Há "zappings" felizes

26-01-2001
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Há "Zappings" Felizes

Por ADELINO GOMES

Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 A dor. A doença. A solidão. Maria Antónia que queria morrer todos os dias quando se viu lançada para a cama de um hospital. A mãe de Ricardo, morto subitamente aos sete anos, desejosa de bater em todos os meninos da mesma idade. Bach tocado num órgão por Duarte Lima, o político que teve a morte no sangue e nesse momento aprendeu a redescobrir a alma. O homem que vai à noite para as ruas da cidade dizer adeus a quem passa de carro. Os olhos dos cães de focinho colado às grades do canil da União Zoófila, suplicando o regresso a uma casa, a uma família. Histórias de santos contadas por frei Bento. O actor que procura num gira-discos palmas para coroar a anedota que não arranca uma gargalhada a ninguém. Uma rapariga que promete cinco mil escudos a quem gostar dela. E o rapaz que circula, asas de anjo-Wim Wenders- abertas nas costas, a avisar toda a gente: "Tome cuidado quando chegar a casa, não ligue a televisão, ela controla tudo". Passou anteontem à noite na RTP-2 (repetição às quintas às 12h30). Passa todas as semanas, e parecia em perda de criatividade e de bom gosto. Mas ele há "zappings" felizes. Este de Luís Osório foi-o, seguramente. Nota à atenção de editores em crise ética perante pressões directas ou indirectas para incluirem big-brothers e estreias de telenovelas nos telejornais: uma ária da Traviata de Verdi cantada por Maria Callas em Portugal, em 1958, abriu ontem o jornal das 9 da Antena 1 - um dos dois principais espaços informativos das manhãs radiofónicas na estação pública. A ousadia de Francisco Sena Santos mostra como se pode tratar apropriadamente num noticiário uma iniciativa empresarial própria (o CD com a gravação original vai ser lançado proximamente no mercado pela RDP). Basta... que seja notícia. E aí ganham todos: a empresa, os ouvintes e o jornalismo. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Net supersónica da TV Cabo anda a passo de caracol

Glossário

Concentração dos "media" pode limitar capacidade crítica dos jornalistas

Com nome próprio

Frase do dia

TVHoje

Cinema em casa

Há "zappings" felizes

Rádios

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Por ADELINO GOMES

Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 A dor. A doença. A solidão. Maria Antónia que queria morrer todos os dias quando se viu lançada para a cama de um hospital. A mãe de Ricardo, morto subitamente aos sete anos, desejosa de bater em todos os meninos da mesma idade. Bach tocado num órgão por Duarte Lima, o político que teve a morte no sangue e nesse momento aprendeu a redescobrir a alma. O homem que vai à noite para as ruas da cidade dizer adeus a quem passa de carro. Os olhos dos cães de focinho colado às grades do canil da União Zoófila, suplicando o regresso a uma casa, a uma família. Histórias de santos contadas por frei Bento. O actor que procura num gira-discos palmas para coroar a anedota que não arranca uma gargalhada a ninguém. Uma rapariga que promete cinco mil escudos a quem gostar dela. E o rapaz que circula, asas de anjo-Wim Wenders- abertas nas costas, a avisar toda a gente: "Tome cuidado quando chegar a casa, não ligue a televisão, ela controla tudo". Passou anteontem à noite na RTP-2 (repetição às quintas às 12h30). Passa todas as semanas, e parecia em perda de criatividade e de bom gosto. Mas ele há "zappings" felizes. Este de Luís Osório foi-o, seguramente. Nota à atenção de editores em crise ética perante pressões directas ou indirectas para incluirem big-brothers e estreias de telenovelas nos telejornais: uma ária da Traviata de Verdi cantada por Maria Callas em Portugal, em 1958, abriu ontem o jornal das 9 da Antena 1 - um dos dois principais espaços informativos das manhãs radiofónicas na estação pública. A ousadia de Francisco Sena Santos mostra como se pode tratar apropriadamente num noticiário uma iniciativa empresarial própria (o CD com a gravação original vai ser lançado proximamente no mercado pela RDP). Basta... que seja notícia. E aí ganham todos: a empresa, os ouvintes e o jornalismo. OUTROS TÍTULOS EM MEDIA Net supersónica da TV Cabo anda a passo de caracol

Glossário

Concentração dos "media" pode limitar capacidade crítica dos jornalistas

Com nome próprio

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