As estratégias das campanhas

19-02-2001
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As Estratégias das Campanhas

Sexta-feira, 29 de Dezembro de 2000 JORGE SAMPAIO: CHEGAR A "TODOS", MAS APERTANDO O CINTO Visitar "todos os distritos do país" é a estratégia eleitoral de Jorge Sampaio, que quer fazer "uma campanha de proximidade aos portugueses". Para isso, vai "percorrer o país de norte a sul". Alguns distritos poderão assistir até a duas ou três passagens da caravana do Presidente em campanha. O que é certo é que "nenhum distrito ficará de fora", para mostrar que esta candidatura "está aberta a todos os portugueses", "não exclui ninguém" e "não é contra ninguém". Sensibilizar "todos" os portugueses" em torno de "questões de fundo e não da pequena intriga política" é outra das metas do candidato, que chama a atenção para a "grande diferença" que o separa dos outros: avançou "sozinho" e "não foi designado para resolver os problemas internos de nenhum partido", numa alusão bastante clara à candidatura de Ferreira do Amaral. A seguir, surge um aviso: "Não acontece nada a nenhuma liderança partidária se o dr. Sampaio tiver mais ou menos votos no dia 14 de Janeiro." Outra preocupação de Jorge Sampaio é a abstenção, num país cujo "sistema político apresenta evidentes sinais de desgaste que afecta todos os agentes políticos". Portanto, conseguir "uma grande participação eleitoral" é outro grande objectivo da sua candidatura. Em termos de gastos de campanha, uma coisa está garantida: os limites de 300 mil contos impostos pela nova lei de financiamento eleitoral serão respeitados e as despesas devem ficar-se "pelos 280 mil", afirmou uma fonte da candidatura de Jorge Sampaio. Mas, para cumprir esses limites, houve cortes drásticos em gastos com comícios e cartazes, que serão menos de metade do que aqueles que foram usados na campanha de 1995, soube o PÚBLICO. Os tempos de antena também se vão ressentir do aperto de cinto. Mas se, no final da campanha, se verificar que o limite legal "não é suficiente para garantir o necessário esclarecimento e mobilização dos portugueses", Jorge Sampaio garante que "não se coibirá de o dizer aos responsáveis legislativos". Isabel Braga FERREIRA DO AMARAL: CONTRA A MARÉ DE ESQUERDA A candidatura de Ferreira do Amaral quer jogar pelo seguro e, por isso, o candidato às eleições presidenciais apoiado pelo PSD vai fazer uma volta pelo país ao encontro dos apoiantes que já o conhecem. Ferreira do Amaral volta aos mesmos locais onde já andou a fazer campanha e, porque o seu "staff" já fez a radiografia eleitoral do país, aposta no litoral, concentrando as suas acções de campanha nos distritos de Braga, Porto, Coimbra, Leiria e Lisboa. Comícios, só haverá cinco, em Ponte de Lima, Coimbra, Leiria, Funchal e o encerramento em Lisboa, no último dia de campanha. Ferreira do Amaral não deixará, no entanto, de fazer campanha nos mercados. A ideia de ir dormir a casa de pessoas foi posta de lado. A sugestão partiu da empresa brasileira que está a fazer a campanha do PSD, mas segundo o porta-voz de Ferreira do Amaral, Feliciano Barreiras Duarte, "não era muito praticável". Ferreira do Amaral, que é o único candidato de direita a estas eleições, aproveita todos os assuntos para atacar o actual Presidente da República e candidato pelo PS, Jorge Sampaio. A ideia central é que tanto Sampaio como o primeiro-ministro António Guterres são responsáveis pela crise que se vive no país e que estão os dois em decadência. Apesar disto, o PSD quer fazer uma campanha pela positiva, evocando valores que, dizem, os socialistas já esqueceram. "O eng. Ferreira do Amaral procura apelar a um conjunto de valores que o regime socialista quase baniu do vocabulário cívico do país, como trabalho, honradez, rectidão, família, exigência e autoridade. É preciso alguém que fale disso. Uma sociedade que se preze não pode de um momento para o outro esquecer esses valores", afirmou ao PÚBLICO o porta-voz, contrapondo esta lógica à do "comprar, trocar, safar e desenrascar" do PS. Os cartazes que estão na rua agora são os únicos com a cara do candidato. Com o "slogan" "Um presidente próximo de si" e a bandeira de Portugal, Ferreira do Amaral pretende sublinhar os valores tradicionais, depois do cartaz que dizia "Um Portugal grande e solidário". Quanto aos gastos, Feliciano Barreiras Duarte não falou em números, mas garantiu que o PSD "vai cumprir rigorosamente a lei". Helena Pereira ANTÓNIO ABREU: DESCUBRA AS DIFERENÇAS António Abreu, o candidato do PCP, terá uma tarefa difícil pela frente: para além de se tornar conhecido de mais portugueses, tem de marcar as diferenças com Jorge Sampaio, com quem já partilhou uma lista para a Câmara Municipal de Lisboa e a quem o seu partido apoiou em 1996. Aliás, o PCP poderá ainda vir a apoiar novamente Sampaio, optando por não levar Abreu às urnas. Essa decisão cabe ao comité central do partido, que já marcou para os dias 8 e 9 uma reunião destinada, precisamente, a discutir as eleições presidenciais (ver página 7). O candidato comunista tem afirmado que o não distanciamento do actual Presidente da República em relação a muitas opções inseridas na política de direita e de subordinação nacional