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18-09-2001
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A cidade

Habitada desde a Pré-História, feitora de fenícios, gregos e cartagineses, cidade romana, sueva e visigótica, importante metrópole moura e, após a sua conquista pelos cristãos, capital do jovem reino de Portugal a partir de D. Afonso III, Lisboa foi crescendo século após século.

A sua posição no estuário do Tejo marcaria o seu destino quando as velas das naus portuguesas começaram a correr por "mares nunca dantes navegados", dando-lhe durante algumas dezenas de anos o título do "empório do mundo", pois os produtos exóticos vindos do Oriente, da África e da América eram aqui comercializados.

De Lisboa partiram as Armadas de Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral, que, com a descoberta do caminho marítimo para a Índia e a do Brasil, marcariam o ponto mais alto dos Descobrimentos e culminariam o esforço desenvolvido durante várias gerações para conhecer os segredos do mar e as técnicas de navegação. Nesse período Lisboa enche-se de novos e magníficos monumentos, D. Manuel I faz construir um poço à beira-rio, próximo das Casas da Índia e da Mina, onde se guardavam as riquezas vindas de terras longínquas. Igrejas faustosas erguem-se por toda a cidade. Os nobres edificam palácios. A cidade anima-se com o aumento da população atraída pelos lucros dos negócios da Índia.

A morte de D. Sebastião traz consigo a perda da independência em 1580 e, depois da batalha travada nas margens da ribeira de Alcântara, em que as tropas de D. António, Prior do Crato, são derrotadas elos exércitos espanhóis comandados pelo Duque de Alba, Lisboa perde muito da sua importância política e económica, já que o comércio entrara em declínio com a presença dos ingleses, holandeses e franceses nos mercados de origem das especiarias e do resgate do ouro, e a capital se situava em terras de Espanha.

Monumentos

Vestígios da Lisboa dos Descobrimentos

O terramoto de 1755 e o incêndio que se lhe seguiu destruíram, de um só golpe, a cidade que, século após século, se foi espraiando pelas sete colinas, levando consigo riquezas imensas e maravilhosas obras de arte. Para conhecer com alguma aproximação o ambiente da cidade nos sécs. XV e XVI, percorram-se as ruas apertadas de Alfama e Mouraria, onde algumas casas com andares de ressalto, evocam a construção típica desse tempo.

No largo do Menino Deus, uma modesta casa de um só andar, janela quadrada na empena angular, resistiu à catástrofe devastadora, e diz-nos como se vivia há 400 anos. No Poço do Borratém, a chamada casa de João das Regras, de que restam arcadas ogivais é uma construção desse tempo.

O Pátio do Carrasco, com casas quinhentistas, sendo a mais notável a que tem fachada para o Largo do Limoeiro, tem uma atmosfera plena de interesse. Mais junto ao rio, o Arco Escuro, o Arco das Portas do Mar, o Arco de Jesus, a Travessa de São João da Praça, o Arco do Rosário e, no interior de Alfama, o Arco de São Miguel e as ruas e travessas de que ele nascem, apresentam aqui e ali reminiscências do ambiente quinhentista, quando o Bairro era habitada pelos mariantes que tripulavam as naus que traziam do Oriente, incontáveis tesouros.

Também em Alfama, antiga sinagoga dos Judeus, com duas janelas geminadas góticas no topo de uma muralha, e um curioso varandim assente sobre cantaria. Um dos mais esquecidos testemunhos da arquitectura do tempo dos Descobrimentos, é o Palácio dos Almada-Carvalhais, construído para o Provedor da Casa da Índia, que num recanto do Largo do Conde Barão ainda ergue a sua fachada nobre com o brasão da família, e tem um claustro ou pátio de traçado renascentista.

A Água das Armadas

Encostado à velha muralha da cerca mandada erguer por D. Fernando, está um chafariz cuja história se liga à epopeia náutica dos Descobrimentos. Trata-se do Chafariz d’El Rei, construído possivelmente no reinado de D. Dinis, mas que D. Afonso V mandou encanar até à muralha dos barcos para que estes se pudessem abastecer, com facilidade, da água necessária para as viagens.

Durante muitos anos, correu a água do chafariz para as barricas que eram guardadas nos porões, porque era fluido vital quando, durante meses, os navios não tinham onde fazer aguada. Da construção com colunas e abóbadas da mármore do Séc. XVI nada resta, já que o chafariz actual é o resultado de obras realizadas em meados do século passado.

A Ribeira das Naus

Num areal que ficava ao lado direito do Paço da Ribeira mandado construir por D. Manuel I (localizado aproximadamente junto do torreão ocidental da Praça do Comércio) eram as tercenas reais, onde durante séculos centenas de trabalhadores, sob a direcção dos mestres calafates, construíram e repararam as naus que demandavam os mares de África, do Oriente, da América.

Na ribeira das Naus, como nos estaleiros de Viana do Castelo, Porto, Aveiro e Lagos, para citar os mais importantes, foram construídos os navios que introduziram no seu desenho o resultado das experiências recolhidas na navegação, e que asseguraram, durante um certo período, a superioridade marítima portuguesa face às outras nações europeias.

