O jogo das cadeiras

06-03-2002
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O Jogo das Cadeiras

Por EUNICE LOURENÇO E HELENA PEREIRA

Segunda-feira, 4 de Fevereiro de 2002 No jogo das cadeiras de São Bento, há subidas e descidas, novidades e desaparecimentos. O PÚBLICO comparou as listas que vão hoje ser entregues com as de 1999 e destacou alguns casos. Promoção PS Paulo Pedroso Paulo Pedroso é uma estrela socialista em ascensão. De desconhecido secretário de Estado, chegou a ministro e a porta-voz do líder. De oitavo em Setúbal passou a cabeça de lista, substituindo nada mais nada menos que Jorge Coelho. PSD José Eduardo Martins Foi o único elemento do "governo sombra" de Durão que teve existência real. O seu trabalho como porta-voz para o Ambiente teve a merecida recompensa: passou de décimo lugar na lista de Lisboa para cabeça de lista por Viana do Castelo, distrito onde tem verdadeiras ligações familiares. PCP Margarida Botelho A deputada, oriunda da JCP, só chegou à Assembleia graças a um acumular de circunstâncias. Em 1999 ocupou o nono lugar em Lisboa, agora subiu para quinto, entrando, assim, para as entradas directas no Parlamento, onde já chegou a presidir à comissão de Paridade. CDS-PP Telmo Correia Telmo Correia faz hoje 42 anos, mas continua a ser apresentado como um "jovem promissor" do CDS-PP. A melhor prenda de aniversário será o facto de encabeçar a lista pela capital, substituíndo Luís Nobre Guedes e disputando uma eleição com os líderes do PS, PSD e PCP. Uma subida de quarto para primeiro de um deputado que entrou para o Parlamento pela mão de Manuel Monteiro. BE Miguel Portas Depois de ter falhado por mil votos a eleição pelo Porto, o Bloco de Esquerda entendeu que, desta vez, não podia deixar Miguel Portas fora do Parlamento. Por isso e depois de ele ter sido candidato à Câmara de Lisboa, incluiu-o na única lista ontem tem hipótese de eleger, pelo menos um deputado. Um cargo que vai sendo exercido rotativamente pelos primeiros quatro ou cinco nomes da lista, como já aconteceu nesta legislatura. Sobreviventes PS Paula Cristina e Custódia Fernandes Não se dá pelas suas intervenções no plenário nem pelo seu trabalho parlamentar. Só são notadas nos corredores. Apesar das duras lutas pelos lugares nas listas socialistas, Paula Cristina e Custódia Fernandes permanecem em lugar elegível nas listas de Porto e Lisboa, respectivamente. A primeira tem como credencial ter sido secretária de Narciso Miranda, a segunda tem um extenso currículo de activismo sindical e partidário na distrital de Lisboa. PSD Marques Mendes Disputou a liderança a Barroso há dois anos, nunca calou a sua critica ao presidente do partido, mas continua a liderar a lista de Aveiro. Marques Mendes foi um bom líder parlamentar na altura de Marcelo Rebelo de Sousa. Um valor que a actual direcção reconhece, apesar de ter varrido das listas os nomes que lhe estavam mais próximos. PCP "Os Verdes" O mundo gira, a vida dá voltas, o PCP muda os lugares dos seus candidatos, mas a quota de "Os Verdes" permanece inalterável. Isabel Castro e Heloísa Apolónia concorrem precisamente nos mesmo lugares elegíveis nas listas da CDU e devem continuar a formar o grupo parlamentar menos paritário de São Bento. CDS-PP Basílio Horta Há dois anos foi cabeça de lista por Viseu. Este ano recusou Viseu e bateu-se pela liderança da lista do Porto de forma a garantir a sua eleição. Pelo meio desistiu de uma candidatura presidencial e substituiu Paulo Portas na liderança da bancada parlamentar. BE Francisco Louçã Depois de anos e anos a tentar ser eleito - tanto para a Câmara de Lisboa como