Viaduto Duarte Pacheco vai sofrer obras

09-03-2001
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Viaduto Duarte Pacheco Vai Sofrer Obras

Por FERNANDA RIBEIRO

Sexta-feira, 9 de Março de 2001

Empreitada lançada até Junho

"Neste momento, parece-me que o viaduto não está em risco de colapso", diz um especialista em estruturas

O viaduto Duarte Pacheco, em Lisboa, deverá entrar em obras até Junho, para que, "no prazo de um ano", sejam reparados os vários problemas há muito detectados na estrutura de betão armado. O Instituto de Estradas de Portugal encomendou recentemente, e "com carácter de urgência", um novo projecto de reabilitação à empresa projectista A2P Consult, à qual, em Fevereiro, adjudicou a elaboração de estudos no valor de cerca de 40 mil contos, a realizar "no prazo de quatro meses".

Actualmente, no viaduto Duarte Pacheco "há armaduras corroídas à vista e bocados de betão que caem", diz o especialista em estruturas João Appleton, da A2P. No Vale de Alcântara, a Estação de Tratamento de Águas Residuais tem sido uma das vítimas dos pedaços que se desprendem do viaduto. "Enviámos duas cartas à então Junta Autónoma de Estradas [JAE], e julgo que outra já ao Instituto para a Conservação e Exploração de Rede Rodoviária, a avisar que estavam cair pedaços de revestimento", diz o responsável pela estação de tratamento, João Veiga.

Os alertas para os problemas do viaduto já há mais de seis anos haviam sido lançados pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), ao qual a ex-JAE encomendou em 1995 um estudo.

Já então o LNEC considerara necessária uma pronta intervenção naquela obra do regime - concluída em 1943, segundo um projecto de João Alberto Carmona -, dados os problemas de "deterioração natural do betão" que haviam sido constatados.

No entender do LNEC, as patologias então evidenciadas não colocavam ainda em risco de derrocada aquela estrutura.

Preocupados com a falta de obras de conservação do viaduto mostraram-se também os técnicos da Câmara Municipal de Lisboa, que por diversas vezes chamaram à atenção da Junta Autónoma de Estradas. Em 1997, a JAE chegou a lançar um concurso para a execução de um projecto de reabilitação, ao qual se apresentaram duas propostas: uma de Júlio Appleton, especialista em pontes, também da empresa A2P, e outra de um antigo director da JAE, Manuel Agostinho Duarte Gaspar, que acabou por ganhar. Mas quando o concurso estava já na fase de adjudicação ficou em suspenso, e os estudos na gaveta. Agora o Instituto de Estradas de Portugal (IEP) diz que "a arrematação da empreitada está em fase de adjudicação, prevendo-se que a consignação possa ocorrer no segundo trimestre de 2001". No total, a obra representará um investimento de um milhão de contos.

Será porém necessário alterar o projecto inicial. A lentidão do processo foi tal que agora é o próprio IEP a admitir que "o projecto que serviu de base ao lançamento do concurso apresentava deficiências, quer a nível de desactualização de algumas soluções de reabilitação propostas, quer de omissão da resolução de patologias que a obra de arte evidencia".

Por esse motivo, acrescenta o IEP, foi adjudicado em Fevereiro à A2P Consult "uma nova campanha de de observação do viaduto, e execução do projecto de reabilitação e reforço relativo aos aspectos passíveis de revisão do projecto patenteado a concurso, cujo tratamento não está incluído na empreitada a iniciar no segundo trimestre deste ano".

Segundo João Appleton, agora será preciso fazer uma nova avaliação do estado do viaduto Duarte Pacheco, que "está num processo de degradação bastante acentuado da estrutura de betão".

"Quanto mais o tempo passa, mais atenção ele requer", sublinhou. Mas avaliar ao certo o grau de gravidade das doenças de que padece o viaduto "é algo que só depois de feita uma nova inspecção".

