Plano para a febre aftosa admite vacinação limitada

07-05-2001
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Plano para a Febre Aftosa Admite Vacinação Limitada

Por CARLOS PESSOA

Sexta-feira, 23 de Março de 2001

Debate parlamentar de urgência foi "morno"

Críticas pontuais ao Governo não impedem oposição de apoiar as medidas tomadas em Portugal

Se a febre aftosa se manifestar em Portugal, o Governo optará por uma "vacinação em círculo" à roda do foco, acompanhada da marcação dos animais. Esta foi a resposta de Capoulas Santos, ministro da Agricultura, aos deputados que quiseram saber o que faria o Governo se a epidemia se declarasse no território nacional. Uma vacinação em massa, acrescentou, só em último recurso e no caso de a epizootia estar totalmente fora de controlo.

Capoulas Santos admitiu ainda a possibilidade de vacinação das cerca de 30 raças autóctones, porque "são muito localizadas e têm um efectivo pequeno". Neste caso, disse, a medida destinar-se-ia a "salvaguardar um património genético único".

A intervenção do ministro ocorreu ontem durante o debate de urgência sobre a febre aftosa na Europa e as suas implicações em Portugal, que tinha sido pedido pelo grupo parlamentar do CDS-PP. Capoulas Santos já tinha escutado, antes de falar, a deputada socialista Jovita Ladeira enumerar todas as medidas adoptadas pelo executivo para fazer frente à epidemia. E ouvira de Fernando Penha (PSD) e Luís Fazenda (Bloco de Esquerda) palavras de apoio genérico às decisões do Governo neste campo.

Por isso, quase se dispensou de descrevê-las, para enfatizar que existe "um sistema de rastreabilidade do efectivo muito eficaz" que permite identificar o percurso dos animais e colocá-los sob sequestro quando necessário.

Informou a Assembleia da República que tinham entrado em Portugal, desde 1 de Fevereiro, 5098 animais provenientes da União Europeia (UE). Desses, 1570 vieram de França - 9 da região de Mayenne, onde foi declarado o único foco de febre aftosa do país - e 371 da Holanda, dos quais 44 da zona onde se declararam os primeiros focos. Todos os animais saíram daquelas áreas muito antes de poderem ser infectados, mas à cautela têm sido mantidos sequestrados e sujeitos a análises que, até agora, se revelaram negativas. Por outro lado, não entraram em Portugal animais vindos do Reino Unido nem da Irlanda, os outros países com doença declarada.

Capoulas esclareceu, finalmente, que estão sob vigilância permanente os 14 principais itinerários de ligação entre Portugal e Espanha, num esforço conjunto ibérico para "minimizar riscos".

Fernando Penha e Luís Fazenda questionaram o ministro da Agricultura quanto às medidas a tomar num cenário mais pessimista de manifestação da doença. Existe um plano de emergência? E, se existe, a opção será pela vacinação ou pelo extermínio puro e simples dos animais?

Quanto a Rosado Fernandes (CDS), acusou o Governo de "grande determinação mediática" e "pouca eficácia nas medidas" para acabar por se juntar aos outros deputados na formulação das mesmas interrogações. Lino de Carvalho (PCP) optou por centrar a sua intervenção na denúncia da "agricultura ultra-produtivista" que está na base desta crise, "potenciada pela extrema desregulamentação do funcionamento dos mercados". E defendeu a adopção pelo Governo de "todas as medidas sérias que impeçam a propagação [da doença] no nosso país".

Plano para a Febre Aftosa Admite Vacinação Limitada

Por CARLOS PESSOA

Sexta-feira, 23 de Março de 2001

Debate parlamentar de urgência foi "morno"

Críticas pontuais ao Governo não impedem oposição de apoiar as medidas tomadas em Portugal

Se a febre aftosa se manifestar em Portugal, o Governo optará por uma "vacinação em círculo" à roda do foco, acompanhada da marcação dos animais. Esta foi a resposta de Capoulas Santos, ministro da Agricultura, aos deputados que quiseram saber o que faria o Governo se a epidemia se declarasse no território nacional. Uma vacinação em massa, acrescentou, só em último recurso e no caso de a epizootia estar totalmente fora de controlo.

Capoulas Santos admitiu ainda a possibilidade de vacinação das cerca de 30 raças autóctones, porque "são muito localizadas e têm um efectivo pequeno". Neste caso, disse, a medida destinar-se-ia a "salvaguardar um património genético único".

A intervenção do ministro ocorreu ontem durante o debate de urgência sobre a febre aftosa na Europa e as suas implicações em Portugal, que tinha sido pedido pelo grupo parlamentar do CDS-PP. Capoulas Santos já tinha escutado, antes de falar, a deputada socialista Jovita Ladeira enumerar todas as medidas adoptadas pelo executivo para fazer frente à epidemia. E ouvira de Fernando Penha (PSD) e Luís Fazenda (Bloco de Esquerda) palavras de apoio genérico às decisões do Governo neste campo.

Por isso, quase se dispensou de descrevê-las, para enfatizar que existe "um sistema de rastreabilidade do efectivo muito eficaz" que permite identificar o percurso dos animais e colocá-los sob sequestro quando necessário.

Informou a Assembleia da República que tinham entrado em Portugal, desde 1 de Fevereiro, 5098 animais provenientes da União Europeia (UE). Desses, 1570 vieram de França - 9 da região de Mayenne, onde foi declarado o único foco de febre aftosa do país - e 371 da Holanda, dos quais 44 da zona onde se declararam os primeiros focos. Todos os animais saíram daquelas áreas muito antes de poderem ser infectados, mas à cautela têm sido mantidos sequestrados e sujeitos a análises que, até agora, se revelaram negativas. Por outro lado, não entraram em Portugal animais vindos do Reino Unido nem da Irlanda, os outros países com doença declarada.

Capoulas esclareceu, finalmente, que estão sob vigilância permanente os 14 principais itinerários de ligação entre Portugal e Espanha, num esforço conjunto ibérico para "minimizar riscos".

Fernando Penha e Luís Fazenda questionaram o ministro da Agricultura quanto às medidas a tomar num cenário mais pessimista de manifestação da doença. Existe um plano de emergência? E, se existe, a opção será pela vacinação ou pelo extermínio puro e simples dos animais?

Quanto a Rosado Fernandes (CDS), acusou o Governo de "grande determinação mediática" e "pouca eficácia nas medidas" para acabar por se juntar aos outros deputados na formulação das mesmas interrogações. Lino de Carvalho (PCP) optou por centrar a sua intervenção na denúncia da "agricultura ultra-produtivista" que está na base desta crise, "potenciada pela extrema desregulamentação do funcionamento dos mercados". E defendeu a adopção pelo Governo de "todas as medidas sérias que impeçam a propagação [da doença] no nosso país".

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