Questões de defesa dividem PSD

26-06-2001
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Questões de Defesa Dividem PSD

Por HELENA PEREIRA

Quinta-feira, 24 de Maio de 2001 Voto contra na proposta de reequipamento militar do Governo, que é hoje aprovada no Parlamento, suscita críticas de Marcelo Rebelo de Sousa e ala "mendista" A opção da direcção de Durão Barroso de votar contra a Lei de Programação Militar (LPM) proposta pelo Governo - que é hoje aprovada na generalidade na Assembleia da República graças à abstenção do PP - está a deixar indignados vários sectores do PSD que criticam as orientações do partido nas questões de defesa. Na semana passada, num encontro promovido em Lisboa pelo Fórum de Administradores de Empresas, o ex-presidente do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, fez saber que discordava do voto contra do seu partido na LPM. De acordo com relato feito ao PÚBLICO, Marcelo disse que um partido de poder e com futuras responsabilidades governativas, como é o caso do PSD, não pode votar contra uma lei de programação militar, uma vez que o reequipamento é urgente e necessário. Hoje à noite, o antigo presidente tem marcado um encontro com militantes do PSD de Moscavide, onde o assunto poderá vir de novo à baila. O deputado Azevedo Soares, apoiante de Marques Mendes no último congresso partidário, partilha da mesma opinião e vai mais longe ao considerar que o PSD está a auto-excluir-se da discussão da LPM ao votar contra nesta primeira votação na generalidade. "Esta posição é um exagero. Por um lado, desvaloriza uma questão de Estado importante que é o reequipamento das Forças Armadas. Com uma atitude destas, o PSD está a criar um clima de ruptura que se pode voltar contra ele próprio quando for Governo", afirmou ao PÚBLICO. Azevedo Soares partilha as críticas que o PSD tem feito à proposta do Governo, nomeadamente sobre o recurso ao "leasing" em várias situações para além dos submarinos, mas é de opinião que não se pode reduzir a proposta apenas a uma questão orçamental, como a direcção do partido tem feito. De acordo com este deputado, o PSD devia abster-se nesta votação e tentar chegar a um acordo com o PS durante a discussão da LPM na especialidade. Em Espanha, está a assistir-se a um debate idêntico. Neste caso, é o partido do Governo, o PP de José Maria Aznar e da família política do PSD, que propõe a aquisição de novos equipamentos de defesa em regime de "leasing" para diluir os gastos ao longo dos anos e não agravar o défice do Estado. O maior partido da oposição, o PSOE, é contra e invoca os mesmos motivos do PSD em Portugal: o "leasing" vai hipotecar a capacidade de manobra dos futuros governos, restringir as possibilidades de controlo parlamentar das despesas e serve para dissimular os verdadeiros gastos. Mas não é só o reequipamento militar que divide os sociais-democratas. Sobre a revisão da capacidade eleitoral dos militares, Azevedo Soares criticou, numa das últimas reuniões do grupo parlamentar, a proposta do PSD de impedir que os militares que se candidatassem a cargos políticos regressassem às fileiras. "A proposta do PSD não faz sentido. Não lembra a ninguém. É uma posição peregrina e preconceituosa", declarou ao PÚBLICO. Por sinal, este assunto só foi debatido na reunião do grupo parlamentar depois de ter sido discutido em plenário. O deputado Henrique Chaves, apoiante há muito tempo de Pedro Santana Lopes, levantou numa das últimas reuniões a questão do federalismo, que Durão Barroso defendeu num seminário sobre a Europa. Criticando o Governo por ter apresentado uma LPM sem revisão do conceito estratégico militar, Henrique Chaves, que não se afirma como federalista, alertou para o facto de o PSD também ter que definir rapidamente o conceito que preconiza e a partir do qual devem ser tomadas as opções de reequipamento militar. O PCP foi o primeiro partido a entregar na Assembleia da República um projecto de revisão do conceito estratégico de defesa e segurança, que data de 1994. OUTROS TÍTULOS EM NACIONAL Daniel Campelo escolhe hoje futuro político

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Os candidatos

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