por parte do Governo em questões importantes de política interna e externa marcou este mandato e comprometeu expectativas criadas com a sua eleição. A funções e os poderes presidenciais serão, como já têm sido durante a pré-campanha, um dos temas dominantes nos discursos de António Abreu. Discursos feitos sempre em ambiente fechado. Leia-se: o candidato não fará comícios de rua. Tudo passará por contactos com instituições, empresas e apoiantes, numa campanha de carácter nacional, mas com maior pressão nas zonas com mais eleitores. A agenda deste candidato ainda não está completa, mas já prevê passagens por Aveiro, Porto, Coimbra, Braga, Évora, Beja, Santarém e Setúbal. Na última noite do ano, Abreu, que suspendeu as suas funções de vereador na Câmara de Lisboa, irá passar pela Torre de Belém, onde têm lugar as festas da cidade. No primeiro dia do ano almoça em Loures com familiares e colaboradores da sua candidatura. E no dia seguinte vai ao aeroporto de Lisboa, visitar o Instituto de Meteorologia. Eunice Lourenço FERNANDO ROSAS: "O CANDIDATO QUE ANDA COM OS PÉS NO CHÃO" O candidato presidencial do Bloco de Esquerda (BE), Fernando Rosas, apresenta-se ao eleitorado como aquele que "anda com os pés no chão", isto é, o candidato que vai ao encontro das realidades concretas, não apenas para as inventariar, como para propor soluções. Em obediência a esta estratégia, Rosas anda, desde Julho, a percorrer o país, visitando bairros degradados, "ghettos" de droga e cadeias e também - com a preocupação de "fazer pedagogia" - indo a "lugares onde a cidadania mostrou que são possíveis alternativas às insuficiências do Estado". Foi para chamar a atenção para estes últimos que Fernando Rosas visitou um centro social para a terceira idade, em Montes Altos, no Alentejo, que resultou da acção dos moradores da aldeia, e que passou pela associação de moradores do Bairro da Bela Vista, em Setúbal, onde um pequeno grupo de mulheres tenta criar apoios sociais mínimos. Para mostrar que é possível lutar com sucesso contra a interioridade, visitou o Centro Arqueológico de Mértola e o grupo teatral de Tondela, ACERT. O objectivo da campanha do BE é "introduzir na agenda da discussão temas fundamentais que primariam pela ausência se o BE não concorresse às eleições", tais como o trabalho com direitos, o emprego e o desemprego, a distribuição dos rendimentos e a justiça fiscal, os direitos dos emigrantes ou as alternativas para a toxicodependência e para o aborto clandestino, afirma a candidatura bloquista. Na sua volta de campanha, Fernando Rosas privilegiará a zona de Lisboa e Setúbal, mas irá também ao Norte, a Braga e ao Porto, e passa por Santarém e Beja. Está prevista ainda uma ida ao Funchal, certamente para contentar os eleitores madeirenses da UDP - um dos partidos da coligação do BE. Os custos da campanha serão "reduzidos", garantiu a candidatura de Rosas. "Não chegaremos nem por sombras ao máximo que a lei prevê", disse a mesma fonte. "Uma boa parte dos gastos" serão cobertos pelos lucros de dois leilões e obras de arte doadas ao BE, cujo leilão "rendeu quatro mil contos". Isabel Braga GARCIA PEREIRA: TRÊS MIL CONTOS GASTOS EM LISBOA "Falar com as pessoas que vivem com os problemas dos portugueses no dia-a-dia." Foi assim que o candidato Garcia Pereira definiu a sua estratégia para os dias que restam de campanha das eleições presidenciais. O membro do comité central do PCTP/MRPP não tenciona fazer muitos comícios. "Palhaçadas dessas" deixa para os seus adversários políticos. O máximo que concede é uma "sessão pública de encerramento". Para além disso, só "sessões de debate" e "conferências", principalmente na área da Grande Lisboa, já que o orçamento não permite outros voos. As poucas escapadelas à capital serão para uma visita ao Norte, passando pelo Porto, Guimarães e Braga, para além de uma descida ao Alentejo. É o que é possível com os três mil contos que a candidatura do advogado angariou para a campanha. "Como vê, os limites legais de 280 mil contos não são para nós uma preocupação", ironiza o candidato. Mais de metade desse valor irá para a produção dos tempos de antena, em que a candidatura aposta para fazer passar a mensagem ao eleitorado. Os "operários", os "trabalhadores da indústria e do campo" são o eleitorado de Garcia Pereira. Pelo menos, é o próprio que o diz, já que o candidato reconheceu que a definição dada anteriormente - "todas as pessoas que vivem do seu trabalho" - se revelava abrangente de mais. Ainda assim, Garcia Pereira considera ser possível uma "votação significativa" dos votantes na sua candidatura. Um resultado correspondente a essa expressão tem de estar na ordem dos 4 a 5 por cento, ou seja, cem mil cruzes à frente do retrato do candidato. Quanto a "instrumentos" de campanha, novidades não vão existir. Para além dos tempos de antena, a candidatura de Garcia Pereira vai buscar as inevitáveis faixas, cartazes e "pins". E, tal como nos últimos tempos, os murais vão continuar em baixa. "São Pedro não está a colaborar muito para as eventuais pinturas que se pudessem fazer", confessa o advogado. Nuno Sá Lourenço OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Presidenciais sob o signo da indiferença

