Louçã critica orçamento rectificativo anunciado por Pina Moura

17-07-2001
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Louçã Critica Orçamento Rectificativo Anunciado por Pina Moura

Por SARA DIAS OLIVEIRA

Domingo, 10 de Junho de 2001

BE prepara autárquicas na Feira

Líder do BE pressente que o Governo vai recuar no processo de reforma fiscal e acusa-o de querer poupar dinheiro "à pressa"

"Este Governo vai cair aos pedaços e dar o poder à direita." É desta forma que Francisco Louçã analisa o comportamento do PS, e em particular as últimas declarações do ministro das Finanças, Pina Moura, que anteontem anunciou a apresentação de um orçamento rectificativo. O líder do Bloco de Esquerda esteve, no mesmo dia, num debate sobre eleições autárquicas em Santa Maria da Feira - que classificou como a "segunda arrancada" para as autárquicas no distrito de Aveiro, a seguir a Ovar, que já tem candidato - e não quis deixar passar em branco este aspecto da política nacional, que, na sua opinião, está interligado com a política local.

Para Louçã, o anúncio de Pina Moura acaba por ser "a mais trágica confirmação da razão que o BE teve em censurar o Governo, há uma semana atrás". "A crise económica e social é tão grave que, pela primeira vez na história da democracia, aparece um orçamento seis meses depois de o anterior ter entrado em vigor", referiu. Mas, para o dirigente bloquista, esta decisão "não é um problema técnico ou de contabilidade, é um problema social", acusando o PS de querer reduzir despesas "à pressa". "Mais um ano em que os salários são roubados e que as pensões são roubadas", sustentou.

Recordando que "temos uma imensa fraude fiscal", Louçã disse que um dos graves problemas deste orçamento rectificativo é pensar que, com a correcção da reforma fiscal, se promoverá a poupança, reafirmando, a propósito, que existe uma "injustiça gravíssima" nos impostos sobre o capital e que as privatizações não são uma boa solução. A título de exemplo, salientou o Hospital de S. Sebastião, na Feira, que está na mão privada. Ou seja, "é governado sob uma regra excepcional" e que o Ministério da Saúde quer "transformar em exemplo do país". Nesse sentido, e "ao contrário do que diz o bom senso" e a Constituição, há "uma saúde para os pobres e uma saúde para os ricos".

Apesar de ainda não saber dados concretos do orçamento rectificativo, Louçã pressente que irá haver uma correcção "para pior" da reforma fiscal. E, se assim for, o político acusa o Governo de "ruptura com o país", avisando que, se isso se verificar, "nos oporemos a qualquer atropelamento da reforma fiscal". O líder do BE reconhece que o orçamento deveria efectivamente mudar, mas noutro sentido: "Para tomar novas medidas económicas que fossem consistentes com os serviços públicos onde eles são necessários".

Por tudo isso, Louçã acusou o PS de se juntar à direita "nos seus objectivos e nas suas reivindicações", e, por isso, é preciso "uma oposição forte que trate os bois pelos nomes", realçando que também é esse o papel do BE nas próximas eleições às autarquias. "Esta crise política vai superar-se pela capacidade de resolução que a esquerda possa apresentar."

"Entreter os pategos"

Os nomes ainda não são conhecidos, mas é certo que o núcleo do Bloco de Esquerda de Santa Maria da Feira vai apresentar uma lista à câmara e à assembleia municipal. Em São João da Madeira, não está confirmada a presença do BE nas autárquicas. Sabe-se apenas que, neste momento, o núcleo são-joanense encontra-se em reuniões internas para decidir a questão. De qualquer forma, Francisco Louçã informou que o BE tenciona apresentar listas municipais "em grande parte dos concelhos do distrito de Aveiro".

"Alfredo Henriques está para a política como o Zé Cabra está para a música." Joaquim Dias, do núcleo da Feira, abriu o debate sobre eleições autárquicas, anteontem à noite, na Feira, criticando todos os candidatos à autarquia feirense, sobretudo o presidente, bem como algumas medidas que a câmara vem tomando, que, na sua perspectiva, "são para entreter os pategos". "Não me parece que as listas concorrentes tenham um programa minimamente coerente", salientando que "o Bloco tem uma posição completamente diferente das eleições autárquicas".

Seguindo a mesma linha, Alberto Sousa, coordenador regional do BE, continuou o debate, referindo que "o concelho da Feira está irreconhecível". "O que cresceu foram montanhas de betão e cimento", considerado que a população feirense tem direito a ter um desenvolvimento sustentado, acompanhado de regras, e uma maior qualidade de vida. Outras das questões que Sousa considerou dignas de registo, mas pela negativa, foi a recente passagem a cidade de Lourosa e Fiães, "onde se cometem os maiores atentados ambientais e os maiores atropelos urbanísticos". Segundo o coordenador do BE, este foi um processo "para satisfazer clientelas políticas", nomeadamente dos deputados que apresentaram as propostas, Manuel Oliveira e Rosa Albernaz.

