Dito... & Feito

11-03-2000
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Venturas de uns...

A saudação presidencial da praxe, na abertura do ano parlamentar, com o cunho pessoal de Almeida Santos: «Desejo a todos os senhores deputados as maiores venturas, mas só de índole pessoal. Não lhes posso desejar venturas políticas a todos porque seriam incompatíveis: na luta política, como muito bem sabem, a ventura de uns é a desventura dos outros».

Moção de censura

Anteontem, Jorge Coelho lançou uma labareda no plenário: não só apareceu em vez de Gomes da Silva como desafiou a oposição a uma moção de censura, Pacheco Pereira reagiu e disse-lhe: «Se nesta casa se fizesse oposição a sério, nós devíamos recebê-lo em silêncio. O ministro da Agricultura não está aqui porque tem medo: mas nós não estamos a tratar de polícia, estamos só para falar da Agricultura». Francisco Assis, o chefe da bancada socialista, respondeu-lhe assim: «Ora aqui temos nós a primeira moção de censura: a de Pacheco Pereira ao seu líder parlamentar. No seu entender, o deputado Marques Mendes devia falar calado: mas ele não se dispensou de dirigir a palavra ao Governo».

A mão de Clinton

Jaime Gama foi a S. Bento pedir a ratificação dos tratados de adesão da Hungria, da Polónia e da República Checa à NATO. Concederam-lha, sem problemas, mas a bancada comunista desafinou do coro de aplausos, generalizado no resto do Parlamento. Disse o deputado João Amaral, depois de recriminar os europeus, por se submeterem facilmente aos Estados Unidos: «Quando Clinton tem a mão livre (o que nem sempre acontece...) é para carregar no botão e mandar uns mísseis pelo mundo fora».

O país no arame

O PSD abriu o seu ano parlamentar em rajada de tiro múltiplo, sobre o que tem dito, ultimamente, o chefe do Governo.Disparou-a Carlos Encarnação, assim: «O primeiro-ministro quer enganar os portugueses quando diz que o referendo é vinculativo, mesmo que a percentagem de votantes não exceda os 50 por cento. Ora, o país não se decide no arame e o primeiro-ministro não pode ter artes de funâmbulo».

Breve parêntesis

Octávio Teixeira soube que Guterres pedira aos seus deputados para tratarem a bancada comunista com cuidado, ao longo do ano. E respondeu-lhe: «O PCP não pretende que o PS nos trate com esse cuidado: o Governo é que deve tratar com cuidado e justiça os portugueses. E não se iludam com a convergência na campanha do referendo: citando o meu secretário-geral, é um brevíssimo parêntesis de 12 dias, em três anos de governação».

Mendes e Assis com novos «vices»

Torres Pereira

O DEPUTADO Torres Pereira foi, anteontem, eleito vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD: substitui Carlos Coelho, que vai a caminho de Bruxelas e do Parlamento Europeu. A restante direcção foi reconduzida. Participaram no acto eleitoral 63 dos 88 membros da bancada, registando-se 51 votos a favor, um contra, nove brancos e dois nulos. Médico-cirurgião de profissão, o novo «vice» de Marques Mendes é deputado por Portalegre, presidiu à Câmara de Sousel durante 17 anos e liderou a Associação Nacional de Municípios de 1984 a 1990.

Manuel dos Santos

Também Francisco Assis, líder parlamentar do PS, vai ter um novo «vice»: Manuel dos Santos. Fica assim preenchida a vaga aberta por Osvaldo de Castro. Eleito pelo Porto, Santos é o actual presidente da comissão de inquérito aos grupos económicos. Curiosamente, Castro saíra do Parlamento para exercer no Governo as funções de secretário de Estado do Comércio, que tinham sido de Manuel dos Santos. Agora, invertem-se as posições na chefia da bancada.

Garantia do PCP...

A ABSTENÇÃO da bancada comunista garantiu a aprovação, na generalidade, da Lei Orgânica dos Tribunais Judiciais, anteontem defendida pelo ministro da Justiça. PSD e CDS/PP votaram contra esta proposta do Governo e o PS, naturalmente, aprovou-a. Dos eventuais acertos na comissão especializada dependerá a ampliação da base de apoio, para esta importante mudança no funcionamento dos tribunais.

... divergência no PS

QUATRO socialistas - Luís Filipe Madeira, Strecht Ribeiro, Fernando de Sousa e Antão Ramos - divergiram dos seus pares de bancada, ao votarem ao lado do PCP contra a privatização dos cartórios notariais. O projecto era do PSD e passou com os votos do PP e a abstenção do PS. Juntar-se-lhe-á em breve, na comissão, uma proposta do Governo também tendente à privatização do notariado.

Sete substituições na reabertura

O RODÍZIO da Assembleia deu mais umas voltas: sete substituições a abrir o ano parlamentar, três no PS e duas no PSD e no PCP. Entre os socialistas, saíram Maria Carrilho (vai dar aulas nos Estados Unidos), Rui Soalheiro e Mota Andrade, e entraram José Peixoto, António Dias e Dinis Costa. No PCP, Luís Sá cedeu o lugar a Alexandrino Saldanha e Rogério de Brito afastou Joaquim Matias por 45 dias. Quanto ao PSD, Carlos Coelho e António Capucho trocam de lugar em Bruxelas: vai um e vem o outro. E, se foi normal a rendição de Carlos Coelho por Vasco Cunha, o regresso de Capucho é mais do que conveniente para o PSD/Algarve: obriga a sair Filipe Abreu, um deputado em rota de colisão com as chefias distritais.

