aparelho do PSD reagiu mal à entrada de independentes e novos nomes, impostos pela quota da direcção nacional do partido. Ao todo, foram espalhadas pelo país 12 pessoas em lugares elegíveis.

Dirigentes de estruturas locais contactados pelo PÚBLICO não escondiam a sua insatisfação. Os novos nomes foram revelados pela direcção durante o dia de ontem, em cima da hora do conselho nacional. Os telefonemas sucediam-se e os dirigentes fiéis a Durão Barroso tentavam gerir as convulsões das bases de forma discreta. As insatisfações maiores vieram das distritais de Guarda, Leiria, Aveiro, Beja, Porto e Castelo Branco. O líder da distrital do Porto, Luís Filipe Meneses, nem apareceu no Centro Cultural de Belém.

O conselho nacional começou muito atrasado, depois de uma reunião da comissão política, onde ainda se trocavam nomes. Se as distritais não se tivessem oposto, as imposições da quota nacional poderiam ter ido mais além nas listas.

No entanto, os protagonistas da contestação dentro da reunião do conselho nacional acabaram por ser apenas José Raúl dos Santos, presidente da distrital de Beja, e Fernando Costa, presidente da Câmara das Caldas da Rainha.

Apesar de alguma agitação no início do conselho nacional, o líder da JSD, Pedro Duarte, acabou por não intervir e ontem, ao PÚBLICO, admitia que, apesar da JSD ocupar lugares mais abaixo do que em 1999, o resultado final de eleição que pode ir até dez numa visão optimista "é excelente". Os TSD, que ocupam três lugares elegíveis, também não escondiam o nervosismo. O secretário-geral dos TSD, Arménio Santos, que tem a reeleição assegurada por Lisboa, comentava apenas que "é difícil todas as estruturas estarem satisfeitas".

As listas cumprem os requisitos de um terço de renovação, aprovados na última reunião do conselho nacional, em nome da abertura do PSD à sociedade civil. Em lugar elegível, tem mais de uma dezena de novas caras ou regressos, 12 independentes (Graça Proença de Carvalho, Gonçalo Reis, Pinheiro Torres), a que se juntam três cabeças de lista. Pelo menos16 mulheres têm eleição garantida, tal como sete deputados indicados pela JSD. Um dos distritos onde a mudança é maior é Coimbra (o cabeça de lista é Dias Loureiro, um dos elementos da troika da coordenação da listas, tal como José Luís Arnaut e Morais Sarmento), onde aparecem novos nomes ligados ao meio universitário, Massano Cardoso, Teresa Morais e Luís Pais de Sousa.

Do mundo empresarial e com ligações ao cavaquismo, estão Pinho Cardão, administrador do BCP, Vasco Valdez, ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Jorge Godinho, ex-administrador da Portucel, actualmente quadro superior da EDP e responsável pela área do Sector Público e Privatizações no gabinete de estudos nacional do PSD, Costa e Oliveira, ex-sub-secretário de Estado da Agricultura e responsável pela área do Desporto no gabinete de estudos nacional do PSD, Luís Serrano, antigo governador civil de Beja quando era ministro da Administração Interna Dias Loureiro.

A influência do novo vice-presidente do PSD, Pedro Santana Lopes, ficou evidente. Santana meteu em lugar de destaque os actuais deputados Rui Gomes da Silva e Henrique Chaves, seus apoiantes, na lista de Lisboa, bem como Gonçalo Capitão, um elemento da JSD, em substituição do fadista Nuno da Câmara Pereira, que fazia parte da lista inicial de nomes. O autarca de Lisboa garantiu também o lugar de deputados a dois seus antigos vereadores da Câmara da Figueira da Foz: José Pereira da Costa (em Lisboa) e Rosário Águas (no Porto). No final da noite, Santana era um dos homens mais felizes. Carlos Reis, da JSD de Lisboa, e José Raúl dos Santos, antigo apoiante, é que não lhe perdoaram o facto de não ter intercedido por eles.

Miguel Macedo, que fazia parte da lista de nomes do Porto que foi levada à comissão política, acabou por cair, deixando assim Marques Mendes isolado no grupo parlamentar. Azevedo Soares também não entrou. Os outros "mendistas", Torres Pereira e Vinha da Costa, já estavam afastados à partida. Apesar de algumas pressões, a direcção de Durão Barroso não quis ceder na inclusão dos "mendistas". Macedo terá recusado candidatar-se fora do seu círculo, Braga.

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