Mosteiro dos Jerónimos

Erguido no local da ermida mandada construir na praia do Restelo pelo Infante D. Henrique. Construção iniciada no reinado de D. Manuel I, que lhe dedicou um vinte avos do rendimento da pimenta, prosseguiu com o seu filho, D. João III.

Exemplo perfeita da arquitectura manuelina, com elementos decorativos como cordas, cabos e esfera armilar, representa, no seu conjunto, a transição do gótico final para o Renascimento e, mais tarde, para o Classicismo. Sofreu construção e reparações nos sécs. XIX e XX.

Claustro, jóia da arte manuelina, considerado um dos mais belos do mundo.

Castelo de S. Jorge

Origem em fortificações romanas, com posteriores reformas visigóticas e mouras. Composto por duas áreas, o Castelejo, reduto defensivo principal e a Cidadela.

O Castelejo de forma rectangular, e dez poderosas torres quadradas, algumas das quais desempenharam importante papel histórico como a do Haver ou do Tesouro, onde esteve, desde D. Fernando até 1755, o arquivo real.

Torre de São Lourenço, provável origem romana, ligada ao Castelo por um pano de muralha. Fosso, ponte levadiça, portas românicas.

Cidadela, ampla esplanada em parte ocupada pelo Casario da Freguesia de Santa Cruz, local do antigo Alcácer Árabe e da Alcáçova Real, que os reis portugueses, desde D. Dinis a D. Sebastião, foram erguendo. Nela nasceram os reis D. João II e D. João III, morreu D. João I e viveram todos os reis portugueses até D. Manuel. Ruínas do antigo Paço, restos de colunas, poços e cisternas. Magnífico miradouro sobre Lisboa e o Tejo.

Torre de Belém

Erguida sobre afloramento rochoso, estava cercada de água aquando da sua construção, no reinado de D. Manuel I (séc. XVI). Constituída por uma torre quadrangular, e um baluarte saliente, como a proa de um navio. No interior, pequeno claustro, canhoeiras, com robustas abóbodas e na torre salas de interessante arquitectura. Serviu de prisão nos sécs. XVI a XVIII.

Convento da Madre de Deus

Fundado pela Raínha D. Leonor em 1509, ampliado no reinado de D. João III, sofreu profundas reformas no séc. XVIII e reconstrução no séc. XIX, tendo sido reconstruída a fachada.

Casa dos Bicos

Edificada por D. Brás de Albuquerque, filho de Afonso de Albuquerque, no estilo doa palácios italianos, com fachada de pedras talhadas em bico de diamante. Arruinada pelo terramoto de 1755. Reconstruída em 1983. Localizada sobre área com vestígios de ocupação romana e medieval e pate de pano da muralha fernandina (séc. XIV).

Outros Monumentos e Museus

Se dos romanos ficaram as ruínas do teatro dedicado a Nero e outros vestígios, do período bárbaro e mouro pouco ficou para além das muralhas da cerca que defendia Lisboa. Do período medievo é a Sé, o mais importante monumento da cidade, já que o mega-sismo de 1755 sepultou sob os escombros muito do que tinha resistido à acção devastadora do tempo e do homem.

Dos sécs. XVII e XVIII é já maior o espólio e são de destacar o Mosteiro e a Igreja de São Vicente de Fora, as Igrejas de São Roque, de Santa Engrácia, da Boa Memória, de São Domingos, do Menino Deus, a Basílica da Estrela e todo um conjunto de edifícios nobres que marcam, ainda hoje, o perfil da parte antiga da cidade, para além da parte definida como Baixa Pombalina, com a sua arquitectura modular.

Ao séc. XIX, pertencem os Palácios da Ajuda e das Necessidades, o edifício do Teatro Nacional D. Maria II, a Câmara Municipal, o Palácio de São Bento, que se destacam por entre o casario construído para acompanhar o crescimento da cidade. São estes tesouros, acumulados ao longo dos séculos, que fazem de Lisboa uma cidade de arte e história.

Factos e figuras da história

Um burguês promove a descoberta da costa de África

Era Fernão Gomes um rico burguês de Lisboa a quem interessavam os negócios da costa de África. Estando D. Afonso V interessado em garantir as suas rendas e em reduzir as despesas, concedeu, em 1469, a Fernão Gomes, o exclusivo, durante cinco anos, do comércio da Guiné contra o pagamento de 200.000 reais e a obrigação de descobrir, em cada ano, cem léguas de costa. Fernão Gomes cumpriu honradamente este contrato e, durante os anos em que teve a seu exclusivo, navegadores como Pedro Escobar, João de Santarém, Pedro de Sintra e outros avançaram o reconhecimento da costa africana para além do Equador.

Com o dinheiro ganho Fernão Gomes auxiliou o seu rei nas conquistas de Alcácer, Arzila e Tânger, onde foi feito cavaleiro. O seu escudo, concedido em 1474, continha, naturalmente, três cabeças de negros.

