Bloco lança Rosas a Belém

28-10-2000
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Rosas, que foi o número três da lista por Lisboa nas últimas legislativas, prevê assumir o seu mandato na Assembleia da República em Outubro, substituindo Francisco Louçã. Mas por apenas dois meses, porque logo em Dezembro deverá voltar a sair do Parlamento para regressar depois das eleições de Janeiro de 2001.

Do PCP ao BE

Fernando Rosas, 54 anos, com três filhos, é um dos promotores (leia-se fundadores) do Bloco de Esquerda, de cuja comissão executiva é membro. Independente, acabou por assumir o papel de representante dos «não-alinhados» durante a criação deste partido (no ano passado), que reúne também três formações partidárias, UDP, PSR e Política XXI.

Licenciado em Direito em 1969, acabou por se dedicar à história, particularmente à contemporânea, no início dos anos 80. Pelo meio, ficaram trabalhos sobre a política de transportes e o activismo partidário.

Iniciou a actividade política no PCP, no início da década de 60, de onde acabou por se afastar em 1968, depois do Maio francês e, particularmente, após a invasão da Checoslováquia pela União Soviética. No ano seguinte, foi um dos fundadores da Esquerda Democrática Estudantil e, em Setembro de 1970, do MRPP.

No «émeérre» se manteve até ao final da década, saindo em 1979 do partido que teve como líder histórico Arnaldo Matos. Um afastamento muito complicado, que deixou Fernando Rosas vinte anos à margem da militância partidária. A ela só regressou em 1999, no Bloco de Esquerda. Na altura da fundação do Bloco, aliás, um dos argumentos que chegou a ser dado para explicar a inexistência de convite à participação do PCTP/MRPP foi, precisamente, a dificuldade de relacionamento com Fernando Rosas.

Apesar de afastado do «cartão» partidário, em meados da década de 80, Fernando Rosas aproximou-se do PSR. E, em consequência dessa aproximação, foi, sucessivamente, candidato independente por Lisboa nas legislativas e participante nas listas para a Europa.

Entretanto, concluiu o doutoramento em História Económica e Social Contemporânea, em 1990, tendo como especialidade o Estado Novo e a Revolução.

Mas foi a sua coluna no «Público», a polémica que manteve com o também historiador Borges de Macedo sobre o acesso aos Arquivos da PIDE e a participação em vários programas de televisão sobre a ditadura - nomeadamente sobre Salazar - que o tornaram conhecido do público.

No capítulo das presidenciais, só como candidato é que Fernando Rosas é um estreante. Em 1976, participou na primeira campanha para a Presidência da República do pós-25 de Abril, apoiando Ramalho Eanes, que era, também, o candidato do MRPP. E ao general voltou a dar apoio nas eleições de 1980, tendo pertencido à Comissão Nacional para a Recandidatura do Presidente Eanes (CNARPE).

A última vez que teve parte activa na campanha para as presidenciais foi em 1995 - fez parte da comissão de candidatura de Jorge Sampaio, contra quem, cinco anos mais tarde, agora se irá candidatar.

Sampaio destacado

Entretanto, a consulta de Maio ao Painel EXPRESSO/Euroexpansão revela um reforço da vantagem que o actual Presidente da República leva, caso confirme a sua recandidatura. Este mês, Jorge Sampaio conseguiu cerca de 4% mais de intenções de voto do que as que já tinha no mês anterior. O candidato do PSD, Joaquim Ferreira do Amaral, desce de 18,7% para 17,1% e tombo maior leva a escolha do CDS-PP: Basílio Horta desce um pouco mais de dois pontos percentuais face a Abril.

Muito pouco famosa é a estreia de Fernando Rosas, que perde mais de metade dos votantes que teria o seu camarada do Bloco, João Nabais, caso fosse este o candidato (recolheria 1,9%). Entre os membros do Painel que afirmam que, neste momento, votariam no BE, Rosas ganha eleitores a Jorge Sampaio («só» 63% dos «bloquistas» agora diz que votaria em Sampaio enquanto a percentagem era de 71 com João Nabais, em Abril) mas, paradoxalmente, tem uma percentagem menor de apoiantes do BE do que o mediático advogado (25% contra 30%).