Os poderes do Presidente fixados na Constituição

As novas regras da campanha

EDITORIAL A eleição soporífera

"Um país a duas velocidades"

"Não precisamos nada da classe política"

As estratégias das campanhas

Sobre os poderes do Presidente

As Estratégias das Campanhas

Sexta-feira, 29 de Dezembro de 2000 JORGE SAMPAIO: CHEGAR A "TODOS", MAS APERTANDO O CINTO Visitar "todos os distritos do país" é a estratégia eleitoral de Jorge Sampaio, que quer fazer "uma campanha de proximidade aos portugueses". Para isso, vai "percorrer o país de norte a sul". Alguns distritos poderão assistir até a duas ou três passagens da caravana do Presidente em campanha. O que é certo é que "nenhum distrito ficará de fora", para mostrar que esta candidatura "está aberta a todos os portugueses", "não exclui ninguém" e "não é contra ninguém". Sensibilizar "todos" os portugueses" em torno de "questões de fundo e não da pequena intriga política" é outra das metas do candidato, que chama a atenção para a "grande diferença" que o separa dos outros: avançou "sozinho" e "não foi designado para resolver os problemas internos de nenhum partido", numa alusão bastante clara à candidatura de Ferreira do Amaral. A seguir, surge um aviso: "Não acontece nada a nenhuma liderança partidária se o dr. Sampaio tiver mais ou menos votos no dia 14 de Janeiro." Outra preocupação de Jorge Sampaio é a abstenção, num país cujo "sistema político apresenta evidentes sinais de desgaste que afecta todos os agentes políticos". Portanto, conseguir "uma grande participação eleitoral" é outro grande objectivo da sua candidatura. Em termos de gastos de campanha, uma coisa está garantida: os limites de 300 mil contos impostos pela nova lei de financiamento eleitoral serão respeitados e as despesas devem ficar-se "pelos 280 mil", afirmou uma fonte da candidatura de Jorge Sampaio. Mas, para cumprir esses limites, houve cortes drásticos em gastos com comícios e cartazes, que serão menos de metade do que aqueles que foram usados na campanha de 1995, soube o PÚBLICO. Os tempos de antena também se vão ressentir do aperto de cinto. Mas se, no final da campanha, se verificar que o limite legal "não é suficiente para garantir o necessário esclarecimento e mobilização dos portugueses", Jorge Sampaio garante que "não se coibirá de o dizer aos responsáveis legislativos". Isabel Braga FERREIRA DO AMARAL: CONTRA A MARÉ DE ESQUERDA A candidatura de Ferreira do Amaral quer jogar pelo seguro e, por isso, o candidato às eleições presidenciais apoiado pelo PSD vai fazer uma volta pelo país ao encontro dos apoiantes que já o conhecem. Ferreira do Amaral volta aos mesmos locais onde já andou a fazer campanha e, porque o seu "staff" já fez a radiografia eleitoral do país, aposta no litoral, concentrando as suas acções de campanha nos distritos de Braga, Porto, Coimbra, Leiria e Lisboa. Comícios, só haverá cinco, em Ponte de Lima, Coimbra, Leiria, Funchal e o encerramento em Lisboa, no último dia de campanha. Ferreira do Amaral não deixará, no entanto, de fazer campanha nos mercados. A ideia de ir dormir a casa de pessoas foi posta de lado. A sugestão partiu da empresa brasileira que está a fazer a campanha do PSD, mas segundo o porta-voz de Ferreira do Amaral, Feliciano Barreiras Duarte, "não era muito praticável". Ferreira do Amaral, que é o único candidato de direita a estas eleições, aproveita todos os assuntos para atacar o actual Presidente da República e candidato pelo PS, Jorge Sampaio. A ideia central é que tanto Sampaio como o primeiro-ministro António Guterres são responsáveis pela crise que se vive no país e que estão