EXPRESSO: País

22-09-2001
marcar artigo

«Guerra» de munições em Alcochete

A INDÚSTRIA de Desmilitarização e Defesa (IDD) - empresa pública tutelada pelo ministro Castro Caldas - vai iniciar, em breve, os testes de uma unidade de desmantelamento e queima de munições obsoletas, entretanto instalada em Alcochete e envolta no maior secretismo. O Ministério da Defesa admitiu ao EXPRESSO que «a unidade está montada e pronta para iniciar a sua actividade». Os testes deverão começar ainda neste trimestre.

O projecto, apresentado no ano passado, sofreu, desde logo, uma forte contestação da autarquia local e das associações ambientalistas. Em causa estavam os perigos ambientais e de saúde pública associados ao desmantelamento e consequente queima de cerca de 80 mil minas antipessoais e diversas granadas e outros explosivos de guerra em fim de vida. Na composição destas munições constam vários metais pesados, como chumbo, e outras substâncias perigosas, nomeadamente ftalatos, antimónio e compostos azotados.

Facto consumado

Perante a recusa da IDD em realizar um estudo de impacte ambiental - uma vez que, de acordo com o Catálogo Europeu de Resíduos, estes materiais são lixos perigosos -, a autarquia de Alcochete apresentou uma queixa em Setembro do ano passado no Tribunal Administrativo de Lisboa. Nessa altura, a Assembleia Municipal tinha emitido um parecer desfavorável ao projecto, mas sem carácter vinculativo.

«Apenas recebemos um estudo de incidências, com pouca informação, e nem sequer tivemos autorização para o divulgar», salientou ao EXPRESSO, no início da semana, Miguel Boieiro, presidente da autarquia. «A partir daí, não soubemos mais nada», salientou este edil.

No entanto, a empresa militar terá avançado com o projecto, apanhando de surpresa a autarquia alcochetense e os ecologistas. Confrontado ontem com este «facto consumado», Álvaro Costa, vice-presidente de Alcochete - que substitui Boieiro, ausente no estrangeiro - diz-se «surpreendido com esta situação». E acrescenta: «Consideramos inadmissível que nos tenham escondido este processo».

Francisco Ferreira, presidente da Quercus, lamenta que «nos meios militares esteja enraizado uma postura de secretismo, que tão maus resultados mostrou nas Balcãs».

Fernando Costa, porta-voz do Ministério da Defesa, diz não compreender esta situação. «Portugal tem que cumprir a convenção internacional de destruir as minas antipessoais e não pode largar as munições no mar; somos agora 'presos por ter cão e presos por não o ter'», salienta.

«Guerra» de munições em Alcochete

A INDÚSTRIA de Desmilitarização e Defesa (IDD) - empresa pública tutelada pelo ministro Castro Caldas - vai iniciar, em breve, os testes de uma unidade de desmantelamento e queima de munições obsoletas, entretanto instalada em Alcochete e envolta no maior secretismo. O Ministério da Defesa admitiu ao EXPRESSO que «a unidade está montada e pronta para iniciar a sua actividade». Os testes deverão começar ainda neste trimestre.

O projecto, apresentado no ano passado, sofreu, desde logo, uma forte contestação da autarquia local e das associações ambientalistas. Em causa estavam os perigos ambientais e de saúde pública associados ao desmantelamento e consequente queima de cerca de 80 mil minas antipessoais e diversas granadas e outros explosivos de guerra em fim de vida. Na composição destas munições constam vários metais pesados, como chumbo, e outras substâncias perigosas, nomeadamente ftalatos, antimónio e compostos azotados.

Facto consumado

Perante a recusa da IDD em realizar um estudo de impacte ambiental - uma vez que, de acordo com o Catálogo Europeu de Resíduos, estes materiais são lixos perigosos -, a autarquia de Alcochete apresentou uma queixa em Setembro do ano passado no Tribunal Administrativo de Lisboa. Nessa altura, a Assembleia Municipal tinha emitido um parecer desfavorável ao projecto, mas sem carácter vinculativo.

«Apenas recebemos um estudo de incidências, com pouca informação, e nem sequer tivemos autorização para o divulgar», salientou ao EXPRESSO, no início da semana, Miguel Boieiro, presidente da autarquia. «A partir daí, não soubemos mais nada», salientou este edil.

No entanto, a empresa militar terá avançado com o projecto, apanhando de surpresa a autarquia alcochetense e os ecologistas. Confrontado ontem com este «facto consumado», Álvaro Costa, vice-presidente de Alcochete - que substitui Boieiro, ausente no estrangeiro - diz-se «surpreendido com esta situação». E acrescenta: «Consideramos inadmissível que nos tenham escondido este processo».

Francisco Ferreira, presidente da Quercus, lamenta que «nos meios militares esteja enraizado uma postura de secretismo, que tão maus resultados mostrou nas Balcãs».

Fernando Costa, porta-voz do Ministério da Defesa, diz não compreender esta situação. «Portugal tem que cumprir a convenção internacional de destruir as minas antipessoais e não pode largar as munições no mar; somos agora 'presos por ter cão e presos por não o ter'», salienta.

marcar artigo