TERESA OLIVEIRA

Rosas, que foi o número três da lista por Lisboa nas últimas legislativas, prevê assumir o seu mandato na Assembleia da República em Outubro, substituindo Francisco Louçã. Mas por apenas dois meses, porque logo em Dezembro deverá voltar a sair do Parlamento para regressar depois das eleições de Janeiro de 2001.

Do PCP ao BE

Fernando Rosas, 54 anos, com três filhos, é um dos promotores (leia-se fundadores) do Bloco de Esquerda, de cuja comissão executiva é membro. Independente, acabou por assumir o papel de representante dos «não-alinhados» durante a criação deste partido (no ano passado), que reúne também três formações partidárias, UDP, PSR e Política XXI.

Licenciado em Direito em 1969, acabou por se dedicar à história, particularmente à contemporânea, no início dos anos 80. Pelo meio, ficaram trabalhos sobre a política de transportes e o activismo partidário.

Iniciou a actividade política no PCP, no início da década de 60, de onde acabou por se afastar em 1968, depois do Maio francês e, particularmente, após a invasão da Checoslováquia pela União Soviética. No ano seguinte, foi um dos fundadores da Esquerda Democrática Estudantil e, em Setembro de 1970, do MRPP.

No «émeérre» se manteve até ao final da década, saindo em 1979 do partido que teve como líder histórico Arnaldo Matos. Um afastamento muito complicado, que deixou Fernando Rosas vinte anos à margem da militância partidária. A ela só regressou em 1999, no Bloco de Esquerda. Na altura da fundação do Bloco, aliás, um dos argumentos que chegou a ser dado para explicar a inexistência de convite à participação do PCTP/MRPP foi, precisamente, a dificuldade de relacionamento com Fernando Rosas.

Apesar de afastado do «cartão» partidário, em meados da década de 80, Fernando Rosas aproximou-se do PSR. E, em consequência dessa aproximação, foi, sucessivamente, candidato independente por Lisboa nas legislativas e participante nas listas para a Europa.

Entretanto, concluiu o doutoramento em História Económica e Social Contemporânea, em 1990, tendo como especialidade o Estado Novo e a Revolução.

Mas foi a sua coluna no «Público», a polémica que manteve com o também historiador Borges de Macedo sobre o acesso aos Arquivos da PIDE e a participação em vários programas de televisão sobre a ditadura - nomeadamente sobre Salazar - que o tornaram conhecido do público.

No capítulo das presidenciais, só como candidato é que Fernando Rosas é um estreante. Em 1976, participou na primeira campanha para a Presidência da República do pós-25 de Abril, apoiando Ramalho Eanes, que era, também, o candidato do MRPP. E ao general voltou a dar apoio nas eleições de 1980, tendo pertencido à Comissão Nacional para a Recandidatura do Presidente Eanes (CNARPE).

A última vez que teve parte activa na campanha para as presidenciais foi em 1995 - fez parte da comissão de candidatura de Jorge Sampaio, contra quem, cinco anos mais tarde, agora se irá candidatar.

Sampaio destacado

Entretanto, a consulta de Maio ao Painel EXPRESSO/Euroexpansão revela um reforço da vantagem que o actual Presidente da República leva, caso confirme a sua recandidatura. Este mês, Jorge Sampaio conseguiu cerca de 4% mais de intenções de voto do que as que já tinha no mês anterior. O candidato do PSD, Joaquim Ferreira do Amaral, desce de 18,7% para 17,1% e tombo maior leva a escolha do CDS-PP: Basílio Horta desce um pouco mais de dois pontos percentuais face a Abril.

Muito pouco famosa é a estreia de Fernando Rosas, que perde mais de metade dos votantes que teria o seu camarada do Bloco, João Nabais, caso fosse este o candidato (recolheria 1,9%). Entre os membros do Painel que afirmam que, neste momento, votariam no BE, Rosas ganha eleitores a Jorge Sampaio («só» 63% dos «bloquistas» agora diz que votaria em Sampaio enquanto a percentagem era de 71 com João Nabais, em Abril) mas, paradoxalmente, tem uma percentagem menor de apoiantes do BE do que o mediático advogado (25% contra 30%).

TERESA OLIVEIRA

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