Direcção do PS quer forçar demissões na RTP

21-07-2001
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Direcção do PS Quer Forçar Demissões na RTP

Por SOFIA RODRIGUES E JOÃO PEDRO HENRIQUES

Sábado, 21 de Julho de 2001 Informação é o alvo A dupla Jorge Coelho-Edite Estrela lidera o cerco do PS à direcção de informação da estação pública. José Rodrigues dos Santos diz que é "um bocado estranho" só criticarem a RTP A direcção do PS - leia-se Jorge Coelho - quer forçar a direcção de informação da RTP a demitir-se. Cientes de que a demissão imposta faria desabar sobre o Governo um violento coro de críticas, a direcção do PS procura por todos os meios que sejam o próprio José Rodrigues dos Santos, director de informação, e Judite de Sousa, directora-adjunta, a tomarem a iniciativa de se afastarem. Os pontas-de-lança desta operação são dois guterristas da primeira hora: Jorge Coelho, coordenador da comissão permanente do PS, e Edite Estrela, líder da influente federação de Lisboa do partido. Os dois têm liderado a operação de cerco à dupla Rodrigues dos Santos-Judite de Sousa. Não perdem uma oportunidade (sobretudo Edite Estrela) para incendiar plateias de militantes com ataques cerrados a uma suposta falta de isenção da informação da estação pública. Ouvida pelo PÚBLICO, Edite Estrela escusou-se a afirmar se quer ou não a demissão da direcção de informação. "Não tenho que falar sobre isso. Para esse tipo de coisas está lá o conselho de administração", justificou. Reiterou, no entanto, que "como cidadã, contribuinte e telespectadora" não lhe "agrada" nem a programação nem a informação da estação pública. Há semanas atrás, poucos dias após a última remodelação governamental, Edite Estrela aproveitou uma reunião à porta fechada com António Guterres para lhe dizer que para ela era indiferente a transferência da tutela da RTP para o Ministério da Cultura. Disse que na RTP "nada mudou" e as suas palavras foram lidas não só como uma crítica à direcção de informação, como ao próprio secretário de Estado da Comunicação Social, Arons de Carvalho, que detém este pelouro desde o primeiro governo da "nova maioria" (Outubro de 1995). O director de Informação, José Rodrigues dos Santos, em declarações ao PÚBLICO, considera que é legítimo fazer críticas em público à RTP, mas diz que "é um bocado estranho" que só critiquem a estação pública. No caso dos comícios em Mira e em Vila Pouca de Aguiar - que suscitaram críticas do ex-ministro Jorge Coelho devido a falta de cobertura da RTP, José Rodrigues dos Santos refere que "a SIC e a TVI também não estavam lá", assim como "a TSF, que teve de pedir o som a outra rádio" para fazer o fórum sobre as declarações do antigo membro do Governo. "Porque é que [na RTP] não podemos ser jornalistas e temos de andar a cronometrar o tempo dado a cada candidato?", questiona-se o director de Informação. Quanto à ausência deste tipo de censura às estações privadas coloca uma hipótese: "Eu interrogo-me se isso não é por terem medo das privadas, porque, se lhes fizessem esse tipo de críticas, se calhar os partidos e ou os políticos sofriam medidas de retaliação." José Rodrigues dos Santos sublinha que, desde que assumiu a direcção de Informação, procurou desenvolver "uma política editorial o mais coerente e séria possível". Acabou de ser escrito o livro de estilo - que foi já aprovado pelo Conselho de Redacção - e passaram ser abertos concursos internos para os lugares de correspondentes e para integrar as delegações. "Admito que isto choque com a anterior maneira de trabalhar, mas... paciência." Ao que o PÚBLICO apurou, este cerco dos dirigentes do PS à informação da RTP está a desagradar ao próprio presidente da estação, João Carlos Silva. O secretário de Estado da Comunicação Social, Arons de Carvalho, é um defensor da seriedade do actual jornalismo da RTP, acreditando que o facto de a informação não ser muitas vezes simpática para o Governo só resulta da sua isenção. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Direcção do PS quer forçar demissões na RTP

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