os dois em decadência. Apesar disto, o PSD quer fazer uma campanha pela positiva, evocando valores que, dizem, os socialistas já esqueceram. "O eng. Ferreira do Amaral procura apelar a um conjunto de valores que o regime socialista quase baniu do vocabulário cívico do país, como trabalho, honradez, rectidão, família, exigência e autoridade. É preciso alguém que fale disso. Uma sociedade que se preze não pode de um momento para o outro esquecer esses valores", afirmou ao PÚBLICO o porta-voz, contrapondo esta lógica à do "comprar, trocar, safar e desenrascar" do PS. Os cartazes que estão na rua agora são os únicos com a cara do candidato. Com o "slogan" "Um presidente próximo de si" e a bandeira de Portugal, Ferreira do Amaral pretende sublinhar os valores tradicionais, depois do cartaz que dizia "Um Portugal grande e solidário". Quanto aos gastos, Feliciano Barreiras Duarte não falou em números, mas garantiu que o PSD "vai cumprir rigorosamente a lei". Helena Pereira ANTÓNIO ABREU: DESCUBRA AS DIFERENÇAS António Abreu, o candidato do PCP, terá uma tarefa difícil pela frente: para além de se tornar conhecido de mais portugueses, tem de marcar as diferenças com Jorge Sampaio, com quem já partilhou uma lista para a Câmara Municipal de Lisboa e a quem o seu partido apoiou em 1996. Aliás, o PCP poderá ainda vir a apoiar novamente Sampaio, optando por não levar Abreu às urnas. Essa decisão cabe ao comité central do partido, que já marcou para os dias 8 e 9 uma reunião destinada, precisamente, a discutir as eleições presidenciais (ver página 7). O candidato comunista tem afirmado que o não distanciamento do actual Presidente da República em relação a muitas opções inseridas na política de direita e de subordinação nacional por parte do Governo em questões importantes de política interna e externa marcou este mandato e comprometeu expectativas criadas com a sua eleição. A funções e os poderes presidenciais serão, como já têm sido durante a pré-campanha, um dos temas dominantes nos discursos de António Abreu. Discursos feitos sempre em ambiente fechado. Leia-se: o candidato não fará comícios de rua. Tudo passará por contactos com instituições, empresas e apoiantes, numa campanha de carácter nacional, mas com maior pressão nas zonas com mais eleitores. A agenda deste candidato ainda não está completa, mas já prevê passagens por Aveiro, Porto, Coimbra, Braga, Évora, Beja, Santarém e Setúbal. Na última noite do ano, Abreu, que suspendeu as suas funções de vereador na Câmara de Lisboa, irá passar pela Torre de Belém, onde têm lugar as festas da cidade. No primeiro dia do ano almoça em Loures com familiares e colaboradores da sua candidatura. E no dia seguinte vai ao aeroporto de Lisboa, visitar o Instituto de Meteorologia. Eunice Lourenço FERNANDO ROSAS: "O CANDIDATO QUE ANDA COM OS PÉS NO CHÃO" O candidato presidencial do Bloco de Esquerda (BE), Fernando Rosas, apresenta-se ao eleitorado como aquele que "anda com os pés no chão", isto é, o candidato que vai ao encontro das realidades concretas, não apenas para as inventariar, como para propor soluções. Em obediência a esta estratégia, Rosas anda, desde Julho, a percorrer o país, visitando bairros degradados, "ghettos" de droga e cadeias e também - com a preocupação de "fazer pedagogia" - indo a "lugares onde a cidadania mostrou que são possíveis alternativas às insuficiências do Estado". Foi para chamar a atenção para estes últimos que Fernando Rosas visitou um centro social para a terceira idade, em Montes Altos, no Alentejo, que resultou da acção dos moradores da aldeia, e que passou pela associação de moradores