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07-12-2001
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7 DEZEMBRO 2001 13:43 1 DEZEMBRO

Empresas Municipais Cultura falida e sem norte António Henriques e Pedro Almeida Vieira O CENTRO Cultural Olga de Cadaval — um dos dois espaços geridos pela empresa municipal Sintra Quorum — continua sem qualquer programação. Inaugurado há três semanas — cerimónia que contou com a presença do primeiro-ministro, António Guterres, e do ministro da Cultura, Augusto Santos Silva —, aquele novo espaço cultural não tem actividades previstas para os próximos meses, apesar da empresa ter três administradores e 26 empregados. Quem pretenda saber quais as actividades do novo centro cultural depara-se com um «não há nada a anunciar». Informações concretas sobre os eventos só são fornecidas não por qualquer gabinete específico mas pelo próprio presidente do Conselho de Administração da Sintra Quorum, José Chaves Ferreira. Contactado pelo EXPRESSO, este responsável admitiu «não existir (sequer) uma programação definida para 2002». Chaves Ferreira ficou de fornecer mais informações sobre a actividade da empresa, mas não o fez até ao fecho a edição. Quem pretenda saber quais as actividades do novo centro cultural depara-se com um «não há nada a anunciar». Informações concretas sobre os eventos só são fornecidas não por qualquer gabinete específico mas pelo próprio presidente do Conselho de Administração da Sintra Quorum, José Chaves Ferreira. Contactado pelo EXPRESSO, este responsável admitiu «não existir (sequer) uma programação definida para 2002». Chaves Ferreira ficou de fornecer mais informações sobre a actividade da empresa, mas não o fez até ao fecho a edição. Custos sem proveitos Custos sem proveitos Com início de actividade em Julho de 2000, a Sintra Quorum tem um vasto objecto social que passa pela exploração e gestão de equipamentos municipais e promoção de eventos culturais, artísticos, científicos, sócio-económicos, desportivos, recreativos e de animação turística. Mas a história recente da empresa mostra que tem ficado aquém dos objectivos iniciais. Com início de actividade em Julho de 2000, a Sintra Quorum tem um vasto objecto social que passa pela exploração e gestão de equipamentos municipais e promoção de eventos culturais, artísticos, científicos, sócio-económicos, desportivos, recreativos e de animação turística. Mas a história recente da empresa mostra que tem ficado aquém dos objectivos iniciais. As únicas actividades actuais da empresa municipal resumem-se à gestão do museu de Odrinhas, que, contudo, no ano passado, não apresentou qualquer actividade de relevo e, curiosamente, nenhuns proveitos financeiro. As únicas actividades actuais da empresa municipal resumem-se à gestão do museu de Odrinhas, que, contudo, no ano passado, não apresentou qualquer actividade de relevo e, curiosamente, nenhuns proveitos financeiro. De acordo com o relatório e contas do ano passado, a Sintra Quorum apresenta uma insólita situação: as únicas receitas foram 156 contos de juros bancários e as despesas atingiram os 42 mil contos, dos quais 30 mil em remunerações dos seus empregados e administradores e 10 mil de serviços externos. Em resultado disso, logo no primeiro ano, a Sintra Quorum apresentou um prejuízo que é superior ao seu capital social — o que, em termos contabilísticos, significa falência técnica. De acordo com o relatório e contas do ano passado, a Sintra Quorum apresenta uma insólita situação: as únicas receitas foram 156 contos de juros bancários e as despesas atingiram os 42 mil contos, dos quais 30 mil em remunerações dos seus empregados e administradores e 10 mil de serviços externos. Em resultado disso, logo no primeiro ano, a Sintra Quorum apresentou um prejuízo que é superior ao seu capital social — o que, em termos contabilísticos, significa falência técnica. De qualquer modo, a empresa serviu para contornar um obstáculo que a autarquia de Sintra teve nas obras do Centro Cultural Olga de Cadaval. No início do ano passado, o Tribunal de Contas recusou o visto prévio para as obras de remodelação daquele espaço cultural — rejeição que viria a ser reconfirmada em Março deste ano —, porque a adjudicação, no valor de 868 mil contos, tinha ultrapassado em 42% o preço-base do concurso público. Ou seja, mais 256 mil contos do que o inicialmente previsto. Naquele verba, incluíam-se mais 90 mil contos relativos ao projecto de arquitectura e construção civil e mais 60 mil na instalação de elevadores de fosso de orquestra. De qualquer modo, a empresa serviu para contornar um obstáculo que a autarquia de Sintra teve nas obras do Centro Cultural Olga de Cadaval. No início do ano passado, o Tribunal de Contas recusou o visto prévio para as obras de remodelação