Louçã Critica Orçamento Rectificativo Anunciado por Pina Moura

Por SARA DIAS OLIVEIRA

Domingo, 10 de Junho de 2001

BE prepara autárquicas na Feira

Líder do BE pressente que o Governo vai recuar no processo de reforma fiscal e acusa-o de querer poupar dinheiro "à pressa"

"Este Governo vai cair aos pedaços e dar o poder à direita." É desta forma que Francisco Louçã analisa o comportamento do PS, e em particular as últimas declarações do ministro das Finanças, Pina Moura, que anteontem anunciou a apresentação de um orçamento rectificativo. O líder do Bloco de Esquerda esteve, no mesmo dia, num debate sobre eleições autárquicas em Santa Maria da Feira - que classificou como a "segunda arrancada" para as autárquicas no distrito de Aveiro, a seguir a Ovar, que já tem candidato - e não quis deixar passar em branco este aspecto da política nacional, que, na sua opinião, está interligado com a política local.

Para Louçã, o anúncio de Pina Moura acaba por ser "a mais trágica confirmação da razão que o BE teve em censurar o Governo, há uma semana atrás". "A crise económica e social é tão grave que, pela primeira vez na história da democracia, aparece um orçamento seis meses depois de o anterior ter entrado em vigor", referiu. Mas, para o dirigente bloquista, esta decisão "não é um problema técnico ou de contabilidade, é um problema social", acusando o PS de querer reduzir despesas "à pressa". "Mais um ano em que os salários são roubados e que as pensões são roubadas", sustentou.

Recordando que "temos uma imensa fraude fiscal", Louçã disse que um dos graves problemas deste orçamento rectificativo é pensar que, com a correcção da reforma fiscal, se promoverá a poupança, reafirmando, a propósito, que existe uma "injustiça gravíssima" nos impostos sobre o capital e que as privatizações não são uma boa solução. A título de exemplo, salientou o Hospital de S. Sebastião, na Feira, que está na mão privada. Ou seja, "é governado sob uma regra excepcional" e que o Ministério da Saúde quer "transformar em exemplo do país". Nesse sentido, e "ao contrário do que diz o bom senso" e a Constituição, há "uma saúde para os pobres e uma saúde para os ricos".

Apesar de ainda não saber dados concretos do orçamento rectificativo, Louçã pressente que irá haver uma correcção "para pior" da reforma fiscal. E, se assim for, o político acusa o Governo de "ruptura com o país", avisando que, se isso se verificar, "nos oporemos a qualquer atropelamento da reforma fiscal". O líder do BE reconhece que o orçamento deveria efectivamente mudar, mas noutro sentido: "Para tomar novas medidas económicas que fossem consistentes com os serviços públicos onde eles são necessários".

Por tudo isso, Louçã acusou o PS de se juntar à direita "nos seus objectivos e nas suas reivindicações", e, por isso, é preciso "uma oposição forte que trate os bois pelos nomes", realçando que também é esse o papel do BE nas próximas eleições às autarquias. "Esta crise política vai superar-se pela capacidade de resolução que a esquerda possa apresentar."

"Entreter os pategos"

Os nomes ainda não são conhecidos, mas é certo que o núcleo do Bloco de Esquerda de Santa Maria da Feira vai apresentar uma lista à câmara e à assembleia municipal. Em São João da Madeira, não está confirmada a presença do BE nas autárquicas. Sabe-se apenas que, neste momento, o núcleo são-joanense encontra-se em reuniões internas para decidir a questão. De qualquer forma, Francisco Louçã informou que o BE tenciona apresentar listas municipais "em grande parte dos concelhos do distrito de Aveiro".

"Alfredo Henriques está para a política como o Zé Cabra está para a música." Joaquim Dias, do núcleo da Feira, abriu o debate sobre eleições autárquicas, anteontem à noite, na Feira, criticando todos os candidatos à autarquia feirense, sobretudo o presidente, bem como algumas medidas que a câmara vem tomando, que, na sua perspectiva, "são para entreter os pategos". "Não me parece que as listas concorrentes tenham um programa minimamente coerente", salientando que "o Bloco tem uma posição completamente diferente das eleições autárquicas".

Seguindo a mesma linha, Alberto Sousa, coordenador regional do BE, continuou o debate, referindo que "o concelho da Feira está irreconhecível". "O que cresceu foram montanhas de betão e cimento", considerado que a população feirense tem direito a ter um desenvolvimento sustentado, acompanhado de regras, e uma maior qualidade de vida. Outras das questões que Sousa considerou dignas de registo, mas pela negativa, foi a recente passagem a cidade de Lourosa e Fiães, "onde se cometem os maiores atentados ambientais e os maiores atropelos urbanísticos". Segundo o coordenador do BE, este foi um processo "para satisfazer clientelas políticas", nomeadamente dos deputados que apresentaram as propostas, Manuel Oliveira e Rosa Albernaz.

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