O palácio de um rei... e de um mercador

O Paço Real da Alcáçova, no morro onde se ergue o Castelo de São Jorge, fora durante séculos residência real. D. Manuel I, porém, delibera estar perto do local onde as naus descarregavam as riquezas vindas da África e do Oriente.

Por esse motivo, em plena Ribeira, manda construir novos paços, tendo o cuidado, para tudo poder controlar pessoalmente, que na parte térrea ficasse instalada a Casa da Índia, verdadeiro armazém do Estado onde se guardavam e se vendiam as especiarias e outras preciosidades.

O seu filho, D. João III, mantém esta política apesar de ampliar e embelezar o seu palácio, fazendo construir uma nova Casa da Índia, que, com a Casa da Mina e a Ribeira das Naus, onde se construíam e reparavam os navios do comércio e da guerra, constituía o coração de Lisboa.

As cinzas de Afonso de Albuquerque

Na igreja da Graça repousam, segundo alguns historiadores, os restos mortais de Afonso de Albuquerque, que, merecedor do cognome de Terribil, conquistou em alguns anos, mercê da sua capacidade militar, um vasto império em terras do Oriente.

Conduzido num trono até à sua sepultura na capela erguida nas muralhas de Goa para comemorar o local por onde as tropas que chefiara tinham entrado na cidade, em 1508, o corpo de Afonso de Albuquerque foi, mais tarde, trasladado para a capela-mor da igreja da Graça.

Aconteceu, porém, que um longo litígio quanto aos direitos da capela-mor levaram à mudança da sua sepultura... e, provavelmente, as suas cinzas acabaram por ficar numa arca tumular medieval pertencente a um ramo da sua família, os Gomides, e que hoje ainda lá está, com a sua tampa partida e os curiosos escudos mostrando os “gomis” heráldicos.

A recepção a Vasco da Gama

Sabia já D. Manuel I que a armada enviada à Índia regressara, com sucesso, da sua viagem através da nau “Bérrio”, que, a 10 de Julho de 1499, arribara a Lisboa. Por isso, no final de Agosto ou princípio de Setembro de 1499, quando a outra nau sobrevivente da longa travessia surgiu na Foz do Tejo, logo El-Rei a foi avistar das varandas da Casa de Mina e mandou que Jorge de Vasconcelos, provedor dos armazéns, fosse a bordo e apresentar cumprimentos e pedir a Vasco da Gama que, sem demora, desembarcasse.

Este assim o fez e, na companhia do Conde de Borba e do bispo D. Diogo Ortiz, atravessou a praia e veio até D. Manuel I, que, erguendo-se da cadeira, o quis abraçar. Depois das cerimónias, acompanhou o navegador o rei até ao seu Paço da Alcáçova.

Nesse mesmo Paço recebeu El-Rei Vasco da Gama, após este ter repousado, e quando o viu logo lhe concedeu o título de Dom, extensivo à família, completando-o com a nomeação do almirante do mar da Índia e a promessa do título de Conde.

O homem que empenhou as suas barbas

Numa sepultura da Igreja de São Domingos de Benfica estão as ossadas daquele que, em 1546, para reconstruir as muralhas da fortaleza de Diu, se propôs dar como penhor à Câmara de Goa, pelo empréstimo que lhe pedia, as suas barbas: Dom João de Castro.

Para além da sua acção como militar valoroso e governante íntegro, merecem também referência os três Roteiros que elaborou e, durante muitos anos, foram os melhores guias para a navegação dos mares do Oriente, os quais demonstram as suas grandes capacidades de cientista e cosmógrafo.

A armada de Vasco da Gama

Segundo diz o cronista anónimo da viagem de Vasco da Gama, “partimos do Restelo um sábado que eram oito dias do mês de Julho da dita era de 1497”. Nesse dia ergueram âncora os quatro navios que constituíam a esquadra – a nau “São Gabriel”, que tinha como capitão Vasco da Gama, também capitão-mor de frota e, como piloto o célebre Pêro de Alenquer; a nau “São Rafael”, capitaneada por Paulo da Gama (irmão mais velho do capitão-mor); a “Bérrio”, capitaneada por Nicolau Coelho, e mais uma nau de mantimentos, a ser abandonada em momento oportuno.

A tripulação seria de 148 homens (160 ou 170, segundo alguns cronistas), dos quais só regressaram 55, morrendo os outros nos duros trabalhos da viagem.

A estreia de Gil Vicente

Estava D. Maria, mulher de D. Manuel I, em sua câmara, no Paço da Alcáçova, três dias depois do nascimento do primeiro filho, quando a porta se abre e um vaqueiro inicia um interessante monólogo profetizando as maiores felicidades para o recém-nascido.

Assim começou Gil Vicente, com o “Auto da Visitação” ou o “Monólogo do Vaqueiro”, a sua carreira de escritor e actor, que lhe iria dar o merecido título de “pai do teatro português”. A criança era o futuro rei D. João III...

