EXPRESSO: Opinião

12-05-2001
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20/1/2001 ALTOS...

FERNANDO GOMES Surpreendendo muitos que já estavam na corrida para a Câmara do Porto, o ex-ministro da Administração Interna apareceu a manifestar, à revelia do aparelho do PS, a sua disponibilidade para regressar ao cargo. E foi uma das estrelas da abertura do Porto-2001, surgindo em entrevistas, múltiplas declarações e eventos vários. Ao mesmo tempo que as sondagens o davam como largamente preferido pelos portuenses, bem à frente de Narciso Miranda, Valentim Loureiro ou Luís Filipe Menezes. Tal como Tony Blair, que viu a contragosto o dissidente Ken Livingstone ser eleito «mayor» de Londres, António Guterres dificilmente impedirá a reeleição do seu ex-ministro caído em desgraça mas favorito dos portuenses. O melhor é juntar-se a ele...

JORGE SAMPAIO Foi uma reeleição descolorida nos números e pouco entusiasmante nos festejos. Mas, apesar da sombra da abstenção e de um resultado quase igual ao de há cinco anos, a sua vitória fica a assinalar o pior resultado do centro-direita em eleições (a mais de 20 pontos de distância do vencedor) e, estando antecipadamente assegurada, permitiu até a dispersão de votos à esquerda por pequenas candidaturas partidárias. Cumpriu a regra da eleição para um segundo mandato e, curiosamente, a «entourage» de Belém pôs agora a circular que vai ser um mandato mais marcante e interventor. Como que a reconhecer que os primeiros cinco anos em Belém foram apagados e não deixam grande memória política.

JAIME PACHECO O treinador do Boavista celebrou a abertura do Porto-2001 com uma vitória saborosa e merecida sobre a equipa azul-e-branca, conseguindo a proeza de terminar a 1ª volta isolado no lugar cimeiro da tabela. E consolidando as hipóteses de o clube do Bessa conquistar o seu primeiro título de campeão nacional em 2001 — o que poria termo a décadas de hegemonia dos «três grandes» e seria olhado com benevolência e simpatia pela maioria dos portugueses. Sendo um clube que, em regra, vende todos os anos jogadores para os «grandes», é de salientar a capacidade técnica, competitiva e de gestão para manter a equipa no primeiro plano do futebol nacional.

FERREIRA DO AMARAL Partia com expectativas muito baixas (o que acabou por o favorecer) e com a discórdia instalada no terreno do centro-direita, por via da recusa de alguns «notáveis» do PSD de avançarem e da desorientação do CDS/PP, visível no avanço e retirada da candidatura de Basílio Horta. Perante a desmobilização de uma parte significativa do eleitorado do PSD e a falta de apoio da direcção do PP, ter ficado acima dos 32% de Durão Barroso nas legislativas já foi satisfatório do ponto de vista pessoal (ainda que partidariamente a derrota seja indisfarçável). Sai desta campanha com o PSD reconhecido pelo difícil serviço que prestou, mais conhecido dos portugueses e com um estatuto que lhe permite sonhar com as presidenciais de 2006.

...& BAIXOS

CARLOS CARVALHAS Por muitas voltas que dê ao discurso para fazer passar a ideia de que os 5,1% de António Abreu não reflectem a influência eleitoral do PCP, a verdade é que foram apenas esses os votos alcançados pela candidatura comunista — e que ficam, para já, na história como o mais baixo resultado de sempre do partido. Aos olhos do país, o PCP caiu mais um degrau e ficou próximo do Bloco de Esquerda — e não será fácil fazer esquecer essa imagem. Como líder do partido, além da severa derrota eleitoral, ficou ainda a desorientação que revelou na escolha do candidato e a desautorização que sofreu no Comité Central quando propôs a sua desistência. E o impacto deste descalabro político foi tal que o «Avante!» desta semana nem tem a coragem de reproduzir os resultados eleitorais.

PAULO PORTAS Se toda a conduta do CDS/PP nestas presidenciais já se podia inscrever num manual do que não deve ser feito em política, o líder dos populares fez questão de fechar o ciclo de disparates com «chave de ouro». E apareceu, cedo e lesto, na noite eleitoral a alijar responsabilidades e atirar culpas para cima do PSD. Foi o discurso errado, no momento errado e pelo político errado. Só agravou ressentimentos no PSD e desacreditou-o no espaço político que representa.

