Sampaio assegura reeleição

12-02-2001
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Sampaio Assegura Reeleição

Segunda-feira, 8 de Janeiro de 2001 A campanha eleitoral não parece estar a produzir mudanças significativas nas intenções de voto dos portugueses. Mais: a campanha nem sequer estará permitir uma reaproximação entre os candidatos. De acordo com os números deste estudo da Universidade Católica, o actual Presidente da República não só mantém a sua vantagem confortável sobre o seu concorrente mais directo - Ferreira do Amaral - como, porventura, a dilatou entre Dezembro e Janeiro. E dizemos porventura porque o método seguido nestes dois inquéritos foi diferente - em Dezembro as entrevistas foram pessoais e em casa do entrevistado, a simulação de voto foi feita em urna fechada, e agora as entrevistas foram telefónicas e os entrevistados tinham de revelar o sentido do seu voto directamente ao entrevistador. Como sempre sucede quando se adopta este método, aumenta o número dos que não respondem ou dos que afirmam não saber ainda em quem vão votar: regra geral trata-se de uma forma de evitar revelar a sua intenção de voto que, também regra geral, se inclina para o lado dos candidatos perdedores. Face a estes considerandos não deve dar-se um significado estatístico determinante ao facto de Jorge Sampaio surgir neste estudo com uma vantagem ainda mais dilatada sobre Ferreira do Amaral (passou de trinta para 40 pontos entre Dezembro e Janeiro). Boa parte desta vantagem poderá derivar de uma parte importante dos eleitores de Ferreira do Amaral - assim como dos de António Abreu, Fernando Rosas e Garcia Pereira - se esconder nos 28,5 por cento dos inquiridos que não revelaram as suas intenções eleitorais. Quererá isto dizer que o candidato do centro-direita pode alimentar ainda algumas esperanças? Objectivamente, não. Não só a distância para Sampaio é enorme - ele teria de recolher praticamente todos os votos destes não respondentes para voltar a "entrar na luta" - como a estrutura do eleitorado dos dois candidatos mostra que enquanto Jorge Sampaio não só faz o pleno dos eleitores socialistas como "entra" bem nos eleitorados dos outros partidos, Ferreira do Amaral vê fugirem-lhe para o adversário muitos eleitores do PSD. Mas o dado porventura mais significativo da análise das intenções de voto dos eleitorados dos diferentes partidos é o esfrangalhamento da base de apoio do CDS/PP. A estratégia errática seguida por Paulo Portas deixou os eleitores populares divididos e confusos, sendo que a maioria deles se predispõe à abstenção. Pior ainda: são mais os que anunciam ir votar no actual Presidente do que aqueles que se dizem atraídos pelo candidato dos "não socialistas". Igualmente interessante é o facto dos eleitores do Bloco de Esquerda estarem mais predispostos a votar em Jorge Sampaio do que em seguir a indicação de voto do seu partido e apoiarem Fernando Rosas. O que mostra a facilidade com que Sampaio penetra no eleitorado à esquerda do PS, não só entre os comunistas - há três vezes mais eleitores comunistas a preferir Sampaio do que a seguir o candidato Abreu... - como entre os bloquistas. Mesmo assim, mesmo apesar destas simpatias comunistas por Sampaio, entre o eleitorado do PCP são mais os que defendem a manutenção de António Abreu na corrida presidencial do que aqueles que advogam a sua desistência (43,2 contra 35,1 por cento). Mas não devem ter sorte nenhuma: amanhã, terça-feira, o Comité Central do PCP deve decidir a desistência de António Abreu, evitando a humilhação eleitoral que a sua ida até às urnas certamente significaria (nesta sondagem o candidato comunista volta a apresentar níveis de intenção de voto que pouco o distinguem de Fernando Rosas). J.M.F. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Abstenção poderá ser histórica

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Ficha Técnica

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Segunda-feira, 8 de Janeiro de 2001 A campanha eleitoral não parece estar a produzir mudanças significativas nas intenções de voto dos portugueses. Mais: a campanha nem sequer estará permitir uma reaproximação entre os candidatos. De acordo com os números deste estudo da Universidade Católica, o actual Presidente da República não só mantém a sua vantagem confortável sobre o seu concorrente mais directo - Ferreira do Amaral - como, porventura, a dilatou entre Dezembro e Janeiro. E dizemos porventura porque o método seguido nestes dois inquéritos foi diferente - em Dezembro as entrevistas foram pessoais e em casa do entrevistado, a simulação de voto foi feita em urna fechada, e agora as entrevistas foram telefónicas e os entrevistados tinham de revelar o sentido do seu voto directamente ao entrevistador. Como sempre sucede quando se adopta este método, aumenta o número dos que não respondem ou dos que afirmam não saber ainda em quem vão votar: regra geral trata-se de uma forma de evitar revelar a sua intenção de voto que, também regra geral, se inclina para o lado dos candidatos perdedores. Face a estes considerandos não deve dar-se um significado estatístico determinante ao facto de Jorge Sampaio surgir neste estudo com uma vantagem ainda mais dilatada sobre Ferreira do Amaral (passou de trinta para 40 pontos entre Dezembro e Janeiro). Boa parte desta vantagem poderá derivar de uma parte importante dos eleitores de Ferreira do Amaral - assim como dos de António Abreu, Fernando Rosas e Garcia Pereira - se esconder nos 28,5 por cento dos inquiridos que não revelaram as suas intenções eleitorais. Quererá isto dizer que o candidato do centro-direita pode alimentar ainda algumas esperanças? Objectivamente, não. Não só a distância para Sampaio é enorme - ele teria de recolher praticamente todos os votos destes não respondentes para voltar a "entrar na luta" - como a estrutura do eleitorado dos dois candidatos mostra que enquanto Jorge Sampaio não só faz o pleno dos eleitores socialistas como "entra" bem nos eleitorados dos outros partidos, Ferreira do Amaral vê fugirem-lhe para o adversário muitos eleitores do PSD. Mas o dado porventura mais significativo da análise das intenções de voto dos eleitorados dos diferentes partidos é o esfrangalhamento da base de apoio do CDS/PP. A estratégia errática seguida por Paulo Portas deixou os eleitores populares divididos e confusos, sendo que a maioria deles se predispõe à abstenção. Pior ainda: são mais os que anunciam ir votar no actual Presidente do que aqueles que se dizem atraídos pelo candidato dos "não socialistas". Igualmente interessante é o facto dos eleitores do Bloco de Esquerda estarem mais predispostos a votar em Jorge Sampaio do que em seguir a indicação de voto do seu partido e apoiarem Fernando Rosas. O que mostra a facilidade com que Sampaio penetra no eleitorado à esquerda do PS, não só entre os comunistas - há três vezes mais eleitores comunistas a preferir Sampaio do que a seguir o candidato Abreu... - como entre os bloquistas. Mesmo assim, mesmo apesar destas simpatias comunistas por Sampaio, entre o eleitorado do PCP são mais os que defendem a manutenção de António Abreu na corrida presidencial do que aqueles que advogam a sua desistência (43,2 contra 35,1 por cento). Mas não devem ter sorte nenhuma: amanhã, terça-feira, o Comité Central do PCP deve decidir a desistência de António Abreu, evitando a humilhação eleitoral que a sua ida até às urnas certamente significaria (nesta sondagem o candidato comunista volta a apresentar níveis de intenção de voto que pouco o distinguem de Fernando Rosas). J.M.F. OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Abstenção poderá ser histórica

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