JORNAL PUBLICO: Nos preliminares da CIG

16-11-1999
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19/07/95

Carvalhas contra estratégia oriunda de Bruxelas

Nos preliminares da CIG

São José Almeida e Raul Tavares

Carvalhas foi ontem a São Bento para ouvir de Cavaco "referências" sobre o que o Governo vai defender em Maiorca, na preparação da CIG. E manifestou as suas preocupações com a construção europeia. Também ontem, em Setúbal, Carvalhas garantiu que o PCP "não é chauvinista nem patrioteiro", apenas não quer o desenvolvimento do país "hipotecado" a burocratas.

A posição inicial do Governo português sobre o alargamento dos prazos para a atribuição de fundos de coesão era à partida "favorável" para o país, mas "não vingou", porque foi "dúbia". Quem o garantiu foi o secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, ao manifestar, ontem, no final de um encontro com o primeiro-ministro, a sua preocupação com o possível corte destes fundos caso o défice do Orçamento de Estado de 1996 não se quede pelos 4,3 por cento.

Carvalhas foi o primeiro líder partidário a ouvir de Cavaco Silva "algumas referências" sobre o que o Governo pretende levar à cimeira comunitária extraordinária de Palma de Maiorca, que iniciará a preparação da Conferência Intergovernamental (CIG), onde será revisto o Tratado de Maastricht. Depois da audiência com o PCP - que contou com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros, Durão Barroso -, o primeiro-ministro receberá o PP, no dia 24, e o PS e o PSD, ambos ainda sem data marcada, para lhes participar igualmente as posições que o executivo pretende defender na cimeira de Maiorca.

Neste âmbito, Carvalhas, que se fazia acompanhar do líder parlamentar e membro da Comissão Política, Octávio Teixeira, e do responsável na Comissão Política pelos assuntos económicos, Agostinho Lopes, entregou a Cavaco Silva o documento aprovado pelo Comité Central do PCP sobre a matéria.

Depois de mais de uma hora de audiência, o líder dos comunistas portugueses destacou, frente aos jornalistas, as preocupações do seu partido quanto ao Tratado de Maastricht. A saber, a "construção ultraliberal" da União Europeia e as suas consequências sócio-económicas, a defesa do emprego e da "coesão económica e social", que caracterizou de "fundamental", e o perigo de a Europa ser dirigida por um "nó duro" de "grandes potências".

Hipoteca a burocratas

Também ontem, mas de manhã, em Setúbal, Carvalhas criticou o facto de os sucessivos governos de direita terem "hipotecado" a estratégia de desenvolvimento do país aos interesses dos burocratas da União Europeia e dos parceiros mais fortes. "Não queremos uma estratégia de desenvolvimento decidida no exterior. Devem ser os portugueses e as portuguesas a decidir o que querem e não os franceses ou os alemães", afirmou Carvalhas.

O líder do PCP, que falava durante a apresentação do compromisso eleitoral dos candidatos da CDU no distrito de Setúbal, frisou que o seu partido "não é chauvinista nem patrioteiro, mas sim patriota e internacionalista", o que, segundo o próprio, não é a mesma coisa, quando toca a defender os "verdadeiros interesses do país".

Carlos Carvalhas sublinhou que também o desenvolvimento regional está a ser atingido pela política macroeconómica do Governo de direita, que assenta, segundo disse, no "crescimento a todo o custo", na "competição desenfreada", esquecendo a importância da "dimensão social". "O aumento do poder de compra é um acto de justiça, mas também de desenvolvimento", declarou. Para acrescentar: "Não defendemos uma estratégia que passe por uma colecção de projectos. Queremos, sim, uma estratégia integrada, com ideias ligadas à vida das pessoas."

A presença de Carvalhas na cerimónia visou, segundo ele próprio, "dar peso ao compromisso com o eleitorado de Setúbal". "Isto não é um acto formal, nem mediático. É um compromisso sagrado, porque os nossos candidatos cumprem as promessas", acrescentou.

Depois de acentuar que o distrito de Setúbal conheceu "a dramática situação económica e social da política de direita do bloco central", que "propiciou a ascensão do cavaquismo", o texto do compromisso eleitoral adianta os dez pontos de acção que a coligação considera vitais para "melhorar a qualidade de vida das populações".

De acordo com Octávio Teixeira, cabeça de lista da CDU por Setúbal, as "enormes potencialidades" do distrito têm sido "desbaratadas" por falta de uma política social que constitua "alavanca para o desenvolvimento integrado".

As dez linhas mestras da CDU para o distrito de Setúbal são as seguintes: uma aposta mais decisiva nos recursos e nas capacidades próprias do distrito; um projecto de justiça e de direitos sociais como condição de desenvolvimento; a diversificação da actividade industrial da região; a defesa dos solos com potencialidades agrícolas, a promoção do aproveitamento florestal e uma nova reforma agrária; a criação de condições para que o sector das pescas inverta o processo de destruição a que tem estado sujeito; o aproveitamento das potencialidades turísticas; a preservação da qualidade de vida e do equilíbrio do meio ambiente; a melhoria da qualidade de vida e da segurança das populações; uma forte aposta na juventude; e a necessária regionalização do pais, assente numa política de diálogo e de descentralização.

