O Polis e a Cidade
Domingo, 27 de Maio de 2001
"É tempo de se definir uma política de solos que não seja a mera continuação dos mecanismos ultra-liberais dominantes do mercado imobiliário. E é tempo de articular tal política com o planeamento urbano e com a reforma fiscal, que não poderá deixar de incidir também sobre as enormes mais-valias que a requalificação urbana desencadeia. Descurar estas prioridades é renunciar a qualquer visão de esquerda para as transformações do território, palco de algumas das maiores desigualdades e exclusões que se estão a gerar sob os nossos olhos"
Helena Roseta, arquitecta, deputada do PS, em artigo no "Le Monde Diplomatique"
"Se bem compreendo, o programa Polis destina-se a substituir má construção civil por outra de que não sabemos a qualidade. Todavia suspeito de que não será muito melhor, porque aqueles que sempre ganharam dinheiro a encher de betão e de mau gosto as nossas cidades, são os mesmos que hoje continuam a ganhar a vida a tornar irreconhecíveis Cascais, Lisboa, Leiria, Braga ou Albufeira, os mesmos que estão deliciados com a ideia de deitar abaixo uma parte do que fizeram para voltar a construir. São esses a cujos bolsos irá parar uma grande parte dos 160 milhões de contos do Polis."
Henrique Neto, empresário, deputado do PS, em texto de opinião no "Expresso"
"A revitalização das cidades não se esgota, de forma alguma, em intervenções de natureza infra-estrutural. Mas sem essas intervenções não é possível qualquer revitalização. Contudo, apesar de todas as dificuldades, de todos os problemas inerentes a esse tipo de intervenções, a construção de infra-estruturas é, afinal, o mais fácil de concretizar. Por isso, o programa Polis, dedicado às cidades, pretende mais: pretende ser um catalisador. Espera-se que outras áreas dos poderes públicos, outros sectores da sociedade, contribuam para criar as sinergias que façam com que o Programa possa ultrapassar em muito o mérito das suas, já de si tão relevantes, anunciadas realizações físicas."
Francisco Nunes Correia, professor do Instituto Superior Técnico, coordenador do programa Polis, em artigo no PÚBLICO
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O Polis e a Cidade
Domingo, 27 de Maio de 2001
"É tempo de se definir uma política de solos que não seja a mera continuação dos mecanismos ultra-liberais dominantes do mercado imobiliário. E é tempo de articular tal política com o planeamento urbano e com a reforma fiscal, que não poderá deixar de incidir também sobre as enormes mais-valias que a requalificação urbana desencadeia. Descurar estas prioridades é renunciar a qualquer visão de esquerda para as transformações do território, palco de algumas das maiores desigualdades e exclusões que se estão a gerar sob os nossos olhos"
Helena Roseta, arquitecta, deputada do PS, em artigo no "Le Monde Diplomatique"
"Se bem compreendo, o programa Polis destina-se a substituir má construção civil por outra de que não sabemos a qualidade. Todavia suspeito de que não será muito melhor, porque aqueles que sempre ganharam dinheiro a encher de betão e de mau gosto as nossas cidades, são os mesmos que hoje continuam a ganhar a vida a tornar irreconhecíveis Cascais, Lisboa, Leiria, Braga ou Albufeira, os mesmos que estão deliciados com a ideia de deitar abaixo uma parte do que fizeram para voltar a construir. São esses a cujos bolsos irá parar uma grande parte dos 160 milhões de contos do Polis."
Henrique Neto, empresário, deputado do PS, em texto de opinião no "Expresso"
"A revitalização das cidades não se esgota, de forma alguma, em intervenções de natureza infra-estrutural. Mas sem essas intervenções não é possível qualquer revitalização. Contudo, apesar de todas as dificuldades, de todos os problemas inerentes a esse tipo de intervenções, a construção de infra-estruturas é, afinal, o mais fácil de concretizar. Por isso, o programa Polis, dedicado às cidades, pretende mais: pretende ser um catalisador. Espera-se que outras áreas dos poderes públicos, outros sectores da sociedade, contribuam para criar as sinergias que façam com que o Programa possa ultrapassar em muito o mérito das suas, já de si tão relevantes, anunciadas realizações físicas."
Francisco Nunes Correia, professor do Instituto Superior Técnico, coordenador do programa Polis, em artigo no PÚBLICO