EXPRESSO: País

02-10-2001
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Cardoso ameaçado

PS deixa claro que não tolera a recandidatura do autarca do Porto

Francisco F. Neves/Lusa Sócrates e Cardoso: as frequentes visitas de ministros ao Porto são sinais que preocupam a candidatura de Gomes

A DIRECÇÃO Nacional do PS está muito preocupada com a eventualidade de Nuno Cardoso se recandidatar à Câmara do Porto., disse ontem ao EXPRESSO Jorge Coelho. Nuno Cardoso anuncia depois de amanhã a sua decisão, numa conferência de Imprensa, e dá provas de continuar motivado a avançar na corrida autárquica. Qualquer que seja a decisão, Nuno Cardoso pode ter a certeza de que nunca mais poderá contar com o PS.

A questão é friamente colocada por um dirigente nacional do PS: «Se avançar, torna-se inimigo. Mas se não o fizer, já não fica grande amigo».

Ainda ontem, Cardoso aproveitou uma visita de Guterres ao Porto para mais uma «operação de charme» com o eleitorado, distribuindo beijos e abraços a uma multidão que o entusiasmava a candidatar-se. Poucas horas antes, Cardoso tinha ficado ainda mais feliz, depois de ter recebido um rasgado elogio público de Vieira de Carvalho: durante uma cerimónia em Campanhã, o autarca social-democrata da Maia disse que o Porto tinha muito a agradecer ao presidente da Câmara.

Fernando Gomes e Rui Rio quase paralisaram as suas campanhas, ficando reféns daquilo que Cardoso anunciará depois de amanhã. E, embora não acreditem que ele avance, não arriscam uma aposta sobre o assunto.

A intervenção de Narciso

Narciso Miranda tornou-se uma peça importante neste jogo de nervos. O líder da Distrital do PS/Porto tem estado a negociar o assunto em conversas separadas com Gomes e Cardoso, tentando desesperadamente evitar uma candidatura independente que poderá deixar muitas marcas na candidatura de Gomes.

A intervenção de Narciso Miranda é uma ironia do destino. Narciso incompatibilizou-se com Gomes porque se viu ultrapassado por este na corrida à candidatura socialista à Câmara do Porto. Agora, é Narciso quem promete ajudar Gomes a livrar-se da embaraçosa situação de ter de defrontar o homem que ele mesmo nomeou sucessor na autarquia.

Contudo, alguns dirigentes socialistas, menos próximos de Gomes, têm mesmo incentivado Cardoso a avançar, argumentando que acham que o candidato socialista ganhará de qualquer forma, mas ficaria mais fragilizado.

As frequentes visitas de ministros ao Porto, como José Sócrates - que andou de bicicleta na cidade no dia europeu sem carros -, ou as deslocações de Cardoso a qualquer sítio do Norte onde se saiba da aparição de António Guterres (como o comício de «rentrée», ou o anúncio de redes viárias no Minho) são sinais que preocupam a candidatura de Gomes pelo que podem significar em termos de aprovação do partido às suas intenções políticas.

Na candidatura de Rui Rio a eventualidade de uma candidatura de Nuno Cardoso é bem acolhida. Os sociais-democratas acreditam que o actual presidente da Câmara do Porto iria sobretudo «roubar» votos a Gomes e consideram mesmo que, com essa candidatura independente no terreno, Rio pode até vencer.

No PSD, a linha de pensamento é que os socialistas podem perder a Câmara num cenário de cisão. Aliás, o partido sentiu na pele esse problema em 1989: nessas eleições autárquicas no Porto, o então presidente da Câmara, Fernando Cabral, transferiu-se do PSD para uma lista do CDS e reteve muitos dos votos que não permitiram ao candidato social-democrata Carlos Brito bater o socialista Fernando Gomes.

Cardoso ameaçado

PS deixa claro que não tolera a recandidatura do autarca do Porto

Francisco F. Neves/Lusa Sócrates e Cardoso: as frequentes visitas de ministros ao Porto são sinais que preocupam a candidatura de Gomes

A DIRECÇÃO Nacional do PS está muito preocupada com a eventualidade de Nuno Cardoso se recandidatar à Câmara do Porto., disse ontem ao EXPRESSO Jorge Coelho. Nuno Cardoso anuncia depois de amanhã a sua decisão, numa conferência de Imprensa, e dá provas de continuar motivado a avançar na corrida autárquica. Qualquer que seja a decisão, Nuno Cardoso pode ter a certeza de que nunca mais poderá contar com o PS.

A questão é friamente colocada por um dirigente nacional do PS: «Se avançar, torna-se inimigo. Mas se não o fizer, já não fica grande amigo».

Ainda ontem, Cardoso aproveitou uma visita de Guterres ao Porto para mais uma «operação de charme» com o eleitorado, distribuindo beijos e abraços a uma multidão que o entusiasmava a candidatar-se. Poucas horas antes, Cardoso tinha ficado ainda mais feliz, depois de ter recebido um rasgado elogio público de Vieira de Carvalho: durante uma cerimónia em Campanhã, o autarca social-democrata da Maia disse que o Porto tinha muito a agradecer ao presidente da Câmara.

Fernando Gomes e Rui Rio quase paralisaram as suas campanhas, ficando reféns daquilo que Cardoso anunciará depois de amanhã. E, embora não acreditem que ele avance, não arriscam uma aposta sobre o assunto.

A intervenção de Narciso

Narciso Miranda tornou-se uma peça importante neste jogo de nervos. O líder da Distrital do PS/Porto tem estado a negociar o assunto em conversas separadas com Gomes e Cardoso, tentando desesperadamente evitar uma candidatura independente que poderá deixar muitas marcas na candidatura de Gomes.

A intervenção de Narciso Miranda é uma ironia do destino. Narciso incompatibilizou-se com Gomes porque se viu ultrapassado por este na corrida à candidatura socialista à Câmara do Porto. Agora, é Narciso quem promete ajudar Gomes a livrar-se da embaraçosa situação de ter de defrontar o homem que ele mesmo nomeou sucessor na autarquia.

Contudo, alguns dirigentes socialistas, menos próximos de Gomes, têm mesmo incentivado Cardoso a avançar, argumentando que acham que o candidato socialista ganhará de qualquer forma, mas ficaria mais fragilizado.

As frequentes visitas de ministros ao Porto, como José Sócrates - que andou de bicicleta na cidade no dia europeu sem carros -, ou as deslocações de Cardoso a qualquer sítio do Norte onde se saiba da aparição de António Guterres (como o comício de «rentrée», ou o anúncio de redes viárias no Minho) são sinais que preocupam a candidatura de Gomes pelo que podem significar em termos de aprovação do partido às suas intenções políticas.

Na candidatura de Rui Rio a eventualidade de uma candidatura de Nuno Cardoso é bem acolhida. Os sociais-democratas acreditam que o actual presidente da Câmara do Porto iria sobretudo «roubar» votos a Gomes e consideram mesmo que, com essa candidatura independente no terreno, Rio pode até vencer.

No PSD, a linha de pensamento é que os socialistas podem perder a Câmara num cenário de cisão. Aliás, o partido sentiu na pele esse problema em 1989: nessas eleições autárquicas no Porto, o então presidente da Câmara, Fernando Cabral, transferiu-se do PSD para uma lista do CDS e reteve muitos dos votos que não permitiram ao candidato social-democrata Carlos Brito bater o socialista Fernando Gomes.

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