para o Parlamento - pelo PSR, Francisco Louçã conseguiu, finalmente, alcançar o seu objectivo em 1999. Agora repete o lugar de cabeça de lista por Lisboa, o único com eleição aparentemente garantida do Bloco de Esquerda. Novidades PS Vicente Jorge Silva e Teresa Lago Teresa Lago era uma desconhecida quando foi indicada para substituir Artur Santos Silva no Porto 2001. Conseguiu convencer e ultrapassar as várias lutas com Nuno Cardoso. Fundador do PÚBLICO, Vicente Jorge Silva ainda considerou uma candidatura à câmara do Funchal, nas últimas autárquicas, mas não viu satisfeitas as suas condições. PSD Fernando Negrão e Maria Elisa Domingues Ex-director da Polícia Judiciária, Fernando Negrão deixou na opinião pública uma boa imagem. Juiz no tribunal do círculo do Barreiro, já pediu licença sem vencimento para ocupar um cargo político no Parlamento ou no futuro governo. Há poucos meses, a jornalista Maria Elisa Domingues, ex-directora de programas da RTP, negou na sua coluna semanal no "Diário de Notícias" uma eventual candidatura pelo PSD a uma câmara. Agora vai liderar a lista de Castelo Branco. PCP Jerónimo de Sousa É também uma novidade, mas trata-se de um regresso. Jerónimo de Sousa, responsável comunista pela ligação ao mundo sindical e aos trabalhadores, encabeça a lista de Setúbal, sucedendo a Octávio Teixeira. CDS Luís Duque A novidade do CDS poderá nem sequer chegar ao Parlamento. Luís Duque, ex-dirigente do Sporting e empresário tauromáquico, foi o único cabeça de lista novo e conhecido que Paulo Portas conseguiu arranjar para as suas listas. Vai por Santarém, onde, em 1999, o CDS-PP conseguiu eleger António Pires de Lima e em 1995 Helena Santo, mas que agora é um dos distritos onde os próprios democratas-cristãos reconhecem que dificilmente conseguirão eleger alguém. BE Cláudio Torres Conhecido pelos seus estudos sobre o período islâmico na Península Ibérica, o arqueólogo Claúdio Torres é candidato do BE por Lisboa. Ex-comunista, saiu do PCP em 1968, é responsável pelo campo arqueológico de Mértola e foi o mandatário da candidatura presidencial de Fernando Rosas. Não tem hipóteses de chegar a São Bento, quanto muito em substituição. Afastados PS António Reis e Eduardo Pereira Vice-presidente da bancada do PS, responsável pelas edições parlamentar, presidente da comissão de Ética, fundador do PS, promotor da entrada de Guterres no partido, António Reis acabou por ser dos poucos excluídos no processo de renovação de Ferro Rodrigues. O mesmo aconteceu a Eduardo Pereira, ex-ministro da Administração Interna e presidente da comissão de Defesa e um dos "três gamistas" que existem. PSD Mendistas Pelos corredores de São Bento, Marques Mendes era regularmente acompanhado e assessorado por Torres Pereira, Azevedo Soares e Pedro da Vinha Costa. Agora ficará sozinho. Todos os mendistas foram afastados das lista. Miguel Macedo foi o único que a direcção de Barroso ainda colocou nas listas, mas o próprio rejeitou ir pelo Porto, em vez de Braga. PCP João Amaral É um dos rostos mais conhecido dos renovadores do PCP. Subscreveu o abaixo-assinado, que pedia um congresso extraordinário. O apelo caiu em saco roto e a direcção comunista fez questão de afastar das listas João Amaral, que era um dos vice-presidentes da Assembleia da República. Além de afastar Amaral, o PCP também despromoveu Natália Filipe na lista de Lisboa. CDS-PP Manuel Queiró e Anacoreta Correia Prevendo-se um mau resultado do CDS-PP o jogo das cadeiras para os lugares elegíveis acabou por sacrificar actuais deputados. Foi o caso de Manuel Queiró e Anacoreta Correia. O primeiro foi cabeça de lista pelo Porto em 1999, agora desaparece. O segundo também foi eleito por aquela lista e agora vai por Viseu, onde não tem garantias de ser eleito. BE Fernando Rosas Candidato às presidenciais em 2001, o historiador Fernando Rosas teve também uma passagem pela Assembleia, graças ao sistema de rotatividade dos eleitos do BE. A sua prestação parlamentar, contudo, deixou muito a desejar e agora vai liderar a lista de Setúbal, onde as hipóteses de ser eleito são escassas. 