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FERNANDO GOMES Surpreendendo muitos que já estavam na corrida para a Câmara do Porto, o ex-ministro da Administração Interna apareceu a manifestar, à revelia do aparelho do PS, a sua disponibilidade para regressar ao cargo. E foi uma das estrelas da abertura do Porto-2001, surgindo em entrevistas, múltiplas declarações e eventos vários. Ao mesmo tempo que as sondagens o davam como largamente preferido pelos portuenses, bem à frente de Narciso Miranda, Valentim Loureiro ou Luís Filipe Menezes. Tal como Tony Blair, que viu a contragosto o dissidente Ken Livingstone ser eleito «mayor» de Londres, António Guterres dificilmente impedirá a reeleição do seu ex-ministro caído em desgraça mas favorito dos portuenses. O melhor é juntar-se a ele...

JORGE SAMPAIO Foi uma reeleição descolorida nos números e pouco entusiasmante nos festejos. Mas, apesar da sombra da abstenção e de um resultado quase igual ao de há cinco anos, a sua vitória fica a assinalar o pior resultado do centro-direita em eleições (a mais de 20 pontos de distância do vencedor) e, estando antecipadamente assegurada, permitiu até a dispersão de votos à esquerda por pequenas candidaturas partidárias. Cumpriu a regra da eleição para um segundo mandato e, curiosamente, a «entourage» de Belém pôs agora a circular que vai ser um mandato mais marcante e interventor. Como que a reconhecer que os primeiros cinco anos em Belém foram apagados e não deixam grande memória política.

JAIME PACHECO O treinador do Boavista celebrou a abertura do Porto-2001 com uma vitória saborosa e merecida sobre a equipa azul-e-branca, conseguindo a proeza de terminar a 1ª volta isolado no lugar cimeiro da tabela. E consolidando as hipóteses de o clube do Bessa conquistar o seu primeiro título de campeão nacional em 2001 — o que poria termo a décadas de hegemonia dos «três grandes» e seria olhado com benevolência e simpatia pela maioria dos portugueses. Sendo um clube que, em regra, vende todos os anos jogadores para os «grandes», é de salientar a capacidade técnica, competitiva e de gestão para manter a equipa no primeiro plano do futebol nacional.

FERREIRA DO AMARAL Partia com expectativas muito baixas (o que acabou por o favorecer) e com a discórdia instalada no terreno do centro-direita, por via da recusa de alguns «notáveis» do PSD de avançarem e da desorientação do CDS/PP, visível no avanço e retirada da candidatura de Basílio Horta. Perante a desmobilização de uma parte significativa do eleitorado do PSD e a falta de apoio da direcção do PP, ter ficado acima dos 32% de Durão Barroso nas legislativas já foi satisfatório do ponto de vista pessoal (ainda que partidariamente a derrota seja indisfarçável). Sai desta campanha com o PSD reconhecido pelo difícil serviço que prestou, mais conhecido dos portugueses e com um estatuto que lhe permite sonhar com as presidenciais de 2006.

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CARLOS CARVALHAS Por muitas voltas que dê ao discurso para fazer passar a ideia de que os 5,1% de António Abreu não reflectem a influência eleitoral do PCP, a verdade é que foram apenas esses os votos alcançados pela candidatura comunista — e que ficam, para já, na história como o mais baixo resultado de sempre do partido. Aos olhos do país, o PCP caiu mais um degrau e ficou próximo do Bloco de Esquerda — e não será fácil fazer esquecer essa imagem. Como líder do partido, além da severa derrota eleitoral, ficou ainda a desorientação que revelou na escolha do candidato e a desautorização que sofreu no Comité Central quando propôs a sua desistência. E o impacto deste descalabro político foi tal que o «Avante!» desta semana nem tem a coragem de reproduzir os resultados eleitorais.

PAULO PORTAS Se toda a conduta do CDS/PP nestas presidenciais já se podia inscrever num manual do que não deve ser feito em política, o líder dos populares fez questão de fechar o ciclo de disparates com «chave de ouro». E apareceu, cedo e lesto, na noite eleitoral a alijar responsabilidades e atirar culpas para cima do PSD. Foi o discurso errado, no momento errado e pelo político errado. Só agravou ressentimentos no PSD e desacreditou-o no espaço político que representa.

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