DN

05-05-2001
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"Ao contrário do que alguns pensam, nós não somos apenas vinte. Somos muito mais, como se verá no domingo", disse ao DN Helena Roseta, enquanto distribuía exemplares da moção pelos correligionários que afluíam ao local, atraídos pelo insólito. "É a minha experiência como militante de base que me leva a fazer estas coisas", sorria a deputada.

Alguns dos que a rodeavam manifestavam-lhe apoio aberto. "Se é para a despenalização do aborto, assino já?", diziam uns. "Força, camarada, siga em frente", encorajavam outros". Mas também havia quem torcesse o nariz, não se importando de protestar em voz alta contra o inconformismo da deputada. "É a mulher que pior tem feito à causa de todas as militantes do PS", resmungou alguém, com visível mau humor.

Helena Roseta encolhia os ombros perante estas raras manifestações de hostilidade aberta. "Estou convicta de que a razão está do meu lado. Mas o melhor mesmo é irmos a votos. Em democracia não há outro meio de tomar as decisões", declarou.

Respondendo aos que acusam a sua iniciativa de "falta de oportunidade", a parlamentar lembra que "o referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez ocorreu já há três anos". O melhor, portanto, é que a Assembleia da República "volte a debater o tema", devidamente mandatada pelos congressistas. Até porque, avisa, "o próximo congresso só se realiza daqui a dois anos".

De resto, acrescenta a deputada, a discussão do aborto voltará "muito em breve" a ser discutida em São Bento, por vontade dos grupos parlamentares do PCP e do Bloco de Esquerda. Queira ou não queira António Guterres e a direcção nacional do PS. Nesse contexto, "o pior que pode acontecer" aos deputados socialistas "é não estarem devidamente mandatados pelo congresso" para debaterem o controverso tema.

Pronunciando-se sobre a anunciada ausência de Manuel Alegre, aliás muito comentada entre os congressistas, Roseta foi categórica: "Ele faz muita falta aqui, embora eu compreenda as razões da sua ausência".

Os minutos iam decorrendo mais lentamente do que se previa e, à falta de outras figuras mediáticas, Roseta continuava a atrair as atenções. Um dos socialistas que dialogou com ela foi Alfredo Barroso. "Mas não estou aqui na qualidade de militante do PS", advertiu o ex-chefe da Casa Civil de Mário Soares.

"Mas afinal o que quer dizer IVG?", perguntava um militante menos esclarecido, olhando para as letras manuscritas por Roseta no painel em que fazia propaganda da sua moção sectorial.

Numa prova evidente de que a questão do aborto não interessa a todas as mulheres, um bando de jovens socialistas passou ali perto sem sequer reparar em Roseta. A intenção delas era outra: queriam ver o autarca de Rans, actual vedeta televisiva. "Afinal onde está o Tino?", perguntavam a quem as queria ouvir.

Tiveram pouca sorte: do Tino que foi o militante mais aclamado no congresso de 1999 e é agora vedeta na SIC, não havia nem rasto. Também azar teve um humilde vendedor da revista Cais, estrategicamente colocado junto à entrada principal do pavilhão: ele bem se esforçava, mas não conseguiu vender nem um. A solidariedade, entre os socialistas, às vezes não começa em casa.

"Ao contrário do que alguns pensam, nós não somos apenas vinte. Somos muito mais, como se verá no domingo", disse ao DN Helena Roseta, enquanto distribuía exemplares da moção pelos correligionários que afluíam ao local, atraídos pelo insólito. "É a minha experiência como militante de base que me leva a fazer estas coisas", sorria a deputada.

Alguns dos que a rodeavam manifestavam-lhe apoio aberto. "Se é para a despenalização do aborto, assino já?", diziam uns. "Força, camarada, siga em frente", encorajavam outros". Mas também havia quem torcesse o nariz, não se importando de protestar em voz alta contra o inconformismo da deputada. "É a mulher que pior tem feito à causa de todas as militantes do PS", resmungou alguém, com visível mau humor.

Helena Roseta encolhia os ombros perante estas raras manifestações de hostilidade aberta. "Estou convicta de que a razão está do meu lado. Mas o melhor mesmo é irmos a votos. Em democracia não há outro meio de tomar as decisões", declarou.

Respondendo aos que acusam a sua iniciativa de "falta de oportunidade", a parlamentar lembra que "o referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez ocorreu já há três anos". O melhor, portanto, é que a Assembleia da República "volte a debater o tema", devidamente mandatada pelos congressistas. Até porque, avisa, "o próximo congresso só se realiza daqui a dois anos".

De resto, acrescenta a deputada, a discussão do aborto voltará "muito em breve" a ser discutida em São Bento, por vontade dos grupos parlamentares do PCP e do Bloco de Esquerda. Queira ou não queira António Guterres e a direcção nacional do PS. Nesse contexto, "o pior que pode acontecer" aos deputados socialistas "é não estarem devidamente mandatados pelo congresso" para debaterem o controverso tema.

Pronunciando-se sobre a anunciada ausência de Manuel Alegre, aliás muito comentada entre os congressistas, Roseta foi categórica: "Ele faz muita falta aqui, embora eu compreenda as razões da sua ausência".

Os minutos iam decorrendo mais lentamente do que se previa e, à falta de outras figuras mediáticas, Roseta continuava a atrair as atenções. Um dos socialistas que dialogou com ela foi Alfredo Barroso. "Mas não estou aqui na qualidade de militante do PS", advertiu o ex-chefe da Casa Civil de Mário Soares.

"Mas afinal o que quer dizer IVG?", perguntava um militante menos esclarecido, olhando para as letras manuscritas por Roseta no painel em que fazia propaganda da sua moção sectorial.

Numa prova evidente de que a questão do aborto não interessa a todas as mulheres, um bando de jovens socialistas passou ali perto sem sequer reparar em Roseta. A intenção delas era outra: queriam ver o autarca de Rans, actual vedeta televisiva. "Afinal onde está o Tino?", perguntavam a quem as queria ouvir.

Tiveram pouca sorte: do Tino que foi o militante mais aclamado no congresso de 1999 e é agora vedeta na SIC, não havia nem rasto. Também azar teve um humilde vendedor da revista Cais, estrategicamente colocado junto à entrada principal do pavilhão: ele bem se esforçava, mas não conseguiu vender nem um. A solidariedade, entre os socialistas, às vezes não começa em casa.

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