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Em 1999 ocupou o nono lugar em Lisboa, agora subiu para quinto, entrando, assim, para as entradas directas no Parlamento, onde já chegou a presidir à comissão de Paridade. CDS-PP Telmo Correia Telmo Correia faz hoje 42 anos, mas continua a ser apresentado como um "jovem promissor" do CDS-PP. A melhor prenda de aniversário será o facto de encabeçar a lista pela capital, substituíndo Luís Nobre Guedes e disputando uma eleição com os líderes do PS, PSD e PCP. Uma subida de quarto para primeiro de um deputado que entrou para o Parlamento pela mão de Manuel Monteiro. BE Miguel Portas Depois de ter falhado por mil votos a eleição pelo Porto, o Bloco de Esquerda entendeu que, desta vez, não podia deixar Miguel Portas fora do Parlamento. Por isso e depois de ele ter sido candidato à Câmara de Lisboa, incluiu-o na única lista ontem tem hipótese de eleger, pelo menos um deputado. Um cargo que vai sendo exercido rotativamente pelos primeiros quatro ou cinco nomes da lista, como já aconteceu nesta legislatura. Sobreviventes PS Paula Cristina e Custódia Fernandes Não se dá pelas suas intervenções no plenário nem pelo seu trabalho parlamentar. Só são notadas nos corredores. Apesar das duras lutas pelos lugares nas listas socialistas, Paula Cristina e Custódia Fernandes permanecem em lugar elegível nas listas de Porto e Lisboa, respectivamente. A primeira tem como credencial ter sido secretária de Narciso Miranda, a segunda tem um extenso currículo de activismo sindical e partidário na distrital de Lisboa. PSD Marques Mendes Disputou a liderança a Barroso há dois anos, nunca calou a sua critica ao presidente do partido, mas continua a liderar a lista de Aveiro. Marques Mendes foi um bom líder parlamentar na altura de Marcelo Rebelo de Sousa. Um valor que a actual direcção reconhece, apesar de ter varrido das listas os nomes que lhe estavam mais próximos. PCP "Os Verdes" O mundo gira, a vida dá voltas, o PCP muda os lugares dos seus candidatos, mas a quota de "Os Verdes" permanece inalterável. Isabel Castro e Heloísa Apolónia concorrem precisamente nos mesmo lugares elegíveis nas listas da CDU e devem continuar a formar o grupo parlamentar menos paritário de São Bento. CDS-PP Basílio Horta Há dois anos foi cabeça de lista por Viseu. Este ano recusou Viseu e bateu-se pela liderança da lista do Porto de forma a garantir a sua eleição. Pelo meio desistiu de uma candidatura presidencial e substituiu Paulo Portas na liderança da bancada parlamentar. BE Francisco Louçã Depois de anos e anos a tentar ser eleito - tanto para a Câmara de Lisboa como para o Parlamento - pelo PSR, Francisco Louçã conseguiu, finalmente, alcançar o seu objectivo em 1999. Agora repete o lugar de cabeça de lista por Lisboa, o único com eleição aparentemente garantida do Bloco de Esquerda. Novidades PS Vicente Jorge Silva e Teresa Lago Teresa Lago era uma desconhecida quando foi indicada para substituir Artur Santos Silva no Porto 2001. Conseguiu convencer e ultrapassar as várias lutas com Nuno Cardoso. Fundador do PÚBLICO, Vicente Jorge Silva ainda considerou uma candidatura à câmara