19/07/95

Carvalhas contra estratégia oriunda de Bruxelas

Nos preliminares da CIG

São José Almeida e Raul Tavares

Carvalhas foi ontem a São Bento para ouvir de Cavaco "referências" sobre o que o Governo vai defender em Maiorca, na preparação da CIG. E manifestou as suas preocupações com a construção europeia. Também ontem, em Setúbal, Carvalhas garantiu que o PCP "não é chauvinista nem patrioteiro", apenas não quer o desenvolvimento do país "hipotecado" a burocratas.

A posição inicial do Governo português sobre o alargamento dos prazos para a atribuição de fundos de coesão era à partida "favorável" para o país, mas "não vingou", porque foi "dúbia". Quem o garantiu foi o secretário-geral do PCP, Carlos Carvalhas, ao manifestar, ontem, no final de um encontro com o primeiro-ministro, a sua preocupação com o possível corte destes fundos caso o défice do Orçamento de Estado de 1996 não se quede pelos 4,3 por cento.

Carvalhas foi o primeiro líder partidário a ouvir de Cavaco Silva "algumas referências" sobre o que o Governo pretende levar à cimeira comunitária extraordinária de Palma de Maiorca, que iniciará a preparação da Conferência Intergovernamental (CIG), onde será revisto o Tratado de Maastricht. Depois da audiência com o PCP - que contou com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros, Durão Barroso -, o primeiro-ministro receberá o PP, no dia 24, e o PS e o PSD, ambos ainda sem data marcada, para lhes participar igualmente as posições que o executivo pretende defender na cimeira de Maiorca.

Neste âmbito, Carvalhas, que se fazia acompanhar do líder parlamentar e membro da Comissão Política, Octávio Teixeira, e do responsável na Comissão Política pelos assuntos económicos, Agostinho Lopes, entregou a Cavaco Silva o documento aprovado pelo Comité Central do PCP sobre a matéria.

Depois de mais de uma hora de audiência, o líder dos comunistas portugueses destacou, frente aos jornalistas, as preocupações do seu partido quanto ao Tratado de Maastricht. A saber, a "construção ultraliberal" da União Europeia e as suas consequências sócio-económicas, a defesa do emprego e da "coesão económica e social", que caracterizou de "fundamental", e o perigo de a Europa ser dirigida por um "nó duro" de "grandes potências".

Hipoteca a burocratas

Também ontem, mas de manhã, em Setúbal, Carvalhas criticou o facto de os sucessivos governos de direita terem "hipotecado" a estratégia de desenvolvimento do país aos interesses dos burocratas da União Europeia e dos parceiros mais fortes. "Não queremos uma estratégia de desenvolvimento decidida no exterior. Devem ser os portugueses e as portuguesas a decidir o que querem e não os franceses ou os alemães", afirmou Carvalhas.

O líder do PCP, que falava durante a apresentação do compromisso eleitoral dos candidatos da CDU no distrito de Setúbal, frisou que o seu partido "não é chauvinista nem patrioteiro, mas sim patriota e internacionalista", o que, segundo o próprio, não é a mesma coisa, quando toca a defender os "verdadeiros interesses do país".

Carlos Carvalhas sublinhou que também o desenvolvimento regional está a ser atingido pela política macroeconómica do Governo de direita, que assenta, segundo disse, no "crescimento a todo o custo", na "competição desenfreada", esquecendo a importância da "dimensão social". "O aumento do poder de compra é um acto de justiça, mas também de desenvolvimento", declarou. Para acrescentar: "Não defendemos uma estratégia que passe por uma colecção de projectos. Queremos, sim, uma estratégia integrada, com ideias ligadas à vida das pessoas."

A presença de Carvalhas na cerimónia visou, segundo ele próprio, "dar peso ao compromisso com o eleitorado de Setúbal". "Isto não é um acto formal, nem mediático. É um compromisso sagrado, porque os nossos candidatos cumprem as promessas", acrescentou.

Depois de acentuar que o distrito de Setúbal conheceu "a dramática situação económica e social da política de direita do bloco central", que "propiciou a ascensão do cavaquismo", o texto do compromisso eleitoral adianta os dez pontos de acção que a coligação considera vitais para "melhorar a qualidade de vida das populações".

De acordo com Octávio Teixeira, cabeça de lista da CDU por Setúbal, as "enormes potencialidades" do distrito têm sido "desbaratadas" por falta de uma política social que constitua "alavanca para o desenvolvimento integrado".

As dez linhas mestras da CDU para o distrito de Setúbal são as seguintes: uma aposta mais decisiva nos recursos e nas capacidades próprias do distrito; um projecto de justiça e de direitos sociais como condição de desenvolvimento; a diversificação da actividade industrial da região; a defesa dos solos com potencialidades agrícolas, a promoção do aproveitamento florestal e uma nova reforma agrária; a criação de condições para que o sector das pescas inverta o processo de destruição a que tem estado sujeito; o aproveitamento das potencialidades turísticas; a preservação da qualidade de vida e do equilíbrio do meio ambiente; a melhoria da qualidade de vida e da segurança das populações; uma forte aposta na juventude; e a necessária regionalização do pais, assente numa política de diálogo e de descentralização.

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