daquele espaço cultural — rejeição que viria a ser reconfirmada em Março deste ano —, porque a adjudicação, no valor de 868 mil contos, tinha ultrapassado em 42% o preço-base do concurso público. Ou seja, mais 256 mil contos do que o inicialmente previsto. Naquele verba, incluíam-se mais 90 mil contos relativos ao projecto de arquitectura e construção civil e mais 60 mil na instalação de elevadores de fosso de orquestra. Fundação falhada Fundação falhada A solução encontrada pela autarquia presidida por Edite Estrela foi transferir a obra para a empresa municipal, contornando assim a exigência de visto prévio do Tribunal de Contas. Rui Pereira, vereador da Cultura da edilidade, diz que «isso não foi um truque; podíamos fazer a obra por ajuste directo». A totalidade das obras do Centro Cultural terão atingido os dois milhões de contos, tendo o Ministério da Cultura comparticipado com 100 mil. A solução encontrada pela autarquia presidida por Edite Estrela foi transferir a obra para a empresa municipal, contornando assim a exigência de visto prévio do Tribunal de Contas. Rui Pereira, vereador da Cultura da edilidade, diz que «isso não foi um truque; podíamos fazer a obra por ajuste directo». A totalidade das obras do Centro Cultural terão atingido os dois milhões de contos, tendo o Ministério da Cultura comparticipado com 100 mil. Recentemente, a assembleia municipal aprovou a passagem da Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra para a tutela da Sintra Quorum. Esta foi, aliás, outra solução de recurso perante a recusa de reconhecimento por parte do Ministério da Administração Interna de uma fundação municipal criada há dois anos, porque esta não possuía meios autónomos. Algo que, aliás, também ocorre com a Sintra Quorum, que vive em exclusivo dos cofres da autarquia. Recentemente, a assembleia municipal aprovou a passagem da Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra para a tutela da Sintra Quorum. Esta foi, aliás, outra solução de recurso perante a recusa de reconhecimento por parte do Ministério da Administração Interna de uma fundação municipal criada há dois anos, porque esta não possuía meios autónomos. Algo que, aliás, também ocorre com a Sintra Quorum, que vive em exclusivo dos cofres da autarquia. Publicado na edição nº 1514 de 3 de Novembro de 2001 Publicado na edição nº 1514 de 3 de Novembro de 2001 16:01 19 Novembro 2001

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7 DEZEMBRO 2001 13:43 1 DEZEMBRO

Empresas Municipais Cultura falida e sem norte António Henriques e Pedro Almeida Vieira O CENTRO Cultural Olga de Cadaval — um dos dois espaços geridos pela empresa municipal Sintra Quorum — continua sem qualquer programação. Inaugurado há três semanas — cerimónia que contou com a presença do primeiro-ministro, António Guterres, e do ministro da Cultura, Augusto Santos Silva —, aquele novo espaço cultural não tem actividades previstas para os próximos meses, apesar da empresa ter três administradores e 26 empregados. Quem pretenda saber quais as actividades do novo centro cultural depara-se com um «não há nada a anunciar». Informações concretas sobre os eventos só são fornecidas não por qualquer gabinete específico mas pelo próprio presidente do Conselho de Administração da Sintra Quorum, José Chaves Ferreira. Contactado pelo EXPRESSO, este responsável admitiu «não existir (sequer) uma programação definida para 2002». Chaves Ferreira ficou de fornecer mais informações sobre a actividade da empresa, mas não o fez até ao fecho a edição. Quem pretenda saber quais as actividades do novo centro cultural depara-se com um «não há nada a anunciar». Informações concretas sobre os eventos só são fornecidas não por qualquer gabinete específico mas pelo próprio presidente do Conselho de Administração da Sintra Quorum, José Chaves Ferreira. Contactado pelo EXPRESSO, este responsável admitiu «não existir (sequer) uma programação definida para 2002». Chaves Ferreira ficou de fornecer mais informações sobre a actividade da empresa, mas não o fez até ao fecho a edição. Custos sem proveitos Custos sem proveitos Com início de actividade em Julho de 2000, a Sintra Quorum tem um vasto objecto social que passa pela exploração e gestão de equipamentos municipais e promoção de eventos culturais, artísticos, científicos, sócio-económicos, desportivos, recreativos e de animação turística. Mas a história recente da empresa mostra que tem ficado aquém dos objectivos iniciais. Com início de actividade em Julho de 2000, a Sintra Quorum tem um vasto objecto social que passa pela exploração e gestão de equipamentos municipais e promoção de eventos culturais, artísticos, científicos, sócio-económicos, desportivos, recreativos e de animação turística. Mas a história recente da empresa mostra que