do Funchal, nas últimas autárquicas, mas não viu satisfeitas as suas condições. PSD Fernando Negrão e Maria Elisa Domingues Ex-director da Polícia Judiciária, Fernando Negrão deixou na opinião pública uma boa imagem. Juiz no tribunal do círculo do Barreiro, já pediu licença sem vencimento para ocupar um cargo político no Parlamento ou no futuro governo. Há poucos meses, a jornalista Maria Elisa Domingues, ex-directora de programas da RTP, negou na sua coluna semanal no "Diário de Notícias" uma eventual candidatura pelo PSD a uma câmara. Agora vai liderar a lista de Castelo Branco. PCP Jerónimo de Sousa É também uma novidade, mas trata-se de um regresso. Jerónimo de Sousa, responsável comunista pela ligação ao mundo sindical e aos trabalhadores, encabeça a lista de Setúbal, sucedendo a Octávio Teixeira. CDS Luís Duque A novidade do CDS poderá nem sequer chegar ao Parlamento. Luís Duque, ex-dirigente do Sporting e empresário tauromáquico, foi o único cabeça de lista novo e conhecido que Paulo Portas conseguiu arranjar para as suas listas. Vai por Santarém, onde, em 1999, o CDS-PP conseguiu eleger António Pires de Lima e em 1995 Helena Santo, mas que agora é um dos distritos onde os próprios democratas-cristãos reconhecem que dificilmente conseguirão eleger alguém. BE Cláudio Torres Conhecido pelos seus estudos sobre o período islâmico na Península Ibérica, o arqueólogo Claúdio Torres é candidato do BE por Lisboa. Ex-comunista, saiu do PCP em 1968, é responsável pelo campo arqueológico de Mértola e foi o mandatário da candidatura presidencial de Fernando Rosas. Não tem hipóteses de chegar a São Bento, quanto muito em substituição. Afastados PS António Reis e Eduardo Pereira Vice-presidente da bancada do PS, responsável pelas edições parlamentar, presidente da comissão de Ética, fundador do PS, promotor da entrada de Guterres no partido, António Reis acabou por ser dos poucos excluídos no processo de renovação de Ferro Rodrigues. O mesmo aconteceu a Eduardo Pereira, ex-ministro da Administração Interna e presidente da comissão de Defesa e um dos "três gamistas" que existem. PSD Mendistas Pelos corredores de São Bento, Marques Mendes era regularmente acompanhado e assessorado por Torres Pereira, Azevedo Soares e Pedro da Vinha Costa. Agora ficará sozinho. Todos os mendistas foram afastados das lista. Miguel Macedo foi o único que a direcção de Barroso ainda colocou nas listas, mas o próprio rejeitou ir pelo Porto, em vez de Braga. PCP João Amaral É um dos rostos mais conhecido dos renovadores do PCP. Subscreveu o abaixo-assinado, que pedia um congresso extraordinário. O apelo caiu em saco roto e a direcção comunista fez questão de afastar das listas João Amaral, que era um dos vice-presidentes da Assembleia da República. Além de afastar Amaral, o PCP também despromoveu Natália Filipe na lista de Lisboa. CDS-PP Manuel Queiró e Anacoreta Correia Prevendo-se um mau resultado do CDS-PP o jogo das cadeiras para os lugares elegíveis acabou por sacrificar actuais deputados. Foi o caso de Manuel Queiró e Anacoreta Correia. O primeiro foi cabeça de lista pelo Porto em 1999, agora desaparece. O segundo também foi eleito por aquela lista e agora vai por Viseu, onde não tem garantias de ser eleito. BE Fernando Rosas Candidato às presidenciais em 2001, o historiador Fernando Rosas teve também uma passagem pela Assembleia, graças ao sistema de rotatividade dos eleitos do BE. A sua prestação parlamentar, contudo, deixou muito a desejar e agora vai liderar a lista de Setúbal, onde as hipóteses de ser eleito são escassas. 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