Venturas de uns...

A saudação presidencial da praxe, na abertura do ano parlamentar, com o cunho pessoal de Almeida Santos: «Desejo a todos os senhores deputados as maiores venturas, mas só de índole pessoal. Não lhes posso desejar venturas políticas a todos porque seriam incompatíveis: na luta política, como muito bem sabem, a ventura de uns é a desventura dos outros».

Moção de censura

Anteontem, Jorge Coelho lançou uma labareda no plenário: não só apareceu em vez de Gomes da Silva como desafiou a oposição a uma moção de censura, Pacheco Pereira reagiu e disse-lhe: «Se nesta casa se fizesse oposição a sério, nós devíamos recebê-lo em silêncio. O ministro da Agricultura não está aqui porque tem medo: mas nós não estamos a tratar de polícia, estamos só para falar da Agricultura». Francisco Assis, o chefe da bancada socialista, respondeu-lhe assim: «Ora aqui temos nós a primeira moção de censura: a de Pacheco Pereira ao seu líder parlamentar. No seu entender, o deputado Marques Mendes devia falar calado: mas ele não se dispensou de dirigir a palavra ao Governo».

A mão de Clinton

Jaime Gama foi a S. Bento pedir a ratificação dos tratados de adesão da Hungria, da Polónia e da República Checa à NATO. Concederam-lha, sem problemas, mas a bancada comunista desafinou do coro de aplausos, generalizado no resto do Parlamento. Disse o deputado João Amaral, depois de recriminar os europeus, por se submeterem facilmente aos Estados Unidos: «Quando Clinton tem a mão livre (o que nem sempre acontece...) é para carregar no botão e mandar uns mísseis pelo mundo fora».

O país no arame

O PSD abriu o seu ano parlamentar em rajada de tiro múltiplo, sobre o que tem dito, ultimamente, o chefe do Governo.Disparou-a Carlos Encarnação, assim: «O primeiro-ministro quer enganar os portugueses quando diz que o referendo é vinculativo, mesmo que a percentagem de votantes não exceda os 50 por cento. Ora, o país não se decide no arame e o primeiro-ministro não pode ter artes de funâmbulo».

Breve parêntesis

Octávio Teixeira soube que Guterres pedira aos seus deputados para tratarem a bancada comunista com cuidado, ao longo do ano. E respondeu-lhe: «O PCP não pretende que o PS nos trate com esse cuidado: o Governo é que deve tratar com cuidado e justiça os portugueses. E não se iludam com a convergência na campanha do referendo: citando o meu secretário-geral, é um brevíssimo parêntesis de 12 dias, em três anos de governação».

Mendes e Assis com novos «vices»

Torres Pereira

O DEPUTADO Torres Pereira foi, anteontem, eleito vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD: substitui Carlos Coelho, que vai a caminho de Bruxelas e do Parlamento Europeu. A restante direcção foi reconduzida. Participaram no acto eleitoral 63 dos 88 membros da bancada, registando-se 51 votos a favor, um contra, nove brancos e dois nulos. Médico-cirurgião de profissão, o novo «vice» de Marques Mendes é deputado por Portalegre, presidiu à Câmara de Sousel durante 17 anos e liderou a Associação Nacional de Municípios de 1984 a 1990.

Manuel dos Santos

Também Francisco Assis, líder parlamentar do PS, vai ter um novo «vice»: Manuel dos Santos. Fica assim preenchida a vaga aberta por Osvaldo de Castro. Eleito pelo Porto, Santos é o actual presidente da comissão de inquérito aos grupos económicos. Curiosamente, Castro saíra do Parlamento para exercer no Governo as funções de secretário de Estado do Comércio, que tinham sido de Manuel dos Santos. Agora, invertem-se as posições na chefia da bancada.

Garantia do PCP...

A ABSTENÇÃO da bancada comunista garantiu a aprovação, na generalidade, da Lei Orgânica dos Tribunais Judiciais, anteontem defendida pelo ministro da Justiça. PSD e CDS/PP votaram contra esta proposta do Governo e o PS, naturalmente, aprovou-a. Dos eventuais acertos na comissão especializada dependerá a ampliação da base de apoio, para esta importante mudança no funcionamento dos tribunais.

... divergência no PS

QUATRO socialistas - Luís Filipe Madeira, Strecht Ribeiro, Fernando de Sousa e Antão Ramos - divergiram dos seus pares de bancada, ao votarem ao lado do PCP contra a privatização dos cartórios notariais. O projecto era do PSD e passou com os votos do PP e a abstenção do PS. Juntar-se-lhe-á em breve, na comissão, uma proposta do Governo também tendente à privatização do notariado.

Sete substituições na reabertura

O RODÍZIO da Assembleia deu mais umas voltas: sete substituições a abrir o ano parlamentar, três no PS e duas no PSD e no PCP. Entre os socialistas, saíram Maria Carrilho (vai dar aulas nos Estados Unidos), Rui Soalheiro e Mota Andrade, e entraram José Peixoto, António Dias e Dinis Costa. No PCP, Luís Sá cedeu o lugar a Alexandrino Saldanha e Rogério de Brito afastou Joaquim Matias por 45 dias. Quanto ao PSD, Carlos Coelho e António Capucho trocam de lugar em Bruxelas: vai um e vem o outro. E, se foi normal a rendição de Carlos Coelho por Vasco Cunha, o regresso de Capucho é mais do que conveniente para o PSD/Algarve: obriga a sair Filipe Abreu, um deputado em rota de colisão com as chefias distritais.

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