PCP satisfeito com pior resultado de sempre

15-01-2001
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Abreu ficou muito longe dos oito por cento que tinha estabelecido como objectivo

PCP Satisfeito com Pior Resultado de Sempre

Por EUNICE LOURENÇO

Segunda-feira, 15 de Janeiro de 2001

O PCP obteve ontem o seu pior resultado de sempre. Mas ontem à noite, na sua sede, que era também a sede da candidatura de António Abreu, todos os seus dirigentes se declararam satisfeitos com os resultados. Mesmo o próprio candidato, que ainda na passada terça-feira, depois de anunciar que, afinal, ia a votos, disse que a sua meta era a meta do partido e estava nos oito por cento.

"Nestas condições, os resultados obtidos pela nossa candidatura correspondem às nossas expectativas", disse ontem António Abreu, na conferência de imprensa, em que apareceu acompanhado pelo secretário-geral comunista, Carlos Carvalhas, e por Jerónimo de Sousa, que foi candidato do PCP nas presidenciais de 1996, tendo desistido a favor de Jorge Sampaio.

As condições de Abreu não terão sido propícias a um bom resultado. Escolhido como um candidato de compromisso num partido em preparação para um congresso que se adivinhava polémico, Abreu, como o próprio chegou a reconhecer durante a campanha, não era um candidato para ir a votos. Até o discurso da desistência andou a preparar. Mas, na passada terça-feira, o Comité Central decidiu que Abreu ia às urnas e o candidato apelou, então, pela primeira vez ao voto.

No entanto, nem o facto de ter feito apenas três dias de verdadeira campanha desculpa um resultado que foi o pior de sempre deste partido. Só duas outras vezes o PCP tinha ido a votos nas presidenciais: em 1976 Octávio Pato teve 7, 5 por cento e, em 1991, na reeleição de Mário Soares, Carlos Carvalhas teve 12,9 por cento. isto significa que Abreu não conseguiu sequer metade dos votos de Carvalhas.

Ontem à noite tanto Abreu como Carvalhas tentaram descolar o resultado dos resultados do partido, considerando que as presidenciais são umas eleições muito especificas. "Qualquer extrapolação destas para outras eleições é abusiva", disse Carvalhas , que não falou na conferência de imprensa e só falou aos militantes, no bar, não tendo respondido a quaisquer perguntas.

No entanto, na terça-feira Abreu definiu claramente o seu objectivo: oito por cento. "Nós no PCP nunca dissociamos os desempenhos individuais dos desempenhos colectivos. O mesmo vai acontecer desta vez", afirmou Abreu, nessa ocasião, acrescentado que nunca colocou uma fasquia mas que esperava "um valor da ordem dos valores do PCP".

Comparando, então, os resultados com os das últimas legislativas o resultado é arrasador. Em Outubro de 1999, o PCP conseguiu 9,3 por cento e 483 438 votos. Ontem, esses votantes foram reduzido a menos de metade, ficando-se pelos 221 870. Em Évora e Setúbal, dois distritos tradicionalmente comunistas, Abreu ficou atrás de Ferreira do Amaral.

Em comparação com as europeias, que são como as presidenciais eleições de apenas um círculo, o CP perdeu mais de cem mil votos. Em Junho de 99, a lista encabeçada por Ilda Figueiredo teve 10,3 por cento e 357 mil votos, numas eleições com 59 por cento de abstenção. E se então perdeu um eurodeputado, o PCP teve a consolação de passar de quarta para terceira força mais votada.

Apesar de tudo isto, os dirigentes do PCP desfizeram-se em declarações de satisfação. "A grande nota desta candidatura é que valeu a pena ir às urnas", disse Jerónimo de Sousa à SIC. "[Os resultados são] a expressão de uma grande capacidade de mobilização e afirmação do PCP e de grande significado para as batalhas futuras", afirmou Abreu, na conferência de imprensa. "[Os resultados] Mostram bem a capacidade de mobilização do PCP e apontam positivamente para batalhas futuras", repetiria Carvalhas, perante os militantes.

Duas notas mais dominaram as declarações dos comunistas na noite de ontem. Por um lado, consideraram que levar esta candidatura às urnas permitiu diminuir a abstenção porque, como dizia José Casanova à comunicação social, "permitiu a centenas de milhares de pessoas ter um candidato em quem votar".

Por outro lado, reconheceram que, como disse Abreu, "terá havido certamente uma parte do eleitores do PCP que terá votado em Jorge Sampaio". Fizeram-no por "preferir Jorge Sampaio a Ferreira do Amaral e não desejarem uma segunda volta".

