DN

13-09-2001
marcar artigo

Filipa Monteiro (advogada da Davis Polk & Wardwell, Nova Iorque)

De manhã vivia-se um clima de verdadeiro caos nas ruas. Só se ouvia as sirenes das ambulâncias, dos carros de bombeiros e da polícia que se dirigiam a alta velocidade para a baixa. Foi só quando olhei naquela direcção que percebi a grandeza do caos. Mesmo a 70 quarteirões de distância, via-se uma nuvem enorme de fumo e sentia-se o cheiro a queimado. Parecia um dia de luto nacional: pessoas histéricas a chorarem, agarradas aos telemóveis ou aguardando em intermináveis filas nas cabines telefónicas. Nunca vi tanto trânsito em Nova Iorque. Não há transportes: o metro fechou e é impossível apanhar táxi. Só nos resta andar a pé. Sinto que vivi um dia que vai ficar para a história, infelizmente pelos motivos errados.

Pureza Fino (relações públicas, Nova Iorque)

Vive-se um clima de estado de emergência: não se consegue telefonar, os transportes estão fechados, os feridos são transportados para os hospitais de New Jersey; os da cidade já estão lotados. As pessoas estão presas nesta ilha e ninguém sabe para onde ir pois ainda existem ameaças de bombas. Todos procuram refugiar-se em prédios baixos. A baixa está sem luz e sem água. Nas sapatarias, os ténis esgotaram visto as pessoas não terem vindo preparadas para andar dezenas de quarteirões a pé. Nunca vi tantas pessoas na rua: é o caos.

Marta Santos Pais (directora da Unicef, Nova Iorque)

Quando o segundo avião bateu na torre, surgiu uma imensa bola de fogo no céu, quando a primeira torre caiu ficámos todos emudecidos. No entanto, as escolas mantiveram-se abertas para não aterrorizar os miúdos e tudo foi feito para não criar uma sensação de falta de controlo. O sentido de normalização ajudou a acalmar os nova-iorquinos, numa altura em que o sentimento que predomina é o de "país fechado para o resto do mundo". No meio de toda a confusão, a capacidade de manter uma aparente situação ordeira é extraordinária. A atitude de serenidade, que contrasta com as imagens da televisão, é fantástica. Apesar das coisas estarem a normalizar-se, estamos todos ainda em estado de choque. Relembrar o azul e o brilho do sol matinal com o actual cinzento é um contraste de uma ironia arrepiante.

Francisco Tavares (funcionário da Philip Morris, Nova Iorque)

Quando as "torres gémeas" começaram a arder, eu e todos os trabalhadores da empresa, que fica mesmo ao lado, só pensámos em sair. Fugir. O ambiente era de horror. Chegámos à rua, havia fumo, estava tudo bloqueado, só podíamos correr. Tudo em pânico. Viam-se pessoas a saltar das janelas das torres. Só mais tarde, se disponibilizaram comboios e autocarros para que todos fossem para casa. Apesar das ruas estarem cortadas, ainda consegui conduzir o meu carro até ao meu bairro. Ninguém consegue estar calmo, o rosto das pessoas mostra muita tristeza. Está tudo aterrorizado, principalmente, as famílias que têm filhos em idade de prestar serviço militar. Já só se pensa em guerra. Todos rezam.

Paula Fonseca (tradutora, Chicago)

Sabemos pouco do que se passa. Moro num bairro residencial, a 20 quilómetros de Chicago, e noto que estão todos em casa. Não se vê ninguém. Provavelmente, está tudo a ver na televisão cenas que nem acreditamos serem verdadeiras. A baixa foi toda evacuada, assim como o Sears Tower, os túneis e pontes. Assistimos a isto como se fosse um filme, um pesadelo tornado realidade.

Teresa Costa (tradutora, Toronto)

Será que estamos a assistir ao princípio duma guerra mundial? Desde cedo, os grandes prédios financeiros na baixa da cidade foram encerrados, assim como os principais centros comerciais. Horas depois, todo o centro foi evacuado. Estamos ansiosos por saber o que vai acontecer a seguir. Estamos atentos aos noticiários e sabemos que os aeroportos canadianos estão a receber os voos que se dirigiam para os EUA. O metro da Yonge Street foi encerrado.

António Braz Belas (empresário do ramo alimentar Ferma, Toronto)

Desde que a CNN começou a transmitir as imagens, alguns edifícios no centro - os mais altos -, foram evacuados, incluindo a CN Tower (um dos ícones da cidade). Nas ruas da baixa não houve pânico, todos sairam das companhias por precaução. Sabemos que temos as fronteiras fechadas e estamos na expectativa quanto às repercussões económicas. Vamos certamente assistir a um reajustamento monetário.

Arménio Costa (empresário do ramo alimentar Primor Trading, Toronto)

Aparentemente, está tudo calmo. Nas ruas não há qualquer sinal de anormalidade. Sabemos que os arranha-céus da cidade foram evacuados por precaução e que todos os edifícios governamentais estão em alerta. Agora, perante esta tragédia, vamos aguardar, sobretudo, pelas consequências económicas. O dia de hoje foi alterado porque estamos todos "colados" às telefonias e televisões.