As desditas de um herói

Camões chamou-lhe, n’“Os Lusíadas”, o Aquiles Lusitano, mas a vida de Duarte Pacheco Pereira é bem a demonstração dos “acidentes de percurso” que podem acontecer mesmo aos heróis.

Nascido em Lisboa, muito cedo Duarte Pacheco Pereira participa nas viagens marítimas do reinado de D. João II, e sabe-se que Bartolomeu Dias, no regresso da sua viagem ao Cabo da Boa Esperança, em 1488, o encontra doente na ilha do Príncipe e o traz para Portugal. Geógrafo ilustre, participa nas negociações do Tratado de Tordesilhas (1494), que dividiu o mundo entre Castela e Portugal e, mais tarde (1503), acompanhou Afonso de Albuquerque à Índia, onde ganha renome nos combates pela defesa de Cochim, chegando a ser recebido com grande pompa por D. Manuel I, que o leva a seu lado numa procissão e dá conhecimento ao papa dos seus feitos.

Outros combates confirmam-lhe valor e, entretanto, redige a obra “Esmeraldo de situ orbis”, que, apesar de incompleta, é um valioso documento da ciência náutica portuguesa. Governador de S. Jorge da Mina (1519-1522), vê-se feito prisioneiro por ordem de D. João III que só após longo tempo ordena a sua libertação e a concessão de uma pensão anual. Duarte Pacheco Pereira acaba por morrer em 1533.

O sermão de São Francisco Xavier

Partiu o santo para o Oriente onde iria encontrar o seu martírio. E foi nas areias da praia do Restelo que pregou o sermão de despedida, que contou com a presença do rei, de nobres e de muito povo. Para facilitar-lhe a tarefa, foi trazido do Mosteiro dos Jerónimos um púlpito de madeira... que foi guardado como relíquia durante séculos e hoje estará, provavelmente, numa colecção particular.

Um tesoureiro de vida aventurosa

João de Sá, como escrivão da nau “São Rafael”, que fazia parte da armada que descobriu o caminho marítimo para a Índia, tivera já ocasião de conhecer, nos dois anos de viagem, a dura vida dos mareantes. Mas, um ano depois, estava de novo a bordo de uma nau na frota de Pedro Álvares Cabral, a quem prestou grandes serviços durante a estada na Índia. A sua recompensa foi ser nomeado tesoureiro das especiarias da Casa da Índia, em Lisboa.

Dois reis nascem na Alcáçova

Em 5 de Maio de 1455 nascia, no Paço da Alcáçova, D. João II, a quem se ficou devendo o prosseguimento dos Descobrimentos até ao Cabo da Boa Esperança e a viagem de Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva em demanda do Prestes João, para além de preparação da expedição que iria abrir o caminho marítimo para a Índia.

Meio século depois, no mesmo palácio, em 6 de Junho de 1502, nascia D. João II, em cujo reinado de trinta e seis anos se assiste já à progressiva decadência do império do Oriente e ao abandono de muitas praças do Norte de África e, com a introdução do Santo Ofício, ao êxodo de judeus e cristãos-novos.

A vida de um companheiro de Fernão de Magalhães

Filho de pais nobres, mas cuja identidade se desconhece, Duarte Barbosa é atraído pelo Oriente e sus riquezas e para lá parte ainda jovem. A sua experiência é narrada numa interessante obra, datada de 1526. Regressado à metrópole, depois de largos anos e penosos trabalhos, não recebe qualquer prémio do rei D. Manuel I.

Insatisfeito, oferece os seus serviços a Castela, onde o seu tio ou pai, Diogo Barbosa, era conselheiro naval. Participando na expedição à volta do mundo, sendo seu substituto após a morte, vem a morrer quatro dias depois às mãos dos selvagens do Cabu, em 1521.

Um rinoceronte para o Papa

Em 1513 chegavam a Lisboa, mandados por Afonso de Albuquerque, diversos animais exóticos que D. Manuel I aproveitou para incluir na embaixada que enviou ao papa Leão X, em 1514. Entre os animais distinguiu-se um rinoceronte que foi imortalizado por uma gravura do mestre Alberto Dürer e, também, segundo todas as probabilidades, na escultura que serve de base a uma das guaritas da Torre de Belém. O rinoceronte acabou por perecer num naufrágio nas costas de Itália.

Assim nasceu o Mosteiro dos Jerónimos

A alma piedosa do Infante D. Henrique levou-o a mandar construir no Restelo, em 1460, uma igreja – Santa Maria de Belém – dado que “morriam muitos ali e os lançavam naqueles areais”, além de um cano, um chafariz e uma fonte para todos terem fartura de água para beber.

Na doação que fez dessa igreja à Ordem de Cristo fixou as condições de serem igualmente abastecidos de água marinheiros e navios e de, todos os sábados, ser rezada uma missa por sua alma. No local da igreja henriquina foi construído, meio século mais tarde, o Mosteiro dos Jerónimos.

