Bronca na campanha de Ferreira

19-02-2001
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Descoordenação na volta pelo país culmina em ataques internos

Bronca na Campanha de Ferreira

Por HELENA PEREIRA

Terça-feira, 9 de Janeiro de 2001

Ainda antes do período oficial de campanha começar, a equipa da candidatura de Ferreira do Amaral, candidato à Presidência da República apoiado pelo PSD, dava sinais de algumas desavenças internas. Os episódios têm vindo a suceder-se e ontem o verniz estalou, no distrito de Viseu. Um dos assessores de imprensa, o único que acompanhava a comitiva, foi chamado a Lisboa pelo director executivo da campanha, depois de uma discussão com o porta-voz e coordenador do candidato, Feliciano Barreiras Duarte.

Ao fim da tarde, o insólito aconteceu, com a assessoria de imprensa do candidato a emitir um comunicado contra o porta-voz, o que enfureceu a direcção da candidatura. "Apesar da atitude deliberada e continuada de boicote da campanha de Joaquim Ferreira do Amaral protagonizada pelo sr. Feliciano Duarte, a assessoria para a comunicação social vai continuar a prestar o seu apoio profissional a esta candidatura. Todavia, por uma questão de funcionalidade e bom desempenho das funções para as quais fomos contratados, somos compelidos a não permanecer no terreno da campanha", anunciou Jorge Peixoto, que, juntamente com José Paulo Fafe, integra o gabinete de imprensa.

Acontece que foi o próprio Ferreira do Amaral quem convidou José Paulo Fafe para liderar o gabinete de imprensa e este, por sua vez, resolveu convidar Jorge Peixoto, que é assessor de Luís Filipe Menezes. O convite foi aceite e Peixoto passou a acompanhar a caravana da candidatura. José Paulo Fafe manteve-se no gabinete de imprensa, em Lisboa, e nunca partiu para a estrada. Foi, aliás, de Lisboa que lançou ataques à JSD, o que levou o secretário-geral da "jota" a abandonar a comitiva esta semana, apesar daquela estrutura continuar a aparecer nas iniciativas de campanha de Ferreira do Amaral.

Feliciano Barreiras Duarte, deputado e membro da Comissão Política, assumiu funções de coordenador e porta-voz; Hermínio Loureiro, deputado e membro da Comissão Política, de organizador da volta; e Cabral da Fonseca, de director executivo.

Cabral da Fonseca desdramatizou o assunto, dizendo que fazia falta em Lisboa mais um assessor, mas garantiu que Barreiras Duarte tem sido "precioso" na campanha de Ferreira do Amaral. O porta-voz, por seu lado, remeteu-se ao quase silêncio, dizendo apenas que "tem provas dadas" ao longo dos meses em que está a trabalhar com o candidato.

O episódio que despoletou estes desenvolvimentos teve origem logo pela manhã. O candidato levantou-se cedo para cumprir o que estava no calendário: um passeio em Lamego e depois em Castro d'Aire. Acontece que apesar da comitiva não ser muito grande, a confusão facilmente se instalou. Em Lamego, onde estavam à espera cerca de 50 apoiantes, Ferreira do Amaral não teve tempo para mais nada a não ser dar uma entrevista em directo para a SIC Notícias e tomar café numa pastelaria. Peixoto não teve conhecimento da combinação com a estação de televisão e no meio da rua e perante os jornalistas dirigiu-se de mão em riste e de forma violenta ao coordenador e porta-voz da campanha, Feliciano Barreiras Duarte, para tirar satisfações. Na altura, Ferreira do Amaral não se terá apercebido de nada. Mas o candidato deve, no fundo, ter sentido-se arrependido de ter estado na origem de toda esta situação.

Acerca deste último episódio com Peixoto, fonte da candidatura afirmou ao PÚBLICO que a equipa "tem uma hierarquia" e que "as regras e a orientação política têm que ser respeitadas".

Em todas estas situações, Fafe e Peixoto têm sido referidos na comitiva como meros "funcionários". E a notícia de que Peixoto teria confessado que nem iria votar em Ferreira do Amaral depois do debate dos candidatos presidenciais na RTP contribuiu também para a irritação do candidato.

