O que ainda se quer vir a ser

14-07-2001
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O Que Ainda Se Quer Vir a Ser

Segunda-feira, 4 de Junho de 2001

Há cerca de um ano e meio que Maria João Seixas tem aqui, na PÚBLICA, a sua entrevista mensal. E hoje, pela primeira vez, o "conversado", como ela habitualmente prefere a "entrevistado", é uma mulher. As palavras que, na capa, surgem associadas ao nome de Helena Roseta são dela, da "conversada", uma espécie de auto-definição que também se tornou uma imagem de marca da "Conversa com vista para..."

Disse ela: "Portuguesa. Feminino e singular. Arquitecta não praticante. Sou, fundamentalmente, uma pessoa que gosta muito de fazer perguntas. Acho que sou uma perguntadora." Dá-se, assim, um encontro entre duas perguntadoras, e o resultado é um retrato muito mais do que meramente biográfico. E, quando se chega ao fim do cúmplice frente a frente, parece quase inevitável regressar ao princípio, à primeira frase, à afirmação inicial que se pode transformar em pergunta: "uma pessoa é aquilo que já foi, ou aquilo que ainda quer vir a ser"?

É esse "ainda querer vir a ser", essa inquietação permanente, que faz mudar e avançar as coisas. Neste número, o professor norte-americano Robert Ehrlich, fala sobre Ciência e ideias bizarras, género viagens no tempo e a Terra ter dois sóis. E escreve algo que se encaixa perfeitamente neste quadro, quando diz que pensar fora dos esquemas estabelecidos é essencial para o processo, e progresso, científico.

Na ciência, na política, na vida, a chave, afinal, estará nessa inquietação, no não conformismo. E na certeza de que aquilo que hoje é seguro tem amanhã fortes probabilidades de não o ser.

E não é isso mesmo que está inscrito numa das convicções manifestadas por Helena Roseta, a de que há-de vir um Papa que pedirá perdão às mulheres pela incompreensão com que foram tratadas no século XX? Apesar de tudo deve ser mais fácil do que viajar no tempo.

João Carlos Silva

O Que Ainda Se Quer Vir a Ser

Segunda-feira, 4 de Junho de 2001

Há cerca de um ano e meio que Maria João Seixas tem aqui, na PÚBLICA, a sua entrevista mensal. E hoje, pela primeira vez, o "conversado", como ela habitualmente prefere a "entrevistado", é uma mulher. As palavras que, na capa, surgem associadas ao nome de Helena Roseta são dela, da "conversada", uma espécie de auto-definição que também se tornou uma imagem de marca da "Conversa com vista para..."

Disse ela: "Portuguesa. Feminino e singular. Arquitecta não praticante. Sou, fundamentalmente, uma pessoa que gosta muito de fazer perguntas. Acho que sou uma perguntadora." Dá-se, assim, um encontro entre duas perguntadoras, e o resultado é um retrato muito mais do que meramente biográfico. E, quando se chega ao fim do cúmplice frente a frente, parece quase inevitável regressar ao princípio, à primeira frase, à afirmação inicial que se pode transformar em pergunta: "uma pessoa é aquilo que já foi, ou aquilo que ainda quer vir a ser"?

É esse "ainda querer vir a ser", essa inquietação permanente, que faz mudar e avançar as coisas. Neste número, o professor norte-americano Robert Ehrlich, fala sobre Ciência e ideias bizarras, género viagens no tempo e a Terra ter dois sóis. E escreve algo que se encaixa perfeitamente neste quadro, quando diz que pensar fora dos esquemas estabelecidos é essencial para o processo, e progresso, científico.

Na ciência, na política, na vida, a chave, afinal, estará nessa inquietação, no não conformismo. E na certeza de que aquilo que hoje é seguro tem amanhã fortes probabilidades de não o ser.

E não é isso mesmo que está inscrito numa das convicções manifestadas por Helena Roseta, a de que há-de vir um Papa que pedirá perdão às mulheres pela incompreensão com que foram tratadas no século XX? Apesar de tudo deve ser mais fácil do que viajar no tempo.

João Carlos Silva

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