A cidade

Habitada desde a Pré-História, feitora de fenícios, gregos e cartagineses, cidade romana, sueva e visigótica, importante metrópole moura e, após a sua conquista pelos cristãos, capital do jovem reino de Portugal a partir de D. Afonso III, Lisboa foi crescendo século após século.

A sua posição no estuário do Tejo marcaria o seu destino quando as velas das naus portuguesas começaram a correr por "mares nunca dantes navegados", dando-lhe durante algumas dezenas de anos o título do "empório do mundo", pois os produtos exóticos vindos do Oriente, da África e da América eram aqui comercializados.

De Lisboa partiram as Armadas de Vasco da Gama e Pedro Álvares Cabral, que, com a descoberta do caminho marítimo para a Índia e a do Brasil, marcariam o ponto mais alto dos Descobrimentos e culminariam o esforço desenvolvido durante várias gerações para conhecer os segredos do mar e as técnicas de navegação. Nesse período Lisboa enche-se de novos e magníficos monumentos, D. Manuel I faz construir um poço à beira-rio, próximo das Casas da Índia e da Mina, onde se guardavam as riquezas vindas de terras longínquas. Igrejas faustosas erguem-se por toda a cidade. Os nobres edificam palácios. A cidade anima-se com o aumento da população atraída pelos lucros dos negócios da Índia.

A morte de D. Sebastião traz consigo a perda da independência em 1580 e, depois da batalha travada nas margens da ribeira de Alcântara, em que as tropas de D. António, Prior do Crato, são derrotadas elos exércitos espanhóis comandados pelo Duque de Alba, Lisboa perde muito da sua importância política e económica, já que o comércio entrara em declínio com a presença dos ingleses, holandeses e franceses nos mercados de origem das especiarias e do resgate do ouro, e a capital se situava em terras de Espanha.

Monumentos

Vestígios da Lisboa dos Descobrimentos

O terramoto de 1755 e o incêndio que se lhe seguiu destruíram, de um só golpe, a cidade que, século após século, se foi espraiando pelas sete colinas, levando consigo riquezas imensas e maravilhosas obras de arte. Para conhecer com alguma aproximação o ambiente da cidade nos sécs. XV e XVI, percorram-se as ruas apertadas de Alfama e Mouraria, onde algumas casas com andares de ressalto, evocam a construção típica desse tempo.

No largo do Menino Deus, uma modesta casa de um só andar, janela quadrada na empena angular, resistiu à catástrofe devastadora, e diz-nos como se vivia há 400 anos. No Poço do Borratém, a chamada casa de João das Regras, de que restam arcadas ogivais é uma construção desse tempo.

O Pátio do Carrasco, com casas quinhentistas, sendo a mais notável a que tem fachada para o Largo do Limoeiro, tem uma atmosfera plena de interesse. Mais junto ao rio, o Arco Escuro, o Arco das Portas do Mar, o Arco de Jesus, a Travessa de São João da Praça, o Arco do Rosário e, no interior de Alfama, o Arco de São Miguel e as ruas e travessas de que ele nascem, apresentam aqui e ali reminiscências do ambiente quinhentista, quando o Bairro era habitada pelos mariantes que tripulavam as naus que traziam do Oriente, incontáveis tesouros.

Também em Alfama, antiga sinagoga dos Judeus, com duas janelas geminadas góticas no topo de uma muralha, e um curioso varandim assente sobre cantaria. Um dos mais esquecidos testemunhos da arquitectura do tempo dos Descobrimentos, é o Palácio dos Almada-Carvalhais, construído para o Provedor da Casa da Índia, que num recanto do Largo do Conde Barão ainda ergue a sua fachada nobre com o brasão da família, e tem um claustro ou pátio de traçado renascentista.

A Água das Armadas

Encostado à velha muralha da cerca mandada erguer por D. Fernando, está um chafariz cuja história se liga à epopeia náutica dos Descobrimentos. Trata-se do Chafariz d’El Rei, construído possivelmente no reinado de D. Dinis, mas que D. Afonso V mandou encanar até à muralha dos barcos para que estes se pudessem abastecer, com facilidade, da água necessária para as viagens.

Durante muitos anos, correu a água do chafariz para as barricas que eram guardadas nos porões, porque era fluido vital quando, durante meses, os navios não tinham onde fazer aguada. Da construção com colunas e abóbadas da mármore do Séc. XVI nada resta, já que o chafariz actual é o resultado de obras realizadas em meados do século passado.

A Ribeira das Naus

Num areal que ficava ao lado direito do Paço da Ribeira mandado construir por D. Manuel I (localizado aproximadamente junto do torreão ocidental da Praça do Comércio) eram as tercenas reais, onde durante séculos centenas de trabalhadores, sob a direcção dos mestres calafates, construíram e repararam as naus que demandavam os mares de África, do Oriente, da América.

