O Independente

19-06-2000
marcar artigo

A Bárbara da Nação

Octávio Ribeiro

oindependente@mail.soci.pt

Quando – no debate parlamentar de quarta-feira – o dr. Durão Barroso ultrapassou o tempo imposto pela mesa, cortaram-lhe o micro. O que então se viu foi um líder da oposição a gesticular palavras que ninguém ouvia. Em seguida, o eng. Guterres levantou-se e a resposta começou da mesma forma – surda. O eng. tinha-se esquecido de ligar o micro. Os líderes do Governo e da oposição aproximam-se muito mais da imagem que têm no país real quando falam sem som. Esbracejam, e é tudo. Mesmo quando é audível “quem está no uso da palavra”, a dúvida que fica destes debates é se vale mesmo a pena ouvir.

Na retórica, o nosso eng. bate o adversário aos pontos – no mínimo dois –, como a inflação. Quando o dr. Durão se indigna, o discurso sobe de tom na medida das taxas de juro nos últimos 12 meses. Tudo é vazio. Já ninguém liga.

Para que as pessoas dêem atenção é preciso falar daquilo que as preocupa, emociona, intriga. Se o eng. Guterres não tem soluções para anunciar à “Maria e ao Zé” – do exemplo sobre taxas de juro do dr. Paulo Portas –, podia ao menos deixar cair novas sobre o Manuel e a Bárbara. Afinal, autorizou ou não a publicidade ao casal? Houve ou não pedido formal de bênção ao namoro? Isso é que interessa ao povo. Mesmo à “Maria e ao Zé” para colorir os 16 contos que pagam a mais pela casa. É ou não um governo cor-de-rosa?

A Bárbara da Nação

Octávio Ribeiro

oindependente@mail.soci.pt

Quando – no debate parlamentar de quarta-feira – o dr. Durão Barroso ultrapassou o tempo imposto pela mesa, cortaram-lhe o micro. O que então se viu foi um líder da oposição a gesticular palavras que ninguém ouvia. Em seguida, o eng. Guterres levantou-se e a resposta começou da mesma forma – surda. O eng. tinha-se esquecido de ligar o micro. Os líderes do Governo e da oposição aproximam-se muito mais da imagem que têm no país real quando falam sem som. Esbracejam, e é tudo. Mesmo quando é audível “quem está no uso da palavra”, a dúvida que fica destes debates é se vale mesmo a pena ouvir.

Na retórica, o nosso eng. bate o adversário aos pontos – no mínimo dois –, como a inflação. Quando o dr. Durão se indigna, o discurso sobe de tom na medida das taxas de juro nos últimos 12 meses. Tudo é vazio. Já ninguém liga.

Para que as pessoas dêem atenção é preciso falar daquilo que as preocupa, emociona, intriga. Se o eng. Guterres não tem soluções para anunciar à “Maria e ao Zé” – do exemplo sobre taxas de juro do dr. Paulo Portas –, podia ao menos deixar cair novas sobre o Manuel e a Bárbara. Afinal, autorizou ou não a publicidade ao casal? Houve ou não pedido formal de bênção ao namoro? Isso é que interessa ao povo. Mesmo à “Maria e ao Zé” para colorir os 16 contos que pagam a mais pela casa. É ou não um governo cor-de-rosa?

marcar artigo