do Bairro da Bela Vista, em Setúbal, onde um pequeno grupo de mulheres tenta criar apoios sociais mínimos. Para mostrar que é possível lutar com sucesso contra a interioridade, visitou o Centro Arqueológico de Mértola e o grupo teatral de Tondela, ACERT. O objectivo da campanha do BE é "introduzir na agenda da discussão temas fundamentais que primariam pela ausência se o BE não concorresse às eleições", tais como o trabalho com direitos, o emprego e o desemprego, a distribuição dos rendimentos e a justiça fiscal, os direitos dos emigrantes ou as alternativas para a toxicodependência e para o aborto clandestino, afirma a candidatura bloquista. Na sua volta de campanha, Fernando Rosas privilegiará a zona de Lisboa e Setúbal, mas irá também ao Norte, a Braga e ao Porto, e passa por Santarém e Beja. Está prevista ainda uma ida ao Funchal, certamente para contentar os eleitores madeirenses da UDP - um dos partidos da coligação do BE. Os custos da campanha serão "reduzidos", garantiu a candidatura de Rosas. "Não chegaremos nem por sombras ao máximo que a lei prevê", disse a mesma fonte. "Uma boa parte dos gastos" serão cobertos pelos lucros de dois leilões e obras de arte doadas ao BE, cujo leilão "rendeu quatro mil contos". Isabel Braga GARCIA PEREIRA: TRÊS MIL CONTOS GASTOS EM LISBOA "Falar com as pessoas que vivem com os problemas dos portugueses no dia-a-dia." Foi assim que o candidato Garcia Pereira definiu a sua estratégia para os dias que restam de campanha das eleições presidenciais. O membro do comité central do PCTP/MRPP não tenciona fazer muitos comícios. "Palhaçadas dessas" deixa para os seus adversários políticos. O máximo que concede é uma "sessão pública de encerramento". Para além disso, só "sessões de debate" e "conferências", principalmente na área da Grande Lisboa, já que o orçamento não permite outros voos. As poucas escapadelas à capital serão para uma visita ao Norte, passando pelo Porto, Guimarães e Braga, para além de uma descida ao Alentejo. É o que é possível com os três mil contos que a candidatura do advogado angariou para a campanha. "Como vê, os limites legais de 280 mil contos não são para nós uma preocupação", ironiza o candidato. Mais de metade desse valor irá para a produção dos tempos de antena, em que a candidatura aposta para fazer passar a mensagem ao eleitorado. Os "operários", os "trabalhadores da indústria e do campo" são o eleitorado de Garcia Pereira. Pelo menos, é o próprio que o diz, já que o candidato reconheceu que a definição dada anteriormente - "todas as pessoas que vivem do seu trabalho" - se revelava abrangente de mais. Ainda assim, Garcia Pereira considera ser possível uma "votação significativa" dos votantes na sua candidatura. Um resultado correspondente a essa expressão tem de estar na ordem dos 4 a 5 por cento, ou seja, cem mil cruzes à frente do retrato do candidato. Quanto a "instrumentos" de campanha, novidades não vão existir. Para além dos tempos de antena, a candidatura de Garcia Pereira vai buscar as inevitáveis faixas, cartazes e "pins". E, tal como nos últimos tempos, os murais vão continuar em baixa. "São Pedro não está a colaborar muito para as eventuais pinturas que se pudessem fazer", confessa o advogado. Nuno Sá Lourenço OUTROS TÍTULOS EM DESTAQUE Presidenciais sob o signo da indiferença

Os poderes do Presidente fixados na Constituição

As novas regras da campanha

EDITORIAL A eleição soporífera

"Um país a duas velocidades"

"Não precisamos nada da classe política"

As estratégias das campanhas

Sobre os poderes do Presidente

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