Na ribeira das Naus, como nos estaleiros de Viana do Castelo, Porto, Aveiro e Lagos, para citar os mais importantes, foram construídos os navios que introduziram no seu desenho o resultado das experiências recolhidas na navegação, e que asseguraram, durante um certo período, a superioridade marítima portuguesa face às outras nações europeias.

Mosteiro dos Jerónimos

Erguido no local da ermida mandada construir na praia do Restelo pelo Infante D. Henrique. Construção iniciada no reinado de D. Manuel I, que lhe dedicou um vinte avos do rendimento da pimenta, prosseguiu com o seu filho, D. João III.

Exemplo perfeita da arquitectura manuelina, com elementos decorativos como cordas, cabos e esfera armilar, representa, no seu conjunto, a transição do gótico final para o Renascimento e, mais tarde, para o Classicismo. Sofreu construção e reparações nos sécs. XIX e XX.

Claustro, jóia da arte manuelina, considerado um dos mais belos do mundo.

Castelo de S. Jorge

Origem em fortificações romanas, com posteriores reformas visigóticas e mouras. Composto por duas áreas, o Castelejo, reduto defensivo principal e a Cidadela.

O Castelejo de forma rectangular, e dez poderosas torres quadradas, algumas das quais desempenharam importante papel histórico como a do Haver ou do Tesouro, onde esteve, desde D. Fernando até 1755, o arquivo real.

Torre de São Lourenço, provável origem romana, ligada ao Castelo por um pano de muralha. Fosso, ponte levadiça, portas românicas.

Cidadela, ampla esplanada em parte ocupada pelo Casario da Freguesia de Santa Cruz, local do antigo Alcácer Árabe e da Alcáçova Real, que os reis portugueses, desde D. Dinis a D. Sebastião, foram erguendo. Nela nasceram os reis D. João II e D. João III, morreu D. João I e viveram todos os reis portugueses até D. Manuel. Ruínas do antigo Paço, restos de colunas, poços e cisternas. Magnífico miradouro sobre Lisboa e o Tejo.

Torre de Belém

Erguida sobre afloramento rochoso, estava cercada de água aquando da sua construção, no reinado de D. Manuel I (séc. XVI). Constituída por uma torre quadrangular, e um baluarte saliente, como a proa de um navio. No interior, pequeno claustro, canhoeiras, com robustas abóbodas e na torre salas de interessante arquitectura. Serviu de prisão nos sécs. XVI a XVIII.

Convento da Madre de Deus

Fundado pela Raínha D. Leonor em 1509, ampliado no reinado de D. João III, sofreu profundas reformas no séc. XVIII e reconstrução no séc. XIX, tendo sido reconstruída a fachada.

Casa dos Bicos

Edificada por D. Brás de Albuquerque, filho de Afonso de Albuquerque, no estilo doa palácios italianos, com fachada de pedras talhadas em bico de diamante. Arruinada pelo terramoto de 1755. Reconstruída em 1983. Localizada sobre área com vestígios de ocupação romana e medieval e pate de pano da muralha fernandina (séc. XIV).

Outros Monumentos e Museus

Se dos romanos ficaram as ruínas do teatro dedicado a Nero e outros vestígios, do período bárbaro e mouro pouco ficou para além das muralhas da cerca que defendia Lisboa. Do período medievo é a Sé, o mais importante monumento da cidade, já que o mega-sismo de 1755 sepultou sob os escombros muito do que tinha resistido à acção devastadora do tempo e do homem.

Dos sécs. XVII e XVIII é já maior o espólio e são de destacar o Mosteiro e a Igreja de São Vicente de Fora, as Igrejas de São Roque, de Santa Engrácia, da Boa Memória, de São Domingos, do Menino Deus, a Basílica da Estrela e todo um conjunto de edifícios nobres que marcam, ainda hoje, o perfil da parte antiga da cidade, para além da parte definida como Baixa Pombalina, com a sua arquitectura modular.

Ao séc. XIX, pertencem os Palácios da Ajuda e das Necessidades, o edifício do Teatro Nacional D. Maria II, a Câmara Municipal, o Palácio de São Bento, que se destacam por entre o casario construído para acompanhar o crescimento da cidade. São estes tesouros, acumulados ao longo dos séculos, que fazem de Lisboa uma cidade de arte e história.

Factos e figuras da história

Um burguês promove a descoberta da costa de África

Era Fernão Gomes um rico burguês de Lisboa a quem interessavam os negócios da costa de África. Estando D. Afonso V interessado em garantir as suas rendas e em reduzir as despesas, concedeu, em 1469, a Fernão Gomes, o exclusivo, durante cinco anos, do comércio da Guiné contra o pagamento de 200.000 reais e a obrigação de descobrir, em cada ano, cem léguas de costa. Fernão Gomes cumpriu honradamente este contrato e, durante os anos em que teve a seu exclusivo, navegadores como Pedro Escobar, João de Santarém, Pedro de Sintra e outros avançaram o reconhecimento da costa africana para além do Equador.

Com o dinheiro ganho Fernão Gomes auxiliou o seu rei nas conquistas de Alcácer, Arzila e Tânger, onde foi feito cavaleiro. O seu escudo, concedido em 1474, continha, naturalmente, três cabeças de negros.