Helena Pereira

Descoordenação na volta pelo país culmina em ataques internos

Bronca na Campanha de Ferreira

Por HELENA PEREIRA

Terça-feira, 9 de Janeiro de 2001

Ainda antes do período oficial de campanha começar, a equipa da candidatura de Ferreira do Amaral, candidato à Presidência da República apoiado pelo PSD, dava sinais de algumas desavenças internas. Os episódios têm vindo a suceder-se e ontem o verniz estalou, no distrito de Viseu. Um dos assessores de imprensa, o único que acompanhava a comitiva, foi chamado a Lisboa pelo director executivo da campanha, depois de uma discussão com o porta-voz e coordenador do candidato, Feliciano Barreiras Duarte.

Ao fim da tarde, o insólito aconteceu, com a assessoria de imprensa do candidato a emitir um comunicado contra o porta-voz, o que enfureceu a direcção da candidatura. "Apesar da atitude deliberada e continuada de boicote da campanha de Joaquim Ferreira do Amaral protagonizada pelo sr. Feliciano Duarte, a assessoria para a comunicação social vai continuar a prestar o seu apoio profissional a esta candidatura. Todavia, por uma questão de funcionalidade e bom desempenho das funções para as quais fomos contratados, somos compelidos a não permanecer no terreno da campanha", anunciou Jorge Peixoto, que, juntamente com José Paulo Fafe, integra o gabinete de imprensa.

Acontece que foi o próprio Ferreira do Amaral quem convidou José Paulo Fafe para liderar o gabinete de imprensa e este, por sua vez, resolveu convidar Jorge Peixoto, que é assessor de Luís Filipe Menezes. O convite foi aceite e Peixoto passou a acompanhar a caravana da candidatura. José Paulo Fafe manteve-se no gabinete de imprensa, em Lisboa, e nunca partiu para a estrada. Foi, aliás, de Lisboa que lançou ataques à JSD, o que levou o secretário-geral da "jota" a abandonar a comitiva esta semana, apesar daquela estrutura continuar a aparecer nas iniciativas de campanha de Ferreira do Amaral.

Feliciano Barreiras Duarte, deputado e membro da Comissão Política, assumiu funções de coordenador e porta-voz; Hermínio Loureiro, deputado e membro da Comissão Política, de organizador da volta; e Cabral da Fonseca, de director executivo.

Cabral da Fonseca desdramatizou o assunto, dizendo que fazia falta em Lisboa mais um assessor, mas garantiu que Barreiras Duarte tem sido "precioso" na campanha de Ferreira do Amaral. O porta-voz, por seu lado, remeteu-se ao quase silêncio, dizendo apenas que "tem provas dadas" ao longo dos meses em que está a trabalhar com o candidato.

O episódio que despoletou estes desenvolvimentos teve origem logo pela manhã. O candidato levantou-se cedo para cumprir o que estava no calendário: um passeio em Lamego e depois em Castro d'Aire. Acontece que apesar da comitiva não ser muito grande, a confusão facilmente se instalou. Em Lamego, onde estavam à espera cerca de 50 apoiantes, Ferreira do Amaral não teve tempo para mais nada a não ser dar uma entrevista em directo para a SIC Notícias e tomar café numa pastelaria. Peixoto não teve conhecimento da combinação com a estação de televisão e no meio da rua e perante os jornalistas dirigiu-se de mão em riste e de forma violenta ao coordenador e porta-voz da campanha, Feliciano Barreiras Duarte, para tirar satisfações. Na altura, Ferreira do Amaral não se terá apercebido de nada. Mas o candidato deve, no fundo, ter sentido-se arrependido de ter estado na origem de toda esta situação.

Acerca deste último episódio com Peixoto, fonte da candidatura afirmou ao PÚBLICO que a equipa "tem uma hierarquia" e que "as regras e a orientação política têm que ser respeitadas".

Em todas estas situações, Fafe e Peixoto têm sido referidos na comitiva como meros "funcionários". E a notícia de que Peixoto teria confessado que nem iria votar em Ferreira do Amaral depois do debate dos candidatos presidenciais na RTP contribuiu também para a irritação do candidato.

Helena Pereira

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