"Neste momento, parece-me que não está em risco efectivo de colapso", disse. com Maria Lopes

Viaduto Duarte Pacheco Vai Sofrer Obras

Por FERNANDA RIBEIRO

Sexta-feira, 9 de Março de 2001

Empreitada lançada até Junho

"Neste momento, parece-me que o viaduto não está em risco de colapso", diz um especialista em estruturas

O viaduto Duarte Pacheco, em Lisboa, deverá entrar em obras até Junho, para que, "no prazo de um ano", sejam reparados os vários problemas há muito detectados na estrutura de betão armado. O Instituto de Estradas de Portugal encomendou recentemente, e "com carácter de urgência", um novo projecto de reabilitação à empresa projectista A2P Consult, à qual, em Fevereiro, adjudicou a elaboração de estudos no valor de cerca de 40 mil contos, a realizar "no prazo de quatro meses".

Actualmente, no viaduto Duarte Pacheco "há armaduras corroídas à vista e bocados de betão que caem", diz o especialista em estruturas João Appleton, da A2P. No Vale de Alcântara, a Estação de Tratamento de Águas Residuais tem sido uma das vítimas dos pedaços que se desprendem do viaduto. "Enviámos duas cartas à então Junta Autónoma de Estradas [JAE], e julgo que outra já ao Instituto para a Conservação e Exploração de Rede Rodoviária, a avisar que estavam cair pedaços de revestimento", diz o responsável pela estação de tratamento, João Veiga.

Os alertas para os problemas do viaduto já há mais de seis anos haviam sido lançados pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), ao qual a ex-JAE encomendou em 1995 um estudo.

Já então o LNEC considerara necessária uma pronta intervenção naquela obra do regime - concluída em 1943, segundo um projecto de João Alberto Carmona -, dados os problemas de "deterioração natural do betão" que haviam sido constatados.

No entender do LNEC, as patologias então evidenciadas não colocavam ainda em risco de derrocada aquela estrutura.

Preocupados com a falta de obras de conservação do viaduto mostraram-se também os técnicos da Câmara Municipal de Lisboa, que por diversas vezes chamaram à atenção da Junta Autónoma de Estradas. Em 1997, a JAE chegou a lançar um concurso para a execução de um projecto de reabilitação, ao qual se apresentaram duas propostas: uma de Júlio Appleton, especialista em pontes, também da empresa A2P, e outra de um antigo director da JAE, Manuel Agostinho Duarte Gaspar, que acabou por ganhar. Mas quando o concurso estava já na fase de adjudicação ficou em suspenso, e os estudos na gaveta. Agora o Instituto de Estradas de Portugal (IEP) diz que "a arrematação da empreitada está em fase de adjudicação, prevendo-se que a consignação possa ocorrer no segundo trimestre de 2001". No total, a obra representará um investimento de um milhão de contos.

Será porém necessário alterar o projecto inicial. A lentidão do processo foi tal que agora é o próprio IEP a admitir que "o projecto que serviu de base ao lançamento do concurso apresentava deficiências, quer a nível de desactualização de algumas soluções de reabilitação propostas, quer de omissão da resolução de patologias que a obra de arte evidencia".

Por esse motivo, acrescenta o IEP, foi adjudicado em Fevereiro à A2P Consult "uma nova campanha de de observação do viaduto, e execução do projecto de reabilitação e reforço relativo aos aspectos passíveis de revisão do projecto patenteado a concurso, cujo tratamento não está incluído na empreitada a iniciar no segundo trimestre deste ano".

Segundo João Appleton, agora será preciso fazer uma nova avaliação do estado do viaduto Duarte Pacheco, que "está num processo de degradação bastante acentuado da estrutura de betão".

"Quanto mais o tempo passa, mais atenção ele requer", sublinhou. Mas avaliar ao certo o grau de gravidade das doenças de que padece o viaduto "é algo que só depois de feita uma nova inspecção".

"Neste momento, parece-me que não está em risco efectivo de colapso", disse. com Maria Lopes

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