O palácio de um rei... e de um mercador

O Paço Real da Alcáçova, no morro onde se ergue o Castelo de São Jorge, fora durante séculos residência real. D. Manuel I, porém, delibera estar perto do local onde as naus descarregavam as riquezas vindas da África e do Oriente.

Por esse motivo, em plena Ribeira, manda construir novos paços, tendo o cuidado, para tudo poder controlar pessoalmente, que na parte térrea ficasse instalada a Casa da Índia, verdadeiro armazém do Estado onde se guardavam e se vendiam as especiarias e outras preciosidades.

O seu filho, D. João III, mantém esta política apesar de ampliar e embelezar o seu palácio, fazendo construir uma nova Casa da Índia, que, com a Casa da Mina e a Ribeira das Naus, onde se construíam e reparavam os navios do comércio e da guerra, constituía o coração de Lisboa.

As cinzas de Afonso de Albuquerque

Na igreja da Graça repousam, segundo alguns historiadores, os restos mortais de Afonso de Albuquerque, que, merecedor do cognome de Terribil, conquistou em alguns anos, mercê da sua capacidade militar, um vasto império em terras do Oriente.

Conduzido num trono até à sua sepultura na capela erguida nas muralhas de Goa para comemorar o local por onde as tropas que chefiara tinham entrado na cidade, em 1508, o corpo de Afonso de Albuquerque foi, mais tarde, trasladado para a capela-mor da igreja da Graça.

Aconteceu, porém, que um longo litígio quanto aos direitos da capela-mor levaram à mudança da sua sepultura... e, provavelmente, as suas cinzas acabaram por ficar numa arca tumular medieval pertencente a um ramo da sua família, os Gomides, e que hoje ainda lá está, com a sua tampa partida e os curiosos escudos mostrando os “gomis” heráldicos.

A recepção a Vasco da Gama

Sabia já D. Manuel I que a armada enviada à Índia regressara, com sucesso, da sua viagem através da nau “Bérrio”, que, a 10 de Julho de 1499, arribara a Lisboa. Por isso, no final de Agosto ou princípio de Setembro de 1499, quando a outra nau sobrevivente da longa travessia surgiu na Foz do Tejo, logo El-Rei a foi avistar das varandas da Casa de Mina e mandou que Jorge de Vasconcelos, provedor dos armazéns, fosse a bordo e apresentar cumprimentos e pedir a Vasco da Gama que, sem demora, desembarcasse.

Este assim o fez e, na companhia do Conde de Borba e do bispo D. Diogo Ortiz, atravessou a praia e veio até D. Manuel I, que, erguendo-se da cadeira, o quis abraçar. Depois das cerimónias, acompanhou o navegador o rei até ao seu Paço da Alcáçova.

Nesse mesmo Paço recebeu El-Rei Vasco da Gama, após este ter repousado, e quando o viu logo lhe concedeu o título de Dom, extensivo à família, completando-o com a nomeação do almirante do mar da Índia e a promessa do título de Conde.

O homem que empenhou as suas barbas

Numa sepultura da Igreja de São Domingos de Benfica estão as ossadas daquele que, em 1546, para reconstruir as muralhas da fortaleza de Diu, se propôs dar como penhor à Câmara de Goa, pelo empréstimo que lhe pedia, as suas barbas: Dom João de Castro.

Para além da sua acção como militar valoroso e governante íntegro, merecem também referência os três Roteiros que elaborou e, durante muitos anos, foram os melhores guias para a navegação dos mares do Oriente, os quais demonstram as suas grandes capacidades de cientista e cosmógrafo.

A armada de Vasco da Gama

Segundo diz o cronista anónimo da viagem de Vasco da Gama, “partimos do Restelo um sábado que eram oito dias do mês de Julho da dita era de 1497”. Nesse dia ergueram âncora os quatro navios que constituíam a esquadra – a nau “São Gabriel”, que tinha como capitão Vasco da Gama, também capitão-mor de frota e, como piloto o célebre Pêro de Alenquer; a nau “São Rafael”, capitaneada por Paulo da Gama (irmão mais velho do capitão-mor); a “Bérrio”, capitaneada por Nicolau Coelho, e mais uma nau de mantimentos, a ser abandonada em momento oportuno.

A tripulação seria de 148 homens (160 ou 170, segundo alguns cronistas), dos quais só regressaram 55, morrendo os outros nos duros trabalhos da viagem.

A estreia de Gil Vicente

Estava D. Maria, mulher de D. Manuel I, em sua câmara, no Paço da Alcáçova, três dias depois do nascimento do primeiro filho, quando a porta se abre e um vaqueiro inicia um interessante monólogo profetizando as maiores felicidades para o recém-nascido.

Assim começou Gil Vicente, com o “Auto da Visitação” ou o “Monólogo do Vaqueiro”, a sua carreira de escritor e actor, que lhe iria dar o merecido título de “pai do teatro português”. A criança era o futuro rei D. João III...

