"Não podemos dar mais tiros de pólvora seca"

09-05-2001
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"Não Podemos Dar Mais Tiros de Pólvora Seca"

Quinta-feira, 15 de Março de 2001

Bloco vai avançar com campanha sobre aborto, mas PCP aconselha calma

A aprovação da lei sobre a contracepção de emergência insere-se, para o Bloco de Esquerda, numa luta mais vasta que, como diz Helena Neves, "é a luta pelos direitos sexuais e reprodutivos". Nesse sentido, o BE pretende lançar "com alguma vivacidade" a partir de Maio um amplo debate sobre o direito ao aborto.

"Não temos medo do debate público", afirma Helena Neves, explicando que essa debate irá ser "enquadrado pelos direitos sexuais e reprodutivos, o planeamento familiar e a educação sexual". O BE, acrescenta, não quer desta forma esconder o tema do debate - o direito à interrupção voluntária da gravidez -, mas sim aproveitar as lições do debate no referendo de 1998.

"A própria derrota, que provocou traumatismos, deu algumas lições e penso que há agora condições de maior experiência para incentivar um amplo debate", acredita Helena Neves, que considera "lamentável" que o ministro Ferro Rodrigues tenha dito, no passado fim-de-semana, em entrevista ao PÚBLICO, que este não é um assunto prioritário: "É uma posição arrogante."

A despenalização do aborto tem sido, no entanto, uma bandeira, sobretudo, do PCP, que aconselha calma. "Talvez não seja o momento oportuno" diz o deputado Bernardino Soares, lembrando que o seu partido tem o compromisso de avançar com um projecto de lei nesse sentido nesta legislatura, que termina em 2003.

"O nosso objectivo aqui foi, é e sempre será criar condições para que a despenalização da interrupção voluntária da gravidez seja uma realidade. É uma questão que estamos sempre a considerar à espera do momento oportuno", acrescenta o deputado, que é bem claro ao avisar: "Não podemos dar mais tiros de pólvora seca."

Do lado direito do hemiciclo, Basílio Horta, líder da bancada do CDS-PP afirma que "o Bloco de Esquerda faz mal" ao avançar com esta matéria até porque já foi objecto de um referendo e o país já se pronunciou. Além disso, acaba por, de certa forma, desvalorizar a iniciativa do BE: "Isso é o Bloco a provocar o PS."

E.L.

"Não Podemos Dar Mais Tiros de Pólvora Seca"

Quinta-feira, 15 de Março de 2001

Bloco vai avançar com campanha sobre aborto, mas PCP aconselha calma

A aprovação da lei sobre a contracepção de emergência insere-se, para o Bloco de Esquerda, numa luta mais vasta que, como diz Helena Neves, "é a luta pelos direitos sexuais e reprodutivos". Nesse sentido, o BE pretende lançar "com alguma vivacidade" a partir de Maio um amplo debate sobre o direito ao aborto.

"Não temos medo do debate público", afirma Helena Neves, explicando que essa debate irá ser "enquadrado pelos direitos sexuais e reprodutivos, o planeamento familiar e a educação sexual". O BE, acrescenta, não quer desta forma esconder o tema do debate - o direito à interrupção voluntária da gravidez -, mas sim aproveitar as lições do debate no referendo de 1998.

"A própria derrota, que provocou traumatismos, deu algumas lições e penso que há agora condições de maior experiência para incentivar um amplo debate", acredita Helena Neves, que considera "lamentável" que o ministro Ferro Rodrigues tenha dito, no passado fim-de-semana, em entrevista ao PÚBLICO, que este não é um assunto prioritário: "É uma posição arrogante."

A despenalização do aborto tem sido, no entanto, uma bandeira, sobretudo, do PCP, que aconselha calma. "Talvez não seja o momento oportuno" diz o deputado Bernardino Soares, lembrando que o seu partido tem o compromisso de avançar com um projecto de lei nesse sentido nesta legislatura, que termina em 2003.

"O nosso objectivo aqui foi, é e sempre será criar condições para que a despenalização da interrupção voluntária da gravidez seja uma realidade. É uma questão que estamos sempre a considerar à espera do momento oportuno", acrescenta o deputado, que é bem claro ao avisar: "Não podemos dar mais tiros de pólvora seca."

Do lado direito do hemiciclo, Basílio Horta, líder da bancada do CDS-PP afirma que "o Bloco de Esquerda faz mal" ao avançar com esta matéria até porque já foi objecto de um referendo e o país já se pronunciou. Além disso, acaba por, de certa forma, desvalorizar a iniciativa do BE: "Isso é o Bloco a provocar o PS."

E.L.

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