Eunice Lourenço

Abreu ficou muito longe dos oito por cento que tinha estabelecido como objectivo

PCP Satisfeito com Pior Resultado de Sempre

Por EUNICE LOURENÇO

Segunda-feira, 15 de Janeiro de 2001

O PCP obteve ontem o seu pior resultado de sempre. Mas ontem à noite, na sua sede, que era também a sede da candidatura de António Abreu, todos os seus dirigentes se declararam satisfeitos com os resultados. Mesmo o próprio candidato, que ainda na passada terça-feira, depois de anunciar que, afinal, ia a votos, disse que a sua meta era a meta do partido e estava nos oito por cento.

"Nestas condições, os resultados obtidos pela nossa candidatura correspondem às nossas expectativas", disse ontem António Abreu, na conferência de imprensa, em que apareceu acompanhado pelo secretário-geral comunista, Carlos Carvalhas, e por Jerónimo de Sousa, que foi candidato do PCP nas presidenciais de 1996, tendo desistido a favor de Jorge Sampaio.

As condições de Abreu não terão sido propícias a um bom resultado. Escolhido como um candidato de compromisso num partido em preparação para um congresso que se adivinhava polémico, Abreu, como o próprio chegou a reconhecer durante a campanha, não era um candidato para ir a votos. Até o discurso da desistência andou a preparar. Mas, na passada terça-feira, o Comité Central decidiu que Abreu ia às urnas e o candidato apelou, então, pela primeira vez ao voto.

No entanto, nem o facto de ter feito apenas três dias de verdadeira campanha desculpa um resultado que foi o pior de sempre deste partido. Só duas outras vezes o PCP tinha ido a votos nas presidenciais: em 1976 Octávio Pato teve 7, 5 por cento e, em 1991, na reeleição de Mário Soares, Carlos Carvalhas teve 12,9 por cento. isto significa que Abreu não conseguiu sequer metade dos votos de Carvalhas.

Ontem à noite tanto Abreu como Carvalhas tentaram descolar o resultado dos resultados do partido, considerando que as presidenciais são umas eleições muito especificas. "Qualquer extrapolação destas para outras eleições é abusiva", disse Carvalhas , que não falou na conferência de imprensa e só falou aos militantes, no bar, não tendo respondido a quaisquer perguntas.

No entanto, na terça-feira Abreu definiu claramente o seu objectivo: oito por cento. "Nós no PCP nunca dissociamos os desempenhos individuais dos desempenhos colectivos. O mesmo vai acontecer desta vez", afirmou Abreu, nessa ocasião, acrescentado que nunca colocou uma fasquia mas que esperava "um valor da ordem dos valores do PCP".

Comparando, então, os resultados com os das últimas legislativas o resultado é arrasador. Em Outubro de 1999, o PCP conseguiu 9,3 por cento e 483 438 votos. Ontem, esses votantes foram reduzido a menos de metade, ficando-se pelos 221 870. Em Évora e Setúbal, dois distritos tradicionalmente comunistas, Abreu ficou atrás de Ferreira do Amaral.

Em comparação com as europeias, que são como as presidenciais eleições de apenas um círculo, o CP perdeu mais de cem mil votos. Em Junho de 99, a lista encabeçada por Ilda Figueiredo teve 10,3 por cento e 357 mil votos, numas eleições com 59 por cento de abstenção. E se então perdeu um eurodeputado, o PCP teve a consolação de passar de quarta para terceira força mais votada.

Apesar de tudo isto, os dirigentes do PCP desfizeram-se em declarações de satisfação. "A grande nota desta candidatura é que valeu a pena ir às urnas", disse Jerónimo de Sousa à SIC. "[Os resultados são] a expressão de uma grande capacidade de mobilização e afirmação do PCP e de grande significado para as batalhas futuras", afirmou Abreu, na conferência de imprensa. "[Os resultados] Mostram bem a capacidade de mobilização do PCP e apontam positivamente para batalhas futuras", repetiria Carvalhas, perante os militantes.

Duas notas mais dominaram as declarações dos comunistas na noite de ontem. Por um lado, consideraram que levar esta candidatura às urnas permitiu diminuir a abstenção porque, como dizia José Casanova à comunicação social, "permitiu a centenas de milhares de pessoas ter um candidato em quem votar".

Por outro lado, reconheceram que, como disse Abreu, "terá havido certamente uma parte do eleitores do PCP que terá votado em Jorge Sampaio". Fizeram-no por "preferir Jorge Sampaio a Ferreira do Amaral e não desejarem uma segunda volta".

Eunice Lourenço

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