Porto de Mós: 49 presépios, um choque de culturas

06-01-2002
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Porto de Mós: 49 Presépios, Um Choque de Culturas

Por MANUEL FERNANDES VICENTE

Segunda-feira, 24 de Dezembro de 2001 Até 9 de Janeiro Museu municipal recria tradição antiga dos presepistas locais. A "disputa" entre o menino Jesus e o Pai Natal pode evidenciar um choque entre a cultura do despojamento e a da abundância Em Porto de Mós, a época do Natal volta este ano a ser marcada pela realização do tradicional concurso de presépios promovido pelo museu municipal. Desde 1991 que Francisco Furriel, director do museu e um reputado presepista, organiza o concurso e exposição de presépios, que este ano poderão ser apreciados até ao próximo dia 9 de Janeiro. Da exposição dos 49 presépios, observa Francisco Furriel, "que nunca nas edições anteriores os trabalhos expostos tiveram a qualidade dos presépios que concorreram este ano". Há trabalhos em pedra e pedra triturada, barro, cerâmica e madeira. "São matérias naturais que dão mais brilho e alma aos presépios, ao contrário dos que possuem peças de plástico, mais artificiais e com menos vida", nota o promotor da iniciativa, acrescentando que a tarefa do trabalho do júri foi muito difícil na escolha dos melhores trabalhos, "quer no escalão dos adultos, quer no dos infantis ou no reservado aos alunos das escolas do primeiro ciclo". Seja pela presença de bastantes grutas, seja pela abundância de pedra de calcário ou de cerâmicas na região, a verdade é que é antigo o interesse dedicado pelos artesãos de Porto de Mós aos presépios. A região, adianta Francisco Furriel, "sempre teve uma grande tradição nas práticas artísticas, que já remontam ao século IX, sendo aceite sem discussão que, por exemplo, os artesãos que construíram os túmulos no mosteiro de Alcobaça eram canteiros de Porto de Mós". Já na constituição do presépio, o director do museu portomosense, destaca as três figuras essenciais: o pai, a mãe e o filho. "Para além de São José, de Nossa Senhora e do menino Jesus, todas as restantes figuras são acréscimos, que ficam ao critério de cada um", explica o presepista. A verdade, porém, é que nos trabalhos apresentados praticamente ninguém esquece outras imagens que se tornaram básicas em qualquer presépio que se preze. São os casos do burro e do boi, dos três reis magos e dos pastores e rebanhos que se supõe terem acorrido à gruta de Belém, após terem recebido a boa-nova do nascimento de Jesus Cristo feita por um anjo. A ideia do presépio surgiu em 1223, quando o diácono Francisco de Assis celebrou uma missa de Natal em Greccio, na região italiana de Umbria, numa manjedoura e na companhia de um bebé recém-nascido e de um bovino e um jumento. Os primeiros presépios apareceram em Itália no século XV. A partir de então, primeiro nas igrejas, mais tarde também nas casas dos fiéis, as figuras do menino Jesus, São José, Virgem Maria e restantes personagens são uma das essências do Natal, curiosamente "disputada" nos últimos anos pela do próprio Pai Natal. Mas o contraste entre o menino da gruta de Belém e o simpático barbudo que todos os anos desce por cada uma das chaminés do mundo não podia ser maior. É que enquanto o menino do presépio é uma imagem do universo de despojamento, humildade e pobreza tão caros ao eremita São Francisco de Assis, o Pai Natal é a representação de uma generosidade feita de abundância e consagra o hábito antigo de se oferecer presentes na altura do solstício de Inverno. OUTROS TÍTULOS EM LOCAL LISBOA Obras provocam derrocada parcial no Bairro Alto

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