Filipa Monteiro (advogada da Davis Polk & Wardwell, Nova Iorque)

De manhã vivia-se um clima de verdadeiro caos nas ruas. Só se ouvia as sirenes das ambulâncias, dos carros de bombeiros e da polícia que se dirigiam a alta velocidade para a baixa. Foi só quando olhei naquela direcção que percebi a grandeza do caos. Mesmo a 70 quarteirões de distância, via-se uma nuvem enorme de fumo e sentia-se o cheiro a queimado. Parecia um dia de luto nacional: pessoas histéricas a chorarem, agarradas aos telemóveis ou aguardando em intermináveis filas nas cabines telefónicas. Nunca vi tanto trânsito em Nova Iorque. Não há transportes: o metro fechou e é impossível apanhar táxi. Só nos resta andar a pé. Sinto que vivi um dia que vai ficar para a história, infelizmente pelos motivos errados.

Pureza Fino (relações públicas, Nova Iorque)

Vive-se um clima de estado de emergência: não se consegue telefonar, os transportes estão fechados, os feridos são transportados para os hospitais de New Jersey; os da cidade já estão lotados. As pessoas estão presas nesta ilha e ninguém sabe para onde ir pois ainda existem ameaças de bombas. Todos procuram refugiar-se em prédios baixos. A baixa está sem luz e sem água. Nas sapatarias, os ténis esgotaram visto as pessoas não terem vindo preparadas para andar dezenas de quarteirões a pé. Nunca vi tantas pessoas na rua: é o caos.

Marta Santos Pais (directora da Unicef, Nova Iorque)

Quando o segundo avião bateu na torre, surgiu uma imensa bola de fogo no céu, quando a primeira torre caiu ficámos todos emudecidos. No entanto, as escolas mantiveram-se abertas para não aterrorizar os miúdos e tudo foi feito para não criar uma sensação de falta de controlo. O sentido de normalização ajudou a acalmar os nova-iorquinos, numa altura em que o sentimento que predomina é o de "país fechado para o resto do mundo". No meio de toda a confusão, a capacidade de manter uma aparente situação ordeira é extraordinária. A atitude de serenidade, que contrasta com as imagens da televisão, é fantástica. Apesar das coisas estarem a normalizar-se, estamos todos ainda em estado de choque. Relembrar o azul e o brilho do sol matinal com o actual cinzento é um contraste de uma ironia arrepiante.

Francisco Tavares (funcionário da Philip Morris, Nova Iorque)

Quando as "torres gémeas" começaram a arder, eu e todos os trabalhadores da empresa, que fica mesmo ao lado, só pensámos em sair. Fugir. O ambiente era de horror. Chegámos à rua, havia fumo, estava tudo bloqueado, só podíamos correr. Tudo em pânico. Viam-se pessoas a saltar das janelas das torres. Só mais tarde, se disponibilizaram comboios e autocarros para que todos fossem para casa. Apesar das ruas estarem cortadas, ainda consegui conduzir o meu carro até ao meu bairro. Ninguém consegue estar calmo, o rosto das pessoas mostra muita tristeza. Está tudo aterrorizado, principalmente, as famílias que têm filhos em idade de prestar serviço militar. Já só se pensa em guerra. Todos rezam.

Paula Fonseca (tradutora, Chicago)

Sabemos pouco do que se passa. Moro num bairro residencial, a 20 quilómetros de Chicago, e noto que estão todos em casa. Não se vê ninguém. Provavelmente, está tudo a ver na televisão cenas que nem acreditamos serem verdadeiras. A baixa foi toda evacuada, assim como o Sears Tower, os túneis e pontes. Assistimos a isto como se fosse um filme, um pesadelo tornado realidade.

Teresa Costa (tradutora, Toronto)

Será que estamos a assistir ao princípio duma guerra mundial? Desde cedo, os grandes prédios financeiros na baixa da cidade foram encerrados, assim como os principais centros comerciais. Horas depois, todo o centro foi evacuado. Estamos ansiosos por saber o que vai acontecer a seguir. Estamos atentos aos noticiários e sabemos que os aeroportos canadianos estão a receber os voos que se dirigiam para os EUA. O metro da Yonge Street foi encerrado.

António Braz Belas (empresário do ramo alimentar Ferma, Toronto)

Desde que a CNN começou a transmitir as imagens, alguns edifícios no centro - os mais altos -, foram evacuados, incluindo a CN Tower (um dos ícones da cidade). Nas ruas da baixa não houve pânico, todos sairam das companhias por precaução. Sabemos que temos as fronteiras fechadas e estamos na expectativa quanto às repercussões económicas. Vamos certamente assistir a um reajustamento monetário.

Arménio Costa (empresário do ramo alimentar Primor Trading, Toronto)

Aparentemente, está tudo calmo. Nas ruas não há qualquer sinal de anormalidade. Sabemos que os arranha-céus da cidade foram evacuados por precaução e que todos os edifícios governamentais estão em alerta. Agora, perante esta tragédia, vamos aguardar, sobretudo, pelas consequências económicas. O dia de hoje foi alterado porque estamos todos "colados" às telefonias e televisões.

marcar artigo