tem ficado aquém dos objectivos iniciais. As únicas actividades actuais da empresa municipal resumem-se à gestão do museu de Odrinhas, que, contudo, no ano passado, não apresentou qualquer actividade de relevo e, curiosamente, nenhuns proveitos financeiro. As únicas actividades actuais da empresa municipal resumem-se à gestão do museu de Odrinhas, que, contudo, no ano passado, não apresentou qualquer actividade de relevo e, curiosamente, nenhuns proveitos financeiro. De acordo com o relatório e contas do ano passado, a Sintra Quorum apresenta uma insólita situação: as únicas receitas foram 156 contos de juros bancários e as despesas atingiram os 42 mil contos, dos quais 30 mil em remunerações dos seus empregados e administradores e 10 mil de serviços externos. Em resultado disso, logo no primeiro ano, a Sintra Quorum apresentou um prejuízo que é superior ao seu capital social — o que, em termos contabilísticos, significa falência técnica. De acordo com o relatório e contas do ano passado, a Sintra Quorum apresenta uma insólita situação: as únicas receitas foram 156 contos de juros bancários e as despesas atingiram os 42 mil contos, dos quais 30 mil em remunerações dos seus empregados e administradores e 10 mil de serviços externos. Em resultado disso, logo no primeiro ano, a Sintra Quorum apresentou um prejuízo que é superior ao seu capital social — o que, em termos contabilísticos, significa falência técnica. De qualquer modo, a empresa serviu para contornar um obstáculo que a autarquia de Sintra teve nas obras do Centro Cultural Olga de Cadaval. No início do ano passado, o Tribunal de Contas recusou o visto prévio para as obras de remodelação daquele espaço cultural — rejeição que viria a ser reconfirmada em Março deste ano —, porque a adjudicação, no valor de 868 mil contos, tinha ultrapassado em 42% o preço-base do concurso público. Ou seja, mais 256 mil contos do que o inicialmente previsto. Naquele verba, incluíam-se mais 90 mil contos relativos ao projecto de arquitectura e construção civil e mais 60 mil na instalação de elevadores de fosso de orquestra. De qualquer modo, a empresa serviu para contornar um obstáculo que a autarquia de Sintra teve nas obras do Centro Cultural Olga de Cadaval. No início do ano passado, o Tribunal de Contas recusou o visto prévio para as obras de remodelação daquele espaço cultural — rejeição que viria a ser reconfirmada em Março deste ano —, porque a adjudicação, no valor de 868 mil contos, tinha ultrapassado em 42% o preço-base do concurso público. Ou seja, mais 256 mil contos do que o inicialmente previsto. Naquele verba, incluíam-se mais 90 mil contos relativos ao projecto de arquitectura e construção civil e mais 60 mil na instalação de elevadores de fosso de orquestra. Fundação falhada Fundação falhada A solução encontrada pela autarquia presidida por Edite Estrela foi transferir a obra para a empresa municipal, contornando assim a exigência de visto prévio do Tribunal de Contas. Rui Pereira, vereador da Cultura da edilidade, diz que «isso não foi um truque; podíamos fazer a obra por ajuste directo». A totalidade das obras do Centro Cultural terão atingido os dois milhões de contos, tendo o Ministério da Cultura comparticipado com 100 mil. A solução encontrada pela autarquia presidida por Edite Estrela foi transferir a obra para a empresa municipal, contornando assim a exigência de visto prévio do Tribunal de Contas. Rui Pereira, vereador da Cultura da edilidade, diz que «isso não foi um truque; podíamos fazer a obra por ajuste directo». A totalidade das obras do Centro Cultural terão atingido os dois milhões de contos, tendo o Ministério da Cultura comparticipado com 100 mil. Recentemente, a assembleia municipal aprovou a passagem da Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra para a tutela da Sintra Quorum. Esta foi, aliás, outra solução de recurso perante a recusa de reconhecimento por parte do Ministério da Administração Interna de uma fundação municipal criada há dois anos, porque esta não possuía meios autónomos. Algo que, aliás, também ocorre com a Sintra Quorum, que vive em exclusivo dos cofres da autarquia. Recentemente, a assembleia municipal aprovou a passagem da Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra para a tutela da Sintra Quorum. Esta foi, aliás, outra solução de recurso perante a recusa de reconhecimento por parte do Ministério da Administração Interna de uma fundação municipal criada há dois anos, porque esta não possuía meios autónomos. Algo que, aliás, também ocorre com a Sintra Quorum, que vive em exclusivo dos cofres da autarquia. Publicado na edição nº 1514 de 3 de Novembro de 2001 Publicado na edição nº 1514 de 3 de Novembro de 2001 16:01 19 Novembro 2001

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