"Uma coluna militar a marchar fazia ruir a ponte"

01-04-2001
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"Uma Coluna Militar a Marchar Fazia Ruir a Ponte"

Por JOÃO PALMA

Domingo, 1 de Abril de 2001

Entrevista com Carlos Móia

A Meia-Maratona de Lisboa tem um pai. O seu nome é Carlos Móia, o presidente do Maratona Clube de Portugal, a entidade organizadora da prova. Quando em 1991, depois de muitos esforços e alguma teimosia, Carlos Móia conseguiu pôr 3102 atletas a atravessar a Ponte 25 de Abril, não sonhava a dimensão que a prova viria a atingir: 25.000 a correr e a melhor meia-maratona do mundo, de acordo com a Aims, a Associação de Maratonas e Corridas de Estrada Internacionais.

CARLOS MÓIA - A ideia foi fazer renascer, em versão de meia-maratona, uma prova que já tinha existido, "A Ponte a Pé", organizada pelo Ginásio Clube Português e que tinha entretanto acabado por motivos políticos. Nós, Maratona, sempre tivemos uma atitude apolítica, por isso, quando tivemos a ideia, recebemos o apoio do presidente da Câmara Municipal de Lisboa de então, Jorge Sampaio. Depois, através de Francisco Lucas Pires, um dos fundadores e presidente da assembleia geral do Maratona, conseguimos que o Presidente da República, Mário Soares, intercedesse junto do ministro do Equipamento, Ferreira do Amaral, para que autorizasse a realização da prova na ponte.

Como as coisas estavam a demorar, falei com o ministro. Ferreira do Amaral foi muito simpático, mas explicou-me o problema. Tinha sido pedido um parecer técnico aos americanos construtores da ponte sobre a viabilidade de se efectuar lá uma corrida. É que, de acordo com os técnicos, a vibração provocada por uma coluna militar a marchar faria ruir a ponte. No entanto, disse-me Ferreira do Amaral, se eu assumisse a responsabilidade, tinha autorização para fazer a prova.

Resolvi, então esperar mais uns tempos e o parecer favorável dos americanos lá apareceu.

R. - Nunca pensei atingir os números que atingi actualmente. E num país periférico como é o nosso, é preciso a união de muitos esforços e o entusiasmo de muita gente, que, se calhar, só corre esta prova, para fazer esta grande festa, que não é só uma festa da corrida, mas uma grande festa popular, não apenas de Lisboa, mas de todo o Portugal.

R. - Não é possível aumentar o nível no futuro. Neste momento, a fasquia já está altíssima. O nível é tão grande que há vários homens e mulheres capazes de superar a melhor marca mundial da meia-maratona e arrecadar o prémio de 150.000 dólares. Este prémio está coberto por um seguro e inclusive tive de incluir à última hora a queniana Lornah Kiplagat, uma séria candidata à vitória e ao bónus e que se inscreveu já depois das restantes estrelas.

Vou tentar, no mínimo, trazer os mesmos atletas ou outros do mesmo nível. Nas mulheres, fazer com que Paula Radcliffe, que esta ano ainda não pôde vir, venha finalmente correr em Lisboa. E, nos homens, tentar juntar atletas que normalmente se recusam a correr juntos, como, por exemplo, Kamati com o Paul Tergat.

"Uma Coluna Militar a Marchar Fazia Ruir a Ponte"

Por JOÃO PALMA

Domingo, 1 de Abril de 2001

Entrevista com Carlos Móia

A Meia-Maratona de Lisboa tem um pai. O seu nome é Carlos Móia, o presidente do Maratona Clube de Portugal, a entidade organizadora da prova. Quando em 1991, depois de muitos esforços e alguma teimosia, Carlos Móia conseguiu pôr 3102 atletas a atravessar a Ponte 25 de Abril, não sonhava a dimensão que a prova viria a atingir: 25.000 a correr e a melhor meia-maratona do mundo, de acordo com a Aims, a Associação de Maratonas e Corridas de Estrada Internacionais.

CARLOS MÓIA - A ideia foi fazer renascer, em versão de meia-maratona, uma prova que já tinha existido, "A Ponte a Pé", organizada pelo Ginásio Clube Português e que tinha entretanto acabado por motivos políticos. Nós, Maratona, sempre tivemos uma atitude apolítica, por isso, quando tivemos a ideia, recebemos o apoio do presidente da Câmara Municipal de Lisboa de então, Jorge Sampaio. Depois, através de Francisco Lucas Pires, um dos fundadores e presidente da assembleia geral do Maratona, conseguimos que o Presidente da República, Mário Soares, intercedesse junto do ministro do Equipamento, Ferreira do Amaral, para que autorizasse a realização da prova na ponte.

Como as coisas estavam a demorar, falei com o ministro. Ferreira do Amaral foi muito simpático, mas explicou-me o problema. Tinha sido pedido um parecer técnico aos americanos construtores da ponte sobre a viabilidade de se efectuar lá uma corrida. É que, de acordo com os técnicos, a vibração provocada por uma coluna militar a marchar faria ruir a ponte. No entanto, disse-me Ferreira do Amaral, se eu assumisse a responsabilidade, tinha autorização para fazer a prova.

Resolvi, então esperar mais uns tempos e o parecer favorável dos americanos lá apareceu.

R. - Nunca pensei atingir os números que atingi actualmente. E num país periférico como é o nosso, é preciso a união de muitos esforços e o entusiasmo de muita gente, que, se calhar, só corre esta prova, para fazer esta grande festa, que não é só uma festa da corrida, mas uma grande festa popular, não apenas de Lisboa, mas de todo o Portugal.

R. - Não é possível aumentar o nível no futuro. Neste momento, a fasquia já está altíssima. O nível é tão grande que há vários homens e mulheres capazes de superar a melhor marca mundial da meia-maratona e arrecadar o prémio de 150.000 dólares. Este prémio está coberto por um seguro e inclusive tive de incluir à última hora a queniana Lornah Kiplagat, uma séria candidata à vitória e ao bónus e que se inscreveu já depois das restantes estrelas.

Vou tentar, no mínimo, trazer os mesmos atletas ou outros do mesmo nível. Nas mulheres, fazer com que Paula Radcliffe, que esta ano ainda não pôde vir, venha finalmente correr em Lisboa. E, nos homens, tentar juntar atletas que normalmente se recusam a correr juntos, como, por exemplo, Kamati com o Paul Tergat.

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