Um projecto megalómano

12-02-2001
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Um Projecto Megalómano

Sábado, 3 de Fevereiro de 2001

A cerca de seis quilómetros da Ayamonte, a norte da ponte internacional do Rio Guadiana, está previsto a construção de um empreendimento -"Puente Esury" -, com capacidade para 17 mil camas, envolvidas por dois campos de golfe e uma marina. Situa-se numa zona despovoada, árida e de colinas, de difícil acesso. A propriedade foi adquirida em 1989 por empresários libaneses representados por um arquitecto de Ayamonte. Os cerca de 500 hectares de terreno tinham a classificação de "rústico, não urbanizável", mas depois da assinatura de um convénio com a autarquia, cinco anos depois, foram reclassificados como urbanizáveis.

A associação Ecologista Ojo con el Guadiana protestou pela falta de estudos de impacto ambiental, a anteceder a reclassificação dos terrenos. O ambientalista Iñaki Olano afirma que este investimento é um absurdo, já que a urbanização está planeada como se fosse na Holanda, com canais para se ir de barco para casa. Na alteração do projecto, mais tarde, foram corrigidos alguns aspectos utópicos. A construção dos campos de golfe "implicava o transporte de 270 mil metros cúbicos de terra fértil para os relvados", critica Iñaki, ao mesmo tempo que sublinha que o aldeamento só irá contribuir para aumentar ainda mais a sazonalidade turística do concelho.

Esta associação defende a necessidade de se criar um Parque Natural Transfronteiriço porque, ao fim ao cabo, diz, Iñaki Olano, "as aves protegidas não conhecem fronteiras". Na opinião dos ambientalistas espanhóis, este projecto vem colidir com a zona de Reserva da Biosfera transfronteiriça e viola normas do Plano Especial de Protecção do Meio Físico de Huelva. Para se chegar à situação actual, afirma a Ojo con el Guadiana, "tem existido uma clara cumplicidade dos sucessivos alcaides ayamontinos com as manobras especulativas".

Autarcas portugueses de olho em Espanha

Os autarcas portugueses, embora rejeitem o "modelo" de desenvolvimento" da margem esquerda do Guadiana, não escondem alguma desilusão pela forma como as coisas "encalham" em Portugal. O presidente de Vila Real de Santo António, António Murta, afirma que "há duas formas diferentes de interpretar as directivas comunitárias. Enquanto que nós, os portugueses, estamos preocupados em cuidar do ambiente e evitar uma sobrecarga nas praias, os espanhóis continuam a construir e, se não tem espaço nas praia deles, atravessam o Rio e vêm para Monte Gordo". Sobre as formas de urbanismos em Isla Canela, admite: "se calhar, não é o tipo de desenvolvimento que mais interessa".

José Esteves, de Castro Marim, comentando o caso espanhol, afirma que "há alguns exemplos menos positivos". A navegabilidade do Rio Guadiana é o projecto que ele considera dos mais importantes para o desenvolvimento daquela zona do Algarve. Mais para o interior, o presidente de Alcoutim, Francisco Amaral, considera que tem de haver "alguma flexibilização" na análise dos projectos. Se a Comissão de Coordenação Regional e o Ministério do Ambiente não olharem para o interior de outra forma, sublinha, "os estrangulamentos ambientais, fazem com os programas de investimentos vão pelo rio abaixo". A este propósito, recorda: "nos últimos nove anos, Alcoutim perdeu 20 por cento da sua população, Estamos a lutar pela sobrevivência".

Um Projecto Megalómano

Sábado, 3 de Fevereiro de 2001

A cerca de seis quilómetros da Ayamonte, a norte da ponte internacional do Rio Guadiana, está previsto a construção de um empreendimento -"Puente Esury" -, com capacidade para 17 mil camas, envolvidas por dois campos de golfe e uma marina. Situa-se numa zona despovoada, árida e de colinas, de difícil acesso. A propriedade foi adquirida em 1989 por empresários libaneses representados por um arquitecto de Ayamonte. Os cerca de 500 hectares de terreno tinham a classificação de "rústico, não urbanizável", mas depois da assinatura de um convénio com a autarquia, cinco anos depois, foram reclassificados como urbanizáveis.

A associação Ecologista Ojo con el Guadiana protestou pela falta de estudos de impacto ambiental, a anteceder a reclassificação dos terrenos. O ambientalista Iñaki Olano afirma que este investimento é um absurdo, já que a urbanização está planeada como se fosse na Holanda, com canais para se ir de barco para casa. Na alteração do projecto, mais tarde, foram corrigidos alguns aspectos utópicos. A construção dos campos de golfe "implicava o transporte de 270 mil metros cúbicos de terra fértil para os relvados", critica Iñaki, ao mesmo tempo que sublinha que o aldeamento só irá contribuir para aumentar ainda mais a sazonalidade turística do concelho.

Esta associação defende a necessidade de se criar um Parque Natural Transfronteiriço porque, ao fim ao cabo, diz, Iñaki Olano, "as aves protegidas não conhecem fronteiras". Na opinião dos ambientalistas espanhóis, este projecto vem colidir com a zona de Reserva da Biosfera transfronteiriça e viola normas do Plano Especial de Protecção do Meio Físico de Huelva. Para se chegar à situação actual, afirma a Ojo con el Guadiana, "tem existido uma clara cumplicidade dos sucessivos alcaides ayamontinos com as manobras especulativas".

Autarcas portugueses de olho em Espanha

Os autarcas portugueses, embora rejeitem o "modelo" de desenvolvimento" da margem esquerda do Guadiana, não escondem alguma desilusão pela forma como as coisas "encalham" em Portugal. O presidente de Vila Real de Santo António, António Murta, afirma que "há duas formas diferentes de interpretar as directivas comunitárias. Enquanto que nós, os portugueses, estamos preocupados em cuidar do ambiente e evitar uma sobrecarga nas praias, os espanhóis continuam a construir e, se não tem espaço nas praia deles, atravessam o Rio e vêm para Monte Gordo". Sobre as formas de urbanismos em Isla Canela, admite: "se calhar, não é o tipo de desenvolvimento que mais interessa".

José Esteves, de Castro Marim, comentando o caso espanhol, afirma que "há alguns exemplos menos positivos". A navegabilidade do Rio Guadiana é o projecto que ele considera dos mais importantes para o desenvolvimento daquela zona do Algarve. Mais para o interior, o presidente de Alcoutim, Francisco Amaral, considera que tem de haver "alguma flexibilização" na análise dos projectos. Se a Comissão de Coordenação Regional e o Ministério do Ambiente não olharem para o interior de outra forma, sublinha, "os estrangulamentos ambientais, fazem com os programas de investimentos vão pelo rio abaixo". A este propósito, recorda: "nos últimos nove anos, Alcoutim perdeu 20 por cento da sua população, Estamos a lutar pela sobrevivência".

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