"Não foi uma atitude decente"

14-01-2001
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Presidente exonerado do IPO homenageado no Porto

"Não Foi Uma Atitude Decente"

Por LUÍSA PINTO

Domingo, 14 de Janeiro de 2001

Vítor Veloso, o director do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto exonerado pela ministra da Saúde, foi anteontem à noite homenageado no Porto num jantar que reuniu mais de cinco centenas de pessoas, entre colaboradores e amigos do médico e individualidades da área financeira, económica e política.

Um dos promotores do evento, Diamantino Gomes, cirurgião no IPO do Porto, disse ao PÚBLICO que a homenagem se destinava a destacar um "trabalho que é de referência ao nível da gestão hospitalar". "Transformou o IPO no maior centro oncológico do país - quer em termos de doentes tratados, quer de doentes operados -, com menos recursos financeiros do que os outros centros, e introduziu o IPO na lista das 50 instituições de referência europeias", sublinhou.

O homenageado mostrou-se satisfeito, com as inúmeras presenças, logo à entrada da sala. Os convivas apareceram em maior número do que a disponibilidade da sala - foram aceites as inscrições de 530 pessoas e recusadas as intenções de mais 250. "É a indicação que a sociedade civil está a reagir em relação ao trabalho que realizei e que todos os profissionais da casa realizaram. E provavelmente reagem também à situação que me foi imposta e que também não seria do agrado das pessoas que estão aqui", considerou Vítor Veloso.

O cirurgião aproveitou para criticar duramente a ministra da Saúde, Manuela Arcanjo, pela forma como conduziu o processo da sua exoneração, alegadamente devido à prática de ter fomentado a medicina privada nas instalações do Hospital. "Não foi uma maneira decente de se tratar deste tipo de situações", considerou.

O presidente exonerado estava à frente dos destinos do IPO há já oito anos e, segundo confidenciou, preparava-se para terminar esse tipo de funções: "Trata-se de um lugar de confiança e, obviamente, deve haver substituições de tempos a tempos. E era isso que se perspectivava, porque pensava que três mandatos eram já suficientes. Mas a minha substituição aconteceu de uma maneira inesperada, que considero susceptível dos mais variados comentários."

Admitindo estar magoado, Veloso lamentava sobretudo a imagem manchada da instituição - "O IPO e os doentes não mereciam isto" -, mas garantiu que iria colaborar com o novo presidente, Ricardo Luz: "Com a lealdade que sempre tive em relação aos superiores", frisou.

Ricardo Luz, o sucessor de Vítor Veloso, é um quadro da medicina oncológica do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e começou a exercer as suas funções na primeira semana do ano. Diamantino Gomes, diz que "parece ser uma pessoa de trato muito amável". Mas quis frisar a surpresa de a tutela não ter conseguido "descobrir nem no norte de Portugal, nem no IPO do Porto, um médico credenciado para gerir os destinos do IPO".

Entre os presentes, o PÚBLICO avistou os sociais-democratas Fernando Melo, Valentim Loureiro e Vieira de Carvalho, os médicos Albino Aroso e Domingos Gomes. Foram ainda lidas mensagens de solidariedade de Fernando Gomes, Narciso Miranda, Jorge Pires e Artur Santos Silva.

Luísa Pinto

Presidente exonerado do IPO homenageado no Porto

"Não Foi Uma Atitude Decente"

Por LUÍSA PINTO

Domingo, 14 de Janeiro de 2001

Vítor Veloso, o director do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto exonerado pela ministra da Saúde, foi anteontem à noite homenageado no Porto num jantar que reuniu mais de cinco centenas de pessoas, entre colaboradores e amigos do médico e individualidades da área financeira, económica e política.

Um dos promotores do evento, Diamantino Gomes, cirurgião no IPO do Porto, disse ao PÚBLICO que a homenagem se destinava a destacar um "trabalho que é de referência ao nível da gestão hospitalar". "Transformou o IPO no maior centro oncológico do país - quer em termos de doentes tratados, quer de doentes operados -, com menos recursos financeiros do que os outros centros, e introduziu o IPO na lista das 50 instituições de referência europeias", sublinhou.

O homenageado mostrou-se satisfeito, com as inúmeras presenças, logo à entrada da sala. Os convivas apareceram em maior número do que a disponibilidade da sala - foram aceites as inscrições de 530 pessoas e recusadas as intenções de mais 250. "É a indicação que a sociedade civil está a reagir em relação ao trabalho que realizei e que todos os profissionais da casa realizaram. E provavelmente reagem também à situação que me foi imposta e que também não seria do agrado das pessoas que estão aqui", considerou Vítor Veloso.

O cirurgião aproveitou para criticar duramente a ministra da Saúde, Manuela Arcanjo, pela forma como conduziu o processo da sua exoneração, alegadamente devido à prática de ter fomentado a medicina privada nas instalações do Hospital. "Não foi uma maneira decente de se tratar deste tipo de situações", considerou.

O presidente exonerado estava à frente dos destinos do IPO há já oito anos e, segundo confidenciou, preparava-se para terminar esse tipo de funções: "Trata-se de um lugar de confiança e, obviamente, deve haver substituições de tempos a tempos. E era isso que se perspectivava, porque pensava que três mandatos eram já suficientes. Mas a minha substituição aconteceu de uma maneira inesperada, que considero susceptível dos mais variados comentários."

Admitindo estar magoado, Veloso lamentava sobretudo a imagem manchada da instituição - "O IPO e os doentes não mereciam isto" -, mas garantiu que iria colaborar com o novo presidente, Ricardo Luz: "Com a lealdade que sempre tive em relação aos superiores", frisou.

Ricardo Luz, o sucessor de Vítor Veloso, é um quadro da medicina oncológica do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e começou a exercer as suas funções na primeira semana do ano. Diamantino Gomes, diz que "parece ser uma pessoa de trato muito amável". Mas quis frisar a surpresa de a tutela não ter conseguido "descobrir nem no norte de Portugal, nem no IPO do Porto, um médico credenciado para gerir os destinos do IPO".

Entre os presentes, o PÚBLICO avistou os sociais-democratas Fernando Melo, Valentim Loureiro e Vieira de Carvalho, os médicos Albino Aroso e Domingos Gomes. Foram ainda lidas mensagens de solidariedade de Fernando Gomes, Narciso Miranda, Jorge Pires e Artur Santos Silva.

Luísa Pinto

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