As desditas de um herói

Camões chamou-lhe, n’“Os Lusíadas”, o Aquiles Lusitano, mas a vida de Duarte Pacheco Pereira é bem a demonstração dos “acidentes de percurso” que podem acontecer mesmo aos heróis.

Nascido em Lisboa, muito cedo Duarte Pacheco Pereira participa nas viagens marítimas do reinado de D. João II, e sabe-se que Bartolomeu Dias, no regresso da sua viagem ao Cabo da Boa Esperança, em 1488, o encontra doente na ilha do Príncipe e o traz para Portugal. Geógrafo ilustre, participa nas negociações do Tratado de Tordesilhas (1494), que dividiu o mundo entre Castela e Portugal e, mais tarde (1503), acompanhou Afonso de Albuquerque à Índia, onde ganha renome nos combates pela defesa de Cochim, chegando a ser recebido com grande pompa por D. Manuel I, que o leva a seu lado numa procissão e dá conhecimento ao papa dos seus feitos.

Outros combates confirmam-lhe valor e, entretanto, redige a obra “Esmeraldo de situ orbis”, que, apesar de incompleta, é um valioso documento da ciência náutica portuguesa. Governador de S. Jorge da Mina (1519-1522), vê-se feito prisioneiro por ordem de D. João III que só após longo tempo ordena a sua libertação e a concessão de uma pensão anual. Duarte Pacheco Pereira acaba por morrer em 1533.

O sermão de São Francisco Xavier

Partiu o santo para o Oriente onde iria encontrar o seu martírio. E foi nas areias da praia do Restelo que pregou o sermão de despedida, que contou com a presença do rei, de nobres e de muito povo. Para facilitar-lhe a tarefa, foi trazido do Mosteiro dos Jerónimos um púlpito de madeira... que foi guardado como relíquia durante séculos e hoje estará, provavelmente, numa colecção particular.

Um tesoureiro de vida aventurosa

João de Sá, como escrivão da nau “São Rafael”, que fazia parte da armada que descobriu o caminho marítimo para a Índia, tivera já ocasião de conhecer, nos dois anos de viagem, a dura vida dos mareantes. Mas, um ano depois, estava de novo a bordo de uma nau na frota de Pedro Álvares Cabral, a quem prestou grandes serviços durante a estada na Índia. A sua recompensa foi ser nomeado tesoureiro das especiarias da Casa da Índia, em Lisboa.

Dois reis nascem na Alcáçova

Em 5 de Maio de 1455 nascia, no Paço da Alcáçova, D. João II, a quem se ficou devendo o prosseguimento dos Descobrimentos até ao Cabo da Boa Esperança e a viagem de Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva em demanda do Prestes João, para além de preparação da expedição que iria abrir o caminho marítimo para a Índia.

Meio século depois, no mesmo palácio, em 6 de Junho de 1502, nascia D. João II, em cujo reinado de trinta e seis anos se assiste já à progressiva decadência do império do Oriente e ao abandono de muitas praças do Norte de África e, com a introdução do Santo Ofício, ao êxodo de judeus e cristãos-novos.

A vida de um companheiro de Fernão de Magalhães

Filho de pais nobres, mas cuja identidade se desconhece, Duarte Barbosa é atraído pelo Oriente e sus riquezas e para lá parte ainda jovem. A sua experiência é narrada numa interessante obra, datada de 1526. Regressado à metrópole, depois de largos anos e penosos trabalhos, não recebe qualquer prémio do rei D. Manuel I.

Insatisfeito, oferece os seus serviços a Castela, onde o seu tio ou pai, Diogo Barbosa, era conselheiro naval. Participando na expedição à volta do mundo, sendo seu substituto após a morte, vem a morrer quatro dias depois às mãos dos selvagens do Cabu, em 1521.

Um rinoceronte para o Papa

Em 1513 chegavam a Lisboa, mandados por Afonso de Albuquerque, diversos animais exóticos que D. Manuel I aproveitou para incluir na embaixada que enviou ao papa Leão X, em 1514. Entre os animais distinguiu-se um rinoceronte que foi imortalizado por uma gravura do mestre Alberto Dürer e, também, segundo todas as probabilidades, na escultura que serve de base a uma das guaritas da Torre de Belém. O rinoceronte acabou por perecer num naufrágio nas costas de Itália.

Assim nasceu o Mosteiro dos Jerónimos

A alma piedosa do Infante D. Henrique levou-o a mandar construir no Restelo, em 1460, uma igreja – Santa Maria de Belém – dado que “morriam muitos ali e os lançavam naqueles areais”, além de um cano, um chafariz e uma fonte para todos terem fartura de água para beber.

Na doação que fez dessa igreja à Ordem de Cristo fixou as condições de serem igualmente abastecidos de água marinheiros e navios e de, todos os sábados, ser rezada uma missa por sua alma. No local da igreja henriquina foi construído, meio século mais tarde, o Mosteiro dos Jerónimos.

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