Precisa-se de nova política de solos

14-07-2001
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Precisa-se de Nova Política de Solos

Domingo, 27 de Maio de 2001 "É preciso uma lei de bases para a política de solos", defende a deputada Helena Roseta, para quem "há que regular o mercado", por forma a se saber se vale a pena continuar a investir na construção de mais estradas ou, em vez disso, se apostar numa política habitacional que permita chamar os jovens para os centros das cidades. "Não sou capaz de discutir o TGV sem saber o que se quer para o país. O ordenamento do território está a resumir-se a chumbar planos. Isso é uma visão de polícia do ordenamento que não é a minha", salienta a deputada socialista, recordando que o PS fez do ordenamento do território "uma bandeira" nos Estados Gerais, a plataforma que permitiu aos socialistas assumirem-se como alternativa ao cavaquismo. Helena Roseta, que sensibilizou o seu grupo parlamentar para a necessidade de se legislar sobre "medidas para evitar a especulação" imobiliária, aponta como exemplo da ausência de uma política séria de ordenamento do território o que se passou com a maioria dos planos directores municipais, cuja totalidade das áreas urbanas e urbanizáveis propostas dariam um aumento de mais do dobro da população portuguesa. Por isso, apesar de ser evidente que o próprio mercado não comporta tanta construção, a deputada considera que as reivindicações municipais de alargamento dos perímetros urbanos "são guerras de poder, não são guerras do ordenamento". "Não temos a cultura do planeamento mas sim do improviso", nota a arquitecta, acreditando que "o rural vai ser revalorizado", como o demonstram as classes sociais mais altas ao investirem cada vez mais no interior do país. "Hoje a cidade tem que estar em inter-relação com o campo", afirma, por seu lado, o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, salientando que, actualmente, a cidade se faz com a articulação entre dois conceitos: "o natural e o construído". A reconstrução da cidade deve, assim, ter em conta o respeito por esse elemento fundamental que é a água, criando-se corredores ecológicos ao longo das ribeiras. E preservando o que ainda resta da "agricultura de cidade", traduzida nas hortas, tanto como elemento desmassificador da "polis" como da necessidade de sustento que lhe esteja associado. Outra medida a ter em conta é a de "deixar de facilitar a vida aos carros dentro das cidades". "Não há uma unidade de planeamento na Área Metropolitana de Lisboa. Há 19 unidades, porque há tantas quanto o número de concelhos", sublinha Ribeiro Telles, que não se mostra admirado com a importação do que classifica de "problemas do terceiro mundo", aludindo à nova proposta do Fundo Margueira Capital de construir uma cidade vertical de 500 metros nos terrenos da Lisnave, na margem sul do Tejo: "Coisas daquelas estão a ser feitas na Área Metropolitana de Lisboa em extensão". Até porque, nota o arquitecto, "à construção civil não interessa nada fazer recuperação porque não dá o lucro da nova construção". E remata: "Há especulação imobiliária, mas há também especulação de um modelo simples de construir". L.F.S. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Tarda a hora das cidades

Precisa-se de nova política de solos

A lacuna do Polis e "as cócegas"

Cacém: se não fosse Polis era Proqual

Vila do Conde: um prémio antes do Polis

Investimentos e prazos do Polis

Concelhos com bairros no Proqual

O Polis e a cidade

OPINIÃO

Que política para as cidades?

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Domingo, 27 de Maio de 2001 "É preciso uma lei de bases para a política de solos", defende a deputada Helena Roseta, para quem "há que regular o mercado", por forma a se saber se vale a pena continuar a investir na construção de mais estradas ou, em vez disso, se apostar numa política habitacional que permita chamar os jovens para os centros das cidades. "Não sou capaz de discutir o TGV sem saber o que se quer para o país. O ordenamento do território está a resumir-se a chumbar planos. Isso é uma visão de polícia do ordenamento que não é a minha", salienta a deputada socialista, recordando que o PS fez do ordenamento do território "uma bandeira" nos Estados Gerais, a plataforma que permitiu aos socialistas assumirem-se como alternativa ao cavaquismo. Helena Roseta, que sensibilizou o seu grupo parlamentar para a necessidade de se legislar sobre "medidas para evitar a especulação" imobiliária, aponta como exemplo da ausência de uma política séria de ordenamento do território o que se passou com a maioria dos planos directores municipais, cuja totalidade das áreas urbanas e urbanizáveis propostas dariam um aumento de mais do dobro da população portuguesa. Por isso, apesar de ser evidente que o próprio mercado não comporta tanta construção, a deputada considera que as reivindicações municipais de alargamento dos perímetros urbanos "são guerras de poder, não são guerras do ordenamento". "Não temos a cultura do planeamento mas sim do improviso", nota a arquitecta, acreditando que "o rural vai ser revalorizado", como o demonstram as classes sociais mais altas ao investirem cada vez mais no interior do país. "Hoje a cidade tem que estar em inter-relação com o campo", afirma, por seu lado, o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, salientando que, actualmente, a cidade se faz com a articulação entre dois conceitos: "o natural e o construído". A reconstrução da cidade deve, assim, ter em conta o respeito por esse elemento fundamental que é a água, criando-se corredores ecológicos ao longo das ribeiras. E preservando o que ainda resta da "agricultura de cidade", traduzida nas hortas, tanto como elemento desmassificador da "polis" como da necessidade de sustento que lhe esteja associado. Outra medida a ter em conta é a de "deixar de facilitar a vida aos carros dentro das cidades". "Não há uma unidade de planeamento na Área Metropolitana de Lisboa. Há 19 unidades, porque há tantas quanto o número de concelhos", sublinha Ribeiro Telles, que não se mostra admirado com a importação do que classifica de "problemas do terceiro mundo", aludindo à nova proposta do Fundo Margueira Capital de construir uma cidade vertical de 500 metros nos terrenos da Lisnave, na margem sul do Tejo: "Coisas daquelas estão a ser feitas na Área Metropolitana de Lisboa em extensão". Até porque, nota o arquitecto, "à construção civil não interessa nada fazer recuperação porque não dá o lucro da nova construção". E remata: "Há especulação imobiliária, mas há também especulação de um modelo simples de construir". L.F.S. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Tarda a hora das cidades

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Que política para as cidades?

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